O Despertar do Tigre escrita por B L Moraes


Capítulo 13
Sete Palmos,Sete minutos,Sete segundos,Sete anos.


Notas iniciais do capítulo

Oi oi !
Bom primeiramente aqui esta o capitulo novo da Fanfic ,realmente me desculpem pelo atraso pois eu estava em uma viajem escolar e estava sem área e eu não gosto nem um pouco de digitar pelo celular.
Então espero que não tenham desamimado e não desistido ♥
Este capitulo vai apenas contar um pouco da vida da Atalanta pois sei que o texto do final ficou confuso e então vou tentar explicar no próximo capitulo.
Já avisando que ele é bem poético e Atalanta tem a personalidade bem forte e meio maniaca por ser um sereia.
Boa leitura.



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Uma mulher de longos cabelos dourados corria desesperadamente como se lhe restasse apenas mais um sopro de vida carregando em seus braços já fracos de tanto lutar uma menina de apenas 7 meses enrolada em algumas mantas.
Subitamente ela para, alguém a seguia, meio ofegante e sem mais forças ela tenta se esconder, porém sem muito êxito.
– Não precisa se esconder. – dizia uma voz masculina. A voz era de um jovem moreno com uma expressão cansada porém sarcástica.
Ela tenta recuar, mas vê que não tem chances, pois o estado em que ela se encontrava era pior do que o do rapaz em sua frente. Sem saída ela decide confrontá-lo.
– Não a tire de mim,por favor me mate mas não mate ela.Ela é tudo para mim,não tem nada ver comigo– dizia a mulher ofegante.
–Tsc Tsc eu só vim ajudar sua ladra nojenta. – dizia enquanto retirava de uma sacola velha um anel e um colar.
– Não! – exclamou aterrorizada - Eu não vou permitir que você faça isso! – a jovem já quase sem voz implora – Por favor, é um erro o que você vai fazer!
– Eu não tenho escolha. Essas crianças são amaldiçoadas e você sabe disso! Elas serão perseguidas pelo meu pai e até mesmo pelo reino!
O rapaz começou a recitar umas magias antigas como efeito a intensidade da chuva era amplificada e relâmpagos estrondosos caiam sobre a Terra.
– Me desculpe, mas eu tenho que fazer isso. – E a mulher trêmula e já sem forças é atingida por uma espada que ultrapassa seu peito.O corpo já fraco caiu no mar,a sete palmos de profundidade ele se repousou.

A pequena criança lutou para chorar mas o homem a pegou violentamente e a jogou no mar.O pequeno bebê foi afundando com a pequena calda,como um pequeno peixinho e com uma pequena maldição.

–Nade filhote de peixe e vê se não me dê problemas.Esta historia de maldição vai me dar problemas.Mas eu volto para te pegar um dia,sua raça é valiosa-Rosnou.

***

As ondas batiam forte, mas seus olhos conseguiam fitar cada um dos seus movimentos. Olhos cor de Breu insinuando a escuridão, que pareciam escutar através de minha pele, observando meu coração martelar contra minhas costelas. Um grande humano, mas vez ou outra ele parecia mais do que isso.

Sentia caudas turbulentas mas ele mantinha focado em mim,sua arma de corda caia sobre meu corpo bloqueando meus movimentos. Meus gritos eram inúteis e tudo que era capaz era tentar cortar. Ao redor um mar agitado, verdejante e abundante, sob nós havia um barco onde homens gritavam vitoriosos.

Com sucesso me libertei das cordas e cai com violência sobre o grande navio, suas garras ainda me buscavam o suficiente para rasgar toda minha pele humana. Senti a ardência e um filete de sangue escorreu, teatral e ínfimo, em seguida já lavado e levado pela chuva. Arremessei um machado que repousava em uma das colunas sem esperar tempo demais, ao passo em que a fera se apoia na margem pedregosa e se lança outra vez na minha direção. A arma se fixa nas juntas de seu ombro esquerdo.

–Eu disse que iria vim te pegar novamente,vocês são obras primas e eu necessito de uma amaldiçoada também.-Rio vitorioso.

