Back In Time escrita por Thalita Moraes


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem ♥



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10 de Junho, 1985

Era exatamente uma hora da manhã. Era, provavelmente, uma das noites mais frias daquele mês. Dr. Emmett Brown tinha usado cobertores extras aquela noite, cobertores esses que não seriam usados aquela noite. Depois do seu décimo ronco, três batidas firmes na porta de sua casa o acordara e o fizera cair de sua cama. Um pouco confuso e desorientado, ele levantou-se e foi até a porta da frente e verificou pelo olho mágico quem era que batia em sua porta àquela hora da manhã. Então, receoso, abriu a porta.

—Holly? — Emmett perguntou, confuso. — O que faz aqui à essa hora?

—Oi, Tio E. — A adolescente parada do outro lado da porta sorriu para ele e foi entrando em sua casa, indo direto para a geladeira. — Você não se importa se eu ficar aqui na sua casa por uns tempos, não é?

—E a sua mãe? — Ele perguntou, ainda confuso.

—Eu não sei. E também não quero saber. — Ela disse, já fuçando o congelador também. — Oba, sorvete!

—Não toque nesse pote! Isso não é sorvete! — Emmett disse e, Holly, ainda com o pote em mãos olhou para ele, confusa. Ela queria abrir o pote e verificar o que havia ali dentro.

—O que tem aqui?

—Esse é o experimento 316. Preciso esperar mais algumas horas para poder saber o resultado. Agora, com cuidado devolva o pote ao refrigerador. — A quantidade de medo impressa na voz de seu tio a deixou amedrontada, então, devolveu o pote ao congelador e fechou a porta. Ela deitou-se no sofá da sala.

—Eu não me importo de dormir no sofá da sala. Eu não vou ficar por muito tempo.

—Mas e quanto à sua mãe? Ela vai ficar irada comigo se você ficar aqui sem a permissão dela!

—Eu não sei e também não quero saber. — Ela respondeu áspera. Emmett parecia estar preocupado com que a mãe de Holly diria. — Tio, você não precisa se preocupar com ela. Tenho certeza de que ela não virá atrás de mim depois do bilhete que eu deixei em cima da minha escrivaninha. E eu tenho 18 anos, não é como se ela pudesse mandar em minha vida. Estou livre como um pássaro.

—Holly, eu não acho que o que você está fazendo seja beneficiário pra você. — Emmett tentou colocar razão dentro da cabeça dela, mas ela não ouviria. Era teimosa demais, assim como sua mãe.

—Tio, fique tranquilo. Você nem perceberá que eu estou aqui. Eu sei ser silenciosa. É só você não contar para ninguém que eu estou aqui e tudo se resolverá. Eu saio daqui dentro de uma semana e será como se você nunca tivesse me visto.

Emmett suspirou quando percebeu que não conseguiria colocar a cabeça dela em ordem. Lidar com sua sobrinha era uma das tarefas mais difíceis que tivera que enfrentar. Muito mais difícil do que tentar entender porque sua máquina não estava funcionando.

—Estou vendo que eu não vou conseguir mudar sua cabeça.

—Nope. — Ela disse, levemente contente consigo mesma. Ela deitou-se no sofá, sua mochila lhe servindo como travesseiro.

—Posso pelo menos saber porque você está fazendo isso?

—Porque minha mãe não me dá espaço pra respirar. — Ela suspirou, sua expressão mudando completamente. Agora, ela parecia estar um pouco apreensiva, como se relembrasse de alguma coisa. Holly não diria. Guardaria aquele segredo quanto tempo que fosse. — Ela não me deixa fazer nada que eu quero e parece que tudo o que eu faço é uma decepção pra ela. Então, melhor sair de casa e poupa-la de qualquer outra decepção que eu possa trazer, não acha?

Emmett não disse nada. Ele apenas suspirou. Sua sobrinha provavelmente achava que ele tinha asma ou alguma coisa do tipo, pois, sempre que passava algum tempo perto dele, tudo o que ouvia era suspiros. Ele não sabia conversar com ela. Então, sabendo que nenhuma de suas tentativas de persuadir sua sobrinha teimosa não adiantaria, ele subiu as escadas.

—Você não vai ligar pra ela, não é?

