Don't Ever Let It End escrita por Rocker


Capítulo 4
Capítulo 3 – Precisa relaxar? Vá ao shopping!


Notas iniciais do capítulo

Eu sei, mais de dois meses e todos querem me matar, mas fim de ano pra formandos é ainda mais corrido. E to aqui, no dia da minha colação, trazendo esse capítulo pra vocês.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/628344/chapter/4

Capítulo 3 – Precisa relaxar? Vá ao shopping!

– Olha o jeito que vocês chegam em casa! – ouvimos uma voz exclamar do portal da cozinha.

Virei meu rosto e vi que minha mãe estava ali, olhando-nos repreensivamente. Revirei os olhos e permaneci calada, tentando controlar ainda minha respiração e agora também a minha raiva.

– Parecem que foram atropeladas por um caminhão. – ela continuou a reclamar. – O que aconteceu? – exigiu saber.

E essa foi a gota d’água.

Olhei-a com toda a raiva e ódio que eu poderia expressar naquele momento. Talvez meu olhar tenha sido intenso demais, pois Angela logo deu um passo atrás.

– Não é como se você se importasse de verdade. – minha voz saiu entredentes e rosnada, destilando cada gota de veneno que minha mente tinha.

Não esperei qualquer resposta, sendo dela ou de Emma. Simplesmente ignorei tudo ao meu redor e corri escada acima. Eu sentia como se pudesse explodir a qualquer momento. O sentimento puro de ódio expandia por meu peito como nunca antes e tudo o que eu queria naquele momento era quebrar alguma coisa, assim como meu coração foi quebrado há tantos anos. Fechei a porta do meu quarto com força, sentindo-me desapontada quando a porta não ultrapassou a parede ou nem rachou. A raiva de tudo dominava meu corpo, e quando vi um porta-retratos com uma foto de toda a família escondida no alto da cômoda, eu finalmente encontrei o alvo para toda a fúria.

Quando eu estava prestes a quebrá-lo na parede, porém, Emma irrompeu pela porta e conseguiu tomá-lo de minha mão.

– Bea, pelo amor de Deus, o que está tentando fazer?! – ela exclamou, colocando o porta retrato em seu lugar e me puxando em direção à cama.

– Eu quero ir embora daqui, Emma. – revelei, enterrando o rosto em minhas mãos para ver se eu me acalmava.

Emma acariciou minhas costas, tentando me confortar. Por melhores que fossem suas intenções, não funcionara como ela possivelmente esperava.

– Eu sei que está sendo difícil depois de tudo, Beatrice. – ela disse com a voz baixa, como se tentasse não me assustar, e apoiou o queixo em meu ombro, suspirando. – Mas nós duas sabemos que você é forte. Tudo bem que pensamos não ser o certo você também se sentir culpada pela separação de seus pais, mas não foi culpa sua. Você não deve se sentir culpada e afetada quando não é, deve seguir em frente.

– Emma. – murmurei contra minha mão, o que deixou minha voz mais rouca e abafada. – Não está ajudando.

– Não sou boa com palavras, você que é. – ela disse em tom de desculpas e eu finalmente tirei as mãos do meu rosto. Olhei para ela, abrindo um leve sorriso em derrota. – Eu sei de algo que pode te animar!

Arqueei uma sobrancelha quando ela disse tal frase de maneira animada. Odiava quando os olhos dela brilhavam marotamente daquele modo – eu já previa ou uma ideia muito boa, ou uma boa maneira de nos darmos mal de algum jeito.

– Desembucha, nanica. – mandei-a apressar-se.

Emma deu um pulo da minha cama, segurando meu pulso para puxar-me também.

– Comida sempre te anima. Então por que não chamamos Dawson e Avalon para irem conosco no shopping?! – ela sugeriu quando me puxou.

Pensei em sua sugestão durante alguns segundos. – Tudo bem, mas se essa ideia nos trouxer problemas, eu juro que te mato.

