Left Behind escrita por Becky


Capítulo 10
A kiss for death


Notas iniciais do capítulo

Olá galerinha. Esse eu acho que é o capítulo mais especial (e o mais difícil que eu escrevi) da fic. Eu exijo que todos os meus leitores (fantasmas ou não) comentem, sério. Quero saber o que vocês acharam da escrita, do acontecimento em si, e do Brett e da Hope, claro, haha.
Bom, boa leitura para vocês. x



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–Você ta terminando comigo, Hope? -Hope sentou em sua cama, bufando. Trocou o telefone de orelha.

–Não, Liam! Vão ser só três, quatro dias... Faz tempo que não vejo essa minha amiga.

–E vai faltar da escola todos esses dias? Porque não convida ela para dormir em sua casa, ao invés de você ir para a casa dela? -Ele tentava de todos os jeitos convencê-la a ficar. De algum jeito, ele sabia que aquela mini-viagem de Hope os afastaria.

–Não posso, Liam. Eu já falei com a minha mãe. Eu vou viajar... Hoje a noite.

–Hoje? -Liam exclamou, um tom mais alto. Ele ficava um tanto frustrado por não estar lá com ela. Queria ao menos lhe dar um beijo de boa viajem.- Você passa aqui antes de ir?

–Desculpa. -Hope sussurrou. A voz triste de Liam estava quebrando o seu coração. Mas ela não podia dizer a verdade. Se contasse, Liam a seguiria, e a impediria de fazer o que ia fazer. E isso ela não deixaria acontecer. Estava decidira, e agora não voltaria atrás em sua decisão.- Na verdade eu já estou atrasada. Alice deve estar me esperando.

Hope fez esforço para memorizar o nome da garota que acabara de inventar. Era esse nome que ela devia falar para a sua mãe também. Liam ficou em silêncio por um período grande, e depois Hope a ouviu suspirar.

–Boa viagem. Eu te amo. -Hope congelou. Uma lágrima já escorreu de seus olhos, e ela os fechou, assentindo com a cabeça.

–Eu sei. -Ela disse, tão baixo quanto pode, e desligou o telefone.

Soltou o seu corpo, caindo deitada na cama. Não controlou as próximas poucas lágrimas que caíram. Ele dissera eu te amo pela primeira vez, e ela dissera "Eu sei". Uma pontada de arrependimento bateu, e Hope teve vontade de ir até a casa de Liam. Mas não podia fazê-lo. Ela não sabia quais seriam os resultados da noite de hoje. Não sabia se sua transformação daria certo. Não queria que Liam tivesse grandes... Esperanças.

(...)

A lua crescente já estava no topo do céu, iluminando pouca coisa das ruas. Hope teria chegado mais cedo na casa de Brett, se fosse de carro. Mas é claro que não podia. Ela havia contado para a sua mãe, Liam, e para todos que conhecia, que estaria fora da cidade, visitando uma amiga chamada Alice. Seu carro não podia, em hipótese alguma, ser visto na cidade. Principalmente estacionado em frente a casa de Brett. Seria um erro fatal.

Hope desceu do ônibus, puxando a mala que trouxera. Olhou para os lados, e foi rapidamente em direção a porta da casa de Brett. Rezou para que ele mesmo atendesse. O foi o que aconteceu. Brett abriu a porta.

–Boa noite, lobinha. -Ele cumprimentou, com um sorriso. Hope acenou à ele, e tentou não fixar o olhar no corpo descoberto de Brett. Porque diabos ele estava sem camisa? Como se lesse os pensamentos dela, ele pegou uma camisa em cima do sofá, e a colocou. -Nervosa?

–Não. Bem cama na verdade. -Brett pegou a mala de Hope, e acenou para que ela o seguisse.

–O que disse pra todo mundo? -Ele perguntou, enquanto subia as escadas da casa, com Hope logo atrás.