—Não. — Ele disse, simplório. Então, ele fechou os olhos sentindo o sono voltando levemente. — Mas se ela me ligar e perguntar onde você está, eu não vou mentir.

Assim como sua sobrinha, ele parecia ter sua cabeça feita.

Naquele ponto ela já tinha decidido uma coisa. Seria um grande problema continuar ali. Pela manhã, ela levantaria e sairia pra procurar outro lugar pra ficar. Ela ouviu um barulho vindo do lado de fora da casa de seu tio e sentou-se para prestar atenção. Estava tudo escuro e ela não enxergava muita coisa. Ela levantou e foi em direção a janela, reparando, só então, a garagem separada da casa. O silêncio da noite somado com a melodia das árvores se mexendo, lhe dava uma sensação gostosa. Ela teve uma ideia. Talvez, seu tio não precisava saber que ela não tinha ido embora. Afinal, ela não precisaria ficar ali o tempo todo, somente precisaria de uma cama pra dormir. E certamente poderia usar o chuveiro dele quando elee não estivessee em sua casa. Ela sorriu sentindo-se bem consigo mesma pela segunda vez naquela noite.

***

Com o mesmo cuidado que usara ao escapar da casa de sua mãe mais cedo naquela noite, Holly escapara da casa de seu tio depois de ter a certeza de que ele estava dormindo. Seu tio roncava tão alto quanto sua mãe. Um problema que parecia ser hereditário. Holly abriu a janela da cozinha e jogou a sua mochila, ouvindo o barulho de sua mochila atingindo o arbusto. Ela olhou pra sua mochila e então deu mais uma olhadela pra trás, como se estivesse checando se seu tio não estivesse ali. Então, respirou fundo tomando coragem e pulou, caindo em cima de sua mochila.

Ela se levantou e limpou a calça, indo em direção ao casebre. Parecia mais com uma garagem, mas o carro do seu tio estava sempre estacionado na frente da portas. Ela caminhou com passos leves até a janela mais próxima. Ela tinha uma paixão secreta por janelas. Só que, dessa vez, ela não precisaria abrir a janela, pois alguém já tinha lhe feito o favor de quebrar o vidro. Seu tio precisava instalar algum tipo de alarme ali. Quem dirá os segredos que se escondiam ali naquela garagem que fizesse alguém querer entrar ali? Bom, talvez quem é que estivesse ali dentro tivesse o mesmo plano que ela. De repente, Holly estava com muito mais receio de entrar na garagem. Quem estaria ali dentro?

Ela ouviu vozes. Holly estava com medo de pular a janela, mas alguma coisa a fez tomar o impulso. Dessa vez, ao invés de jogar a mochila primeiro, ela colocou a mochila em suas costas e com cuidado extremo, pulou a janela.

—Esse treco é velho demais. — Ela ouviu uma voz masculina dizer — Tem certeza de que é seguro usar isso aqui?

—Tão seguro quanto a nossa própria máquina. A única diferença é que esse foi o primeiro protótipo que ele criou, ele não estava pensando no lado estético.

—Ao menos é isso que dizem os livros. — Três vozes. Tinha três pessoas ali, um homem e uma mulher, e alguém de algum gênero não identificável. Ou era um homem com uma voz feminina ou uma mulher com uma voz masculina.

—Eu não quero entrar nisso aí. — O homem replicou.

—Talvez se alguém não tivesse quebrado nossa máquina do tempo, a gente não teria que voltar para pegar essa emprestada. — A primeira mulher revidou e o homem ficou quieto. Holly deu alguns passos em direção as vozes. Com tanta tranqueira que havia naquela garagem, Holly sentia que estava num labirinto de sucata. Ela conseguiu chegar num canto onde eles não conseguiam enxergar ela. Atrás do que parecia ser algum tipo de geladeira quebrada. Ela não entendia porque seu tio gostava de juntar tanta velharia.

Era duas mulheres e um homem. O homem era na verdade um guri, provavelmente dois anos mais novo que ela. Ele tinha cabelo branco e uma carinha de anjo, porém tinha uma voz grossa. As duas mulheres pareciam muito mais velhas do que ela. Uma delas, a morena, tinha fios brancos, porém tinha uma pele branca e tão bem cuidada quanto a de uma modelo. Metade de seu cabelo era raspado e Holly não conseguia entender porque ela teria feito isso com seu cabelo. Essa era a que tinha a voz grossa e rouca, parecida com a de um homem.

