Nadie dijo que sería fácil escrita por Miss Addams


Capítulo 4
Quatro


Notas iniciais do capítulo

Neste capítulo tem citação da música Confieso, do grupo mexicano OV7. Aqui: https://www.youtube.com/watch?v=hC9CHPHi1J8

:)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/628466/chapter/4

Dulce

...Y aprendí tanto de lo que quiero ser y no hubo un día en que no pensara en ti. Nunca deje de buscar como volver, y lo he logrado por fin

:- Não tem problemas mesmo man? – Me encostei na parede para poder falar melhor no celular.

:- Dulce, deixe de preocupações à toa. Ou está insinuando que não sei cuidar da minha neta? – ela falou pelo telefone.

:- Não é isso. – soltei um sorriso, ela estava certa. – Só que Dominique não está acostumada a ficar comigo tanto tempo longe, na Itália eu trabalhava em casa e...

:- Dulce, ela ainda não perguntou sobre você, sabe que está trabalhando e que vai demorar, minha filha. Às vezes nossos filhos nos surpreendem e se adaptam melhor à distância do que nós mães. – e sorri sem graça para o chão, só via os pés das pessoas passando. – Agora sabe o que eu senti todas as vezes que tinha que me separar de você.

:- Sim, mas eu não era surda, man. – tentei justificar a minha preocupação exagerada, era a quinta vez que eu ligava aquele dia e quando soube que gravaria até mais tarde, só conseguia pensar em Dominique.

:- Isso é apenas um detalhe, Dulce, um cuidado a mais. – ela falava tão calma e segura, e me fez lembrar todas as vezes que eu ligava desesperada, não importava a hora, para ela me ajudar com Dominique. – E fala como se todos nessa casa não soubessem LSM.

Lembrei da surpresa que tive quando na última viagem da família para Itália, todos sabiam LSM, Linguagem de Signos Mexicano, e Dominique ficou imensamente feliz de poder falar com todos. Mesmo que ela só estivesse no começo da aprendizagem da LSM.

:- Ainda que eu me confunda na hora dos gestos, e Dominique vive me corrigindo até me ensinando os signos franceses e os italianos. – ela falou divertida. – Essa menina com 6 anos sabe mais línguas do que eu com mais de 60 vamos assim dizer.

E depois de soltar uma gargalhada com as bobagens de minha mãe a respondi.

:- Não diga besteiras, man. Me fale antes que o meu tempo de intervalo acabe, o que ela está fazendo agora?

:- O de sempre, né Dulce. – Ela riu, provavelmente vendo a neta. – Estamos no jardim e ela está brincando, com sua inseparável câmera, caderno de desenho e a sua fada da guarda.

Me fez rir e ter vontade de larga tudo que fazia para ir para casa e poder brincar com ela.

:- E o celular ela está com o celular? – voltei à preocupação.

:- Ela não se separa dele.

Dominique nasceu com a perda da audição esquerda, entretanto desde o começo sabíamos que ela perderia a audição direita desde a descoberta então da surdez.

Todos familiares ajudaram com que Dominique aprendesse tudo que pudesse para se comunicar, desde as línguas de sinais até mesmo a escrever, o que deu certo. Nique, como Clara chama a prima, desde pequena é inteligente ela sempre soube o italiano, francês, o espanhol aprendeu depois e agora está aprendendo o inglês. E quando perdeu a audição direita com 3 anos, ela lida bem com adaptações.

E uma das prioridades que tenho e exijo para que Dominique tenha também é andar sempre com o celular, por que, ela sabe escrever então caso acontecesse alguma coisa ela poderia se comunicar, mesmo sem falar.

:- Dulce essa menina tem um talento. Parece que é de família mesmo. – escutava alguns barulhos estranhos na ligação. – Ela acabou de me mostrar às fotos que ela tirou do jardim.

Sorri, Dominique era apaixonada por fotografia e por seus desenhos, vive tirando fotos e desenhando tudo que vê.