–Que eu visitaria uma amiga, fora da cidade. Uma tal de Alice. -Ele assentiu.- Você mora com alguém?

–Com a minha irmã. Mas mandei ela cair fora. Vai ficar com o namorado nesses dias. -Desta vez foi a vez de Hope assentir.

Brett entrou em um dos quartos, e colocou a mala dela ao lado da cama. Hope entrou, absorvendo os detalhes do cômodo. Parecia até limpo e arrumado demais para uma casa de dois adolescentes lobisomens. A cama estava bem feita, e havia alguns quadros pendurados nas paredes, que eram todas brancas. A garota agradeceu a Brett com um sorriso.

–Que você acha da gente comer alguma coisa primeiro, hm? -Hope concordou. Não havia jantado ainda.

Ela seguiu-o novamente para o andar de baixo, e foi até a cozinha. Ela encostou na bancada dali, observando-o enquanto pedia a pizza. Ele parecia nervoso. Ela havia certeza que ele já havia transformado alguns jovens antes. Não entendia o porque ele estava tão tenso. Ela estava tão concentrada em seu devaneio, que mal percebeu quando ele desligou o telefone.

–Hope? -Ela piscou duas vezes, dando atenção a ele.- Tem certeza que quer fazer isso? Quer dizer... Você sabe que seu nome vai estar na lista assim que eu te morder, não sabe? Eles não vão esperar até a lua cheia. Não vão esperar até você estar forte. Eles vão usar todas as suas fraquezas contra você.

–Eu já estou cansada de nunca saber exatamente quem são "eles". -Ela ignorou grande parte do aviso dele. Já sabia de tudo aquilo. Já havia pensado em desistir, mas se já estava ali, iria terminar.- Eu não vou desistir por causa "deles".

Brett assentiu, se aproximando dela. Ele levou uma das mãos até o rosto dela, acariciando-o levemente. Depois tirou uma mecha de cabelo que caia em uma das bochechas dela, e aproximou a boca do ouvido ela.

–Espero com todas as minhas forças que você sobreviva.

Aquele sussurro arrepiou o corpo de Hope, que se forçou a ignorar a sensação. Ele se afastou, e foi até a sala. A garota assentiu, entendo sozinha, o motivo dele estar tão relutante em transformá-la. Ele achava que ela iria morrer. Quer dizer, tinha essa possibilidade. Ele estava com medo. O medo estava impulsionando ela a tentar, e o medo estava pressionando ele a impedir. Parecia até irônico.

Momentos de silêncio se seguiram, mas não pareciam desconfortáveis. Brett e Hope estavam um em frente a outro, sentados em sofás opostos, na sala de estar. Ambos pareciam entretidos com seus próprios pensamentos. Nenhum dos dois disse nada também, quando a pizza chegou. E comeram, ainda em silêncio. Depois do jantar, Hope pegou os pratos e copos, e levou até a pia, começando a lavá-los. Brett apareceu no mesmo minuto, pegando o pano e enxugando-os. O silêncio era quase palpável.

Quando terminaram, Hope foi até a sala de estar novamente, e sentou no sofá que estava mais cedo. Brett, ao invés de sentar no sofá a frente dela, sentou-se ao seu lado, um dos braços no encosto do sofá, rodeando Hope, mas não tocando nela. De repente o silêncio se tornou ensurdecedor. Ela estava desconfortável.

–Vamos esperar até amanhã? -Hope começara a ficar impaciente.

–Não. Vamos esperar até que você esteja pronta.

–Eu estou pronta! -Ela disse, firme.

Brett deu um sorriso, levantando-se do sofá. Hope observou-o. Ele estendeu uma mão a ela, sem tirar o sorriso dos lábios. Hope tentou controlar as batidas fortes de seu coração. Ela esticou o braço e colocou a mão sobre a dele. Aquela era a permissão que Brett precisava.