Um urro ecoa e fito os céus, mas trovão nenhum se adejava ao longo do firmamento ocre. No entanto, seguido de um grunhido que indicava certa displicência, a besta arranca o machado de si e o lança para o lado.Minhas irmãs me encaravam pela ultima vez,pressas em uma espécie de cadeia de vidro e jogadas no porão.

Me olhou uma ultima vez. Os dentes surgiram e eu poderia jurar, pela chuva que lavava meu sangue naquele momento, que a criatura sorrira.

Um salto desajeitado foi dado e tudo o que tinha consigo fazer é levar minhas mãos as costas e sacar minhas unhas. Quando a puxo percebo o quão cansado estava, precisando me esforçar para tentar ficar em pé com minha cauda.

Me abaixo em um ultimo momento e levanto meu rosto com raiva quando a besta tem seu ataque frustrado. Forço meu corpo para cima e finco meus dentes e seu abdômen.

Rápido demais... mas pareceu ter durado dias...

Tudo havia paralisado. A besta em seguida tombou para o lado, inerte. A chuva e minha respiração ofegante eram tudo o que eu ouvia e sentia. Meus músculos estavam tomados de um torpor que os retesava.

Tento me colocar de pé,mas tombo novamente.Isto era inútil eu não tinha pés para isso,o filete de sangue aumentava e todo oxigênio que eu coseguia era das gotas de chuva.

Com uma risada oca ele me pegou pelos meus cabelos.Mas rolei para o lado e consegui cair na água macia e mais rápida que um arpão me atirei para longe daquele matadouro.

Tudo ocorreu em apenas sete minutos,todas as minhas criaturas amigas foram mortas em sete segundos,tudo aconteceu a sete anos atrás.

Meus olhos estavam vidrados nem tão pouco podiam se concentrar em minha volta,aquele mesmo navio com aquele mesmo homem.Levando todas as almas inocentes para longe de mim.Eu era fugitiva,consegui sair de lá com dificuldade e enquanto sentada em uma pedra eu observava aquelas vozes gritantes naufragando ao mar.A sete minutos dali,a sete palmos de terra,a sete anos de esperança.

Eu estava sem rumo não sabia onde iria. Eu fiz coisas, que posso dizer, que não me orgulho muito durante minha vida e uma delas foi seguir os passos sozinha. Tive medo disso na infância, de me tornar igual aquele que me jogou ao mar. Mas as circunstâncias são outras agora..
Hoje é apenas hoje,apenas nadando pelas profundezas tentando fugir de predadores e até devorando alguns.
Para responder perguntas que nunca tiveram respostas, como os meus motivos por exemplo.
Não acredito em destino e mesmo que exista, sou culpada apesar dos fatos. Ninguém fez as minhas escolhas por mim.
Hoje, liderarei minha última linha de frente. Meus atos hoje refletirão por anos.
Mudarei o curso da história, e não me sinto orgulhoso com isso.
As pessoas pensam ao contrário mas irei morrer sem honra e sem mérito. A morte já está a minha espera.
Minhas últimas palavras serão ditas sem lágrimas, pois apesar de tudo, não me arrependo de nada. Eu sorriria levemente ao fazer tudo isso de novo

De certa forma, preciso ter certeza das minhas incertezas, não preciso de lógica.
Mais uma desilusão amorosa para a coleção anual de decepções. Acreditar o amor é quase a mesma coisa que jogar sua sorte, seu coração, seus sentimentos e o seu tempo no ar mesmo eu nunca tendo sentido,sereias são frias e calculistas e usam o amor dos homens como uma vantagem para sua refeição... Não posso esquecer as lágrimas que já escorreram e a dor que se sente com o coração apertado.
Por fim, meu amor fragmentado em cacos de coração, a melodia melancólica tapando minha audição e os olhos cansados de transbordar... Meu estado não é dos mais belos, muito menos dos mais alegres.
Dizem que amor é algo tão relativo, bipolar, subjetivo, cada um com sua fórmula, seus detalhes, seu infinito que se esvai em forma de razão e emoção.
Aliás, creio que saber que o lugar, no qual eu queria estar, fora ocupado por outro alguém, não foi inútil.Contradições a parte, alguém será minha escolha, sinto tanto não ter sido a tua.
Havia um anjo no céu no qual todos os outros anjos adoravam a companhia.
O som de sua voz era único, capaz de encantar qualquer um.
O brilho de suas asas era forte, capaz de atordoar qualquer um.
O toque de sua mão era consolador, capaz de trazer calma para a alma de qualquer um.
Porém este anjo era orgulhoso.
Ele era respeitado e talvez por conta disso ele se sentia de alguma maneira, superior ou melhor que os outros anjos.
Então uma vez, as nuvens, que eram o seu chão, se abriram e este anjo caiu.
Durante sua queda ele se separou em dois. Se tornou dois anjos, cada um com uma asa.
O anjo com a asa esquerda era o mais puro dos anjos que estavam no céu. Seu toque trazia à vida a qualquer ser.
O anjo com a asa direita era corrompido, uma aura negra o cercava tirando a vida de qualquer ser que se aproximasse.

