O despertador tocou e Anna só queria jogá-lo contra a parede. Se fosse há uma semana, ela iria acordar super animada. Iria tomar seu café da manhã, correr para a casa de sua prima Rapunzel, que morava na mesma rua, e ambas iriam pro colégio. Anna iria se jogar aos braços de seu namorado Hans e passar o dia todo conversando com seus amigos, que consistiam nos garotos do time de futebol, mais amigos de Hans que dela, e nas meninas da torcida, a qual era líder. Eram os mais populares da escola. Anna tinha uma rotina ótima e um segundo ano do colégio perfeito. Mas há uma semana, tudo havia mudado. Há uma semana, Anna anda sofrendo de insônia. E sua insônia tinha nome. Era Elsa.

Era segunda-feira, início do segundo semestre. Muitos alunos se transferiam nessa época, e entre eles, havia Elsa e seus amigos, Kristoff, Aladdin e Flynn Rider – Eu sei que esse não é o nome real dele, mas dizem que ele não falaria o nome real nem sob tortura. Boatos diziam que eles haviam sido transferidos várias vezes, pois eles viviam arrumando encrenca em suas antigas escolas. Era uma turma da qual de longe você via que não era bom mexer, era um mistério ainda o fato de que eles estavam no colegial, e pior, todos eram do terceiro ano, um a mais em relação a Anna. Elsa parecia uma espécie de líder, pois todos os outros a seguiam para quase todos os lugares, e por uns dois dias Anna imaginou que Elsa na verdade fosse um homem, pois esta sempre usa uma blusa larga com capuz que esconde todo seu rosto, isso, até o terceiro dia, pouco antes da educação física. Anna havia chego atrasada ao vestiário graças a Hans querendo pular aula para alguma sessão de amassos em uma sala vazia. Depois de conseguir se esquivar dele, Anna correu e percebeu que todas estavam se aquecendo na quadra, a espera de Anna para começar o treino. Ela entrou no vestiário com muita pressa e não conseguiu parar ao notar que havia sobrado alguém ali dentro que estava se trocando, e acabou se chocando com a pessoa em questão. Anna voltou a si e percebeu que estava caída em cima de alguém e se apressou para pedir desculpas, mas travou no lugar. Abaixo de si, a resmungar, era uma bela loira de pele clara que sustentava uma trança perfeita caída no ombro esquerdo. Ela também tinha olhos azuis que, se encarasse por muito tempo, Anna poderia jurar que iria se perder neles. E eles eram cobertos por uma grossa camada de olheira, que ainda sim não conseguia ofuscar a beleza da loira. E oh meu Deus, ela não havia se trocado ainda! A linda pele pálida estava coberta apenas pelas roupas íntimas, e Anna sentiu o calor tomar conta de suas bochechas e não percebeu que a loira estava falando consigo.

-... Desculpe?

- Eu perguntei quanto tempo você pretendia ficar aí parada babando, eu quero me levantar.

- Oh... Ohhh! Eu sinto muito!

Anna se levantou como um raio e prontamente estendeu a mão para ajudar a loira, que ignorou a mão e se levantou sozinha, em silêncio, indo terminar de se trocar. Ela estava colocando as roupas comuns, pois a educação física normal havia acabado era a última aula, e agora começava o treino das líderes de torcida. Quando a loira terminou de se trocar, o queixo de Anna caiu no chão. Era a líder dos baderneiros! Era uma garota, e ela era linda! O choque apenas fez a loira arquear uma das sobrancelhas antes de esconder o rosto com o capuz e jogar a mochila em um ombro, assim saindo do vestiário sem dizer uma palavra.

Daí começava os sonhos. Eram tão reais que Anna se assustava ao acordar, e sempre envolvia a cena da loira em suas roupas íntimas.

No dia seguinte Anna foi atrás de informações. Perguntou para sua prima e alguns amigos, mas nenhum deles sequer imaginava que o líder dos baderneiros era mulher, quanto mais sabiam alguma coisa sobre ele. Eles também estranhavam e avisavam Anna para ficar longe de qualquer um deles, mas Anna ignorou os avisos e continuou rondando o colégio, decepcionando-se ao chegar à última aula sem progresso algum. Estava se preparando para sair e encontrar sua prima quando fora puxada em direção a uma sala vazia. Iria gritar, mas uma mão tapou sua boca e falou para ela se acalmar. Ela reconheceu a voz. Era a loira do vestiário! E ela não parecia muito feliz.

