Akai Tsuki escrita por Fada Dos Tomates


Capítulo 4
Pare Coração!


Notas iniciais do capítulo

Yo minna! Hoje não tem luta, mas tem uns conflitos por parte do Kori e mais uma pessoinha especial... Adivinhem quem?



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–O que foi Kori? – repete Dely.

Fico paralisado pensando em tantas coisas que minha cabeça lateja. Na verdade ela já estava assim, afinal ter sido ferido tantas vezes me deixou no limite. Felizmente a dor já passou, estou bem, exceto pela dor de cabeça e aquela angústia idiota no coração que o faz bater mais rápido.

Dely parece uma vítima de um ataque terrorista, as pessoas se encheriam de pena. Mas e se sua expressão ingênua fosse o disfarce de uma terrível assassina fria? E se ela fosse a verdadeira terrorista?

Não posso me esquecer que foi ela quem me matou, Dely pode se transformar em um monstro e até mesmo comer minha alma como Kiri-kiri disse. Estou com medo. Odeio sentir medo. Mas sempre o sinto, sou um covarde.

–Kori, o que foi que ele disse? – ela percebe meu medo.

–O que é você Dely? – ignoro sua pergunta – O que você quer de mim?

–Quero salvar Chiyo – diz ela com uma voz infantil (como se isso fosse funcionar depois de vê-la em estados selvagens e desumanos) – Você não vai me ajudar?

–Não tente me enganar – ordeno solenemente – Quem é você realmente Hiiro Dely?

Não sei de onde tirei o “Hiiro”, é como se eu soubesse de algum jeito, o nome dela.

–Vamos pra longe daqui – decide ela – Então eu te conto.

A sigo com um pouco de relutância. Como não ter medo de uma louca como ela? Dely pode por um fim em minha existência inútil em poucos segundos.

Ela já não cobre seu olho furado, quando se transformou ganhou um tapa-olho de “brinde” e continuou com ele mesmo após sair de sua forma psicótica. Acho que Dely pretende se trocar depois. Me incomodo um pouco, pois boa parte do seu corpo está descoberta e posso vê-la bem agora que o sol está nascendo.

Meu coração se acelera... Malditas armadilhas da puberdade! Não posso me deixar levar, sou um espírito! E como posso sentir coisas como essa depois de morto? Droga!

Entramos em um prédio abandonado, a rua está deserta nessa parte da cidade, daqui a pouco vão aparecer pessoas. Quero ficar o mais longe possível delas. É meio ridículo, afinal Dely é uma pessoa... Ou será que não? Tenho sérias dúvidas quanto a isso.

Nos sentamos no chão mesmo, bem longe de portas e janelas, bem longe de ouvidos humanos eu espero.

Há perguntas incessantes em minha mente. A que mais me perturba é: se Dely prendeu mesmo Chiyo então por que quer salvá-lo?

Pode ser que Kiri-kiri só tenha dito aquilo pra me confundir.

–Nasci na família Hiiro como você disse – começa Dely – Mas não posso me considerar daquela família.

–Por que não?

–Sou a única que pode ver os Oni – explica ela, mas sinto que vacila um pouco quando diz “a única” – Parece que fui amaldiçoada porque minha mãe fez um pedido a Kami. Ela não podia ter filhos e desejava muito isso, por isso pediu tanto. Mas ao contrário do que os humanos pensam, Kami não é nem um pouco bondoso ou piedoso.

–Quer dizer que Ele é mau? – suponho.

–Nem bom, nem mau. Talvez sádico ou simplesmente um idiota, um louco.

–E o que ele fez pra você? Te amaldiçoou? – deduzo o óbvio.

–Sim – afirma Dely – Colocou um Oni dentro de mim.

–Por quê? – indago sem entender. Por que Deus faria uma coisa dessas? É difícil demais conceder um filho a uma mulher infértil?

–Porque é divertido – responde ela sorrindo.