Um repudiava o outro, a presença deles no mesmo local trazia conflito a seus corações. A inquietude era forte quando um sentia o outro. Mas além disso, outra coisa era comum entre eles..
Ambos sentiam saudades do Céu. E apesar de seus esforços nenhum dos dois conseguia voar com apenas uma das asas.

Talvez o abraço forte e cada um com a asa oposta trabalhando em conjunto poderia haver a possibilidade..
Mas preferem morrer aos poucos do que voltar para o Céu.
Preferem definhar do que ajudar o outro.
Afinal, esse orgulho é motivo de estarem ali desde o início..

Quando ouvi esse conto pela primeira vez, senti pena.
Achei que era fácil engolir o orgulho para o bem de ambos.
Mas quando acontece com você, você não percebe.
Você morre, você sofre, você definha..
Mas pelo menos você tem o orgulho.
Não adianta culpar o outro.
Só se faça uma pergunta: 'Vale a pena?'
Se valer, morra com seu orgulho.
Eu não quero quero esse orgulho, quero voltar para o Céu.
Volta comigo?.

Bom e eu aqui,jogada neste mar de sujeira.Nem tenho razão de vida,quando ouço estes contos sinto a carcaça de meu estomago se revirar.Eles tinham opções de ser ou não e eu aqui nem sabendo do meu futuro ou passado apenas boiando sem rumo algum esperando encarar novamente aqueles olhos de breu.

Eu costumava a olhar a luz de cima do mar por horas.
Imagina tudo, tudo além da realidade em que vivia.
Era apenas uma luz e dentro havia um mundo. E nessa luz eu viajei para muitas aventuras. Fui capitão, fui tripulação e muitas vezes pirata.
Lutei contra monstros gigantes, naveguei por mares cruéis e cacei tesouros escondidos.
Mas meus olhos amadureceram com o tempo e o brilho intenso da inocência já se apagou.
Os olhos que poderiam me levar para qualquer lugar, agora estão cegos.
Não consigo mais imaginar qualquer aventura, já perdi esse talento que apenas os puros de coração possuem.
Minha vida tinha cor e qualquer lugar era um mundo novo para mim. Hoje tudo o que eu vejo é preto e branco manchado com realidade.
Corrompida com esse mundo, estou escassa de criatividade e quanto mais eu olho para essa luz, mais percebo que não passa de apenas um reflexo. E hoje em dia eu sei que ela não pode ser alcançada.Uma mera luz..
Mas um dia foi meu mundo, meu mundo fora das profundezas.

Meu nome é Atalanta,não sei ao certo quem ou porque me colocaram este nome mas eu cresci ouvindo os corais me chamarem assim.Bom sou denominada por um criatura distinguida de aberração.Minha vida se resume em Sete,Sete minutos foram meu sofrimento,Sete segundos perdi quem mais amava,Sete anos depois aqui estou,Sete meses fui jogada ao mar e Sete palmos minha criadora ficou,bom não sei se é exatamente isto pois quando esta no mar tudo é uma mera ilusão.Depois do acontecimento do homem de olhos da noite eu perdi todas minhas companhias,elas eram iguais a mim porém eram caladas e atacavam tudo o que era vivo.Sempre que um navio passava lá vinham elas com suas belas vozes encantando os pobres homens,eu preferia me alimentar dos pequenos ou até grandes peixes que por ali passavam.Eu sei que não eram as melhores amigas deste universo mas era tudo que eu tinha.Elas não se comunicavam e pouco emitiam chiados,apenas soltavam a voz quando era para cantar.A noite ficávamos escondidas em grutas pois por lá os mesmo homens passavam com armas de fogo e muitas das minhas companhias foram raptadas.