A outra tinha cabelos loiros tão claro que chegava a parecer ser branco.

Talvez não fosse uma boa ideia ficar ali observando-os. Ela deveria voltar para a casa de seu tio. Porém, no momento em que Holly se mexeu, acidentalmente pisou em alguma coisa com rodas e ela teve que se controlar pra não gritar. Mas era tarde demais, eles já tinham a ouvido. Ela olhou pra baixo, ela tinha pisado em um skate. Desde quando seu tio tinha um skate?

Os três ficaram quietos simultaneamente e viraram suas cabeças em conjunto. Holly travou, sentindo seu coração bater em sua garganta. Ela não conseguia respirar. A morena olhou pro guri e acenou com a cabeça. Ele correu atrás dela. Holly usou aquilo como sua deixa. Ela deixou sua mochila pra trás e correu como conseguiu, atropelando tudo em seu caminho. Quando ela chegou na janela, ele já tinha pego ela e Holly não conseguiu ficar quieta. Ela começou a gritar. Ele colocou a mão dele na boca dela mas já era tarde demais, eles viram uma luz acender em uma janela da casa principal. Emmett tinha a ouvido.

—Victor! Não temos tempo! Entre logo no carro!

—Mas e ela? — Ele disse, claramente se referindo a mulher que estava em seus braços. Holly começou a chorar.

—Não podemos deixá-la escapar, ela viu nosso rosto. Temos que levar ela conosco, depois removemos a memória dela.

Holly queria gritar e espernear, mas ele estava segurando ela muito forte. Ela não conseguiria escapar. Ele a carregou até o carro, onde a loira e a morena já estavam sentadas, o carro já acelerando, porém parado. Victor jogou Holly dentro do carro e fechou a porta. Holly pôde ver um letreiro perto do volante crescer. 75, 76, 77 milhas por hora, mas eles ainda não estavam se mexendo. O carro estava parado. Então, quando os números chegaram aos 80, o carro deu a partida, estourando a porta da garagem, passando a centímetros perto do outro carro. Emmett saiu de sua casa, ainda com sua roupa de dormir gritando com a esperança de que eles o escutasse.

—Holly! Não! Tudo menos o DeLorean! Tudo menos o DeLorean!

E então, antes que Emmett pudesse se dar conta do que aconteceu, ele estava encarando uma linha vermelha de fogo, enquanto o carro desaparecia bem em frente aos seus próprios olhos.

10 de junho, 1876

Holly teve que se segurar no banco com toda a força que teve na hora. Impulso que o carro tomou assim que atingiu as 88 milhas por hora foi tão grande que quase a fizera afundar no banco, ela não conseguiu respirar direito. Mas isso não sabia se era devido a velocidade do carro ou seu nervoso por estar sendo sequestrada. Talvez os dois. Assim que o carro parou, pelo que Holly imaginou ter sido por causa da falta de gasolina, mas como ela ia saber se não entendia nada sobre carros? As duas mulheres desceram do carro e deram uma olhada ao seu redor.

Holly respirou fundo, ou ao menos tentou, e antes que Victor pudesse agarrá-la novamente, Holly golpeou sua parte íntima. Ele se contorceu de dor. Ela usou aquela oportunidade pra escapar. Abriu a porta do carro e começou a correr na direção contrária pra onde estavam indo, achando que seria a direção para a casa de seu tio. Mas, por algum motivo, ela não enxergava a casa do seu tio na distância. A casa do seu tio, que tinha dois andares, e também por estar no topo de uma leve colina, era sempre visível só de caminhar em direção dela. Mas Holly não enxergava a casa do seu tio.

Seu coração começou a bater mais rápido ainda, como se ela já não estivesse sentindo que ia ter um ataque cardíaco. Onde ela estava? Ela não reconhecia onde estava. Não fazia sentido, porque a casa de seu tio não ficava no meio do nada. Poderia ser levemente isolada, mas não ficava no meio do nada.