:- Dulce? – Olhei para Mônica, a figurinista da novela. – Vamos fazer outra prova de roupas, você vai gravar a cena 17 de hoje, temos que nos preparar.

:- Claro, Mônica. Já termino minha ligação e vou para o camarim. – falei com ela para depois voltar ao celular. – Man tenho que ir agora, tenho uma prova de roupa e depois vou gravar, diz para Nique que eu estou com saudades que amo muito ela e dar um beijo nela por mim?

:- Tudo bem minha filha, farei tudo isso se ela não parar de correr pelo jardim atrás do Pegazus. – Imaginei Dominique correndo atrás do mais novo cachorro que papai deu para ela, era branco de olhos azuis e quem escolheu o nome foi ela. – Beijo, minha filha não se preocupe.

:- Beijo Man, te amo. – Desliguei o celular e entrando no camarim dando de cara com o vestido que seria da personagem.

...

Apesar de toda a preocupação que estava com Dominique, tinha que me concentrar. Foi o que eu fiz no dia inteiro, dia este que foi deveras cansativo. Resolvi questões da minha nova casa, da compra do meu novo carro, a nova escolinha de Dominique e ainda tinha que gravar as externas para a novela.

Então o cansaço era enorme naquele final de tarde e começo de noite, em que eu caminhava depois de sair do supermercado e procurava um ponto de táxi para poder voltar para casa. A cidade realmente tinha mudado, e não foi só pelo tempo que eu passei fora, era visível em tudo.

Finalmente avistei um ponto de táxi e não faltava tanto para alcançá-lo, mas um carro que passava na rua parou próximo de mim.

:- Dulce?

Não tinha como sequer ficar com medo, por mais que fosse de dia e ainda existissem ladrões ou algo pior, eu sabia quem era e me surpreendi por vê-lo. Fazia alguns dias que não o via e quando pensei que fosse hoje, descubro que ele já tinha adiantado as cenas dele.

E pelos dias que não o vejo, percebo a diferença na sua aparência, como a barba cresceu e o cabelo também, talvez deva ser essa mudança para a personagem, assim como eu tive que mudar também.

:- Poncho. – Sorri me aproximando para cumprimentá-lo.

:- Oi. – ele também sorriu. – Aonde vai?

:- Para casa, acabei de gravar e agora estou voltando para casa. – lhe expliquei.

:- Você está ocupada? Quer dizer, com muita pressa?

:- Não. – respondi rápido, apesar de sentir uma saudade grande de está com Dominique, à verdade que não tinha tanta pressa tanto que eu estava tranquila andando pela cidade.

:- Você pode ir num lugar comigo? Acho que você vai gostar de conhecer uma pessoa. – ele sorriu apenas com os lábios e eu hesitei em aceitar, pensando em Dominique mais uma vez, mas lembrei que man estava cuidando dela e não teria problema chegar um pouco mais tarde.

Fora que tinha uma força estranha para que eu entrasse naquele carro e fosse com ele, mesmo sem saber aonde iríamos.

:- Não posso demorar muito, Dominique está em casa me esperando. – eu abri a porta do carro cinza e sentei no banco ao lado dele, colocando o cinto de segurança. – Trocou de carro?

:- Sim, tive que aposentar o outro, só o uso para uma volta ou outra. – sorri por que ele tinha apego seu antigo carro mesmo. – E como está Dominique? – ele perguntou interessado, ligando o carro.

:- Está bem esta na casa da man. – ele sorriu me olhando rapidamente e desviando o olhar da rua e depois gargalhou olhando para trás.

:- Vocês não vão falar nada ou o gato comeu a língua de vocês?

Eu estranhei e olhei para o banco de trás e me assustei em ver três crianças sentadas, nos olhando curiosas. Crianças? Não sei ao certo, tentei imaginar as idades, na verdade de pequena mesmo só tinha a do meio.

Por um momento minha cabeça me levou a imaginar que poderia ser filha de Poncho, e isso podia acontecer afinal eu não sabia de nada da vida dele.

