Nadie dijo que sería fácil escrita por Miss Addams


Capítulo 7
Sete




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Dulce

:- Assim Dulce? – ele trouxe Dominique que me olhava emburrada.

Reprimi um sorriso com a cena, Dominique estava com o vestido e as meias ao contrário, o sapato de cada cor.

:- Thierry. – deixei escapar um sorriso, vendo a cara de Dominique ficar mais emburrada. – Dominique está parecendo uma palhaça.

Comecei a rir fazendo ele rir também.

“Não sei do que vocês estão rindo, mas posso imaginar o quanto eu estou feia.”

Depois de Dominique olhar para nós dois mais irritada por conta de Thierry e eu caímos na gargalhada.

“Mamá, por favor, vem você me trocar, ele não sabe diferenciar as cores.”

Ri quando ela levantou o sapato mostrando que um era azul e o outro, era preto.

“Não Nique, eu que vou trocar você, não deve ser tão difícil isso.”

Ele falou com ela em francês parando de rir, Thierry não sabia bem o LSM, mas se virava e Dominique me olhou implorando com os olhos, imaginando como seria se ela deixasse ajudá-la de novo.

“Deixa seu pai ajudá-la, amor. Eu estou ocupada trabalhando você sabe.”

“Mas, mamá.” Eu interrompi o que ela ia reclamar.

“Vamos fazer assim, Thierry?” Gestuei com ele em francês também.

“Ui” Ele me olhou.

“Deixe que Dominique escolha a roupa dela, e só a ajude colocar, assim agradamos as duas partes, tudo bem?”

“Tudo bem, nesse caso, mas é para fazer como mamãe falou.” Dominique foi andando na frente, e deixou Thierry para trás rindo, enquanto a seguia.

Eu ri mais uma vez, balançando a cabeça pegando uma foto antiga dos dois que eu tirei quando ainda estávamos juntos, pensando no quanto aqueles dois juntos era uma bagunça atrás da outra. Thierry era um babão quando o assunto era Dominique, ele amava tanto a filha, que conseguiu tirar férias de alguns dias e veio ficar com ela.

O problema dessa questão era que, ele não me avisou que ficaria em casa e menos quando chegaria, e fez com que ficasse um clima estranho entre Poncho e eu, desde quando Thierry chegou.

Nosso clima estranho só era quebrado quando estávamos em cena, e suspirei me lembrando da conversa que tive com Pedro Damian, depois de um dia de trabalho. Ele estava me colocando a par da situação.

Me disse que eles estavam pensando sobre algo para novela, mas não sabiam se deviam arriscar antes de testar com o público. Não deu em outra desde a estreia da novela, é um sucesso, o retorno de Televisa foi surpreendente e com tudo Pedro teve a resposta do público a cada estímulo que ele e Torres, davam.

A novela é sucesso principalmente por conta dos antagonistas, Poncho e eu. E o envolvimento de Antônio e Manuela deu tão certo que teve mais repercussão que o de Alice e Henrique, então Pedro veio me avisar que a partir dali. Poncho e eu seriamos par romântico um do outro e o que antes era um teste, agora era definitivo.

Poncho estava mais que certo, a mudança não estava para acontecer, estava acontecendo a cada cena mais intensa com Poncho que eu tinha essa mudança é manifestada. E a última cena que gravamos, não saía da minha cabeça e as emoções que não saía do meu corpo.

:- VOCÊ É UM TOLO, ANTÔNIO, UM IMBECIL. – eu gritava com ele enquanto entravamos numa sala do escritório. Esbanjava a fúria da personagem.

:- MANUELA, CHEGA! DE ME OFENDER. – ele também gritava comigo. – EU NÃO FUI O ÚNICO A FALHAR HOJE, VOCÊ TAMBÉM ERROU. – me olhava com os olhos vibrantes que não paravam de se mexer, de me encarar. Até cuspir ele cuspia enquanto gritava comigo.

:- Não eu não errei. Você errou. – me aproximei dele apontando o dedo na sua cara. – Ficou distraído com a VAGABUNDA que você estava dançando a noite toda, que PERDEU a oportunidade de HULMILHAR mais uma vez Henrique. – engoli saliva, recuperando meu ar, com a descarga da personagem.

