Back In Time escrita por Thalita Moraes


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Tecnicamente, maçãs do amor foram patenteadas no ano de 1959. Mas, eu resolvi colocar elas aqui porque eu não consegui encontrar outra comida típica de circo que fosse comum nos EUA, então vai isso mesmo.
Quero ver alguém descobrir o outro motivo por eu ter escolhido essa fruta :3



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Rose guiava Amy pelas ruas da cidade, na escuridão da madrugada. Amy estava começando a ficar preocupada com seu irmão, constantemente olhando para trás, como se esperasse que ele aparecesse por ali a qualquer instante.

—Tem alguma coisa te incomodando? — Rose perguntou, um sorriso frívolo em seu rosto. Amy respirou fundo, tentando evitar que Rose lesse a expressão de preocupação em seu rosto.

—Não. — Respondeu, simples. Não poderia dizer nada à Rose. Nunca sabia como ela reagiria. Mesmo conhecendo Rose por anos, Amy ainda não sabia que reação ela mostraria ao contar que estava preocupada com seu irmão mais novo. Rose tinha sempre alguma missão em mente, algum plano que precisava seguir, algum objetivo que precisava cumprir. Por isso, às vezes, tomava decisões que, na hora, parecia ridículo para Amy. Ela só conseguia entender os motivos no final de tudo.

—Está preocupada com seu irmão. — Rose disse, cuidadosamente. — Sendo assim, talvez fosse devesse voltar e ficar com ele. Eu consigo fazer isso sozinha.

—Não. — Amy disse e então suspirou, tomando um pouco mais de coragem para seguir em frente. — Eu vou até o final.

—Como sempre. — Rose disse, aquele mesmo sorriso em seu rosto, seus olhos inexpressivos. Amy nunca sabia o que ela estava pensando.

Então, elas chegaram à esquina de um bar. Era provavelmente o bar mais simples que Amy já vira em sua vida. Suas decorações eram feitas de madeira e todos os homens bebiam cervejas em copos que não lhe pareciam muito higiênicos. Eles riam alto e conversavam alto.

Amy estava desconfortável com aquele ambiente, só de olhar pela janela já lhe dava um sensação estranha em seu estômago. Rose, no entanto, olhava tudo com desinteresse óbvio, como se ela já tivesse visto aquilo alguma vez.

Ela procurava alguma coisa dentro daquele estabelecimento.

—E agora? — Amy perguntou, escorando-se na parede, no canto escuro da rua, apenas esperando.

—Agora... — Ela disse parando ao lado de Amy. — Esperamos.

—Por quanto tempo? — Amy perguntou, impaciente.

—Tenha paciência, Amy. — Rose pediu, sua voz sem o tom alegre que ela sempre mostrava. — Se você está assim tão preocupada com o seu irmão, vá em frente. Agora, se realmente quiser ficar e esperar comigo, você irá esperar comigo. Em silêncio. — Rose disse sua voz descendo dois tons.

Amy engoliu em seco e ficou quieta. Rose quase nunca falava com ela daquela forma. Isso apenas mostrava para Amy o quão importante aquilo era para ela, para falar daquela forma.

Então, Amy não diria mais nada até Rose ordenar o contrário. E elas esperaram ali pelo que pareceu uma eternidade.

Quando os homens começaram a sair do bar, alguns cambaleavam nos ombros de amigos, enquanto outros apenas caminhavam como se nada daquilo tivesse acontecido. Enquanto eles andavam em direção à suas casas, eles se cumprimentavam pela última vez como se não fossem se ver dentro de uma noite naquele mesmo lugar.

Logo, o bar esvaziou. Não completamente, havia mais um ali dentro. E era justamente quem Rose estava esperando. Assim que ele saiu do bar, trancando as portas, Rose saiu da escuridão para cumprimentar.