Emma revirou os olhos, como se não levasse minha ameaça a sério.

– Deixa de drama, Bea, minhas ideias nem são tão ruins!

– Ah, claro! – exclamei, com o sarcasmo em grau e peso em minha voz. – Por que da última vez que decidiu me animar com comida nós nem fomos parar na sala de segurança do shopping em Dublin por ter roubado uma torta bem debaixo do nariz do gerente!

~*~

– Odeio filas de fast food. – resmunguei assim que nos sentamos em uma das mesas da praça de alimentação.

Avalon pulou na cadeira ao meu lado e Dawson colocou o lanche dela à sua frente enquanto se sentava. Emma se sentou ao lado dele, ficando de frente para mim e de costas para a maior parte das mesas.

– Pare de reclamar, Bea, conseguiu seu querido hambúrguer. – disse Dawson, revirando os olhos, mas percebi que ele apenas tirava uma com minha cara quando ele começou a rir.

– Mas eles têm que ser mais eficientes! – comecei meu discurso, fazendo-os rir de antecipação por me conhecerem bem. – É um ultraje! Eles têm que trazer os pedidos mais rápido! E se alguém estiver prestes a morrer caso não conseguisse um hambúrguer e uma Coca-Cola?! Eles podem perder clientes e, o pior, uma vida!

– Tipo você, mana?! – brincou Avalon, rindo de mim.

Coloquei a mão sobre o peito como se tivesse levado um tiro no local.

– Que ultraje! – disse em minha voz mais indignada, ouvindo ainda mais risadas. – Até minha pirralhinha está caçoando das minhas necessidades!

– Okay, Bea, chega de drama e vai comer. – disse Emma entre risos e eu mordi um pedaço do hambúrguer que consegui depois de quinze minutos na fila do Burger King.

– Avalon, pare de comer rápido, vai se engasgar. – avisou Dawson, vendo como nossa irmã mal engolia um pedaço e já mordia outro.

– Ela vai engasgar, ficar aquele vermelho fofo tipo quando fica com vergonha, e eu vou rir dela antes de ajudá-la. – murmurei com a boca cheia.

Emma franziu os olhos em reprovação e deu um chute na minha canela que me fez engasgar.

– Tipo como você está agora?! – perguntou ironicamente enquanto ria ao me ver engasgar e bateu um hi-five com Avalon.

– Isso não é justo! – disse fracamente, ainda tentando me recuperar, e bebi um gole grande de coca. – Hoje vocês tiraram o dia pra ficar contra mim!

Dawson revirou os olhos e terminou de comer seu hambúrguer. – Preciso ir na loja de instrumentos, papai está ocupado e me pediu uma nova corda para baixo. Vocês vão ficar aí ou vão comigo?

– Eu quero ir com você! – exclamou Avalon, pulando da cadeira que estava sentada e segurando a mão de nosso irmão.

– Termina de comer seu lanche, pequena. – pedi, assim que vi que ela deixava mais da metade de suas batatas fritas na bandeja.

– Perdi a fome. – disse ela, já começando a puxar Dawson pelo braço para longe de nós. – Vamos, Daw, talvez dá pra gente comprar uma boneca pra mim depois!

– E vocês, vão ficar? – perguntou Dawson, quase tendo seu braço arrancado fora.

Emma afirmou com a cabeça, vendo-os sumir ao longe. Dei de ombros enquanto pegava a sacola de batatas fritas de Avalon para mim, ouvindo uma risada espontânea da minha amiga. Sorri também.

– Ué, não vou deixar desperdiçar! – exclamei, arrancando-lhe outra risada.

– Você é impossível, Bea! – ela negou com a cabeça.

Dei de ombros novamente, antes de tencioná-los e arregalar os olhos ao ver quem vinha em nossa direção por trás de Emma.

– Emma Adair, se tem valor à sua vida finja que está conversando comigo. – exigi imediatamente, sentindo o nervosismo quase rasgar minha garganta na forma de vômito.