:- Oi Dulce. – a mais alta falou comigo e saí dos meus pensamentos. E foi seguida pelas outras. – Oi, Dulce.

:- Oi. – foi o que eu consegui responder, por que estava tentando lembrar se as conhecia ou era coisa da minha cabeça tinha algo de familiar em todas as três, afinal elas sabiam meu nome. Mas, isso Poncho pode ter contado.

:- Talvez você não se lembre Dulce, por que quando você saiu do país elas eram pequenas ou por que você não as conhecia. – voltei a olhar Poncho.

:- A da esquerda é Sofia, minha sobrinha ela está lá em casa desde sexta, A da direita é Maria, prima de Maite. – olhava para cada uma delas conforme Poncho me reapresentava.

Sofia estava enorme, tinha o jeito da família Herrera mesmo sentada era a cara de Alejandro o cabelo cacheado moreno, o nariz afinado, o sorriso de boca fechada; Maria não conhecia pessoalmente, mas tinha visto fotos por Maite tinham o cabelo cacheado castanho claro, o olhar curioso.

:- E a pequena do meio, acredite se quiser é a mais falante, essa é a Elisa. – Olhei para a pequena, tinha algo tão familiar e eu não sabia dizer o que era. – Essa você não a conhece eu acho.

:- Não. – respondi para ele, voltando a olhar a pequena que segundo Poncho estava tímida.

:- Ela é a filha de Maite.

:- Nossa! – exclamei em total surpresa. – Meu Deus, como são parecidas. O mesmo cabelo liso, a pele branca e os olhos castanhos – e parei vendo a pequenina sorrir, me deixando ainda mais surpresa. – E os dentinhos separados? Só nisso ela saiu do Mane? – perguntei para Poncho.

:- Papai fica bravo quando falam que sou cópia da mamãe. – a pequena me roubou a atenção.

:- Tio Mane não gosta que falamos que Lisa só saiu os dentes dele. – Maria falou risonha aproveitando que Mane não estava.

:- Que isso esse é um dos charmes de Mane. Sempre achei dentes separadinhos um chame. – confessei olhando para Elisa e ela sorriu de novo, e depois me dei conta do que falei, ao escutar Poncho sorrir. Ele também tinha uma falha nos dentes.

Procurei ignorar meu constrangimento.

:- E você Sofia? Que enorme você está? – olhei para ela, toda mocinha.

:- Todo mundo fala isso. – ela riu.

:- Aumenta mais tio Poncho. – Elisa exclamou batendo os pés no banco do carro de repente.

E Poncho aumentou a música que rolava baixa desde que eu entrei no carro.

:- Adoro essa música. – Maria ficou feliz e até tirou os fones de ouvido. – Cada um canta a sua parte tá legal?

:- Simmm! – as outras responderam felizes e Poncho apenas sorriu.

:- Me fui, el día más triste del mundo y tuve que descubrir como vivir – E fiquei olhando para ele sentindo algo estranho, fazia tanto tempo que não o via assim relaxado, dirigindo e ainda mais cantando. - Sin ti a cada segundo.

:- Me fui – Sofia começou a cantar e vi Poncho abrir um sorrindo lindo, para a sobrinha. - A caminar en el frio, a veces para aprender como volar hay que saltar al vació. – fechou os olhos sentindo a música, que por sinal era linda.

:- Y aprendí tanto de lo que quiero ser – Elisa cantou sua parte, com os olhos fechados e até a mãozinha no peito, junto com Poncho. - y no hubo un día en que no pensara en ti. – E quando menos percebi, tinha me juntado aos dois, cantando baixinho a música evolvente. - Nunca deje de buscar como volver, y lo he logrado por fin.

:- Y estoy contigo otra vez y entiendo cual es el rumbo. – Maria entrou na música, só que a mais empolgada era Elisa que levantava os braços e tudo mais. - Sonrío y puedo creer que puede ser. Cuando tu y yo estamos juntos. – Poncho parou o carro no semáforo e ele aproveitou para virar para trás e se empolgar com Elisa. -Y ahora que estamos aquí, se ha vuelto todo tan claro. Confieso que estando lejos aprendí. – então de repente todos pararam de cantar e quando fui me dar conta eu tinha terminado o refrão - Que quiero estar a tu lado.