Holly foi lentamente parando de correr, sua respiração estava alta, sua garganta ardia um pouco por causa do vento frio. Olhou pra trás e não viu se eles estavam atrás dela. Sentiu-se aliviada, porém ainda estava um pouco desesperada. Onde eles tinham levado ela?

***

As duas mulheres se entreolharam enquanto Holly escapava deles. A loira perguntou pro Victor.

—Perdendo para uma mulher, Victor? — Ela perguntou, com um sorriso cínico em seu rosto.

—Cale a boca, Rose. — Ele disse, ainda tentando se recuperar da dor que sentira. Rose ficou quieta, no entanto estava nem um pouco arrependida pelo que disse.

—Amy, você se importa? — Rose pediu para a mulher de cabelos castanhos. Sem nenhuma emoção em seus olhos, ela se virou para Holly que ainda corria em direção ao nada, e começou a correr atrás dela. Amy era provavelmente a mulher mais rápida que Rose já conhecera em sua vida, e isso dizia alguma coisa sobre Amy, afinal Rose conhecera muitas pessoas em sua vida.

Em poucos minutos, Rose já estava observando as duas brigando à distância, mesmo sob a escuridão da noite. A lua estava clara aquela noite. Holly lutou pela sua liberdade, mas não conseguiu lutar por muito tempo. Amy nocauteou Holly com sucesso e a levou até o carro, segurando-a pelas coxas grandes, seu quadril na altura do rosto de Amy, o resto do seu corpo jogado por cima do ombro de Amy.

—Bom, eu não imaginei que você fosse nocautear a pobre coitada, mas acho que assim fica até mais fácil. — Rose disse, observando Amy colocar o corpo de Holly deitada no carro.

—Você não especificou. — Amy disse. Rose sorriu e deu de ombros. — Victor, você fica aqui enquanto eu e Rose vamos procurar por ele.

—Ah, não é justo! Eu quero participar também. — Ele disse, sentindo-se injustiçado.

—Isso não se trata de justiça, Victor. Isso é importante. Alguém precisa ficar aqui para cuidar dela quando ela acordar. — Amy respondeu.

—Não sei se você reparou, mas eu não acho que eu sou uma boa escolha para ficar com ela. — Ele disse, claramente se referindo ao quebra nozes.

—E você é melhor que isso. Quantas vezes você já lutou contra homens mais fortes que você e venceu? Porque você perderia agora para uma mulher? — Amy disse, sua voz mostrando mais emoção do que seus olhos monocromáticos. Rose estava de braços cruzados apenas observando os dois conversando.

—Bom, você falando desse jeito... — Victor disse, sem jeito, passando a mão em seu cabelo. Amy sorriu e colocou sua mão sob o ombro do irmão.

—Vamos então, Rose? — Amy disse, erguendo seu pulso esquerdo. Ela abriu a tampa do relógio e girou os ponteiros cuidadosamente. Rose chegou mais perto dela e Victor se afastou, parando encostado no carro, apenas observando interessado enquanto os corpos das duas brilhavam na escuridão e rapidamente mudavam de visual.

O cabelo raspado de Amy cresceu magicamente, assim como o de Rose, ficando quase do mesmo tamanho. As roupas das duas mudaram juntamente com o cabelo. Elas, de repente, estavam usando vestidos lisos com quase o mesmo estilo de babado atrás, aumentando seus quadris de forma absurda. Eram diferentes um do outro, porém, aos olhos de Victor era a mesma coisa. O vestido de Amy era de cor preta e azul enquanto o de Amy, bege e branco.

—Fique aqui e cuide dela até ela acordar. — Amy disse enquanto elas se afastavam. Victor acenou com a cabeça, ainda encostado no carro. Ele deu uma olhadela pra dentro do carro. Ela ainda estava inconsciente. Amy deveria ter batido nela forte. Victor trancou as portas de trás e sentou-se no banco da frente, fuçando em cada botão.

Até que Holly acordou e ele não tinha percebido, até ela apertar o pescoço dele contra o assento do banco.

