Eu estava na minha cama, a maioria das pessoas da minha idade essa hora deveriam estar dormindo,esperando pra ser acordados pelo despertador na hora de ir para a aula, mas eu não,estava sem sono nenhum,não estava acostumada com a casa nova, nem com a cidade nova,ficava pensando na minha antiga casa, meus antigos amigos, que provavelmente nunca mais irei ver pessoalmente, uma semana atrás eu estava em uma cidade do interior de Rio Grande do Sul, agora estou no Rio de Janeiro, não estava acustumada com o sons altos dos carros e bares, na minha cidade não tinha isso, lá era super tranquilo, sinto saudade de tudo,do frio,da natureza (não via muitas ávores aqui), de morar em uma casa, agora moro em um prédio, no quarto andar, minha mãe queria uma boa vista da praia.
Finalmente o celular despertou,tomei banho, escovei os dentes, tomei café, desci e esperei o escolar na portaria,coloquei meu fone e fiquei escutando música, por mais que a maioria das músicas que eu ouvi desde cheguei aqui foi funk,sertanejo,axé e pagode, continuo gostando das minhas músicas(todas internacionais). Parecia que o tempo passava se arrastando,então tirei a música e peguei meu livro da mochila, Jogos Vorazes, eu gostava do livro, ele mostra como nós aceitávamos viver, por mais que a ditadura tenha acabado, ainda a vivemos, seguindo uma lista infinita de tendências para sermos bem aceita na sociedade,também chamada de moda, pouscas pessoas não se seguem essas tendências, mesmo que seja só um livro que virou modinha, um filme, um corte de cabelo,todos fazem isso, mesmo sem perceber. Olhei para o lado e vi um escolar vindo na rua, ao chegar um homem perguntou:
-Você é Luana?-confirmei com a cabeça e entrei. O escolar estava um pouco muito cheio tinha somente um lugar vazio, sentei lá e peguei meu livro, olhei para o lado na esperança de ver alguma pessoa que talvez eu possa ser amiga,um menino de cabelo castanho claro e olhos verdes estava lá ouvindo música, observei ele por meio segundo (que nem percebeu), voltei meu olhar para o livro, passei o olho pelas palavres mesmo sem ler,só conseguia ver o rosto do garoto desconhecido, meu coração batia mais forte, oque está acontecendo comigo? Nunca tinha sentido isso antes, para evitar isso deixei meu cabelo cair entre nós formando uma parede invisível, que de vez em quando eu abria para poder vê-lo, tentei focar no livro mas não consegui até chegar a escola dele e ele sair, mesmo assim pensei nele pelo resto do dia.