Um Príncipe as Avessas escrita por Fleur dHiver


Capítulo 4
A Roca que Tece o Destino Começou a Girar


Notas iniciais do capítulo

Olá, navegantes! Buenas. ;D
Aviso a todos os leitores, quando o capítulo começar vocês vão pensar: a Fleur surtou.
Mas eu não surtei e tudo faz parte do plano, siga o fluxo.
Uma boa leitura a todos;*



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Uma sombra pairou sobre o céu sem estrelas, ocultando-se sobre a folhagem da grande arvore que protegia a pacata Vila. Por entre os ramos altos, podia se vê que Takigakure* dormia. As ruas silenciosas, o comércio com suas portas arriadas, poucos boêmios ainda a vista e enamorados a se encontrar pelas ruelas, praças e parques vazios

Em meio a sua quietude e paz uma névoa escura seguia o seu caminho, tomando os becos, circundando o lugar que nunca antes tinha sido atacado. A procura, a procura daquilo que seu mestre tanto desejava.

O clima logo mudou. Toda a cidade esfriou e uma estranha tensão pairou no ar, tão intensa que fez as crianças tremerem em suas camas. No final da rua circular, bem na última casa embaixo de uma castanheira estava o que o ninja sorrateiro desejava, assim como surgiu a névoa negra desapareceu e em um brilho cortante ele desceu pelos céus. Pousou sem barulho e executou sua dança fatal com a leveza de pluma.  

Em meio a sua quietude e paz Takigakure não percebeu que um homicídio ocorreu e seu bem mais precioso se perdeu.

 A Roca que Tece o Destino Começou a Girar

— Você está atrasado, Kakashi-sensei — Berraram Karin e Naruto em uníssono, com os dedos indicadores em riste.

Sasuke fitou o pequeno salmão que tinha acabado de pular para fora d’água, mantendo sua atenção na superfície do rio, evitando participar do estardalhaço que ocorria bem ao seu lado. As falas e as gritarias que já conhecia de anos. Ele acreditava veemente que toda a sua equipe deveria ser estudada, não poderia ser normal conseguir manter esse mesmo costume durante tanto tempo.

— Eu encontrei uma senhora e seu netinho...  

— Mentira! Já cansamos dessas suas histórias, ‘ttebayo — Protestou Naruto, coçando a nuca com uma clara expressão de desagrado.

Talvez ele — Sasuke; quem devesse ser estudado por aguentar essas discussões sem sentido; por não ter matado nenhum dos indivíduos; ou no mínimo ter exigido que o trocassem de equipe, por razões obvias: o bem de sua sanidade.

Imaginar a vida sem os berros de Naruto, as desculpas esfarrapadas de Kakashi, a insistência e inconveniência de Karin não tinha preço... paz, tranquilidade, serenidade. Tudo seria bem diferente, tudo mesmo, incluindo ele, afinal aquele time o tinha mudado de forma irreversível. O time 7 tinha sido sua glória e ruína na mesma proporção.

Pensar em ser de outro time sempre trazia as velhas inquietações à tona. Incidentes e pesares evitados, talvez... um outro final, todos teriam outra história para viver.

— (...) e quando você vai tomar juízo e se comprometer com os exames chunnin? — A atenção dele foi fisgada, virou-se para observar o bico de Naruto aumentar e uma carranca irritadiça surgir, mas não houve protesto e explosões. Kakashi suspirou e logo tratou de mudar de assunto — Bem, eu só vim passar a missão. Não vou com vocês dessa vez o encarregado será o Sasuke. — O silêncio caiu sobre o trio. Pela primeira vez na história a dupla Uzumaki não tinha o que dizer, o próprio Sasuke não o tinha. Não que fosse uma pessoa eloquente, mas dada as circunstâncias era de se esperar algumas palavras, mesmo que poucas. — Sasuke prestou os exames como deveria e passou. Já recebeu o treinamento adequado, de fato se não fosse alguns contratempos, que sabemos bem, ele não deveria continuar a ser parte do time 7. Já deveria ter sua equipe ou ter feito qualquer outra coisa que o agradasse.