Ela estava em um estado de pânico, sem saber o que fazer. Aquela foi a única coisa que lhe passou pela cabeça, fugir não era uma opção, eles apenas a pegariam de novo. Victor se debateu um pouco, até que ele pareceu ficar quieto. Holly pôde respirar então, ainda nervosa. Ela retirou as mãos do pescoço dele e tentou chegar até o banco da frente para observá-lo melhor. As roupas dele, a maneira como o cabelo dele estava penteado. Tinha algo de errado nele e Holly ainda não tinha identificado o que era. Agora, talvez ela conseguiria voltar para a casa de seu tio.

Mas ele abriu os olhos e, Holly, espantando-se não teve reação imediata. Ele pulou contra Holly, seu corpo ficando extremamente perto do dela. As costas dela ficando desconfortavelmente por cima da alavanca. Ele tapou a boca dela com sua mão. Ele nunca tinha desmaiado, ela não tinha apertado tão forte, a mão dela era muito pequena para isso. Ele estava apenas fingindo.

Holly fechou os olhos, apenas esperando que ele fizesse o primeiro movimento. Ela nem teria como gritar ou pedir por ajuda. Ela estava no meio do nada. Ela estava quase desistindo. Victor estendeu a mão por cima dela e trancou a porta do carro. Ele pediu para que ela se acalmasse, percebendo o quão ridículo era aquele pedido.

—Eu não vou fazer nada com você. Apenas preciso que você pare e escute. — Ele disse, ainda estando por cima dela. Holly não pode fazer mais nada além de acenar sua cabeça e esperar. Ele suspirou e Holly sentiu um cheiro doce. O hálito dele era doce como o de um chiclete. — Eu venho do futuro, de um ano muito distante do seu.

Ainda bem que ele estava tampando a boca dela, senão ela teria rido diante tal afirmação.

—Eu não estou mentindo. Esse carro é uma máquina do tempo e, caso você ainda não tenha percebido, esse tempo não é o seu. — Ele disse, e talvez isso fazia sentido. Ao menos explicava porque ela não encontrava a casa do seu tio no topo da colina. Porém, se isso fosse verdade, em que tempo ela estava? — Nós estamos no ano de 1876.

Ela queria dizer alguma coisa, mas de repente, sentiu que estava difícil de respirar. A alavanca debaixo de suas costas fazia tudo ficar mais difícil. Estava doendo. Victor percebeu isso na expressão dela.

—Eu vou te soltar. Mas você precisa prometer não fazer nenhum barulho. — Ele disse. Holly acenou com a cabeça e ele saiu de cima dela. Ela se ajeitou no banco do carona e passou a mão em suas costas. Ela suspirou fundo, sentindo sua respiração travar e sair tremida. Ela ainda não tinha certeza se confiava nele.

—Okei, então porque eu voltei 100 anos no passado? — Ela perguntou.

—Na verdade, são 109 anos. E isso não tem nada a ver com você, você é apenas uma consequência. — Victor disse de forma tão casual que chegara a espantar Holly. — E, nada disso irá importar realmente porque quando minha irmã chegar, ela vai limpar sua memória.

Os olhos de Holly arregalaram-se.

—Então, porque se dar ao trabalho de me explicar o que está acontecendo?

—Porque assim, pelo menos, fica mais fácil de pedir pela sua colaboração. E salva minhas bolas de perigo iminente. — Ele disse. Holly não conseguiu segurar o risinho que ergueu o canto de sua boca.

—Já que eu estou em 1800... — Holly disse, observando as coisas ao seu redor, procurando por alguma coisa interessante. — Eu posso dar uma volta?

—Como é? — Victor perguntou, sentindo-se estranhamente na pele de sua irmã.

—Passear. Dar uma volta. Eu quero ver o mundo. Afinal, você não voltou ao passado apenas para ficar trancado dentro de um carro, não é? — Holly disse e Victor teve um estranho flashback. De quando ele pediu para sua irmã para ir junto.

Amy estava terminando de se arrumar para pular em sua própria máquina do tempo, quando Victor a chamou e pediu para ir junto. Amy não costumava mostrar muitas reações, mas ela precisava dizer alguma coisa.