Hope levantou do sofá, e ele ajeitou a posição da mão dos dois, fazendo os dedos se entrelaçarem. Hope apenas desceu o olhar para as suas mãos, mas não disse nada. Brett então foi andando na frente, guiando-a para o andar de cima. A garota achava que eles iam entrar no quarto "dela", mas ele não o fez. Guiou-a para outro quarto. Quando entraram, ela soube que era o quarto dele.

Havia uma cama de casal bem no meio do quarto, e um guarda-roupa enorme. Havia também uma cômoda, e nela haviam vários porta retratos -coisa que ela sentiu falta no resto da casa. Hope se aproximou dali, sem soltar a mão de Brett, obrigando-o a se aproximar com ela. Havia várias fotos dele com a irmã. Com alguns amigos. Com o time de Lacrosse. Nenhuma dos pais, ou de seu bando. Ela fitou-o, com uma expressão indagativa, e ele balançou a cabeça negativamente.

–Quem sabe outro dia, sim? -Ela assentiu. Iria realmente cobrar uma explicação.

Aos poucos, Brett foi puxando-a para longe da cômoda. Ele subiu em sua grande cama, obrigando-a a subir com ele. Brett deitou, encostando a cabeça no travesseiro. Hope o imitou, sem desviar o olhar do dele. Ele estava protelando. Ela puxou sua mão da dele, para deixar claro sua impaciência. Ele parecia ter entendido.

–Tem certeza? -Brett perguntou pela milésima vez desde que tinha aceitado aquilo.

–Tenho.

Brett se apoiou em um cotovelo, ficando mais alto que Hope. Ficou uns segundos a observando. Depois se aproximou, e deixou uma mão em cada lado de sua cabeça, assim como havia feito Liam dias atrás. Mas admitindo a verdade, Hope estava com tanta adrenalina naquele momento, que não pensou em Liam.

O garoto aproximou o rosto do dela, e Hope fechou os olhos. Sentiu os lábios de Brett roçando os dela. Ela prendeu a respiração, mas não sentiu a pressão dos lábios dele nos dela. Abriu os olhos, mas logo os fechou quando sentiu a boca de Brett roçando quase imperceptivelmente a sua bochecha. Ali, ele pressionou os lábios, em um beijo rápido. Ele continuou, roçando os lábios em direção a orelha dela. Ela se arrepiou a sentir a respiração quente ali.

Depois ele voltou a bochecha, e devagar foi descendo até o queixo dela, onde deixou outro beijo. Hope estava quase como hipnotizada. Não conseguia impedi-lo. Ou não queria. Brett desceu os lábios, roçando-os até o pescoço dela. Ali, ele deixou um beijo, e uma mordida leve. Ele foi descendo, e foi em direção ao ombro dela. Mais uma mordida leve.

Depois Brett posicionou o rosto bem no meio de seu pescoço, e foi descendo. Ele mantinha o rosto perto do corpo dela, mas não a tocava mais. Passou pelos seios e barriga, e parrou na altura do umbigo.

–Está pronta? -Ele perguntou, uma última vez. Hope abriu os olhos, fitando-o. Não teve forças para falar, mas assentiu com a cabeça.

–Então feche os olhos. -Brett sussurrou baixinho. Ela obedeceu.

Brett subiu novamente até o rosto dela, e pressionou os lábios nos dela. Hope levou as mãos aos cabelos dele, mantendo-o ali. O beijo não durou muito, e terminou com Brett lhe dando uma mordida fraca no lábio inferior. Logo ele foi descendo novamente até a barriga dela. Desta vez, seu rosto foi tocando a pele por onde passava, por conta das mãos de Hope que empurravam-no de encontro a seu corpo.

Hope o soltou quando ele parou de descer. Brett segurou a blusa dela, subindo-a, deixando toda a barriga a mostra. Ele acariciou a pele daquele lugar com uma mão, e depois encostou os lábios ali, deixando um beijo.