—Max Payton, eu presumo. — Ela disse, com uma voz delicada e gentil, uma persona completamente diferente que Amy vira mais cedo. Amy logo seguiu os passos de Rose, tentando usar um olhar atencioso da mesma forma que Rose sabia usar quando queria. Mas, não conseguiu. Amy não conseguia atuar da mesma forma que Rose. Então, resolveu não demonstrar nenhum sentimento em seu olhar. Assim era mais fácil.

—Sim, esse sou eu. — Ele sorriu e arrumou seu chapéu em sua cabeça, após trancar as portas. Ele observou cada uma das duas com cuidado. — E você seriam...?

—Oh, claro. Esqueci-me de apresentar. Meu nome é Rosemary White e essa é Amy Waller. — Rose tinha o sorriso em seu rosto novamente, como se aquilo de alguma forma, lhe desse algum tipo de prazer.

—Vocês não são daqui, não é? — Ele disse alternando seu olhar entre Amy e Rose. Elas tinham duas expressões completamente diferentes. Enquanto que Rose parecia ser simpática, Amy não mostrava nenhum tipo de emoção e aquilo lhe dava um pouco de medo. — Eu tenho certeza de que eu lembraria de vocês se as tivesse visto por aqui.

—Como és galante. — Rose sorriu gentilmente. — Realmente, não nos vimos antes. Mas isso não deixa de ser um prazer te conhecer.

Ela estava sendo tão cordial que deixara Max desconfiado. Ele mexeu em seu chapéu.

—Olha, eu estou encabulado por tudo isso, mas eu não tenho dinheiro nenhum. — Ele disse, embaraçado, e tentou dar as costas para elas.

—Espere! Não é nada disso! — Rose tentou, mas agora era a vez de Amy tentar.

—Nós sabemos do livro que você está escrevendo. — Amy disse, espantando-o. Ele parou no meio do caminho e, com receio, virou sua cabeça para trás. — Nós sabemos do segredo que ele contém.

Agora ele parecia desconcertado. Ele parecia disposto a soltar algumas informações pertinentes.

—Como vocês sabem disso? — Ele perguntou, baixinho, com receio de que alguém as escutasse. Como se alguém fosse escutar, eles estavam sozinhos no meio do breu, na escuridão da madrugada.

—Como sabemos disso não é importante. O importante é o livro. Nós precisamos dele. — Amy disse, acabando com o disfarce de Rose. Ela parecia estar nervosa com aquilo.

Ele tossiu brevemente, sentindo falta de ar devido aquele encontro estranho.

—E eu poderia saber exatamente para que vocês precisam do livro? — Ele perguntou, pressupondo que elas não diriam.

—Nós precisamos do livro, Max Payton. — Amy disse, sua postura mudando completamente. — E não pense que eu não usarei qualquer artificio que eu puder para recuperar esse livro.

Max observou os olhos escuros de Amy. Ela estava falando sério. Ele observou os olhos de Rose, ela estava calma, porém, sem saber o que fazer. Odiava quando Amy tomava a liderança daquela forma.

Ele riu de Amy, nervosamente. Ele deu um passo para trás. Amy arqueou uma sobrancelha, apenas esperando. Max virou-se rapidamente e começou a correr.

Amy suspirou e apertou o relógio com violência, destruindo o novo visual que o relógio tinha dado a elas. Agora, Amy podia correr com mais facilidade. Rose também voltou às suas roupas costumeiras. Ela apenas ficou observando Amy correr atrás de Max. Rose deu de ombros.

—É isso o que você merece por tentar me fazer parecer com a vilã da história. — Rose disse, sem nenhuma emoção em sua voz.

—Isso é porque você é a vilã da história. — Uma voz estranha soou no ouvido de Rose. Seu coração bateu mais rápido, a voz dele congelando seus ouvidos. Ela queria sair correndo dali, queria gritar, mas antes que ela pudesse perceber o que estava acontecendo, ele a pressionou contra a parede. — Olá, Rose.

—Kelly. — Ela disse, sua voz soou como um suspiro. Era isso o que uma mera visão dele lhe causava.