- Que diabos ruiva?! Você saiu revelando sobre mim para todo mundo e agora eu sou o assunto do momento entre seu grupinho de gente metida e popular.

- Eles não são metidos...

Ela deu aquele olhar para Anna e ela repensou. Tá, talvez eles fossem um pouco. Mas aquilo era rude.

- Por que isso te incomoda tanto?

- Eu não uso capuz à toa, droga! Não quero chamar a atenção, não quero que reconheçam quem eu sou então mantenha a droga da sua boca fechada.

Anna se encolheu em seu lugar, assustada, e o olhar da loira se suavizou, por fim, ela soltou Anna e se afastou.

- Elsa...

- Perdão?

- Meu nome... É Elsa. Era isso que você estava perguntando, não era? Agora volte para sua turma de populares, ruiva. Eu não pertenço a eles e você não pertence a minha, somos de mundos distintos, respeite esse limite.

Elsa. Anna foi para casa extremamente feliz depois daquilo. Tudo bem que Elsa havia dito que elas nunca poderiam ser amigas, mas Anna ignorava aquilo. Ela estava disposta a conquistar a amizade de Elsa e mostrar que ela estava errada, não importava as amizades que possuíam, ela iria fazer os dois mundos se encontrarem!

Claro, nos próximos dias a loira passou a evitá-la e acabou desmotivando Anna com o passar do tempo. Agora era segunda novamente. Ela não conseguira falar nenhuma vez com a loira depois daquilo. Olhou para o relógio totalmente indisposta e soltou um longo suspiro. Ela não queria sair, mas sua prima tinha outros planos. A garota de cabelo curto escancarou a porta de seu quarto e a fez se encolher na cama

- Ei! O que houve? Você vai se atrasar?

- Punzieee, eu não quero ir.

- O que?! Está doente?

-... Não.

Rapunzel se preocupou e sentou-se na cama, e Anna retirou o cobertor da frente dos olhos e encarou-a com sua típica expressão de cachorrinho.

- Você sabe, tem aquele bando de baderneiros...

- Eu sei, Eugene é um lindo!

- Sim, isso, mas... Espere, o quê?

- Quê?

Ambas se olharam espantadas e Rapunzel parecia que iria fugir a qualquer segundo, mas Anna, com muito cuidado, formulou sua pergunta.

- Punzie... Quem é Eugene?

- Eu... Não deveria estar mencionando sobre isso.

- Por favoor!

- Bom... Desde que não faço parte do seu grupo de mais requisitados do colégio, eu andei atrás deles e conheci Eugene... Digo... Flynn Rider...

- Oh meu Deus, o nome dele é Eugene?

Anna desatou em rir do nome, que não combinava nem um pouco com o homem durão e sedutor que ele tentava parecer, mas o olhar bravo de Rapunzel a fez se calar rapidamente.

- Ele era muito legal, e tivemos meio que uma química... Aí ele me apresentou para os outros, que ficaram muito receosos com a minha presença, principalmente o líder, mas eles aprenderam a confiar em mim.

- Espere, líder? Você conhece a Elsa? Sabe sobre ela? Você entrou no grupo deles?!

- Sim, bem... Temos aulas juntas e ela estava no fim de semana que passamos juntos... Ela não usa capuz fora da escola, sabe.

- Punzie! Isso é perfeito! Você totalmente precisa me apresentar a eles!

- Oh não, eu totalmente recuso!

- Por queeee?

- Anna, eles tipo odeiam gente popular! Irão arrancar sua cabeça se você aparecer.

- Por favooor Punzie! Eu preciso falar com Elsa.

-... Tá, tudo bem. Mas só por eu não resistir a esse seu olhar de cachorrinho. E por eu estar curiosa sobre como você sabe sobre Elsa.

- Yes!

- Agora vai se trocar! Temos que chegar antes do seu grupinho, senão eles ficarão ainda piores ao seu redor!

E Anna saiu da cama como um raio. Finalmente iria ficar de frente com Elsa. E desta vez, ela não poderia ignorá-la.