Behind The Last escrita por Apenas uma Ampora


Capítulo 1
Prólogo - O Acidente


Notas iniciais do capítulo

por favor, dêem uma chance a fic! Eu tenho tantas ideias para ela, juro que não vão se arrepender!

Espero que gostem!



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- Esquece isso! – Disse, comendo meu macarrão e encarando a moça de longos cabelos negros a minha frente.

- Tudo bem, eu vou esquecer, mas é melhor prevenir do que remediar, certo? Você vive dizendo isso! – Minha melhor amiga, Lina, insiste, o que me faz rir. – Não ri! É sério!

- Desculpe, mas… É que é só um horóscopo! Você está levando seu trabalho muito ao pé da letra. Achei que tivesse que ser mais enigmática e e mistica! – Levo mais uma garfada de macarrão a boca e ela abaixa a revista, suspirando.

- Não foi o horóscopo! Olha, eu ando tendo sensações estranhas…

- Achei que já tínhamos passado da fase puberdade. – Volto a rir.

- Lauren! – Ela me lança um olhar mortal, mas no fim também sorri. – Tenho tido pressentimentos acerca das coisas, e na maioria das vezes estão certos. É esquisito, mas é verdade… Por favor, me prometa que não vai sair amanhã!

- Isso vai fazer você calar a boca de uma vez e jantar? – Ela assentiu e eu sorri, suspirando e revirando os olhos. – Tudo bem! Eu prometo!

Ela sorri e pega um garfo, começando a comer, enquanto conversamos sobre outros assuntos aleatórios.

Eu e Lina nos conhecemos na primeira série, quando um menino roubou meu giz de cera rosa e ela o mordeu até ele me oferecer o estojo dele inteiro. Mas em um acidente os pais dela morreram, e ela teve que se mudar para ir mudar com a avó.

Foi só no primeiro ano do Ensino Médio que nos encontramos de novo. Resumindo todo aquele ano, o pessoal a chamava de bruxa e de satanista, entra outras coisas, e ela sofria bullying pelo jeito dela de ser e de se vestir e por andar para cima e para baixo com um caderno de capa preta com um pentagrama desenhado em prateado. Um dia roubaram o caderno, uma espécie de diário, dela. Eu entrei no meio do circulo de adolescentes babacas e a defendi. Eu era relativamente popular no colégio, ao menos a ponto de pararem de encher o saco dela depois que eu intervi.

Começamos a conversar e descobrimos sobre a primeira série. Viramos melhores amigas, e aqui estamos nós agora. Ambas formadas, trabalhando em uma revista relativamente famosa, ela na coluna de horóscopo e eu como editora de arte, com 24 anos e comendo miojo em pleno sábado a noite.

Terminamos de comer e conversar e logo nos despedimos. Voltei para casa e a primeira coisa que fiz tomar um banho rápido.

Depois de vestir meu pijama, peguei minha escova e parti para a missão mais impossível já existente.

Pentear meu cabelo.

Ele simplesmente era… vivo! Uns dias resolvia que queria ficar bom, outros dias não importava o que eu fizesse, ele sempre pareceria um ninho.

Olhei no espelho enquanto eu fazia caretas. Meu cabelo era castanho, cacheado, até aos ombros. Nada que as pessoas olhassem e dissessem “Wow, Lauren, que cabelo lindo!”.

Olhos azuis claríssimos me encararam de volta no espelho. Eu odiava meus olhos. Porque eles não eram realmente… meus.

Bem, eles me pertenciam, mas não sentia que fossem meus. Por exemplo… você vê um quadro em uma loja, mas não dá muita atenção a ele e logo o esquece. Mas então você vai à casa de um amigo, muito tempo depois, e vê o quadro lá. E você sabe que já viu o quadro antes, mas não lembra onde. Era essa a sensação que eu tinha ao ver meus olhos em um espelho.

Como se pertencessem a outra pessoa, e eu apenas já os tivesse visto antes em outro alguém.

Ok… Isso é confuso… Lauren, hora de visitar um psicólogo!

Eu já ia me preparar para dormir quando me ligam. Vi o nome na tela. “Paul ♥”

- Oi, amor! – Atendo.

- Oi, querida! Já vai dormir?

- Por acaso estava indo sim, porque?

- Achei que você podia dar uma passadinha aqui em casa… - Ele ri do outro lado da linha.

- Pelo amor de Deus, Paul, são quase 2 da manhã! – Mas eu rio também.

- Tudo bem… Achei que não viesse mesmo. Pode passar aqui amanhã a noite?

- Não vai dar… Prometi para a Lina que não sairia amanhã…

- Ah fala sério, Lauren! Ela por acaso é sua mãe para mandar em você??

Suspirei.

- Eu sei que você não gosta dela, mas ela é minha melhor amiga, vou respeitar a vontade dela!

- Só dessa vez… por favor! – Ele fez a voz manhosa, e eu quase o imaginei fazendo biquinho do outro lado da linha. – Demorou um século para fazer! E só vai dar amanhã! Tenho um pedido especial para te fazer…

Meu coração falhou uma batida.

