Realmente não é fácil começar do zero novamente, porém sou obrigada a isto, ter todas as páginas da minha vida apagadas para que eu recomece tudo. Não foi algo como se eu pudesse escolher, expor minha opinião. Simplesmente sou obrigada, a abandonar esta vida que aprendi a amar, pude viver neste mundo por 16 anos. Como uma simples garota, tendo seus próprios interesses fora a vida colegial, sonhos, e um grande futuro a minha espera. Porém ao meu 17 aniversario algo mudou. Nada mais importava além da minha profunda sede de vingança, sem ao menos um porque tive que sair de minha casa ... Ver a morte de meus pais diante de mim, como se a bala atingisse a mim ao invés deles, foi como um choque. Este que não durou muito até que eu desabasse em lagrimas. A única coisa que pude

fazer foi fugir, correr o mais longe que pude, vendo a estrada sem fim a minha volta, não tinha saída. Nada que mudasse a tragédia que marcou para sempre minha vida, manchando minhas lembranças, os momentos felizes que neste dia foram apagados.

Este era pra ser mais um dos dias comum de meus aniversario, festa, alegria e sorrisos estampados nos rostos daqueles que estavam junto a mim. Me chamo Agatha e neste momento apenas o que carrego comigo é o meu nome, e as lembranças da minha vida antes de tudo tomar um rumo... Um tanto inesperado.

Lembro-me de caminhar sentindo minhas pernas tremerem, o local estava em silencio, não pude ver de onde veio o tiro, ou quem estava junto a mim que tirou sem hesitar a vida de meus pais. Não havia rosto, ou apenas algo que eu pudesse ver para me lembrar de quem teria eternamente meu ódio. Perguntas vinham em minha mente me deixando confusa, sem ao menos saber um meio de achar estas respostas.

Uma de minhas lembranças envolve o alto barulho indicando que a ajuda vinha até mim, a rua escura ganhou vida com as luzes e barulhos altos que vinham da polícia invadindo o local, em meus olhos as lagrimas mantinham minha visão embaçada, vendo meus pais sendo levados por médicos em macas fazendo eles lentamente sumirem do alcance de meus olhos.

Pude perceber que ao levarem a maca em que se encontrava meu Pai já inconsciente, algo como um bilhete escrito a mão caia de sua roupa, e em um simples movimento me pus a agarrar em minha mão a ultima coisa que restava, simplesmente uma lembrança que eu podia ter eternamente dele, pouco me importava o que poderia estar ou não escrito neste simples e velho papel, apenas me vi em um eterno desespero de ter isto comigo, como se me pertencesse.

Poucas lembranças restaram naquela noite, ao guardar o bilhete que aos meus olhos parecia inexplicavelmente algo importante para mim, pude sentir como se algo agarrasse meu braço me fazendo olhar diretamente para esta pessoa, seus olhos brilhavam em um eterno negro, uma chama obscura querendo me carregar até o abismo. Minha única reação foi correr. Fugir de tudo isto, porém não há como fugir da realidade.

Sem ao menos perceber me encontrava ofegante, totalmente perdida por este mundo, casas e prédios não conhecidos por mim. A noite já se revelava, tão convidativa transformando tudo que vejo em escuridão. Uma voz alta fazendo com que o grito invadisse meus ouvidos, não consigo entender, suas palavras soam como rugidos para mim.

Estou confusa ... Posso sentir minha cabeça doer, fazendo com que eu não possa pensar em nada, aonde estou, o porque vim parar aqui. Mantenho meus olhos fechados me negando a ver a morte diante de mim, o homem que gritava se aproxima a cada segundo de mim, e antes mesmo eu sinta a dor em meu peito vejo uma luz, uma luz que me trouxe algo como a esperança no final neste caminho algo que eu possa alcançar.

Vejo ... vermelho? Os fios vermelhos de seu cabelo parecem dançar junto ao vento, não posso ver seu rosto, por este estar de costas para mim, porém o vermelho de seus cabelos invade minha visão, de acordo com o movimento de sua mão ao cravar a faca no peito daquele que a pouco ameaçava-me, seu cabelo é a última coisa que pude ver antes de desmaiar, entretanto em meus últimos minutos de consciência posso sentir sua mão agarrar meu corpo impedindo que este vá de encontro ao chão, as lagrimas correm do meu rosto, meu corpo estava fraco sem forças para se manter de pé, minha mente despedaçada como se eu acabe-se de receber minha sentença de morte, pude ouvir algo como a voz daqueles que tanto amo, que deram a vida por mim, e que hoje pude ter certeza que estes não estariam mais ao meu lado, eu me encontrava sozinha a partir desta tragédia.