— As equipes são de quatro pessoas. — Disse Naruto em um tom estranhamente formal.

— Sim, vocês voltarão com o quarto integrante. — Kakashi estendeu o pergaminho a seu aluno que hesitou por um instante antes de pega-lo. — Obedeçam a ele! Principalmente você, Naruto.

Kakashi se despediu com um breve aceno, deixando-os no mais absoluto silêncio. Todas as atenções voltadas para o pergaminho nas mãos do Uchiha, que o observava com espanto, estranheza e adoração. Naruto estava passando por um profundo debate interno, ressabiado e preocupado com o que poderia vir a acontecer, enquanto Karin estava entre a fascinação e o receio, suspirando e franzindo o cenho para o novo líder do time Sete.

— E então, líder... — Naruto juntou as mãos em frente ao corpo, soltando uma risadinha após tê-lo chamado assim — o que faremos? — Rompeu o lacre, um comichão lhe subindo pela boca do estomago. Foi precisou ler três vezes as diretrizes para conseguir assimila-las.  

— Nossa missão consiste em trazer um pergaminho de valor inestimável para Konoha. O pergaminho se encontra na Vila da Cachoeira e ao que tudo indica o inimigo está à espreita da saída desse artefato. — guardou o papel na parte interna de sua capa preta, sobre o olhar atento dos outros dois. — Por isso vamos levar conosco uma tapeçaria antiga que está nos esperando no almoxarifados. Para todos os fins nossa missão é entregar essa tapeçaria e retornar com um companheiro ferido.  

— Eles dizem do que se trata o tal pergaminho? — Karin perguntou incerta.

— Não, apenas que é valioso. — Assentiram, sem mais delongas pegaram as mochilas escoradas na mureta da ponte e partiram até o almoxarifado para pegar a tapeçaria e de lá tomar o caminho em direção aos portões da Vila.

O céu estava límpido, azul celeste com poucas nuvens, um Sol brilhante, uma brisa fresca e agradável correndo pela estrada e por entre as copas. Sasuke agradecia por isso, com a tapeçaria bem ancorada as suas costas só conseguia pensar em como seria odioso ter que partir no calor escaldante. Acabava culminando em pausas constantes e muita inquietação, nada propicio a uma missão curta e linear como ele desejava.

Chutou uma pedra, fitando a extensão da estrada barrenta e em seguida os ramos verdes das arvores a sua lateral esquerda. Seria mais rápido e eficiente se fossem pelos galhos, além de estarem protegidos da claridade, chegariam a fronteira do País da Cachoeira um pouco depois do anoitecer e talvez entre nove ou dez da noite já tenham cruzado os tuneis de Takigakure.

O único ponto negativo é que gastariam mais chakra se optassem por seguir a viagem dessa forma. Por sobre os ombros observou Naruto que estava quieto demais, absorto e até distraído. Sasuke até tinha uma vaga ideia do que poderia estar afligindo seu amigo-rival, mas preferia não compartilhar, muito menos se aprofundar naquela linha de pensamento, naquelas lembranças que nunca o abandonavam e só o torturariam se ficasse focado nelas.

Estava pronto, não poderia deixar que algo a mais o atrapalhasse. Sabia muito bem que possuía a capacidade de conduzir uma equipe, sem erros, sem fatalidades. Obvio que em suas visões de comando Naruto e Karin não eram seus subordinados – por assim dizendo; apesar de serem bagunceiros e atrapalhados eram seus companheiros de equipe, o mais perto que tinha de amigos, além de sempre terem ocupado o mesmo nível hierárquico que ele.

Karin suspirou, apertando a alça da mochila rente ao corpo. Observava Sasuke caminhar alguns passos à frente dela, com sua gingada suave e precisa, seu ar imponente. Como já era de se esperar, ele conseguia ficar ainda mais lindo compenetrado. Sasuke sempre teve um jeito diferente, tinha nascido para liderar, em seu ponto de vista.

Encolheu os ombros, deixando que um sorriso fugaz surgisse em seu rosto, tinha feito um bom trabalho em segui-los há dois anos e o ajudado, não poderia dizer que todos os caminhos foram felizes, mas as desgraças de outrem alcançaram coisas boas e não se sentia mal ou culpada pela forma como tudo aconteceu, afinal foi assim que ela chegou a sua própria felicidade.