:- HENRIQUE! HENRIQUE! HENRIQUE! TUDO É HENRIQUE! – ele ficou furioso com minha fala, e começou a andar de um lado para outro da sala. – TUDO É ESSE CARA, TUDO. SE VOCÊ SOUBESSE O ÓDIO QUE EU TENHO DELE. ÓDIO. – ele me olhou. – O que você e Alice veem tanto nesse cara? Ele é um NADA! NADA! UMA FARSA.

:- Não seja patético Antônio. – eu ri da ceninha dele. – Henrique é muito mais homem que você, muito mais. – e mal consegui terminar minha fala, quando ele se aproximou e fui pega de surpresa com ele me tomando e me jogando na parede, o baque fez minhas costas doer. Mais não paramos a cena.

:- Cala a porra da sua boca, Manuela. – ele falava calmamente, me olhando com uns olhos de psicopata. – Henrique não chega nem aos meus pés, desde a universidade, sabe o PORQUÊ. – ele gritou o final jogando a cabeça perto da minha que o encarava, superior como uma gata que cai em pé depois da queda.

:- Por quê? – perguntei olhando da sua boca para seus olhos, sentindo sua respiração bater violentamente sobre mim.

:- Por que eu estava por trás de suas ações, EU. – ele ainda me encarava perigosamente. – Eu que o manipulava de acordo como eu queria, mas ele era tão tolo que conseguia tudo para ele.

:- Tão tolo que conseguiu roubar Alice de você. – eu ri, fazendo ferir essa que era uma das feridas de Antônio, desde o passado.

Ele deu socos com as duas mãos, na parede atrás de mim. Se controlando, o que não adiantou muito por que depois de me ver sorrir maligna e ver que eu fazia tudo de propósito ele desceu a mão direita e prendeu no meu pescoço e apertou com técnica, para fingir um enforcamento.

:- EU JÁ MANDEI, VOCÊ CALAR A PORRA DA SUA BOCA MANUELA. – ele apertou a mão no meu pescoço e eu comecei a fingir uma falta de ar. – Henrique é uma farsa, a começar pelo papel de bom moço que ele faz, na universidade mesmo ele traía Alice com você.

E eu sorri maliciosa fingindo lembrar os tempos na universidade. Poncho deixou de apertar meu pescoço para desde a mão para se apoiar na minha cintura e apertar com força. E voltei a olhá-lo sorrindo como Manuela devia sorrir. Sedutora.

:- Nem me lembre daqueles tempos, eu o seduzi até deixá-lo louco, mesmo depois que ele me dispensava para voltar para Alice. – eu comecei a respirar ofegante por mim. E por Manuela, e Poncho guiado por Antônio, encarou meu decote para depois subir o olhar para minha boca.

:- Uma vez eu peguei vocês dois, aos beijos na biblioteca, já sabia desde ali. O quanto à verdadeira tola era Alice. - ele grudou o corpo no meu de uma forma que, qualquer que fosse meu movimento ele sentiria, demonstrávamos a sensualidade que Torres queria para as personagens, as palavras dele eram, Eu quero ver faísca quando vocês se olham, seja de ódio ou de desejo.

Assim como acontecia agora, mas o meu medo, era não só que fossem ali, Antônio e Manuela como Poncho e eu.

Poncho, ou melhor, Antônio desceu uma das mãos para minha bunda de frente para as câmeras e apertou, sorrindo atrevido. Eu subi outra mão, e acertei seu rosto em cheio. Ele rapidamente se afastou e passou a mão onde eu tinha acabado de bater. Agora estava vermelho.

Não controlei minha força, porém mais uma vez não paramos a cena, nem ninguém nos interrompeu.

:- Isso é para você presta mais atenção no nosso plano e no nosso pacto, do que ficar se esfregando numa vagabunda qualquer que te distraia do seu objetivo. – disse para ele séria ainda descontando a raiva de Manuela por ele não ter executado o plano da noite. E estremeci ao vê-lo rindo.

:- Você não vai me parar de culpar, não é verdade? – voltou a se aproximar. – Parece que só tem um jeito de calar essa sua boca atrevida.

Eu já sabia o que aconteceria, mas nada me surpreendeu tanto quando realmente passou, Poncho atravessou a distância e praticamente me esmagou com seu corpo, o primeiro beijo de Antônio e Manuela, devia ser sensual, entregue e envolvente. Devíamos passar a imagem para o público que a cada beijo que eles dariam um tentava controlar e dominar o outro assim como acontecia agora.