E foi uma festa das meninas comemorando junto com Poncho que bateu palmas para mim. Fazendo com que eu fosse num estado de nostalgia que há muito tempo não chegava, quanto tempo eu deixei para trás o canto.

Me afastei da música, deixei minha carreira de lado para me dedicar a Dominique, não é algo que me arrependa, mas ás vezes não deixo de pensar como seria se eu tivesse continuado. E nas minhas divagações sequer percebi que a música tinha acabado e que todos estavam comentando o quanto Elisa que se empolgou no final.

:- Bravo. – entrei na bagunça batendo palmas – Essa música é tão linda e antiga, fazia tanto tempo que não a escutava. Que bonito cantam, já podem forma uma banda. – sorri para elas.

:- Falando nisso acredita, que Pedro comentou isso? – Poncho me olhou virando a esquina de alguma avenida. – Falou que só está esperando eles crescerem mais para fazer uma banda.

:- Já pensou nisso? – imaginei uma banda mirim, assim como o Kids que eu participei ou Jeans. – Nunca se sabe o que pode acontecer. E vocês levam jeito, principalmente você mocinha. Me lembrou sua mãe. – eu brinquei com Elisa que me olhava sorrindo. Como pode ser toda Maite daquela forma.

:- Você está cuidando de todas elas Poncho? – voltei a olhar para frente, mas já estava sentada meio de lado para poder ver as meninas melhor, estava encantada.

As três gargalharam.

:- Mais fácil à gente cuidar dele. – Maria riu alto. E vi que Elisa apenas acompanhavam as mais velhas.

:- Que engraçadinhas. Ha – Ha. – Poncho fingiu uma risada forçada. – Na verdade, apenas de Sofia que passou fim de semana comigo, Maria e Elisa vieram para ficar com Sofia, agora estamos todos indo para conhecer uma pessoa.

:- Conhecer uma pessoa, de quem você está falando?

Poncho nem conseguiu me responder, por que fui bombardeada com as meninas falando ao mesmo tempo, fazendo eu e Poncho rir. Tímida era algo que elas não eram.

:- Chegamos. – Poncho ficou feliz, e as meninas comemoraram a única que ficou surpresa de chegar num hospital fui eu.

...

:- Meu deus, que garotão. – Eu segurava o bebê com poucas horas de vida e me sentia muito emocionada, lembrando de quando segurei pela primeira vez Dominique nos braços.

:- Ele é enorme May. – Poncho estava perto de mim. E o bebê dormia sossegado nos meus braços segurava com força incomum para um ser pequeno como aquele, o dedo de Poncho.

Eu quase caio dura no chão, desmaiando com tanto nervosismo que estava, quando Poncho me disse que conheceria nada menos que Henry, o filho de Maite e Mane. Era um garotão saudável, gordinho, cabeludo.

:- Está vendo Poncho como é o garotão da mamãe. – Maite estava bem para quem tinha acabado de sair de um parto. Ela fez menção de se levantar e Mane praticamente correu para ajudá-la sendo que ele estava do outro lado da sala.

:- Ai. – ela riu ao ver Mane arregalando o olho. – Mane, eu estou bem só estou me divertindo um pouco. - Agora ela estava inclinada e nos enxergava melhor. – Essa é uma das melhores e mais cansativas fases Dulce. Cansativo por que sabemos que não vamos dormi a noite e vamos seguir as regras do bebê. – E eu ri por que era verdade. – E a melhor por que Mane me mima ao extremo, não vou levantar uma pena. – ela riu.

:- Só estou cuidando de você e do bebê, amor. – ele tentou se explicar e fez eu, Maite e Poncho rirem.