- Que pedido?

- É surpresa! Vem aqui em casa amanhã as 19h!

Refleti por um momento. Lina não ficaria sabendo. E talvez finalmente Paul me pedisse em casamento! Mordi o lábio.

- Tudo bem, eu vou!

- Vou te esperar! Beijos, amor!

-Beijos… - e ele desligou.

Joguei meu celular na cômoda e ri, alegre.

Paul e eu namorávamos à 4 anos, desde a época da faculdade. Ele era um amor comigo, adorava conversar e falava coisas fofas. E aparentemente, ele ia me pedir minha mão! Eu seria a futura Sra. Smith!

Joguei-me na cama, exausta e feliz como uma adolescente, não me lembrei o que me esperava até ser tarde demais. Meus pesadelos noturnos e diários.

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Um campo verde e florido. Uma mulher com um longo vestido castanho corria, e ria. Ela sentia que tinha alguém atrás dela, a perseguindo, e ela estava se divertindo com isso. O aroma das flores era envolvente e embriagante.

Então a mulher caiu, de bruços. As flores ao seu redor murcharam e a grama secou, ficando com um tom morto de marrom. A mulher parou de rir e começou a sussurrar um nome. “Dimitri”.

De repente, algo agarrou o pé dela e a puxou. O céu escureceu. A sombra continuava a puxando velozmente, e por onde o corpo da mulher arrastada passava as plantas morriam. Ela continuava sussurrando aquele nome, e já não estava de bruços, mas a escuridão tornava impossivel ver seu rosto.

A sombra parou de puxar e tremeu, revelando uma outra mulher com uma capa e um vestido negro. Esta pulou em cima da primeira e apertou seu pescoço, gritando algo impossível de entender.

Então o fogo. Alguém colocara fogo no caminho de erva morta deixado pela primeira, que justamente por estar seco se alastrou em uma velocidade perigosa.

O fogo tomou conta das duas mulheres, que agora estavam amarradas em pilastras. A primeira gritava desesperadamente. A segunda ria. O fogo tomou conta de tudo.

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Acordei gritando. E demorei uns 20 minutos até conseguir levantar da cama e ir tomar banho para tentar me acalmar.

Não importava quanta água caísse em mim, eu ainda sentia o fogo queimando minha pele e me sufocando. As lágrimas sumiam em meio à água, e eu soluçava.

Era sempre assim. Todas as noites um sonho diferente, sempre com a mesma mulher de vestido castanho. Alguns não eram tão ruins, com flores, alegria, crianças rindo. Outros eu simplesmente não lembrava. E tinha esses. Com morte, gritos, aflição, desespero. E fogo.

E não importava que eu tivesse esses pesadelos desde os sete anos, eu não me acostumava a eles. Nunca me acostumaria, eu tinha certeza. São aquelas coisas que não importa quantas vezes aconteça, sempre será horrível. Como alguém que já perdeu várias pessoas próximas. A dor não diminui pela quantidade de vezes que já se feriu.

Despois de me acalmar, procurei algo no armário para vestir. Uma blusa bege de mangas compridas, uma calça jeans clara e uma sapatilha. Confortável para usar em um domingo frio e chuvoso, na minha opinião. Olhei no relógio. Onze horas.

Fiz lasanha para o almoço, e fui trabalhar um pouco no computador. Tinha algumas imagens para editar, e o tempo voou. Quando dei por mim já eram 18h47.

Paul! Eu estava atrasada! Desliguei o computador e peguei as chaves do carro e meu cachecol vermelho, jogando no pescoço. Tranquei a casa ao sair e entrei no carro, logo rumando na direção da casa do meu namorado.

Eu morava relativamente longe da cidade, por vários motivos. Eu fui criada no centro da cidade, então eu estava cansada daquele agito todo, o que, somado aos meus pesadelos recorrentes, me estressava a um ponto impossível de suportar, além de comprometer muito a qualidade do meu trabalho, já que minha criatividade toda dependia do meu humor.

Seriam apenas uns 25 minutos até a casa de Paul, se não estivesse chovendo torrencialmente. Odiava dirigir na chuva, e se Paul não estivesse me esperando com um lindo anel de diamantes para pedir minha mão, eu juro que surtaria.

Dez minutos se passavam, e a chuva só aumentava.

Dei um grito quando ela surgiu. A moça de vestido castanho. Apenas alguns metros na frente do carro. Apareceu e desapareceu em milésimos de segundo, o que me fez questionar se ela realmente surgira. Mas meu susto foi o bastante.

Perdi a direção do carro, que perdeu o controle por causa da chuva, e nem ao menos entendi o que estava acontecendo antes do mundo girar barranco abaixo.

Bati a cabeça em algum lugar enquanto o carro capotava.

E conheci o pai de todos os pesadelos quando tudo a minha volta escureceu.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado e perdoem qualquer erro!! Que tal deixar um comentário? Faria a autora ter mais vontade ainda de escrever :)

Beijos!