– Mas estou conversando com você. – disse Emma, confusa, enquanto fazia uma carinha fofa e inclinava de leve a cabeça. Revirei os olhos; ela parecia um cachorrinho sem dono.

– Não foi isso que eu quis dizer. Preciso que finja que nós não somos nós. – eu disse rapidamente, conseguindo ver a aproximação dele pelo canto da minha visão. – É que tem alguém vindo. É o...

– Beatrice? Emma? – ele disse atrás de Emma, e de longe eu consegui ver o quanto os ombros dela se tencionaram ao ouvir a voz conhecida.

– Ashton! – exclamei, apoiando o cotovelo na mesa e minha cabeça na mão, tentando parecer surpresa e absolutamente não suspeita.

– Meu Deus, quanto tempo não te vejo! – Ashton Irwin exclamou, parecendo verdadeiramente feliz por nos ver ao se inclinar para beijar a bochecha de Emma e a minha logo em seguida. Meu antigo amigo estava diferente. Mais alto, não exatamente musculoso, mas mais encorpado, com os cachos loiros escuros um pouco maiores e a barba por fazer contrastando com os olhos verdes. Definitivamente o que eu chamaria de um homem sexy. – Faz o que...

– Dois anos. – respondi, abrindo um sorriso tão forçado que quase precisei daqueles equipamentos de dentista para mantê-lo ali.

Ashton trocou o peso de perna, talvez com um décimo do desconforto que eu estava sentindo.

– Bem... É. – ele gaguejou levemente antes de tentar continuar a conversa. – Quando foi que voltaram?

Engoli em seco, procurando alguma resposta que não indicasse direto na lata que eu os estava evitando. Olhei para Emma, desesperada por ajuda.

– Há alguns dias. – ela respondeu, virando seu rosto finalmente para o homem ao nosso lado e abrindo um sorriso sem graça. – Estivemos muito ocupadas desde então. – ela adiantou-se, possivelmente prevendo a pergunta que ele faria do porque não os procuramos ainda.

Ashton abriu a boca, prestes a falar mais alguma coisa, mas eu já não aguentava mais aquela tensão que eu sentia. Eu sabia que se continuasse ali iria acabar surtando.

– Emma, Dawson acabou de me mandar mensagem para irmos. – eu disse, fingindo teclar algo no celular.

– Oh, sim! – ela exclamou, levantando-se da mesa logo depois de mim.

– Foi um prazer te ver de novo, Ash. – eu disse, tentando ser educada, e subi nas pontas dos pés para depositar um beijo em seu rosto como havia feito comigo.

– Apareça na casa do Luke depois. – ele disse rapidamente. – Os pais dele se mudaram para uma casa menor e agora moramos todos juntos. E Luke vai gostar de te ver novamente.

Reprimi a vontade de espancar a cara dele, mas não resistir àquele sorriso com covinhas era impossível, então apenas abri um meio sorriso torto, que eu tinha certeza que parecia mais uma careta.

– Posso tentar. – disse, sem querer realmente prometer algo que eu não queria cumprir.

Virei-me sem ver sua reação e sai puxando Emma dali o mais rápido possível, tentando também manter a maior distância entre nós duas e Ashton Irwin, antigo amigo que havia me abandonado e colega de banda do meu ex-namorado por quem eu, obviamente, ainda tinha sentimentos.

– Bea, agora fala a verdade para mim. – Emma pediu, puxando seu pulso e fazendo-nos parar, já bem longe dele. – Dawson não mandou nenhuma mensagem, não é?

Balancei a cabeça – eu não iria mentir para minha melhor amiga.

– E quanto ao que ele disse? – ela perguntou novamente, agora andando devagar ao meu lado. – Sobre irmos visitá-los?

Suspirei derrotadamente.

Emma já sabia minha resposta antes mesmo de eu dizê-la.

– Não quero ver tão cedo a cara de Luke. – respondi firmemente. – Então irei evitá-lo ao máximo que eu puder.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Don't Ever Let It End" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.