—Victor, você acha que eu vou dar uma volta no passado? — Ela perguntou, olhando profundamente nos olhos castanhos de Victor. Ele se sentiu um pouco desconfortável. — O tempo não é tão facilmente moldável desse jeito. Qualquer coisa, qualquer errinho é suscetível a uma grande mudança no nosso tempo. Qualquer coisa que saia de forma contrária ao nosso plano e existe uma grande chance de que nós nunca nascemos. Você quer realmente vir comigo? Subir no carro e correr o risco de nunca nascer?

Victor olhou para o carro atrás de sua irmã, Rose estava parada atrás de Amy, com os braços cruzados apenas observando os dois conversarem. Ele pareceu pensar em alguma coisa. E então, após o que pareceu não ter sido pensamentos muito profundos, ele se resumiu à uma resposta.

—Sim. — Ele disse, simplório como sempre. Seus olhos mostrando determinação que Amy conhecia muito bem. — Eu quero ir.

E Amy suspirou, sabendo que agora ela não conseguiria convencer seu irmão do contrário.

—Ta, eu vou conversar com a Rose. — Amy disse, com os olhos fechados. Naquele instante, quando Victor olhou para trás de Amy, Rose desapareceu. Ela não estava mais ali. Mas Victor não se importava com aquilo.

Os olhos de Victor brilharam e Amy sorriu pela primeira vez naquele dia, esperando não ter cometido nenhum erro.

E agora, enquanto Victor pensava no que acontecera mais cedo, encarando os olhos brilhantes de Holly, ele se pegou pensando no quanto aquela situação era parecida. Muito parecida. Quase como se o destino estivesse jogando algum tipo de carma pra cima dele.

E, da mesma forma como sua irmã foi facilmente manipulada pelos olhos brilhantes, Victor cedeu.

—Tudo bem.

Holly pulou e acenou com animação.

—Mas somente se você ficar perto de mim durante o tempo todo.

Ela sabia que teria algum tipo de condição. No entanto, ela toparia com aquela condição. Parecia razoável. Ela tentou abrir a porta do carro, mas estava trancada.

—Espere um pouco. — Ele disse, então Holly virou-se para ele com curiosidade. Ele tirou alguma coisa dentro do seu relógio de pulso, que aparentemente não era um relógio se servia como um tipo de compartimento secreto, e, com cuidado colocou sua mão atrás do pescoço de Holly. Ela sentiu seu rosto ficar vermelho de nervoso. Pareceu que, por um instante, ele a beijaria. O rosto dele estava muito perto do dela. Ele parecia estar concentrado, pensando em alguma coisa.

Ela deixou e chegou um pouco mais perto dele. Seus lábios entreabertos. A mão dele subiu um pouco, mexendo no cabelo dourado dela. Ela estava ainda mais nervosa com aquela situação. Então, ela sentiu uma dor súbita em sua nuca, fazendo-a se afastar de vez dele.

—O que foi isso? — Ela chorou, colocando sua mão no lugar da dor. Uma coisa molhada tocou seu dedo indicador e quando ela trouxe a mão de volta para verificar o que era, percebeu que era uma gota vermelha. Sangue.

—GPS. — Ele disse, ela não entendeu o que ele disse. Parecia uma palavra estrangeira. — Eu instalei em você um sistema que me dirá onde você está, assim, caso eu te perca de vista, eu sempre vou ter você na palma da minha mão. — Ele disse mostrando o relógio de pulso. Isso explicava porque o relógio dele era tão estranho. Era algum tipo de tecnologia do futuro. E agora, ela estava sendo vigiada. Por quanto ele achasse necessário, o que ela não sabia se seria muito ou não, considerando que, naquele momento, eles eram dois viajantes do tempo.

Então, e só então, Victor resolveu abrir a porta do carro que ele tinha trancado, também, com algum tipo de tecnologia do futuro. Victor chegou perto dela e Holly não conseguiu respirar por um segundo, um súbito nervosismo subindo à sua garganta.

Ele tocou na porta do carro e então, quase que automaticamente, a porta se abriu. Holly abriu a porta com cuidado. Ele desceu segundos depois dela, já prestando atenção para não perdê-la de vista. Não poderia deixar aquilo acontecer de novo. Como se dessa vez, fosse fazer algum tipo de diferença.

Ele a tinha na palma de sua mão.

Por um segundo, Victor olhou para a lua grande no céu e imaginou o que sua irmã estaria fazendo naquele instante.


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