Eu nunca soube o que eles faziam com as sereias capturadas.Mas já cheguei perto de ser uma das.Desde aquele dia o homem dos olhos de breu nunca mais voltou e eu continuo sozinha apenas com meus pensamentos.

Você não sente mais a dor? Uma pergunta sensata, eu diria, diante de dias e parágrafos decorridos. Mas não, eu ainda a sinto. Porém, vi coisas mais preciosas, que juntas eram valiosas demais para serem diminuídas pelas cicatrizes que conseguimos... e muitas dessas cicatrizes contarão mais de nós do que nossas próprias palavras.

–O que é mais importante do que seus sonhos?- Perguntavam as ondas.

–Nada- eu dissera, sem pensar muito.

–Então não há a nada que, de fato, te impeça de alcançá-los.


Meu sonho ou melhor a realidade se resume em Maldição. Isso define o bastante.

É fortuita a beleza de certos dias, mas é enganosa a mente humana quanto a ínfima eternidade deles. Eles são grandiosos, mas podem passar como um piscar de olhos. Rapidamente.

Humanos e humanidade; dentre eles tantos se esquecem disso. Malditos sejam. Vidas que se desperdiçam como histórias sem alma sendo escritas no mais refinado dos papeis. O tempo precioso que é desperdiçado com atos sem sabor. A existência da alma, mas a ausência da consciência do quão valiosa ela é. Não, não me envergonho das lágrimas que derramei por ter perdido a minha. Não é razão para que eu me afugente nas sombras das minhas mais dignas lembranças...

Na verdade eu os invejo. Suas vidas, suas almas... a morte que virá um dia para cada um deles...

A eternidade terrena , eu descubro a cada dia, é um preço alto demais para se pagar. Me lembro das vezes em que pessoas almejaram vidas como a minha, onde o tempo não é tão urgente. Um dia é só mais outro dia. Hoje há o medo das lembranças: aquelas quais criei, aquelas quais crio e aquelas que ainda virão. Me dói a saudade mais do que o sol que nunca senti sobre minha pele, mais do que a dor de uma estaca em meu peito.Não sei ao certo a diferença entre sonho e realidade.

Ah, mas ainda sou um odre de humanidade envelhecida. Sentimentos que não abandonei e outros que não me abandonam, presos à mim como algemas inquebráveis, grilhões agarrados a mim como parasitas.


Amo a fragilidade da vida que uma vez tive. Lápides, mausoléus... poesia. Amo a possibilidade de que invernos possam ferir as flores com gélidos abraços e primaveras possam afagá-las carinhosamente, as fazendo sentirem-se seguras. Completas... sem vazio algum.

Me tornei fria feito a escabrosa morte evitando o calor dócil da vida. E assim não vivo, mas somente existo, não mais importante do que ossos sob a terra. Abandonei a misericórdia e dia após dia, ano após ano, sufoco qualquer vestígio de amor que em mim possa existir. Deus está nos céus e reconheço isso e sim, lá há a paz da qual jamais provarei. Como eu sei disso? Simples: a vida é uma moeda, um dos lados supersticiosamente vai a seu favor, o outro contra. Do mesmo modo a morte tem dois lados; uma moeda onde um dos lados é negro e cheira a amores assassinados, morte e carne em putrefação.

No entanto essa moeda não caíra conforme sua sorte, mas conforme sua escolha... e maldita, eternamente maldita seja a minha escolha.

Porque pensar isto se é tão complicado ?

Eu mesma nunca vi a realidade.Eu me sinto tão presa e tão sozinha,quero alguém que me entenda alguém que entenda todas as minhas palavras.Alguém que tenha um coração e ergue a cabeça e diga ¨Vou te libertar deste maldição ¨Alguém que siga meus passos que entenda minha dor.