:- Quero só ver a filmagem que Mane fez, se for como da Elisa, não vamos conseguir ver nada só tremedeira. – Poncho riu.

:- Eu consegui filmar dessa vez, com tempo adquirimos calma. Mesmo estando emocionado. – ele passava a mão na cabeça de Maite, acariciando.

:- Ele fala isso por que não era ele que estava dando a luz. Quem precisava de calma era eu. – Maite me olhava e não sabia se era de emoção por ter o filho assim tão perto ou se por me ver segurando ele. – Mane, pegue a câmera e tire fotos de todos nós aqui reunidos. Estou emocionada. – ela nos chamou com a mão.

Poncho e eu nos aproximamos com Henry e eu o dei para Maite, pelo que ela me contou o parto dele foi tranquilo e calmo completamente o oposto do parto de Elisa. Poncho deu a volta na cama e eu me abaixei para tirar a foto, senti uma mão de Maite pegar a minha, enquanto Mane se posicionava para tirar a foto.

Mas, a porta foi aberta de supetão e nos assustamos todos, menos Henry que dormia tranquilo.

:- Querida seu amante chegou!!! Oh! – ele colocou a mão na boca ao ver a cena, e jogou sua mochila na poltrona e se aproximou me abraçando. – Quero sair na foto também.

E essa foi à cena, Poncho do outro lado da cama, Maite sentada segurando Henry que dormia no colo com a outra mão ela apertava a minha, e eu estava abaixada com Christian me abraçando para tiramos a foto.

:- Pronto. Ficou bonita. – Mane sorriu e Poncho se afastou para ver como ficou a foto.

:- O que você faz aqui, miúda!?? Que saudade de você!! – ele agora me abraçou forte e me levantando. – O mesmo que você, eu acho. Saudades suas também. – consegui responder ele enquanto me apertava. Ah, como reencontrar grandes e velhos amigos era tão bom.

:- E esse gordo? – ele olhava para Henry que abriu os olhos acordando lentamente acostumando com a claridade, mesmo com Christian todo afobado por me ver.

:- Vamos aproveitar que ele acordou e tirar outra. – Poncho ficou feliz. – Vai lá Mane. – ele o empurrou para ir tirar a foto.

:- Não, Poncho vem você também. – Christian reclamou.

:- Esperem então... – ele ficou procurando algum lugar alto e espaçoso para ele colocar a câmera e logo achou uma espécie de cômoda atrás dele, assim que programou a câmera correu para tirar a foto.

: - Essa foto não sai? – Mane reclamou com um sorriso congelado. – Vai sair espera. – Poncho, assim como todos, escutamos a câmera contar mais rápido.

:- Viva Henry!!!! – Christian gritou e a foto foi tirada. Que por sinal saiu linda com todos sorrindo e Henry acordado estranhando toda aquela euforia.

Mane e Poncho foram ver as fotos como ficaram. Os dois estavam babões, Mane por ser pai de um garotão e Poncho por ser padrinho de Henry.

:- Como está mi amor? – Christian perguntou preocupado para Maite. – Pensei que não conseguiria chegar hoje, vim direto do aeroporto, para ver esse garoto. – ele brincou com Henry.

:- Foi tudo bem graças a Deus, foi tranquilo, calmo. Dessa vez toda a ajuda deu certo, ao contrário do parto de Elisa que só atrapalhava. – ela riu relembrando. – Mane, vá buscar as meninas já deu tempo delas comerem e ele está acordado, todas podem vê-lo.

:- Vou lá antes que ele durma de novo ou a enfermeira chegue. – ele se aproximou dela dando um selinho e um beijo na testa de Henry que se remexeu todo.

:- Sorriam! – Poncho veio até nós com a câmera e tirou uma foto surpresa de Christian, eu, Maite e Henry. – Agora deixa eu passar as fotos que tiramos. – Ele pegou a câmera e juntou com a seu celular, o do Christian e deixou juntos enquanto passavam as fotos numa tecnologia de bluetooth avançada.

