Akai Tsuki escrita por Fada Dos Tomates


Capítulo 6
Quem é Você Realmente?


Notas iniciais do capítulo

:3 Hoje não vai ter luta, mas talvez seja interessante. Vocês conhecerão um pouco da mente do Kori. E eu esqueci de dizer antes, mas o Tatsuya é um amigo meu "super inteligente" , que ama ciência e me faz sentir burra T.T O nome dele de verdade é César.



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Primeiro o barulho muito alto ronda meus ouvidos, é alto demais, desse jeito vou acabar ficando surdo. Depois é o calor que ferve meus sentidos, quase me fazendo derreter. Então vem a dor açoitando minha pele, indo à carne, aos músculos e chegando aos órgãos. Meus pulmões não estão funcionando, não consigo respirar.

Abro os olhos assustado. Grito debaixo daquela água avermelhada que me queima como se fosse ácido. Onde é que eu fui parar? Aliás, quem sou eu? E o que está acontecendo?

Subo à superfície ofegando. Chego a terra firme todo queimado por aquela água/ fogo. A dor ainda é o de menos. Nem sei quem sou, não lembro de nada. Ah, talvez eu lembre sim, lembro de uma garota de cabelos brancos e vestida de vermelho rindo psicoticamente e me fazendo gritar. Será que foi ela quem tirou minhas memórias e me mandou pra cá?

Olho pra mim mesmo, analisando meu corpo, está intacto apesar de arder.

–Ei! – levanto-me e grito – Alguém!

Silêncio.

Duvido que vá ter alguém aqui.

Observo as coisas a minha volta, além do lago ácido e de um vasto terreno árido tem uma espécie de ruínas ali. Parece que aquilo era uma sala de aula antes de virar ruínas por motivos desconhecidos. Há um monte de cadeiras e classes empilhadas em uma montanha desorganizada.

Chego lá e me surpreendo, há um outro “eu” sentado encostado na pilha de classes e cadeiras. Ele segura duas placas, uma diz: Você esqueceu; a outra: Sempre esteve morto.

–Que diabos...

–Você esqueceu – diz o garoto igual a mim – Você esqueceu de como é ser humano.

–Hein?

–Você esqueceu de viver – fala ele indiferente, não tem emoções.

–Do que está falando?! – me irrito.

–Você esqueceu de como é bom sorrir – continua ele, me irritando ainda mais.

Começo a lembrar de coisas incômodas de minha vida. Fukawa, meus pais, meus antigos amigos, meu irmão...

–O que você tem agora Kori? – pergunta meu outro eu – O que vai fazer agora? O que você quer?

–Cala a boca! – coloco as mãos sobre os ouvidos – Cale-se!

–Você mesmo cortou sua existência – o outro eu está tentando me fazer ficar arrependido, mas não vou – Você não tem nada agora, você não é nada.

–Cale-se! – começo a chorar.

–Qual foi o significado de viver pra você? Qual foi o significado de morrer pra você? – indaga ele – Não adianta culpar os outros, pois há um só culpado. É você o culpado Kori, você mesmo destruiu sua vida.

–Não! – discordo ajoelhado no chão chorando – Não! Não!

–Uma vida em branco foi o que você teve, não há razão para existir um destino agora. Ninguém irá lembrar de um fantasma como você – conta ele – Você não existiu, nunca sequer existiu...

–Pare! Cale-se! Cale-se de uma vez! – estou em agonia.

–Uma vez você já imaginou coisas lindas.

A voz é de outra pessoa, uma voz que só de ouvir quebra meu coração em mil pedaços, a culpa me toma por completo. Abro os olhos e vejo a pessoa por quem eu chorava quase toda noite, a pessoa que eu admirava antes de ser sua ruína. Eu não queria vê-lo, pois isso me faz chorar.

–Nii-san...

Meu irmão mais velho falecido está em pé perante a mim com um olhar profundo e triste.

–Uma vez você criou um destino lindo para o mundo e fez uma promessa – lembra meu irmão, Kasai – Esse era seu sonho. Você se esqueceu de seu sonho?

Kasai chora ajoelhado em minha frente. Choro junto, mas não pelos mesmos motivos. A sensação de vê-lo é terrivelmente esmagadora. E o pior é que ele está apontando meus erros, a coisa que mais me deixa fraco.

Meu irmão morreu por minha causa, porque sou fraco...

Fugi de casa correndo.Eu tinha brigado com meus pais, sempre odiei que mandem em mim, e a maior tortura é que apontem meus erros e estejam certos. Ah, como sou orgulhoso... Isso é uma atitude terrível!

Kasai correu atrás de mim, eu estava sozinho e já era noite. Me desviei do caminho e parei num beco.

Que criança tola! Um alvo fácil de ladrões e assassinos.