Até que um dia distraída nado em direção a um pequeno peixe curioso e em poucos momentos da minha vida eu tenho diversão.Sinto meu corpo sendo entrelaçado por cordas.Puxaram-me com violência para cima e fui jogada em um convés.Não podia estar acontecendo novamente.

Ouvi gritos vitoriosos,o oxigênio me faltava e eu era rodeada de algumas algas e peixes que se debatiam.Eu vi uma grande mulher ou apenas um vulto conversar com os homens.

Depois de alguns minutos á minha frente encarei uma bela criatura.Seus longos cabelos cacheados esvoaçavam a brisa,seu lábio era grosso e fazia a junção perfeita com seu pequeno nariz que fazia distribuição de pequenas sardas.Seus olhos eram castanhos,um lindo tom café que ressaltava com sua pele pálida.Ela se ajoelhou com um misto de encanto e medo.

–O-oi qual é seu nome?-Gaguejou.

Não consegui responder.Os soluços e lagrimas taparam minha garganta,eu sabia que aquele era meu fim.Aquela era a luz.Senti braços me segurando violentamente e me jogaram para mais longe do mar.

Tentei me levantar mas senti uma perna em meu abdômen e soltei um gemido.

–Diga aberração eu quero respostas.

Não sabia do que estava falando,tão pouco eu sabia respostas de mim mesma.Reconheci sua face morena com os olhos verde,Deusa Durga.A mais orgulhosa e cruel.

–N-não sei de nada minha Deusa me liberte por favor...-Outro chute me preencheu.

–Não vou te libertar.Não quero este tipo de lixo em meu mar-Ela se virou e urrou-A amarrem em um pilar até a luz do sol onde ela ira secar,se não tem respostas não ira ver seu precioso mar novamente.

–Sim minha Deusa-Disse um homem que me agarrou pelos cabelos e me amarrou em um pilar.

Fechei os olhos com força e soltei um longo suspiro.Então aquela era a luz,que estranho este mundo de fora.Tudo que cremos ser lindo acaba sendo devastador,por exemplo o sol eu sabia que iria queimar iria ser a primeira e ultima vez que iria me sentir viva.

Eu apenas fiquei presa em meus pensamentos e fiquei encarando o mar pela ultima vez.

Alguns minutos depois senti a presença da bela criatura e fechei os olhos e com um longo suspiro murmurei.

–Este é meu fim.

–Não.Este não é seu fim eu vou te ajudar.

A encarei inultimente tentando entender o porque.Sentia algo em minha barriga que nunca senti antes.Algo que eu quisesse sentir por toda a minha vida,eu queria ser sua amiga pois sentia que ela me entendia.Tentei dar um sorriso mas o sangue seco da minha boca não permitiu.

A garota contornou o pilar e tentou desamarrar as cordas sem sucesso enquanto os primeiros raios de sol iam aparecendo.

–Isto é inútil mas obrigado por tentar-Disse engolindo as lagrimas.

–N-não eu vou conseguir.

–Este é meu destino.

–Não acredito nesta droga de destino.

Ela se transformou em um formoso animal cinza,sua rajadas pretas cobriam todo seu corpo e seu rosto era moldado com perfeição e em sua boca se encaixavam duas pressas.Com suas garras ela cortou a corda e tombei para frente e encantada acariciei seu pelo.

–Você me entende então.

Seu corpo se transformou em uma garota novamente.

–Sim eu entendo,venha eu vou te levar para seu lar.

Ninguém absolutamente ninguém fazerem isso por mim.Ela era aquele alguém,alguém que me entendia,alguém que carregava as minhas magoas,Alguém que entendia minha dor.Senti a água infiltrando em meu corpo e deixei que o mar me abraçasse novamente.

Voltei novamente para minha nova compania que descansará na beira do cais.

–Meu nome é Atalanta.Eu me lembro que perguntou ontem á noite.

–Anik.É um prazer te conhecer Atalanta.

–Pode me chamar de Atala-Forcei meus braços para cima e me sentei do seu lado-Quero que saiba que não sei deito quem é Lokesh.Mas sei que há algo de errado no mar,antes havia uma variedade de criaturas marinhas e sereias.Mas agora é tão difícil encontrar alguma,eu vivo sozinha neste mar.Venha comigo Anik vamos viver juntas.

