Condutores Renegados escrita por Rafisk


Capítulo 5
Um troféu para a parede.


Notas iniciais do capítulo

Olá gente, este aqui tem ligação direta com o último capítulo, com um pouco mais de ação e lutas, espero que gostem.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/628681/chapter/5

Ross, Elisa e Lucky estavam em um clima tenso, porém a briga entre os dois condutores já havia cessado um pouco, então eles estavam explorando aquele enorme túnel que, provavelmente, havia sido criado pela criatura na qual estavam caçando.

Gotas d’água pingavam do teto daquele túnel. Lucky iluminava o caminho com uma esfera de eletricidade em suas mãos, ela tinha um brilho branco que os ajudava a continuar seu caminho em busca da besta.

Então chegaram a uma grande cratera no chão, era como se uma bomba havia explodido ali, formando uma cratera perfeitamente redonda, então eles souberam que haviam chegado ao ninho da besta.

7 Anos atrás.

– FILHO, VEM CÁ!

– Já vou – o garoto levantou e foi até a cozinha. O que houve?

– E como anda aquela voz? Ainda tá ouvindo ela?

– Sim, e agora tá mais forte... Eu não sei o que é isso...

– Nossa filho, seus olhos estão... Vermelhos.

– Eu não sei o que está acontecendo, essa voz mal me deixa pensar direito... Não fui eu quem matou o garoto...

– Eu sei, mas o que essa voz diz?

– Ela diz... Mate eles.

Alguns minutos após Lucky, Ross e Elisa começarem a explorar a cratera.

– A besta já nem deve estar mais aqui – Diz Lucky, que estava cansado por não encontrar nem sinal da besta.

– Paciência – Responde Elisa em um tom calmo, porém tão frio quanto ela.

– Mas é sério, já faz quase meia ho... – Lucky é interrompido por alguma coisa que cai em sua cabeça. Mas que porra?

Lucky então passou a mão no cabelo, revelando uma gosma esquisita, jogou uma esfera de eletricidade para cima, iluminando o teto e revelando um monte de pessoas presas no teto em alguns casulos de gosma.

– Eta porra... – Diz Lucky, fazendo Ross e Elisa olharem para o mesmo ponto

– São tantos... Meu deus... – Disse Elisa enquanto olhava para o teto.

Havia vinte pessoas mortas presas no teto, algumas sem membros.

– Com certeza são os lanchinhos da besta... Então vamos ficar aqui e esperar ela ficar com fome – Ordena Ross.

– Ok – Responde Elisa, então os três se sentam no chão enquanto esperam.

Ficaram vários minutos em silêncio, então Lucky decide se explicar um pouco para quebrar o silêncio.

– Aquela garota, a Kat, ela... Ela entrou na minha cabeça, eu revivi todas as minhas lembranças, e sinto que preciso compartilhar um pouco sobre a minha pessoa de verdade.

– Estamos no meio de uma missão, mas se tu insiste... – Diz Ross.

– Bem, pra começar eu não sou do Brasil, podem esquecer qualquer coisa que eu tenha contado sobre a minha família, a verdade é que eu não conheci minha mãe, já que ela morreu no parto, eu tinha uma irmã que acabou entrando em coma e morrendo, e assim fui criado pelo meu pai, e sempre vivi em Washington.

– Ok, triste vida a sua, mas meus pais foram assassinados pelo DUP e eles roubaram anos de minha vida me enviando para a prisão.

– Eles me roubaram meses, e minha falta de controle das habilidades foi o que matou minha irmã.

– Você nem conheceu sua mãe pra poder sentir falta dela, e sua irmã, ok, um ponto a mais em perdas, eu tenho quatro pontos, dois pelos meus pais, um por um colega morto e um pelos anos perdidos na prisão.

– Vocês realmente tão discutindo pra saber quem perdeu ou sofreu mais? – Retoricamente pergunta Elisa.

– E quanto a você, Lisa? Tu nunca conta nada para nós sobre teu passado. – Diz Lucky.

– Eu não tenho nada de grande valor pra contar, simplesmente sou uma órfã que foi encontrada pelo DUP, lá me treinaram e me fizeram uma agente, trabalhei vários anos para eles e depois mudei de lado.