Eles iam me matar já que eu não tinha dinheiro nem nada. Eu morreria por motivos tão banais, seria uma idiotice infantil. E uma humilhação, já que isso seria mais um grande erro que provavelmente me apontariam, mesmo depois da morte.

Porém não morri, Kasai apareceu e me salvou. Isso foi um alivio. Mas a que preço meu Deus?”

–Kori, você prometeu! – Kasai me sacode – Em meu leito de morte você prometeu que seria a melhor pessoa possível para melhorar o mundo!

–Mas...mas...

–Mas o quê? É uma promessa! E você não tem nada! Por que Kori? Por que ao invés de ajudar as pessoas você só as feriu? Por quê? Se esqueceu de mim? Se esqueceu do verdadeiro Kori? E aliás, quem é o verdadeiro Kori? Me diga: quem é você?

–Eu não sei! Eu não sei...

Kasai me solta e eu me lamento chorando sem parar:

–Depois que você morreu Kasai, eu me odiei, porque foi por minha fraqueza que perdi meu único irmão. Todos me odiaram. Eles me criticaram demais, riram demais, machucaram demais... Eu não pude suportar, fiquei com medo. Sou um covarde! E como escudo comecei a ser frio, feri antes de ser ferido, por medo.

–Pois então pare de ter medo! Senão você não será nada! E sempre te odiarão! – alerta Kasai.

–Eu não consigo! – falo.

–Consegue sim! – discorda ele – Todos conseguem!

Sua voz começa a sumir, até que os únicos sons restantes são os de meus lamentos e meu choro.

Ergo a cabeça e percebo que não estou mais naquela sala de aula em ruínas. Estou no meio do nada, parece que estou preso numa caixa em branco, não há nada mesmo, só o branco.

Procuro por algo ou alguém pra sair dali. As palavras cortantes e dolorosas de Kasai não podem mais sair de minha mente, as prendo fortemente em meu coração por mais que doa, não posso deixá-las escapar. Preciso cumprir minha promessa e deixar de ser um covarde. Por meu irmão, pela Dely, por Fukawa, pelo mundo.

Avisto um garoto sentado imóvel em frente a um espelho olhando fixamente para seu reflexo.

–Ei! Quem é você? – questiono aproximando-me.

–Não sei. Você tem que decidir – fala ele.

–Eu? Do que está falando? E o que está fazendo? – indago.

–Me matando – responde ele.

–Como assim? – fico confuso, não faz sentido.

–Ele odeia que o culpem ou fiquem olhando pra ele assim – conta o garoto em sua loucura infantil – Logo ele fica irritado e me mata.

Acho isso muito estranho. Esse garoto parece ter apenas uns doze anos, pode ser uma criança, mas sabe muito bem a diferença do que é lógico e o que não é.

Uns minutos depois quando eu já estou prestes a seguir cominho à procura de uma saída de lá, um vulto sai de dentro do espelho e ataca o garoto. Assusto-me, o reflexo dele tenta o matar sufocado, assim como o garoto tinha dito. Mas como seu próprio reflexo pode tentar te matar? Depois de tudo o que eu vi, não posso duvidar de mais nada. Tento afastar o reflexo do garoto, mas o atravesso como se ele fosse uma pessoa e eu ainda um espírito. E agora? O que eu faço?

–A única forma de me ajudar é passando para o outro lado e descongelando o coração – avisa o garoto sendo sufocado.

–Como assim? Que outro lado? Que coração? – pergunto totalmente desconcertado.

–A parede de gelo! A parede de gelo! Mas cuidado com você...

Ele não consegue falar mais nada.

Olho para os lados e procuro alguém ou alguma parede de gelo.

Vejo o gelo.

Corro em sua direção o mais rápido que posso para evitar a morte do garoto do espelho. É meio ridículo que uma pessoa com a reputação de frio e insensível queira proteger alguém. Mas eu prometi para Kasai que ia mudar e isso também é por mim mesmo. Não posso ver alguém morrer e simplesmente não fazer nada. Mas ainda fico sem entender o que o garoto queria dizer aquela hora com “Mas cuidado com você”. Como assim cuidado comigo? Isso não tem lógica.

Sem que eu esperasse, levo um chute no ouvido, caio para o lado. Mas me levanto imediatamente. Surpreendo-me mais uma vez, sou eu de novo, um outro eu pra ser mais exato. No entanto pareço ainda mais frio e insensível. Pronto para ferir qualquer um que tente se aproximar.


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Notas finais do capítulo

Por que será que há tantos Kori's? O que será que ele tem de fazer para salvar o garoto do espelho e sair dali? E será que ele conseguirá sair? Dely deve estar se esforçando para salvá-lo, mas tudo depende do Kori. Ele precisa mudar, deixar de ser um covarde e salvar o mundo.