—Você sabe que não vai conseguir o livro dele. — Ele disse, sorrindo maliciosamente. Ele chegou um pouco mais perto dela, sua coxa a pressionando contra a parede. — É tarde demais.

—Eu preciso tentar. — Ela disse, engolindo em seco. — Eu posso evitar que tudo isso aconteça. Você sabe que eu sempre cumpro minhas promessas.

—Você deveria parar de fazer promessas que você não pode cumprir. — Ele disse, afastando-se dela levemente. Rose pode, enfim, respirar.

—O que você está fazendo aqui? — Rose perguntou irritada. — Nós conseguimos pegar ele. O livro é nosso.

—Eu vim aqui para checar o que você está fazendo. — Ele disse erguendo os braços, como se estivesse mostrando que não tinha nenhum truque na manga. — Eu fiquei sabendo que você trouxe com você uma amiguinha do passado. Bom, do futuro.

—Ela não é um problema. Amy vai apagar as memórias dela.

—Será que vai mesmo? — Perguntou. Ele tinha algum tipo de plano para estar ali apenas para brincar com os pensamentos de Rose. — Você tem que começar a prestar atenção em quem você confia.

—Você veio aqui só pra questionar minha confiança na Amy? Ou você tem algum conselho épico que eu deveria saber?

Ele riu e penteou o cabelo bagunçado com as mãos.

—Olhe para os dois lados antes de atravessar a rua.

—O que você quer dizer com isso? — Rose perguntou, nervosa, dando passos para frente enquanto ele se afastava. Por pouco, ela não foi atingida por um carro, se o carro estivesse andando mais rápido, ela teria sido atropelada e aquilo se tornaria num acidente feio.

—Desculpa! — E Victor colocou a cabeça para fora pela janela. Quando ele observou quem foi que ele quase atropelou, seus olhos arregalaram-se e ele subitamente temeu pela sua vida. — Rose...

—Eu ainda não entendi para que serve esse pedal do meio. — Holly disse, sua voz vindo do outro lado do carro. Victor estava ensinando-a a dirigir. Holly então levantou o rosto quando Victor não respondeu. Ela viu a mulher loira de mais cedo encarando Victor com tamanho ódio em seus olhos. Ela estava pronta para explodir. Seu rosto estava vermelho. — Posso acelerar? — Holly perguntou, pronta para fugir.

—Vocês dois. — Rose disse, sua voz pausada para não aumentar o tom e chamar mais atenção para eles. Sua mão estava se fechando num formato de punho. Quando seu olhar voltou-se para cima, Kelly já tinha sumido na distância. — Victor, o que ela está fazendo atrás do volante? — Ela perguntou, com um sorriso no rosto, seus olhos frios como se estivesse pronta para cometer assassinato.

—Ahm... — Ele gaguejou, não sabendo qual resposta a faria ficar menos irada. — Ensinando Holly a dirigir?

—Holly? — Rose perguntou, estranhando o nome. Ela já tinha ouvido aquele nome antes, mas ignorou seus instintos. Ainda estava brava com os dois. A pergunta principal naquele momento era, porque Victor estava fazendo amizade com aquela garota? — E porque você está ensinando ela a dirigir? Por um acaso você se esqueceu do que nós temos que fazer por aqui? Isso não é um passeio, Victor! Viemos para o passado para recuperar o livro mais perigoso desse mundo e você fica aí, andando de carro!

—Ahm, com licença? — Holly perguntou, sentindo-se ofendida pelo Victor. — Você não falou para ele fazer nada em especial. Você mandou ele ficar cuidando de mim e é exatamente isso o que ele está fazendo.

Victor tossiu de leve e virou-se para encarar Holly, e disse, baixinho

—O que você está fazendo?

—Então a garotinha acha que pode erguer a voz contra mim? — Rose disse, cruzando os braços.