Revirou os olhos ao ouvir outro resmungo de Naruto, claro que as coisas ainda não eram perfeitas, o idiota loiro poderia desaparecer. Vivia perturbando e competindo com o seu Sasuke e não permitia que eles ficassem um minuto sequer a sós. Grunhiu irritadiça, uma missão ou um treinamento que fosse sozinha com o Uchiha, ela conseguiria conquista-lo, tinha certeza.

Alheio aos outros e pesando todos os poréns Sasuke fez a escolha que acreditava ser o melhor para eles e a missão. Naruto e Karin não protestaram quando informou o que pretendia fazer, prenderam suas bolsas rente ao corpo e pulando de galho em galho em uma velocidade constante conseguiram poupar bastante tempo como o Uchiha tinha previsto. Há três horas tinham partido de Konoha e estavam perto de cruzar os limites do país do fogo. Se seguissem caminhando só alcançariam tal marca quase de madrugada, ou no dia seguinte dependendo das paradas que fizessem. E parar não era uma opção, estava decido a só o fazer quando cruzassem a fronteira, talvez daqui a uma hora...

— Teme, vamos parar um pouco. Eu já não aguento mais. — Não era verdade, Naruto poderia aguentar muito mais. No entanto sabia muito bem que se disse quem era, ela protestaria e eles não iriam parar e no final isso não resultaria em algo bom. Karin estava obviamente fatigada e ele já tinha notado isso a alguns quilômetros atrás.

Sasuke franziu o cenho, Naruto nunca reclamava, ou pedia que parassem a não ser que estivesse com fome, mas se o fosse ele estaria berrando agora. Fitou-o alguns metros a sua esquerda, não parecia cansado, ao esticar a cabeça notou Karin que se esforçava para tentar esconder o seu desgaste.

Pararam próximos a uma pequena campina. Sasuke foi checar o perímetro, Naruto foi encher os cantis e Karin se escorou em uma das arvores tentando recuperar as forças, não queria parecer cansada, não queria desaponta-lo. Abriu sua bolsa, sabia que tinha guardado, em algum lugar, uma barra de cereal energética.

— Toma.

Naruto estendeu a garrafa de água que tinha acabado de encher e sentou ao lado dela. Karin pegou com má vontade, não queria dever favores, muito menos que vissem o quão cansada estava e se apiedassem do seu estado. Enfiou a barra de uma vez na boca, evitando voltar sua atenção para o garoto ao seu lado.

— Área limpa, vamos ficar vinte minutos. — Não houve resposta, Karin ruborizou e o cenho de Naruto franziu.

Sasuke fitou seus dois companheiros com atenção, a pessoa cansada, como ele previra, era Karin. Naruto estava pensando nela e ele também deveria, afinal ela era parte do grupo e precisava estar bem caso houvesse alguma necessidade de luta ou cuidados médicos. Mesmo querendo executar a missão o mais depressa possível, tinha que refletir no quanto estava impondo aos seus companheiros também.

Não demoraram nem um minuto a mais do tempo estipulado e logo retomaram seu caminho. Dessa vez Sasuke mantinha-se alerta para as necessidades da companheira. Naruto mantinha seu olhar atento a Sasuke. Irritado pela displicência e falta de zelo que ele demonstrava, ou melhor, que sempre demonstrou.

Antes mesmo de escurecer, cruzaram os limites do país do Fogo, como tinham feito uma pausa, Sasuke não parou, mas o fez algumas horas depois, checando a todo instante seu mapa para certificar-se da distância. Naruto queria que eles parassem logo e montassem acampamento, porém o Uchiha estava decidido a prosseguir e chegar bem antes do tempo previsto.

Em meio ao percurso que seguiam, Naruto esforçava-se para emparelhar com seu amigo/rival, sem deixar Karin fora de sua vista. Em sua opinião Kakashi tinha sido precipitado e Sasuke deveria pegar um time de gennins e não liderar uma missão como aquela.  