:- Estou tão feliz de todos estarem aqui, - Maite sorriu emocionada. – só faltou Any e Chris. Que estão viajando. – Ela se voltou a Henry – Mas, não importa não é mãe por que vai ter muito tempo para eles me conhecerem. – ela arrancou um sorriso do pequeno.

E risada de todos, foi nesse momento que senti meu celular vibrar no bolso do meu jeans.

“Mamá? En donde estás?”

:- Oh Meu Deus. Dominique! – exclamei assustada, eu tinha perdido noção do tempo que fiquei ali no hospital.

:- Que passa? – Christian perguntou assustado também.

:- Minha filha Christian, já está perguntando onde eu estou. – Eu procurei minha bolsa pelo quarto e me lembrei que a deixei no carro.

:- Oh, foi só eu ou todo mundo sentiu o peso da idade agora? – ele colocou a mão no rosto. – sorri sentindo falta de suas brincadeiras. Poncho voltou para mim.

:- Dulce, Eu te levo em casa não tem problema. – Poncho já veio na minha direção. E quando notou que eu recusaria, voltou a falar. – Não vai conseguir pegar um táxi há essa hora acredite em mim. Além do mais eu vou voltar para cá, Sofia vai ficar com as meninas. Não será nenhum incomodo, se é o que pensa.

Fiquei pensando no que me disse, eu queria chegar logo em casa, e até achar um ponto de táxi, estava perdida na cidade ainda.

:- Dulce aceita logo. Não vai conseguir um táxi eu custei para achar um, e quer saber de uma novidade? Se tem uma coisa que nesses anos Poncho não aprendeu a controlar é a teimosia.

:- Nesse caso. – Me aproximei dele o abraçando. – Que bom te ver Christian, também senti sua falta esse tempo. – Me virei para Maite – Hei mamãe, se cuida, ele é tão lindo, até logo. Nos vemos depois. Tchau bebê mais gordo e lindo do mundo. – ele me olhava piscando o olho lentamente sonolento. Apaixonante.

:- Não suma Dulce, quando quiser aparecer para conversamos, quero conhecer Dominique. – Ela se ajeitou para me abraçar. – É Dulce, não suma mesmo, tipo uns 7 anos morando fora e ainda volta com uma filha. – Christian me alfinetou e percebi que isso não mudou em sua personalidade.

:- Besta! Você ainda continua um besta. – Observei Poncho se despedi apenas do bebê, mas vi Maite falar algo com ele, trocaram um olhar estranho. – Não se preocupe Mai, eu volto para pegar Sofia. – ele falou para ela.

Após as despedidas, Poncho e eu fomos para o carro no estacionamento do hospital onde estava seu carro, e depois que já estávamos andando ainda era o silêncio que predominava, dessa vez nem a música de antes ele deixou tocando.

Poncho mudou de comportamento comigo desde que saímos do hospital. Ou era o que eu pensava quando o peguei me olhando janela a fora com o vento guiando meu cabelo, novamente tingido de ruivo, para onde quisesse. E nesse olhar trocamos sorrisos fechados.

:- Conhecendo a cidade? – ele perguntou olhando para frente.

:- Sim. É estranho, você passar tanto tempo fora e quanto voltar encontrar tudo diferente, mas sentir que está tudo igual. – olhava a rua e as pessoas passando rápidos pela velocidade do carro.

:- Sei tem a ver com a essência de tudo, senti isso quando eu voltei para cá também.

:- Voltou?

:- Sim, nos meus últimos filmes eu fiquei muito tempo fora, praticamente morando mesmo. E assim eu já senti a mudança, nem imagino você. – ele me olhou de novo. E eu fiquei calada, pensando, o que me peguei pensando esses dias atrás desde que eu o vi novamente.

Eu não sabia de nada da vida dele, e tão perdida para me restabelecer em minha nova vida que não tive tempo e acho que nem coragem de buscar algo dele.