Holly desceu do carro, também cruzando os braços, sem nenhum medo de encarar Rose daquele jeito. Ela sempre foi daquele jeito, agir sem pensar, explosiva. Era uma característica que a separava de seus dois irmãos mais velhos. Eles sempre foram calmos, desde nascença. No entanto, Holly era a bagunceira. Só lhes causava problemas. Depois que crescera e descobrira da pior maneira possível que bater nos meninos não era a solução, ela deixou a agressão física de lado, aprendendo a usar as palavras como uma arma. E isso durou seu ensino médio inteiro. Ela não era uma pessoa muito amada dentro da escola e, agora, Holly estava pronta pra mostrar isso para Rose se fosse necessário.

—Sim, eu acho que posso falar assim com você.

Victor viu sua vida passar diante de seus olhos, estando no meio de duas bombas relógio. Elas estavam se encarando de tal forma que parecia que ia rolar algum tipo de guerra.

Mas, antes das duas se estranharem, Amy chegou correndo, deixando Rose apreensiva.

—O que houve? Onde está o livro? Não me diga que o Kelly pegou ele antes de nós.

—Ahm… — Amy disse e respirou fundo. — Acho que esse é o menor de nossos problemas.

Rose pareceu confusa até olhar pra trás de Amy. Havia uma comoção ali, vozes que iam crescendo e aumentando. Pequenas lanternas amarelas surgiram pela rua, caminhando em direção deles.

Eles tinham chamado muita atenção.

—Rápido, entrem no carro! — Amy disse, sentando no banco do motorista. Victor pulou pro banco de trás e Rose no banco da frente. Holly ficou parada, sem reação.

Victor abriu a porta do banco de trás e a puxou, ela caiu por cima dele, suas pernas ficando pra fora, a porta ainda aberta. O carro estava parado, juntando velocidade como das outras vezes.

—Nós só vamos ter energia pra mais uma viagem! — Amy disse dando a partida no carro. Ela andou de ré, deu meia volta e correu em direção em que elas tinham vindo.

—Coloque a data pra 2027. Eu conheço alguém que pode encontrar energia o suficiente pra continuar a viagem. — Rose pediu, enquanto arrumava o cinto em sua cintura.

—Eu não acho que vamos ter energia o suficiente pra pular tudo isso. — Amy disse, encarando o ponteiro da velocidade. 67, 68, 69 milhas por hora.

—Onde você acha que a gente vai parar?

Amy ficou em silencio por um tempo, a adrenalina subindo enquanto tentava fazer a conta. Rose estava ficando impaciente.

—Amy!

—Uns 70 anos! 80, no máximo.

—Nessa época, o Dr Brown não estava perto de ter conseguido realizar alguma coisa relacionado com máquina do tempo.

—Eu preciso soltar o carro, ele já está chegando a 80 milhas por hora!

—Solte. Eu tenho um plano.

—Se segurem! — Amy disse, finalmente acelerando o carro.

Holly não fechou os olhos naquele instante. Ela levantou-se no banco, conseguindo sentar-se propriamente, observando a paisagem a frente do carro mudar de forma abrupta. Holly viu uma sombra preta na janela do carro, uma forma humana foi atropelada e então, quando o carro finalmente parou, a figura foi jogada longe. A paisagem voltou a se tornar uma cidade como antes, e Amy teve que usar habilidades que não sabia que tinha pra desviar de um poste que surgiu na frente delas, apenas conseguindo atingir uma árvore.

Todos desceram do carro para observar o estrago.

—Pronto, não somente não temos energia o suficiente mas também quebramos o carro. — Amy bufou. Rose estava em silêncio, mordendo seu polegar, enquanto pensava em alguma coisa.

Não era muito e não sabia se seria o suficiente, mas Rose teria que tentar. Ela não poderia se dar ao luxo de ficar presa no passado. Com o aperto de um botão em seu relógio, um holograma de um teclado apareceu. Ela digitou alguma coisa e então fechou o relógio.

A mensagem foi enviada via rádio. Uma onda sonora que se manteria viva por anos, repetindo infinitamente até que alguém ouvisse e viesse resgata-las.

Alguém com tecnologia suficiente para voltar no tempo. Alguém do ano 2067. Alguém do ano delas.

