O Caminho da Expressão escrita por GMarques


Capítulo 9
O Invasor de Sistemas.


Notas iniciais do capítulo

Amiguinhos, quarta-feira não teve capítulo novo pois estou atrasado quanto aos capítulos já prontos e por mais que eu tente adiantá-los talvez próxima quarta-feira também não tenha, mas farei o máximo para conseguir postá-lo.

RELEMBRANDO: Capítulo passado Marcos e Helena se reuniram na antiga casa da família Merk com os contrários, lá obtiveram respostas e Marcos foi convidado a "descobrir informações" para Os Contra, agora ele tem de se decidir entre aceitar ou não.



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—Bom dia, Marcos. —Helena diz enquanto gentilmente ajeita seu cabelo com as mãos.

—Bom dia. —Respondo.

—Bom dia. —O "bom dia" de Júlia é curto e rápido —Helena me contou tudo sobre ontem.

Olho fixamente para Helena, eu quem queria contar para minha irmã. Helena se toca.

—Ela me encheu a manhã inteira perguntando sobre isso. —Helena confessa —Me desculpa mas eu não aguentei.

—E você demorou muito para acordar. —Júlia completa —O que eu acho esquisito, você sempre acorda cedo.

—Demorei para conseguir dormir... —Eu explico. Fiquei a noite inteira pensando em aceitar ou negar mas não cheguei a lugar nenhum.

—Já chegou a alguma conclusão? —Helena questiona.

—Quem dera eu chegasse. —Falo a verdade, eu não sei —Estou confuso.

—Saiba que qual for sua decisão eu ainda estarei do seu lado. —Helena me ajuda a levantar —Coma alguma coisa.

—Eu comprei um pão e dividi em três. —Júlia comenta enquanto me entrega um pedaço.

—Obrigado. —Agradeço às duas ao mesmo tempo.

—Estou saindo, tchau. —Júlia se despede.

—Aonde vai? —Pergunto.

—À padaria, não se lembra?

—Ah sim, lembro-me. Tome cuidado.

—Não vai tentar me impedir? —Júlia faz cara de surpresa —Hoje chove! —Ela sai rindo enquanto fecha a porta.

—Estamos sozinhos. Quer fazer algo ou ir a algum lugar? —Helena pergunta.

—Sim, vamos ao cemitério. —Mesmo que eu não tenha ido ao enterro de Lucas eu não posso simplesmente esquecê-lo —Tenho que me despedir de Lucas...

—Está bem, eu te levo até lá.

~~~

O cemitério não é tão perto de casa, na verdade o cemitério fica no centro da cidade. Konets é um país distribuído em agrupamentos nomeados com números, estes agrupamentos costumam ter por volta de três grandes cidades que são conhecidas oficialmente como setores e nomeadas com letras. Seguindo essa lógica eu vivo em 3A. Quanto mais próximo de 1A mais próximo estou da "gloriosa" capital konetista. Não é permitido sair de um agrupamento para outro sem a autorização do governo, estamos presos.

Para chegar temos que caminhar por um período considerável de tempo, por Lucas a caminhada vale a pena, ele era como um irmão para mim. Quando sua mãe é morta e seu pai é levado para ninguém sabe onde você tende a se fechar e ele foi um grande amigo nessa minha fase, conversava comigo e sempre estava ao meu lado, assim como Helena, se não fosse por ele e sua mãe talvez minha irmã e eu não estivéssemos aqui para contar história.

—Como você acha que o mundo era, Marcos? —Helena começa a puxar assunto no meio do caminho.

—Como assim? —Questiono-a.

—Como você acha que era antes d'A Grande Guerra? —Fala gesticulando com as mãos, ela dá uma pausa e continua —Como as pessoas eram?

—Eu não sei. Talvez fossem felizes, livres para fazerem o que quisessem.

—Deve ter sido bons tempos... —Ela para e senta no meio-fio da calçada.

—Deve ter sido sim... —As pessoas devem ter tido de tudo para criar um mundo melhor, poderíamos estar em boas situações hoje, talvez estivéssemos viajando pelo espaço ou descobrindo novos limites —...Mas quer saber de uma coisa? As pessoas do passado eram mal-agradecidas.

—Por que você acha isso? —Ela levanta a cabeça para fazer contato visual.

—Porque tinham de tudo para fazer do mundo um lugar melhor e desperdiçaram a oportunidade com guerras, com ganância...

Helena se levanta e concorda fazendo um sim com a cabeça voltando a caminhar sem nenhuma palavra.

Mesmo sendo domingo as pessoas não saem muito à rua, afinal o que fariam? Não há muita coisa a se fazer, alguns vão ao mercado comprar o pouco que podem para o mês, outros ficam na porta de suas casas ou trabalham no seu único dia de folga pois não conseguem sustentar suas famílias com seu salário. O salário que ganho é razoável e permite que eu e Júlia vivamos bem.

~~~

O portão do cemitério é alto e com a parte de cima circular, o que cerca o cemitério são como lanças de ferro cortadas por outro ferro no meio, tudo isso dá um ar horrível ao local. O portão está aberto e uma trilha de pedras principal vai até o final do cemitério. Adentramos.

—É por aqui. —Helena me chama e se enfia entre os túmulos.

Sigo-a, não é uma boa sensação se adentrar entre os túmulos. Fico imaginando as pessoas que aqui estão enterradas e como elas morreram, se foi pelo sistema ou não, milhares e milhares delas.