O olhando dava para ver o quanto amadureceu, isso se refletia fisicamente nos fios brancos que apareciam tanto na barba como nos cabelos quando o vi no dia em que assinei o contrato, agora vendo de perto não estavam mais, por que ele estava no visual da personagem da novela. Assim como eu estava encarnando a minha.

Mas, especialmente se refletia nas atitudes que pude ver dele, ainda conseguia enxergar aquele menino magricelo de uma época atrás, aquele por quem me apaixonei. Agora eu via o homem beirando os... Quarenta? E me sentia tomada pela curiosidade de quando conheci o menino magricelo, eu queria conhecer aquele homem.

:- Eu não sei se poderia tocar nesse assunto, mas faz dias que isso não sai da minha cabeça. – ele voltou a falar e o percebi tenso, segurava o volante mais firme balançava a perna sem parar.

:- Se eu puder ajudar? – perguntei incerta.

:- Maite antes de saímos do hospital reparou em algo e comentou comigo, e me fez lembrar de uma inquietação minha. – ele me olhou para perguntar e vi seus olhos ficando mais escuros, puxando mais o castanho. – Vou te fazer uma pergunta, não precisa responder, mas mesmo assim... Onde está o pai da Dominique?

Eu fiquei surpresa com a pergunta, sabe lá quantas vezes, eu não a respondi para milhares de pessoas que queriam essa resposta.

:- Longe dela.

:- Longe quanto? No México ou outro lugar? – ele estava ficando nervoso e eu queria saber com o que.

:- Quer parar o carro para conversamos?

:- Precisamos conversar? – ele me devolveu com outra pergunta.

:- Parece que vai se sentir melhor se pararmos e eu posso responder suas perguntas.

Ele não me respondeu mais e por um momento o vendo nervoso como estava pensei que a qualquer instante ele explodiria, assim como no passado, mas ele respirava calmo apesar de demonstrar sua inquietação de outro modo. E quando ele parou o carro numa rua qualquer que eu não conhecia, respirou fundo antes de me olhar.

:- Ele está longe dela quanto? No México ou em outro lugar? – ele refez a pergunta.

Queria entender o motivo do Poncho está assim, e antes mesmo que eu lhe respondesse me veio à lembrança na cabeça.

:- E mais uma vez aconteceu... – ele voltou a falar – Mas, uma vez cedemos. E se não dirá que está arrependida, o que você vai me dizer? – E pela primeira vez me olhou, não sei o que vi em seus olhos, algo diferente acontecia com ele, estava agindo diferente. E eu não saberia o que era, por que amigos é algo que deixamos de ser a muito tempo.

:- Foi apenas sexo, carnal, selvagem. - dei os ombros olhando para o quarto vendo peças de nossas roupas jogadas por todos os lados – Sequer proteção usamos, como inúmeras vezes, enfim cada um vai seguir sua vida quando o sol aparecer?

:- Thierry. – foi minha resposta.

:- O que? – ele perguntou confuso.

:- O pai de Dominique, está na França e se chama Thierry.– Fui mais clara e estudei as reações de Poncho ele passou do nervosismo para decepção? – Thierry Fontaine Muller.

:- Eu.. – ele tentou se explicar. – Não tem problemas. – cortei.

:- Eu pensei que por um momento ela.. pudesse... Sabe? – ele continuou fazendo a questão. – Ser minha filha, não usamos camisinha a última vez que passamos a noite juntos e você viajou sem mais nem menos e quando volta com uma filha. Por mais que ela não se parecesse comigo...

:- Ok, Poncho, já disse que não tem problema, não precisa se explicar. – fiquei incomodada por ele citar aquela noite e minha viagem. – Agora já sabe da verdade. – forcei um sorriso. Podemos agora ir para casa? Dominique está me esperando. – eu virei o rosto para a janela, sentindo ele ligar o carro de novo.

:- Me desculpe, está chateada verdade? Eu fui impulsivo. – ele tentou se explicar de novo.

:- Poncho, não passa nada. Fica tranquilo.

Voltamos ao silêncio até que me veio algo minha cabeça.