Cada um tinha a mente nublada por suas próprias ambições. O desejo profundo de autossuficiência; a visão inebriante e luxuriante; a cobiça comedida e o temor; conflitos tão profundos que cegavam os três para o caminho que cruzavam e o destino que os aguardava.

Não deram a devida importância a mudança climática que vinha acontecendo a cada passo que davam. As gotículas de orvalho que tinham congelado sobre os ramos verdes, as plantas rasteiras cobertas por uma geada estranha, o ar denso. Associaram tal efeito a área de constante umidade; o céu estava negro, uma noite sem luar. Todos esses estranhos indícios foram tratados com displicência.  

— Sasuke, vamos parar. — Soltou um suspiro, Karin não parecia cansada e ele não estava interessado em prestar atenção as idiotices de Naruto. — Está muito escuro.

Bem, isso ele não poderia negar. Mas não via razão para interromper o caminho, estando tão perto da Vila, mais uma hora de saltos e encontrariam as entradas subterrâneas para enfim chegarem a seu destino com louvor.

— Deve ser uma tempestade se formando, Naruto.

— Mas uma razão para procurarmos um abrigo. Não vou entrar por aqueles tuneis tendo uma tempestade a caminho. E se ficarmos presos de baixo da terra? — Detestava aquelas passagens estreitas e úmidas.

Sasuke parou um galho de distância ao do amigo-rival, fitando-o com o semblante carregado. Karin mordeu o lábio inferior, desviando o olhar para o céu, sabia que desobedecer ou questionar Sasuke já era ruim em um dia normal, sendo o líder da equipe era uma péssima decisão.

— Isso não vai acontecer, a Vila é logo ali, não faz sentido pararmos no meio do caminho para acampar se podemos dormir lá. — Naruto bufou, tirando a mochila de suas costas e jogando-a no chão.

— Já deveríamos ter parado a muito. Você conseguiu, gênio. Vamos chegar antes do esperado de qualquer forma, não precisamos correr mais. — Sasuke cerrou o punho com força, observando incrédulo o Uzumaki puxar o saco de dormir.

— Eu dei uma ordem, Naruto e como líder você me deve obediência. — Naruto parou de retirar as coisas de sua mochila fitando o amigo com seriedade.

— O que disse?

— Exatamente o que ouviu. Mecha-se! — Rosnou entre dentes.

— Vai ter que me obrigar então.

— Pode ter certeza que vou.  — Sasuke cruzou o espaço entre eles com agilidade, agarrando o Uzumaki pela gola de sua roupa e o erguendo do chão. Mas antes que fizesse qualquer outro movimento, ou Naruto desferisse o soco que estava desejando, Karin se enfiou entre eles obrigando-os a se separar.

— Parem agora — bradou a menina com a tensão evidente em seus olhos escarlate —, não estamos sozinhos... — Assim que sussurrou a última sentença, vultos começaram a surgir na penumbra, sobrepondo-se e multiplicando como um mar escuro e perturbador.

Estavam em uma emboscada e o pior, não conseguiam nem ao menos contar quantos inimigos vinha pela frente.

 

 Takigakure* Vila Oculta por uma Cachoeira. Construída em torno de um grande árvore. Ela também, previsivelmente, tem uma cachoeira como um marco decisivo. Apesar de estar cercado por outros quatro países, Takigakure nunca foi invadido com sucesso, uma façanha que eles ficam muito orgulhosos 

Página: Fleur D'Hiver

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Notas finais do capítulo

"Em meio a sua quietude e paz Takigakure não percebeu que um homicídio ocorreu e seu bem mais precioso se perdeu." - eu amo essa frase, fim!

Eu amo essa rima, sou boba admito.
E ai?? SASJUASHAUSHAUSHA Todo mundo achando que eu sou louca, sou um pouco, mas não nessa questão. Estou bem lúcida e claro do que to fazendo. ;x
E nós vamos chegar lá e vocês vão entender. Ponham fé nisso.

Curtam minha página, não esqueçam da enquete e me digam o que acharam do capítulo.
Obrigada a todos que acompanham;*
Até a próxima;*



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