Rose olhou ao redor, com esperança de ver alguma coisa fora do lugar. Ela ficou decepcionada ao ver que ninguém percebeu a mensagem enviada. Ela sabia de diversas equipes que se dedicavam a decodificar mensagens artificiais em ondas de rádio, então o fato de que ninguém percebeu fez Rose ficar aflita. O que mais ela poderia fazer no passado que ninguém perceberia no futuro?

—Não acha melhor mover esse carro daqui? Quanto mais tempo ele ficar por aqui, mais atenção nós podemos chamar. — Amy perguntou.

—Isso se ninguém já tiver percebido o barulho. — Victor falou. Amy empurrou Victor com o cotovelo, esperando que Rose não percebesse.

Rose tentou comprimir o suspiro, mas ela não conseguiu evitar. Ela estava ficando sem tempo.

—Vamos tirar o carro daqui. Ninguém pode ficar sabendo do que aconteceu essa noite. — Rose disse finalmente, parecendo que tinha finalmente sido libertada de seu transe de mais cedo.

—Onde nós estamos? — Holly perguntou, observando o seu redor.

—1950. — Amy disse. Holly tentou fazer a matemática em sua cabeça. Alguns anos depois do nascimento de sua mãe. Ainda era passado, mas era um passado mais perto. Ela olhou ao seu redor, esperando encontrar alguma coisa reconhecível.

—As moças vão precisar de uma ajuda? — Uma voz que Holly não conhecia falou de longe, encostando-se no muro ali perto. Rose virou-se pra trás para encará-lo e, de repente, seu rosto brilhou. Ela correu em direção ao homem por ali e o abraçou.

—Ainda bem! Achei que eu ficaria presa no passado para sempre! — Rose soltou, tentando disfarçar lágrimas de alívio. Ele a soltou, rindo sem graça.

Ele não sabia se deveria contar à Rose a verdade, mas preferiu não comentar nada. Amy percebeu que ele estava tentando esconder alguma coisa. Eles trocaram um olhar que Rose não percebeu.

—Vão precisar de retirar o carro daqui, não é? — Ele disse dando uma olhada no estrago.

—Você consegue consertar, Arthur? — Amy perguntou. Ele levantou uma sobrancelha e olhou para Amy como se ela tivesse feito um desafio.

—Se eu consigo? — Ele sorriu. — Com quem você acha que está falando?

Amy cruzou os braços, sorrindo também. Arthur estendeu seu braço e, com o aperto de um botão, uma luz azul saiu de seu relógio, como se estivesse analisando a área e o carro. Dentro de segundos, o carro tinha sumido. Holly ficou surpresa.

—Nossa, essa é a tecnologia do futuro? — Ela disse, animada. Era como ver um filme antes de ser lançado.

Arthur olhou para Holly. Ele parou por um segundo, observando-a, sentindo como se aquela não fosse a primeira vez que tivesse visto ela. Aquele rosto lhe era muito familiar, mas ele não conseguia se lembrar de onde.

Ela sorriu para ele, um pouco nervosa, dando um passo para trás. Então, ele olhou para Rose, como se esperasse uma resposta. Ela estava de braços cruzados.

—Tudo bem, acho melhor nós encontrarmos um lugar para vocês passarem a noite. Enquanto isso, eu conserto o carro de vocês. — Arthur disse, um pouco desconcertado com a presença de Holly entre eles.

—Você vai materializar algum tipo de casa ou alguma coisa assim? — Holly perguntou animada.

—Não... — Arthur respondeu, sem saber como reagir direito perto dela. — Vamos para uma pensão.

Então, Arthur se virou e começou a andar em direção à pensão, enquanto que os quatro apenas o seguiam, afastando-se de Max Payton. O que eles não perceberam na escuridão da noite era o corpo de Max Payton, jogado entre arbustos. Seu corpo estava amassado como uma lata de refrigerante jogada no meio da rua, resultado de uma brutal viagem no tempo.