O beijo já não começou técnico, Poncho me beijou já com língua e eu retribui. Esquecendo-me de tudo, de que estávamos trabalhando, que estávamos em frente as câmeras e estavam nos gravando, apenas retribui o beijo. Me lembrando de como era beijar a boca de Poncho, voltei para a cena quando ele me prensou mais na parede e subiu as mãos para minha nuca puxando meu cabelo, aquele era o sinal.

Eu empurrei Antônio com força e lhe dei outro tapa. Me recompondo rapidamente, arrumando o cabelo e passando a mão na boca tirando a saliva dali, andei para a porta, parando para falar com ele, que estava encostado na parede assim como eu antes. Ofegante, tanto que dava para ver na camisa cinza social dele aberta, o peito subir e descer.

:- Já lhe disse Antônio, não se distraia, foque no seu objetivo e principalmente no nosso pacto. – ele para ele séria e sai de cena.

Só depois de Poncho sorrir passando a mão no rosto.

Pedro nos interrompeu. – Corta! PERFEITO, meninos! Perfeito, que cena foi essa. – ele comentava feliz, como pude comprovar quando voltei para o cenário. – Conseguimos fazer a sequência, sem nenhum corte.

:- Dulce? – eu o olhei parado na porta.

:- Sim, Thierry?

:- Aceita? Acabei de fazer enquanto Dominique está na sala vendo desenhos animados. – eu olhei agradecida, a bandeja com xícaras de café com fumaça ainda. – Acho que ainda sei o seu gosto.

Peguei a xícara que ele me oferecia, antes de sentar na minha frente colocando a bandeja na mesa do meu escritório.

:- Sabe mesmo, acertou em cheio. – sorri para ele, que sorriu também. – Ainda sabe meus gostos. – levantei a sobrancelha por cima da xícara enquanto tomava outro gole do café.

:- Por mais que faz tempo que nos separamos, eu ainda lembro suas manias, sabe como é minha memória, não é?

:- Sim, de elefante. – rimos. – e Dominique deixou de ficar zangada com você?

:- Sim, eu consegui trocar a roupa dela. Mas, deu trabalho. – ele passou o dedo pela testa, fingindo tirar o suor. – Eu fiquei feliz, quando vi que ela não me julgou sabe?

:- Thierry, ela não faria isso, conversamos bastante com ela antes de nos mudarmos. – entendendo qual assunto ele se referia, o confortei.

:- Eu sei, mas ainda é difícil a decisão que eu tomei, - eu olhei para ele meio espantada. – Calma, não se preocupe não vou tirar ela de você, por isso que eu não me arrependo, seria um pecado tirá-la de você. Mas, é difícil ter minha filha morando em outro país comigo na França, morrendo de saudades.

:- Eu entendo o seu lado. – comentei.

:- E contra partida, também sei do meu trabalho, mal fico em casa mais de quinze dias. Talvez não tenha mudado tanto. O que me deixou feliz mesmo é que ela não me esqueceu e que ela ainda tem orgulho e gosta de mim.

Sorri para ele, ver ele mais tranquilo de quando nos despedimos no aeroporto, era bom.

:- Sabe que mamãe está com saudades da neta não é? – ele riu. – Ela conta para todas as amigas, as travessuras de Dominique, o quanto a neta dela é linda e inteligente, fica mostrando para Deus e o mundo as fotografias e os desenhos de Dominique.

E sorri imaginando, Georgette, avó paterna de Dominique, fazendo tudo isso e muito mais. Ela tinha um amor pela neta tão imenso, me ajudou tanto na educação e criação da Dominique, só tenho muito que agradecê-la. É uma senhora muito especial e bondosa, que me recebeu de braços abertos, ao contrário dos outros membros da família Fontaine.

Lembro-me dela me dizer que esse era o mal da família Fontaine, serem desrespeitosos com quem não é da linhagem deles, que a família Muller era melhor, que aliás era a família que ela veio.

:- Oh mande lembranças a ela, e diz sinto a falta dela, desde quando cheguei mal nos falamos. Temos que marca as férias de Dominique para a França, para ela vê-la.

:- Ou mamãe vem para o México, ela diz que é o sonho dela conhecer aqui, ir numa festa, virar um shot de tequila e ter um nome duplo. – ele comentou das loucuras de Georgette, me fazendo rir.

Tomei mais um gole de café e o vi tirando uma fotografia revelada, como há muitos anos não faziam, num porta retrato da mesa para se aproximar de seu rosto e vê-la melhor.

