Akai Tsuki escrita por Fada Dos Tomates


Capítulo 2
O Primeiro Ataque Demoníaco




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–Eu vou chamá-los – diz Dely.

–Chamar quem? – pergunto.

–Os Oni – responde – Eles sempre vêm quando eu chamo.

–Por que chamá-los? Não são maus?

–Sim – afirma ela – Mas você precisa me ajudar a matá-los.

–E como isso ajudaria você a sair daqui? – indago.

–Se eles entrarem nos humanos poderei matá-los – o som de sua voz está carregado de insanidade.

–Você quer dizer que os médicos ficarão possuídos? – suponho.

–Mais ou menos isso – ela se levanta.

Começa a falar uma língua esquisita, como se fosse algo de outro mundo. O cenário antes já estava sombrio, mas agora me sinto em um filme de terror, daqui a pouco vão aparecer demônios, eu sinto. Dely começa a gritar, quero fazer algo, isso é agonizante. Até que ela cai de joelhos no chão e diz:

–Eles estão vindo.

Um homem de branco escancara a porta do quarto, ele sorri, segura uma agulha, uma tesoura e um bisturi. Sem falar nas lâminas que estão em seu jaleco que parece brilhar no escuro de tão branco.

–Oi Dely.

–Oni – murmura ela – Morra.

Ele tenta pegá-la, mas Dely escapa e lhe dá um chute, o homem puxa a perna dela e acaba a arranhando com as lâminas em suas mãos. Dely se debate tanto que acaba chutando sei bisturi pra longe. Ela soca sua barriga e ele coloca a agulha em seu braço, ela grita e morde o pulso dele.

Fico paralisado, chocado sem saber o que fazer. Sou um fantasma, não é? Não posso ajudá-la.

O homem a joga bruscamente na parede, Dely parece estar ficando fraca, provavelmente por causa da injeção. Ela tira a agulha do braço arfando, isso não é nada bom. O médico segura seu braço e a puxa, ela grita tentando pegar a tesoura em sua mão. Ele acaba acertando o olho dela com a ponta da lâmina, Dely grita com o olho sangrando.

Observo seu rosto sendo tomado pelo sangue e me desespero.

–Dely! – tento afastar o homem de perto dela, mas o atravesso – Deixe-a em paz! Solte-a! Seu maldito!

Ele não houve, não vai soltá-la e Dely não consegue mais lutar, a injeção a fez ficar fraca.

–Pare! Deixe-a! – grito ainda tentando fazer algo.

Não sei porquê estou me importando tanto com essa garota, ela é a psicopata que me matou, ela tirou de mim a única coisa que eu sabia que tinha. Minha vida. E quero salvar a dela.

De repente uma sombra negra sai de dentro do homem e olha pra mim com olhos brilhantes que parecem chamas, essas chamas parecem tentar queimar minha alma, as chamas do inferno.

–Oni – assimilo.

–Cale a boca seu ninguém! Você nem se importa! – a voz da sombra com feições deformadas é algo desumano, uma voz que parece tentar entrar por seus ouvidos e destruir seu cérebro por dentro.

Dou-lhe um soco.

O rosto do Oni se contorce, mas volta para o lugar.

–Típico – comento decepcionado – Clichê!

O puxo para afastá-lo do corpo do médico e de Dely.

O médico desmaia e Dely está prestes a fazê-lo também, seu olho direito faz sua mão ficar negra de sangue.

O Oni acerta meu pescoço com algo grande e cortante. Cambaleio para trás, a dor é de como se tivessem cortado minha garganta. Mas como? Estou morto. Um líquido preto e grosso sai de onde deve ter sido o corte. Sangue negro, talvez.

–Que droga é essa?! – me indigno.

O Oni me perfura repentinamente com a lâmina, aproveitando que estou desconcentrado. Sou atirado pra trás e atravesso a parede. Assustado com isso, me levanto. Esqueci que como estou morto posso atravessar as coisas.

Um golpe no rosto me tira de meus pensamentos.

–Ah, não! Agora cansei! – reclamo.

Desvio de outro ataque do Oni e lhe dou um soco nas costas. O Oni cambaleia pra frente, se vira e acerta meu rosto com a lâmina. Dói como se fosse de verdade, mas como não posso mais morrer, não tenho que me importar.

Tento golpeá-lo de toda forma, mas acabo sofrendo cortes e mais cortes, dor e mais dor. Sangro algo negro a todo o momento, desse jeito vou morrer mil vezes e continuar “vivo” (ou seria morto?). O que importa é que é doloroso demais pra suportar. Quero morrer em paz (hilário)!

–Garoto...do escudo...de dor...e frieza – Dely se levanta com uma das mãos cobrindo o olho ensanguentado.

–Dely... – sou apunhalado mais uma vez, vomito mais sangue negro.

Dely em pé, um vento misterioso varre a sala e levanta seus cabelos que começam a ficar esbranquiçados. Asas vermelhas crescem de suas costas. Enquanto se transforma ela grita, não, ela ri. Solta gargalhadas doentias, que confesso, me deixam com medo. Quem é ela?

–Shinde...

Ela pega uma foice e ataca o Oni.

De tão rápida que ela é, ele não consegue nem se mover a tempo. Ela o fere várias e várias vezes. O Oni berra, se contorce, sangra negro como eu e depois de muito ser torturado vira pó.

Dely solta uma última risadinha satisfeita e volta a sua forma normal.

–Ah... – ela geme com o olho ainda sangrando – Dói...dói...e não para de sangrar!

–Aquele Oni maldito! – reclamo já sem dor, pra tudo o que apanhei ainda bem que sou um espírito e a dor se esvai num segundo.

Mas Dely tem seu olho furado. Tudo o que aconteceu me deixou meio chocado. Será que isso não é um sonho? E ela acabou de virar um demônio vingativo na minha frente. É estranho vê-la sangrando e chorando depois disso. Ah, por que estou me importando?!

–Posso ver? – peço.

Ela tira as mãos do olho lentamente, está horrível. Não consigo descrever direito e ver isso me dá náuseas, imagino sua dor, sou um espírito, mas ela ainda é humana. Bem, eu deveria me apavorar com a cena, mas sou frio demais pra ligar tanto assim pra isso.

–Acho que você não vai mais poder enxergar com esse olho – deduzo – Droga! E agora?

Dely tenta parar de gemer e soluçar.

–N-não importa, tenho que salvar Chiyo.

Ela se levanta, tentando parecer corajosa ou forte, mas não consegue muito bem.

–Vamos sair daqui – decide.

Admito que fico um pouco preocupado com ela, se tivermos de enfrentar tantos demônios dessa forma Dely irá morrer. Ah, qual é a minha? Eu não ligo pra isso de verdade. Não posso ligar.

“Hitasura-kun...” ouço ao longe.

Espere. Eu conheço essa voz. Ah, não...

“Hitasura-kun, por quê?” continua ecoando.

Um sentimento de culpa e angústia preenche meu coração, as palavras podres que eu queria falar prendem em minha garganta. “Morra”, foi a última coisa que eu disse pra ela.

–Fukawa...


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Notas finais do capítulo

Quem é essa Fukawa? E o que será que espera Kori nessa jornada para salvar Chiyo?