Não sei ao certo se aquele tipo de criatura sobreviveria mas eu tinha que tela ao meu lado.

–O-oque ?

–Eu sei que parece estranho,mas você parece ser uma boa garota e tem mais nós duas temos algo em comum sabemos que estes humanos são cruéis.

–Atala me desculpe mas eu não posso eu tenho uma família e uma mãe para salvar.Você tem que ir agora pois os soldados podem nos ver,mas espero te ver em breve.

Não ! Eu não poderia ouvir aquela resposta eu era a sua família,era eu quem ela devia salvar e ajudar,eu estava sozinha.Meu tempo estava acabado e eu devia pensar rápido,não queria que ela virasse minha amiga em breve queria que ela virasse minha amiga já.

Um misto de ódio e depressão me tomou,senti meu corpo estar descontrolado.

–Me desculpe por isso Anik,mas sabe agora as sereias possuem uma arma ainda mais fatal que seu canto ou seja,seu silencio...Talvez fosse possível escapar do seu canto mas do seu silencio,por certo,jamais.

Me joguei no mar novamente e agarrei sua canelas a puxando para baixo ignorando as vozes que a chamavam ¨ANIK ANIK ¨ .Rodeei seu corpo que se sufocava mas logo eu sabia que aquela dor iria sumir pois ela era um amaldiçoada como eu.E nós íamos experimentar esta dor juntas.Sussurrava em seu ouvido minha vida resumida.

–Tenho saudade do que nunca fui. Do meu olhar no rol da escada, do meu livro de histórias gregas, de uma fita de aniversário e dos meus sete anos. Tenho falta dos sete pedaços que um dia fui, de sete almas que um dia tive, de sete palmos da terra que nem sentiam meu cheiro. De viver sete dias na semana sem chorar sete vezes e sentir sete mundos e sofrer sete céus. E mais sete… e mais sete. Me cala o fio de esperança que não mora aqui, e a vida transpassada e alegre que as pessoas carregam no olhar. O meu é só vazio, é só desespero contido em um brilho ofuscado, é vontade de gritar e uma rouquidão só minha. Meu sorriso não abre alas, meu carnaval é em braile, quase ninguém saber ler. Minha festa é outra, minha festa é interna. Não tenho mais o sangue do mundo, não corto mais os pulsos. Não pulo as sete ondas, nem os sete mares, nem as sete vidas. Meu choro é calado e contínuo durando mais que sete dias, mais que sete anos, mais que as sete madrugadas de insônia. Ainda acabo, de tão imensa e desmesurada, roubando espaço dos outros, roubando sentimento dos outros. É que na verdade, sou ladra. Desde quando roubei um chapéu, desde quando matei o gato que diziam ter sete vidas. Sempre as sete vidas. Sou ladra porque saio catando todas essas loucuras e guardando em mim, e vivendo em mim. Canto e encanto com o som das sereias, e nem preciso remexer o cabelo. Nome eu não tenho, minha vida é por dentro, quase imperceptível, calada, roubada. Não vejo. Só sinto e sinto e me entrego em qualquer mar silencioso que me chame. No cheiro de maresia que entranha, mas eu nem me importo ao salpicar o corpo de areia, nem me importo em roubar todos os pecados e fazer virar estatua de sal. Pois quando canto, estonteio.

Isto não era realidade,era apenas um sonho meu.

Uma vida que nunca vivi.A vida que eu queria viver daqui para frente.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenha gostado e não tenham achado tão confuso.
Este é o primeiro e unico capitulo que vai falar da vida de um personagem em sí ( Se gostarem posso até pensar em fazer outros mas não quero focar neste ponto )
Se gostou-Deixe seu comentario isto me deixa muito feliz e me ajuda a continuar.
Se não gostou-Por favor não fique calado,eu adoro opiniões construtivas e estou aberta a elas.Gosto de ambas as leitoras ♥
Estou também com mania de por imagens,o que estão achando ??

Vejo vocês no proximo capitulo ( Ou na pagina do facebook hehe )