– E por que mudou de lado tão “do nada”? – Pergunta Lucky

– Minha colega lá dentro e melhor amiga me traiu – Diz Elisa, que logo após continua – Eu falhei numa missão, pois tive um pouco de pena de um condutor e contei a ela sobre isso, e por algum motivo ela decidiu que iria me matar por isso, então armou uma cilada e...

– E então eu cheguei e matei a garota, pois ela estava com o traje do DUP mirando com uma arma para a cabeça de uma condutora sem defesa alguma, e o nosso protocolo nesse caso é eliminar o agente do DUP – Diz Ross, se metendo no meio da conversa.

– Você não só “eliminou” ela, você devorou ela.

– Eu ainda não controlava a outra forma...

– “Pera”... “Pera” ai, como assim devorar? – Pergunta Lucky.

– O Ross na outra forma dele vira uma fera, que além de assustadora, ainda é canibal – Respondeu a condutora de gelo.

– Mesmo assim salvei-a... E foi amor na primeira vista – Brinca Ross.

Lucky fica meio sério e Elisa quieta, então Ross acaba fazendo o mesmo para não parecer um bobo alegre no meio de um velório.

O silêncio tomou conta do lugar mais uma vez, sendo preenchido apenas pelo som das gotas pingando no chão, porém eles começaram a sentir um tremor de terra, e logo após, alguns sons vindos de um dos túneis.

Na mesma hora, os três condutores levantaram lado a lado, olhando para o túnel – do qual vinha o barulho – enquanto se preparavam.

Lucky já estava preparando duas esferas de eletricidade, uma em cada mão, Ross já havia transformado um de seus braços em uma lâmina e Elisa ia lentamente puxando o ar para resfria-lo em seus pulmões e soltar uma grande nevasca em seu sopro.

Era tanta a expectativa que Ross e Lucky nem pensavam em ver o que, ou quem era antes de atirar, apenas Elisa esperava um pouco, sendo fria e calculista, enquanto analisava todas as possibilidades de melhores respostas para cada situação.

E então o som ficou mais forte juntamente com o forte tremor de terras, que fez com que algumas pedras e dois corpos caíssem do teto, se não fosse a besta, só podia ser algo igualmente perigoso, então Elisa acabou assumindo a mesma posição de “primeiro atiro, vejo quem era depois”.

Houve um silêncio repentino, durando cerca de dez segundos, que pareciam horas naquela atmosfera de tensão.

Ele sabe que estamos aqui... – Sussurrou Elisa.

Então cinco segundos de silêncio depois, a criatura saltou do buraco em direção a eles.

Ele era como um escorpião com a altura de seis homens, um aracnídeo feito de osso com pernas pontudas, capaz de perfurar as paredes de seu ninho, também havia o ferrão de seu rabo junto com sua característica de soltar uma gosma semelhante a uma teia de aranha.

A criatura investiu nos condutores, estes que recuaram e correram para longe de onde a besta caiu, então a besta deu um salto com um mortal, fixando suas pernas no teto.

Lucky começou a disparar alguns feixes de eletricidade contra a besta, ela se defendeu com o seu ferrão dos ataques de Lucky.

O condutor de duas formas simplesmente correu para longe como um ato de covardia, se sentou no chão e começou a se concentrar enquanto olhava para um ponto fixo no chão.

A besta cuspiu uma gosma que caiu sobre o oponente que o atacava com suas habilidades, Lucky acabou ficando colado no chão, então a criatura virou sua atenção para Elisa.

Elisa aguardava o momento certo, até que a criatura pulou em sua direção, então a garota usou seu sopro contra o escorpião gigante, fazendo-o ficar com seus membros duros, Elisa tentou correr para longe da zona onde a besta foi cair, porém acabou sendo arremessada para o chão com o impacto, já a besta acabou perdendo duas de suas seis pernas, as duas pernas frontais apenas se estilhaçaram quando a besta tocou o chão devido ao sopro de Elisa.

Não foi o suficiente para impedir a besta, que pulou na direção de Elisa, acertando-a com sua perna, então com a ponta de sua pata, começou a pressionar o peito de Elisa, deixando-a sem ter como reagir no chão, a mesma tentava escapar e sair de baixo daquele mortífero golpe.

