Três Alternativas. escrita por Miss B


Capítulo 4
Capítulo 4 — Isso não é real.


Notas iniciais do capítulo

Demorei? Sim, muito! Mas espero que entendam. Agora, daqui a 11 dias, ficarei de férias e voltarei com tudo. Kisses.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/628701/chapter/4

O sonho era estranho, Mike tinha de admitir. Era sua escola, a que ele não ia havia duas semanas. Estava tudo escuro, o pequeno corredor estreito era iluminado ao fundo. A escada do último andar estava à sua esquerda, a sala de informática à direita, sua sala mais adiante, também à esquerda. Os armários escuros quase não podiam ser enxergados no breu do sonho. Ao olhar para o fim do corredor, onde uma grade subia e a quadra de esportes podia ser vista, o céu era escuro; ele constatou, em seu sonho, era noite.

Isso é só um sonho.

Isso não é real.

Andou até onde tinha luz, onde uma garota ruiva estava de costas. Era da sua turma de artes do oitavo ano. Ele estava no primeiro ano do ensino médio, e não a via tinha pouco mais de um ano. Seus cabelos caíam em cascatas de fogo à suas costas. O costumeiro estojo rosa de tintas debaixo do braço, a blusa branca manchada de azul e laranja.

Parabéns, cérebro, você lembra dela direitinho.

Mas, como era um sonho, Michael não tinha nenhum tipo de controle sobre suas ações, assim também não sabia o que estava fazendo, ou o que esperar da garota. Ela virou-se para ele. Seus olhos quase verdes (digo “quase” porque eram bem escuros) brilharam ao vê-lo.

Madelyn deu seu sorriso de sempre, espontâneo. Ela não parecia ter mudado nada, mesmo tendo-se passado um ano e pouco.

Não é ela. É só um sonho.

— Mike! — a garota deu um passo para abraçá-lo. Mike deu um passo pra trás. Em matéria de abraços, não era muito bom. Nem de fazer amigos. A garota recolheu os braços. — Oi.

— Como vai, Mad?

Mad. Mad de Madelyn, Mad de louca. M.A.D Meu Amado Deus, Minha Amada Dinda, Minha Adorada Destreza. Mad. Simplesmente Mad.

— Estou ótima! — deu outro de seus calorosos sorrisos, mas logo ficou séria. Olhou para os corredores, onde um círculo de badboys os circundava. Mad arregalou os olhos e usou os ombros de Mike como proteção.

Lucian Sloan, Bryce Bornhart, Joshua Carter, Nicholas Foster e Joan Carson. Mike lembrava muito bem deles. Havia levado uma bela surra deles por defendê-la.

A chamavam de Esquisitona, Doida, Maluca, de tudo que se pode imaginar, por sua espontaneidade, alegria de viver e hiperatividade. Assim como Mike, Madelyn tinha seus problemas internos, que, aos poucos, a excluíam da sociedade.

Com Mike, era diferente. Eles não o chateavam porque sabiam que ele podia surtar. Ela, tão frágil e com seu senso de humor tão vívido, era um alvo. Ela até que era bonita, e Mike já havia se apaixonado (como sempre, rapidamente) por ela. Era o que ele achava.

Madelyn era uma máquina. Uma máquina inventada para suprir o pior sentimento das pessoas: exclusão. Mas, para isso, ela tinha que senti-la na pele. Tinha que passar por aquilo, tinha que ser a estranha.

Por quê? Por que as pessoas simplesmente não vivem suas vidas, sem se preocupar com a dos outros? Por que alguém tão doce e gentil como a Mad teria que sofrer algo desse tipo? POR QUÊ?

Os garotos se aproximaram. Algo em seus olhos estava diferente. Não tinham mais aquele brilho sádico, estavam... sem brilho algum, e não haviam luzes o suficiente para causar reflexos. Não havia nada neles, apenas a cor, esse era o grande problema.

— Então, “Mike”. — a voz anasalada de Carter soou, mas ele não abriu a boca.

Isso não é real.

Isso não é um sonho.

É um pesadelo.

— Vai continuar protegendo a Estranha? — Carson zombou e, assim que Foster e Sloan deram um passo para frente, Mad recuou, levando Mike junto. A gargalhada foi geral.

Os ouvidos de Mike doeram com o barulho. O estrondo no silêncio.

Isso não é real.

Ele tocou seu ouvido, fechando fortemente os olhos. Isso não é real. Isso tem que passar, isso não é real, tem que passar, vai passar.

Michael abriu os olhos e eles não estavam ali. Mas Mad estava no canto, ao seu lado, machucada.

— Me desculpe! — ele tentou gritar. — Por favor, me perdoe por terem deixado te machucar!

Ela não parecia estar ouvindo. Sua voz saía abafada. Ela estava encolhida, tremendo.

— Ela mereceu. — disse Elle, tremendo. — Mereceu o que teve.

— Elle tem razão. — disse Claire. — Tem razão.

Mike gritou ao acordar de volta à sua casa.

XXX

Com a mochila às costas, Michael voltou à escola. Tinha uma garota ruiva de costas para ele, olhando o portão atentamente. Não prestou muita atenção nela, apenas em Elle, que encostava o carro violentamente no meio-fio com um cantar de pneus horrível. Saiu do carro cambaleando, visivelmente bêbada.

— Hey, Mike. E... — ela olhou para a ruiva, que se virava. — Oi, Estranha.

Deu uma risada alta. Mike virou-se.

Isso não é real.

Isso não pode ser real.

NÃO PODE SER REAL.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Então? Gostaram? Espero que sim!