:- No que Maite reparou? Por que ela não seria tão sagaz para saber ou não quem era o pai de Dominique. – Fiquei confusa.

:- Você não usa aliança. E não tem marcas de que usou uma durante muito tempo. – Nisso que ela reparou. – Então você não passou por uma separação.

:- Passei. – respondi ele e o senti que me olhava, mas não queria tirar meus olhos da vista que se formava, o por do sol mexicano. – Porém, ela está certa, eu não usei aliança. Assim como não me casei. – revelei para ele e estava esperando algum comentário, qualquer que fosse, mas não escutei nada mais que o silêncio de novo.

Silêncio que durou até eu começar a reconhecer, estávamos chegando em casa, e estava me sentindo incomoda por que não queria estar naquele clima com ele. Ainda mais por começarmos a gravar a novela juntos, novela que seria diária e intensa não só pelas gravações como pela história também. Eu precisava quebrar aquele silêncio e resolvi apelar para meu lado impulsivo.

:- Eu também reparei. – soltei colocando meu dedo na boca chegando a unha roendo-a, voltando a um antigo hábito que tinha deixado por conta de Dominique.

:- No que?

:- Você não usa e não tem marcas de aliança.

E ele parou o carro por que tínhamos chegado, dava para ver man sentada numa cadeira lendo algum livro e Dominique brincando no jardim.

:- Por que durante todo esse tempo eu não me casei também. – ele se virou para me olhar e me passou calma.

Percebi que estava tudo bem, então por que estava com o coração batendo loucamente contra o peito, só por que acabei de descobrir que ele não tinha se casado? Isso não o impedia de ter alguma namorada ou até mesmo filhos.

E vi Poncho sorri e virei na direção que ele olhava através de mim. E notei Dominique na ponta do pé, sorrindo também para ele com um papel na mão e o celular do outro.

:- Obrigada pela carona Poncho. – eu soltei o cinto e peguei minhas sacolas e minha bolsa no banco de trás.

:- Por nada, não tem o que agradecer. Dulce? – ele me chamou antes que eu descesse do carro. - Sim?

:- Como se fala “oi” em língua de sinais?

Eu sorri antes de descer do carro e lá de fora mostrar para ele o gesto, para em seguida de observar ele repeti certo, olhando para Dominique. Ela sorriu antes de voltar para ele e o cumprimentá-lo também.

“Olá.”

:- Pode dizer a ela, que está linda, Dulce? – ela falava comigo, mas olhava para ela.

“Te achou linda, niña.”

“Obrigada, mas ele que é bonito mamá.”

Eu e ela rimos, por conta dela ter cismado que Poncho era um dos caras mais bonitos que ela já viu na vida dela, só não mais que o seu pai.

:- Não entendo o que vocês devem está falando, mas eu vou indo. – ele riu voltando a ligar o carro.

“Espera mamá, entregue isso a ele, é um desenho. Quero que fique com ele.”

Depois dela falar ficou na ponta dos pés e se aproximou do carro, esticando o papel para ele, que ficou confuso.

:- Ela quer te entregar um desenho. – falei para Poncho, ele esticou o braço e o pegou, ficou o olhando por um tempo e depois sorriu para Dominique.

:- É bonito. Diga a ela.

“Ele agradeceu.”

Dominique apenas sorriu para ele e fez algo estranho que foi pegar o celular e balançá-lo.

:- Até mais ver Dulce, tenho que ir antes que Sofia me ligue reclamando. – ele acenou para Dominique se despedindo e antes de sair guardou o desenho.

Peguei as sacolas me voltei para Dominique.

“O que desenhou para ele?”

Perguntei para ela enquanto entravamos em casa e man nos via.

“Um esquilo.”

Ela respondeu simplesmente como se não fosse nada demais, talvez para ela não fosse, só que ela não se dava conta do quanto constrangedor isso era para mim.

Definitivamente internet e uma menina curiosa como Dominique, juntas, não dava certo.

: __ :


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Nadie dijo que sería fácil" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.