:- Há quanto tempo não vejo algo assim, só você Dulce. – ele riu vendo a foto para ficar encarando ela, pensativo. – Vocês estão bonitos aqui. – ele mostrou a foto, apontando para Poncho e eu, era uma das inúmeras fotos da banda, essa foi tirada depois de um show em algum país latino que agora eu não lembro, porém todos felizes, cansados e suados. Oso tirou a foto no corredor do estádio antes de irmos para a van.

Eu não comentei nada, ficava constrangida de falar sobre Poncho para Thierry, ainda mais depois dele nos flagrar na minha casa depois de tomarmos vinho.

:- Como vocês estão agora? – ele perguntou.

:- Thierry... – eu fiquei incomodada mesmo com ele sabendo uma parte resumida da minha história com Poncho, quando eu lhe contei antes de nossa separação.

:- Dulce, você é a mãe da minha filha e somos amigos, não vejo problema de você conversar comigo e se te deixa mais confortável para falar, eu tenho uma namorada. Já te superei, mon amour. – ele riu colocando o porta retrato no lugar. – Agora me conte, como estão agora?

:- Somos colegas de trabalho.

:- Só? – ele perguntou estranhando, talvez se lembrando do dia de sua chegada e achando que eu devia está mentindo para ele.

:- Thierry, você não entende, isso é muito. Poncho e eu sendo colegas de trabalho, é muito. – olhei para ele o explicando. – Talvez você não entenda, mas apenas como colegas de trabalho já temos uma ligação muito forte, ainda mais agora que nossas personagens, serão par romântico. Tudo vai piorar, se intensificar.

:- É não entendo essa relação de vocês, não sei como vai ser daqui para frente. O que sei é que você sempre Dulce, sempre se envolveu com outros caras amando apenas um só. Por mais apaixonada que estivesse, entregue e tudo mais. Sabemos nós dois que sua fonte de inspiração do amor, sempre foi ele. – ele me contava. – Sabe por que nenhum de seus relacionamentos, não deu certo inclusive o nosso?

Neguei com a cabeça o escutando, nem com um ano morando juntos tivemos uma conversa como essa tão clara.

:- Por que você sempre o amou. Sempre. E dessa forma você nunca se entregou completamente a alguém, a não ser ele. Como foi ferida, você tem esse receio de voltar, mas agora as coisas são diferentes e vocês podem voltar.

:- Como fala algo assim Thierry, você não nos conhece, por mais que você esteja certo no que disse, nós não vamos voltar, somos apenas colegas de trabalho. Voltar é reviver um sofrimento desnecessário.

:- Eu conheço um pouco de você por isso eu digo e você pode está certa, mas como começou o namoro de vocês da outra vez? – ele me perguntou e fiquei constrangida me lembrando. – Como colegas de trabalho, voltar é como reviver um amor necessário, na sua vida Dulce. – ele me olhou com aqueles olhos azuis, os mesmos de Dominique, os mesmos que me apaixonei numa noite em Roma. – Se você visse o olhar que você tinha para ele quando abriu a porta no momento que eu cheguei, sério, eu nunca recebi um olhar assim de você. E olha que sou o pai de sua filha.

:- Thierry. – Eu neguei com a cabeça suspirando. – você não sabe do que estava falando.

:- Pode até ser, mas você sabe o significado e importância de minhas palavras. Agora eu vou deixar você pensar um pouco sobre tudo isso, vou ver se Dominique ainda está assistindo tv na sala. – ele se levantou e parou na porta antes de falar de novo. – Dulce, me escute como um amigo, não importa o que vocês tiveram antes, todos esses anos distantes não serviram para vocês superarem esse passado?

E saiu indo fazer o que falou que faria, me fazendo negar com a cabeça feito tonta, a minha vida é tão surpreendente, quanto contraditória.

Como um cara que sequer fazia meu o tipo que me interessava, se tornou pai da minha filha, meu maior tesouro, ele era diplomata, não tem rotina e deve viajar e conhecer mais lugares que eu, inteligente, loiro, olhos azuis e bonito, muito bonito. Por dentro e por fora.

Como um cara como ele, depois de tudo que passamos, me aconselha a voltar com um ex-namorado, ou devo pensar, ex-tudo, por que isso que Poncho já foi na minha vida. Voltar depois de todo o sofrimento que existe quando tentamos.

Minha cabeça estava explodindo com tantos pensamentos, ainda mais quando eu li as próximas cenas da novela, cada vez mais Antônio e Manuela aproximavam Poncho e eu, das sensações e emoções que há anos não sentíamos.

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