Lucky não conseguia se soltar da gosma, que ainda batalhava para respirar já que a gosma estava tapando sua boca e uma de suas narinas.

Então Ross levantou-se em sua forma monstruosa, olhou para a criatura mostrando suas presas afiadas que agora ficavam quase que para fora de sua boca.

Ross então correu na direção da besta e pulou, e com um corte preciso e poderoso de seu braço-lâmina, cortou a perna que sufocava Elisa, então após garantir a segurança da garota, Ross foi para baixo da criatura, então pulou de uma perna para a outra e fincou sua espada na barriga do escorpião, porém o mesmo ainda conseguiu continuar erguido e resistir ao golpe de Ross, este que ficou suspenso na barriga do escorpião por não conseguir retirar a sua lâmina.

Então Elisa levantou-se e foi até Lucky e congelou a gosma com apenas um toque nela, Lucky então carregou com suas duas mãos uma esfera de eletricidade supercarregada e disparou-a contra a barriga do escorpião, destruindo um pouco da barriga e soltando Ross.

Ross caiu no chão, coberto pelo jato de um sangue negro que jorrava da barriga do escorpião de rocha, então ele preparou a sua lâmina e entrou no escorpião pela barriga, Lucky continuou atingindo a besta.

Então a lâmina de Ross surgiu rasgando o pescoço da besta de dentro para fora, fazendo com que a criatura soltasse seu último grunhido de dor e caísse no chão, Ross saiu pelo buraco na barriga da criatura, com um sorriso triunfante no rosto, mas escondido graças ao sangue que se assemelhava ao petróleo.

– Eu preciso tomar uma ducha... – Diz Ross, de uma forma brincalhona, ganhando um sorriso dos outros dois.

– Vamos voltar para a Katniss. – Ordenou Lucky, preocupado com o estado da condutora que havia sido deixada no carro.

– Um bom comando, Lucky. – Disse Elisa, parabenizando o novato que agora podia considerar-se um amador.

Os três então começaram a voltar para o túnel do qual tinham vindo.

Lucky’s POV: ON

Eu nem acredito, nós matamos aquela coisa, eu nunca tinha feito nada parecido e nem sei como, ou o porquê, mas eu não fiquei com medo, foi muita adrenalina.

Acho que sou um dos grandes agora dentro do grupo, mas eu tinha que tirar essa dúvida.

– Elisa, quantas bestas vocês já mataram?

– Eu matei três com minha antiga parceira, e o Ross com um antigo parceiro e sozinho matou quatro.

– Ata...

Eu fiquei meio desanimado com a resposta dela, achei que era um feito mais raro, porém mesmo assim sinto que fizemos algo memorável e importante para todos.

Elisa’s POV: ON

Droga, esqueci do detalhe da garota esponja, nos distraímos com a besta e esquecemos ela no carro, eu que dei a ordem de voltar, eu devia ter pensado melhor na garota, droga...

Quem sabe o DUP a pegou? Ou enquanto esperávamos a besta, ela estava lá fora matando a garota? Ou a própria garota pode ter fugido...

Enfim, vou seguir o protocolo, vamos levar a garota para algum lugar seguro, tentar levemente interroga-la e fazer perguntas sobre o lado dela e se ela irá colaborar, depois disso seguirei o protocolo para a opção A, B ou C. Ajudar, não ajudar ou incapacidade de responder.

Só espero que o Lucky lembre que estamos tentando ajudar, por mais drásticas que sejam as medidas tomadas.

Alguns minutos depois
Narrador observador POV: ON

O trio chegou ao carro, encontraram Katniss desacordada no banco de trás.

Lucky sentou-se ao lado da condutora que estava deitava, Ross foi ao volante e Elisa ao lado de Ross, então Elisa ordenou:

– Lucky, reviste a garota.

– Como assim revistar? – Perguntou Lucky.

– Procure por marcas ou alguma coisa nas roupas ou no corpo dela... Em outras palavras, apalpe ela, vai fundo. – Disse Ross, sacaneando Lucky, que respondeu de forma curta e rápida:

– Vai se ferrar.