–Sinto muito pelo que vai passar agora, Hope. -Ele sussurrou. Hope teve tempo de abrir os olhos e fitar os dele. Estavam amarelos brilhantes, e ela também pode ver as presas de Brett crescendo.

Hope sentiu dentes pontiagudos roçando a sua barriga de leve. Ela segurou a respiração, e fechou os olhos. Brett levantou um pouco a cabeça, e a desceu em um impulso, enterrando as presas no lado direito da barriga dela.

Hope sentiu uma dor aguda no local, como nunca havia sentido antes. Ela soltou um grito, longo e desesperador. Brett logo soltou-a, e seus olhos voltaram a cor azul normal, assim como as presas desapareceram. Mas a dor que Hope sentia não foi embora. Ela continuava ali, apunhalando-a.

Ela gritava o nome de Brett, e o garoto sentou-se ao lado dela, puxando-a para o seu colo. Ele a segurava ali, murmurando para ela se acalmar. Silenciosamente ele pedia que a transformação desse certo. Gotículas de suor começaram a aparecer na testa da garota, que agora chorava.

–Você vai ficar, Hope. Se concentra! -Brett disse, quase num tom irritado. Ele pressionou o machucado que ele fizera nela, e fechou os olhos. Era uma técnica que os lobisomens podiam fazer. Tirar a dor de outra pessoa. E foi isso que ele fez. Brett sentiu toda a dor de Hope deixando-a e entrando nele. Ele prendeu o próprio grito na garganta, e a dor logo se foi. Brett abaixou o olhar para Hope, que tinha os olhos fechados, e respirava superficialmente. A dor havia parado.

–Hope? Você está comigo? Está bem? Se concentre agora. Se concentre em seu corpo. Tente mexer as mãos. -Hope mexeu uma das mãos. Levou-a até um dos braços dele, e apertou-o levemente. Brett soltou um suspiro, um pouco mais aliviado.

–Brett... -Ela sussurrou. Sua voz não tinha força alguma. Brett quase não pode ouvi-la. Hope ficou mole de repente, e Brett chacoalhou-a com cuidado.

–Hope? Hope, está me ouvindo? Aperte o meu braço! Hope? Hope! -Ele repetia cada vez mais alto. Nada. Nenhum sinal. Mas ele ainda conseguia ouvir o coração dela. Fraco, mas ouvia.

Brett deitou-a na cama com o maior cuidado que pode, e se dirigiu ao guarda-roupa. Pegou um kit de primeiros socorros. Abriu-o e pegou uma agulha e linha de sutura. Precisava fazer aquilo, ou ela não ia sobreviver. Ele se aproximou dela, e após colocar a linha na agulha, ele foi costurando a pele ali, o mais cuidadoso que pode. Não ia ficar feio. No momento em que a transformação acabasse, o machucado ia sumir. Brett fez também um curativo, tapando o machucado.

Assim que terminou, foi guardar as coisas. Foi ao banheiro e molhou as mãos na água gelada, e voltou ao quarto, colocando as mãos sobre a testa dela. Ele parou um segundo para ouvir o coração de Hope.

Nada.

Brett não ouvia o coração dela.

Seus olhos encheram de lágrimas enquanto ele fazia massagem cardíaca, chamava-a pelo nome, e fazia inúmeras respirações boca-a-boca. Estava desesperado. Ela precisava sobreviver.

–Hope, por favor!

Brett ouviu um martelar fraco. Ele soltou o corpo na cama, ao lado de Hope, que agora respirava. Dormia. Ele estava terrivelmente aliviado. Esticou-se para dar a ela um beijo na testa, e deitou-se novamente ao seu lado, fechando os olhos.

Horas depois, Brett ainda tinha os olhos fechados. Deviam ser duas ou três da manhã quando ele sentiu Hope se mexendo ao seu lado. Ela se aproximou dele, e deitou a cabeça em seu peito. Brett suspirou novamente, e apertou mais os olhos. Não demorou para cair no sono.


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