Só o encontrariam na manhã seguinte, quando todos já teriam ido embora e não haveria ninguém para culpar. A mulher que morava na casa perto dos arbustos dele ficaria traumatizada com aquela visão. A mulher de Max Payton ainda não saberia o que teria acontecido com seu marido. Pois a última vez que ela o vira, foi quando ele saiu de sua casa para ir trabalhar, em 1876. E, 74 anos depois de ter sido declarado desaparecido, seria como se ele nunca tivesse envelhecido um dia.

Porque ele realmente não teria envelhecido nenhum dia. E ninguém, exceto por quatro pessoas que não pertenciam àquela linha do tempo, saberia o que teria acontecido com ele.

***

Depois de terem se hospedado na pensão que Arthur recomendara, todos estavam em seus devidos quartos. Rose e Arthur se passaram como casados. Amy e Victor se passaram como irmãos, eles eram tão parecidos que os confundiram como irmãos gêmeos, e Holly teve que se passar como namorada de Victor, pois ela não era nenhum pouco parecida com nenhum dos cinco.

Eles ficaram com dois quartos um ao lado do outro e Arthur olhou de forma suspeita para Holly mais uma vez. Ele não conseguia identificar onde que ele tinha visto aquela menina.

Arthur fechou a porta e então, olhou para Rose sentada na ponta da cama. Ela estava de braços cruzados. Ele suspirou como se estivesse segurando o ar desde o momento em que vira Holly.

—Nós tivemos alguns contratempos. — Rose se explicou. — Tivemos que improvisar. Não se preocupe, Amy vai apagar as memórias dela uma vez que tudo voltar ao normal.

—Eu não estou preocupado com isso. — Ele disse, suspirando novamente.

—Então, sobre o que você está pensando? — Rose perguntou. Ela percebeu que ele estava preocupado com alguma coisa.

Ele queria ter dito a verdade. Que ele estava preocupado com aquela menina. Que tinha algo sobre ela que ele não sabia, que o intrigava e o fazia ficar daquele jeito.

Mas ao invés disso, resolveu contar uma pequena mentirinha.

—Eu estou preocupado com as pessoas que ela conhece. Ela não vai se lembrar mas as pessoas vão.

Rose não tinha pensado nessa parte. Até porque, se fosse seguir com aquele pensamento, então não faria sentido ter várias equipes monitorando o passado a qualquer instante por anomalias. As conexões que as pessoas do tempo deles fariam também mudariam o tempo.

Se ela realmente tivesse pensado no que Arthur tinha dito, ela perceberia que nem fazia sentido ter entrado naquela pensão.

Mas Rose não tinha prestado atenção no que Arthur tinha dito. Afinal, entre eles, havia uma atração física, uma tensão que Arthur sabia que existia e ele usava aquilo para seu bel prazer. Então, quando ele mencionou aquilo para Rose, ela não se importou em realmente pensar no que ele tinha dito. Coisa que seria completamente diferente se ele tivesse dito aquilo para Amy.

—Entende o que eu quero dizer? — Arthur disse chegando mais perto dela. — Essa Holly não pode ser vista em público. Ela é um perigo. Precisamos manter ela trancada aqui até consertarmos a máquina do tempo.

—Quanto tempo vai demorar?

—Até a manhã estará pronto. — Ele disse, checando o relógio. — Está em trinta e dois por cento. Então, vocês poderão voltar e evitar que Kelly pegue o livro.

Rose engoliu em seco, apertando a cama com suas unhas, desviando o olhar dele.

—Você ainda não contou para Amy o que realmente aconteceu? — Ele perguntou surpreso.

—Se eu tivesse contado, ela nunca teria concordado em vir comigo. — Rose disse, deixando um lado mais emocional à tona. Ela suspirou, deixando uma lágrima cair. — Eu cometi um erro, Arthur. Eu achei que...

Ela limpou uma lágrima com o indicador.

—Não foi culpa sua. — Ele disse, colocando sua mão no ombro dela, consolando-a. — Você não ia adivinhar que seu namorado poderia se transformar num monstro.


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