Lucky arregaçou as mangas dela, passou as mãos da forma mais respeitosa possível sobre os bolsos do short e os seios dela, então Lucky percebeu um ponto piscando no braço esquerdo dela, era uma luzinha que parecia piscar uma luz vermelha a cada segundo.

– Gente, o que é isso?

– São seios, Lucky. – Disse Ross, novamente brincando.

– É sério, tem algo piscando no braço dela. – Elisa se ajoelhou no banco e se virou para trás, inclinando-se para poder segurar o braço da garota, então concluiu.

– Realmente tem algo aqui, mas deve ser alguma habilidade que ela absorveu recentemente, nossa missão é deixar ela a salvo, entendeu Ross? Vamos para o hotel.

– Entendido.

Alguns minutos depois, no hotel.

– Ross, tente colocar a garota no quarto pela janela dos fundos, só subir umas escadas e pular a janela do quarto andar à direita.

– Ok. – Respondeu Ross, ele então pegou a garota e foi seguir a ordem de Elisa.

– Eu já ajeitei tudo com a balconista, pegue as malas e vamos pro quarto, Lucky.

Lucky apenas balançou a cabeça respondendo positivamente, pegou as malas que o trio utilizava e entrou no hotel, era um lugar com uma aparência bastante rústica, talvez pela idade daquele lugar, ele não era algo tão bom assim, mas era barato, e dinheiro era uma das coisas que o trio mais precisava.

Ao chegar no quarto, Lucky se deparou com Ross deixando a condutora desmaiada em uma cama das duas camas, havia uma de casal e outra de solteiro.

– Ross – Chamou Elisa, que abriu uma das malas e jogou uma bola de metal para Ross, este mesmo pegou-a com um incrível reflexo.

Ross pegou a garota e a colocou em uma cadeira de madeira que ficava na frente de uma escrivaninha, colocou os braços da garota sobre os braços da cadeira e começou a derreter o metal, o metal derretido começou a rodear os pulsos da garota, então começaram a ganhar a forma de duas argolas, Ross então as apertou, deixando a garota presa na cadeira.

– Agora a gente espera ela acordar e fazemos algumas perguntas pra ela – Diz Elisa.

Lucky parecia não gostar da ideia de manter alguém em cárcere privado, ainda mais quando tinha quase certeza de que ela não era um inimigo.

– Não acha que tão exagerando no CSI? – Pergunta Lucky.

– Exagerando no quê? – Diz Ross que pelo visto, não usava muito o seu tempo para assistir televisão.

– Esquece... Eu só acho idiota isso, a garota já tá ferrada e tenho certeza que ela é nossa amiga, tipo, ela esteve na minha mente e não parecia ser inimi...

– Lucky, ordens são ordens, nós somos apenas agentes do Michael, como soldados que estão apenas cumprindo uma missão, então aceite que isso é uma medida necessária – Diz Elisa, com um tom bem sério.

Lucky ficou quieto olhando para ela, era ruim pra ele ver a pessoa que – sempre o confortava – agora o confrontando.

– Me incomoda isso de ser apenas um cego seguindo ordens... Isso é quase que o DUP.

– Não Lucky, é bem diferente, acredite, pois eu já soube como é servir o DUP e não me orgulho de nada que eu tenha feito pra eles.

– Isso está errado... – Lamenta Lucky em meio a um suspiro de impotência.

– Ela está acordando – Diz Ross que estava sentado na cama vigiando a condutora.

– Ótimo – Elisa disse enquanto se sentava na cama ao lado de Ross, então a garota ao recuperar a consciência olha para o trio e Elisa pergunta – Consegue falar?

Então a condutora esponja responde que “não” com a cabeça.

– Ok... Então apenas responda com a cabeça. Você trabalha para alguém?

Ela faz um não com a cabeça.

– Tu mora aqui por perto?

Então ela faz um sim com a cabeça, então começa a tentar apontar para o braço com os olhos.

O trio não conseguia identificar o que ela queria dizer, de repente houveram duas batidas na porta.

– Sabemos que vocês estão ai, podem sair agora!


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Este foi o capítulo de hoje, até o próximo.
Por favor, avaliem se possível