–Divertido?! – me indigno.

–É pra história ficar mais emocionante.

–História? – fico confuso – Que história?

–A história do mundo – Dely se levanta – Kami é encarregado de escrever o destino de todos neste mundo. E que graça tem uma história sem um pouco de dor, sofrimento, injustiças? Não existe o bem sem o mal, não existe luz sem as trevas. Ele só quer se entreter um pouco.

–E você acha isso certo?! – estou incrédulo – Acha legal ter um demônio em si?!

–Não sei, mas deve ser horrível uma vida normal! – ela cruza os braços – Acho que o que Ele me deu foi um presente, um tesouro só meu.

–Ainda não entendi direito, mas agora não tenho dúvidas de que você é uma doente – rebato.

–Sabe o que eu sofri nesta vida? – o tom insano de voz dela retorna (estava bom demais pra ser verdade) – Sabe o que Kiri-kiri fez?

–Se estou certo ele... – minha voz falha, estremeço.

–Ele me estuprava – conta Dely.

Ofego. Sinto um ódio imenso daquele canalha. Meu corpo de espírito fica tão quente que parece pegar fogo, não sei por que, mas meu coração dói. Não posso me enganar com ela! Pare quieto seu coração idiota!

–Depois que minha família me internou num sanatório, ele entrava no corpo dos médicos, dos guardas, de qualquer um e me violentava – Dely põe as mãos na cabeça e fecha os olhos fortemente lembrando – Lembro do quão horrível e desesperador era! Nunca esquecerei! Quando o homem me olhava com aquele brilho nos olhos e sorria daquela forma que só Kiri-kiri possui eu já sabia...

–Não diga mais nada, por favor! – peço arquejando.

Isso é terrível demais pra ser ouvido, é sujo demais.

Não sei o que é isso que estou sentindo. Ódio, aflição, medo, agonia, pena... Pare coração! Está rápido demais! Se continuar nesse ritmo eu vou explodir!

–Ah, pare por favor! Pare com isso seu coração inútil! – ordeno ao meu coração.

–Que foi, Kori? – Dely fica confusa com minha reação – Qual é o problema?

–É culpa sua Dely! – a incrimino – Por que está fazendo isso?! Por que faz eu me sentir assim?! Como você consegue? Não posso deixar... Não posso deixá-la destruir meu escudo!

–Como? – uma voz familiar ecoa, dessa vez não ao longe, mas bem ali dentro do prédio – Como ela conseguiu?

Fukawa, a garota doce e adorável que tentou tocar meu coração quando eu era vivo está parada olhando pra nós dois. Ela consegue me ver, por mais incrível que pareça. Está triste, ou talvez com raiva pela sua expressão. Mas por que ela estaria assim?

–Hitasura-kun por quê? – questiona Fukawa em meio às lágrimas, imagino que seja porque eu morri e disse aquelas coisas frias pra ela em vida – Por que você está deixando que ELA destrua seu escudo?!

É, acho que não é só por causa do que eu disse quando estava vivo.

–Fukawa... – não consigo assimilar direito suas palavras.

–Isso é injusto! – resmunga ela – Por que você não me permitiu isso e está deixando que um demônio como ela to que seu coração?! Por que, Hitasura-kun?!

Os olhos dela ficam de uma coloração azul eletrizante, suas roupas mudam para algo que parece um cosplay de algum anime de magia, dois chifres capricornianos crescem em sua cabeça.

Ah, isso só pode ser um sonho. Essa é a Fukawa que eu conheço?

Ela joga um tipo de raio na direção de Dely que a essa altura do campeonato já se transformou.

–Então vamos lutar Inazuma Kiyoko!

Não, isso não pode ser verdade. O que está havendo afinal?


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Notas finais do capítulo

O que será que aconteceu com Fukawa? E por que será que Dely a chamou de "Inazuma Kiyoko"?
Fukawa, nossa nova yandere rsrs