Ela, Helena, para ao lado de um túmulo, ele é baixo e tem pedra cujo o nome de Lucas está escrito. Eu me agacho perto e fico em silêncio por um tempo. Não sei o que fazer, não consigo imaginar que meu amigo está aqui, embaixo da terra.

—Eu devo fazer algo para vingá-lo. —Digo.

—Como assim? —Helena pareceu não entender —O que você está pensando em fazer?

—Eu vou aceitar, —Talvez seja algo que eu possa fazer para ajudar a todos —vou ajudar Os Contra.

—Você tem certeza disso? Talvez esteja somente movido pela emoção... —Seu rosto é de preocupação. Provavelmente Helena não queira perder mais ninguém.

—Total certeza. —Eu sei que pode ser perigoso mas tenho que assumir o risco para que as pessoas que eu amo hoje possam ter um futuro melhor. Se eu fizer isso, descobrir onde fica algum campo de trabalho, talvez eu possa ajudar a salvar aqueles que estão presos —Vou no endereço que Fábio me deu.

—Eu vou te acompanhar.

"Até logo, meu amigo" penso comigo enquanto me levanto, talvez esteja neste cemitério brevemente.

—O quanto mais cedo formos melhor. —Falo ao mesmo tempo em que me enfio entre os túmulos rumo à trilha principal.

—Então vamos.

~~~

Procure-me quando estiver pronto

Avenida Principal, prédio 25 -

7° andar, sala 4

A Avenida Principal traz a vida à cidade, por lá estão os prédios mais importantes onde as pessoas mais trabalham, inclusive é lá onde eu trabalho.

Helena e eu usamos o transporte público, é caro e sujo mas comecei a sentir dores e ela insistiu. Esta avenida ainda é um pouco movimentada durante o domingo por aqueles que não usam o dia de folga para uma folga.

O prédio 25 é branco e tem muitas janelas com filme preto. Há uma porta de vidro escuro por onde Helena e eu entramos.

O lado de dentro é convidativo, é uma sala branca com pisos de mármore claro e colunas de sustentação. Há alguns assentos de espera e, de frente para a entrada, um balcão de madeira, no qual há uma campainha e um computador, com uma porta de cada lado.

—Não tem ninguém aqui. —Helena fala.

—Se você não dissesse eu não perceberia. —Observo mais a sala e vejo um elevador na parede à esquerda —Vamos pegar o elevador. —Aproximo-me e chamo-o.

—Sétimo andar, lá vamos nós. —Ela se aproxima também.

O elevador chega, possui muitos espelhos e a sua parte inferior é de madeira. Quando vamo-nos pôr a entrar um homem sai de uma das portas ao lado do balcão, ele usa um terno e é calvo na parte de cima da cabeça.

—A qual andar vocês vão? —Ele fala em um alto tom.

—Ao sétimo. —Helena conta e não sei se isso foi uma boa ideia de sua parte.

Seguro o elevador para não fechar.

—O sétimo andar está fechado... —O homem soa com um tom de desconfiado.

—É... —Helena engasga.

—Sétimo? —Olho para o papel com o endereço mais uma vez para disfarçar —É oitavo, ela se enganou. Podemos ir? —Estou com medo da resposta mas tento não demonstrar frustração.

O homem não pensa muito e responde:

—Podem sim, é só apertar 8.

—Obrigado. —Agradeço-lhe.

Entramos no elevador e aperto o botão para o oitavo andar, para fazer aparência. Logo noto que não tem um botão para o sétimo, ele foi retirado.

—Essa foi por pouco. —Helena deixa transparecer um alívio quando as portas se fecham.

—Será que o sétimo andar está realmente fechado? —Pergunto —Porque olhe, não tem o botão para o sétimo.

—Vamos usar as escadas assim que chegarmos ao oitavo, —Helena dá a opção —então assim saberemos se está fechado.

—Mas e se estiver fechado? —Pergunto, temos essas possibilidade.

—Iremos embora.

Quando chegamos ao oitavo andar as portas se abrem e procuramos por escadas. Além do elevador aqui tem um corredor com algumas várias portas brancas. Quando encontramos a escada descemo-la.

Entramos por uma porta na qual havia um 7 escrito à tinta vermelha. É igual ao oitavo andar, com exceção de que o elevador está fechado com tábuas e que as portas não têm numeração, como vamos descobrir qual é a sala quatro?

—Os números foram arrancados. —Digo.

Helena sai à frente no corredor e vai até mais ao fundo olhando porta a porta.

—Estas portas estão muito bem pintadas para um andar fechado. —Helena comenta.

—Você tem razão...

—Ei, olha. —Helena grita —Eu achei, é a única porta com um número.

Me aproximo, não há outras portas com números e essa é a única, ironicamente com o número quatro. Quando me aproximo para bater na porta Alice Delboni abre-a falando:

—Vocês falam muito alto, entrem.

Nós entramos e aqui é como uma casa, gentilmente organizada e com uma aparência confortável. O branco domina por aqui, talvez Alice, ou Fábio, tenha uma obsessão pela cor.

—Onde está seu pai? —Pergunto.

—Eu estou aqui. —Ele sai de uma porta —Pensou na proposta?

—Sim. —Posso estar assinando minha morte aceitando sua proposta —Eu vou ser o seu "invasor de sistemas".

—Bravo. —Ele dá um sorriso de canto.


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Notas finais do capítulo

GMarques , Os Contra não deveria ser Os ContraS?
—Non, Contra é o nome do grupo contrário, o artigo vem no plural para dar a ideia de um grupo. Já "os contrários" é quem faz parte do grupo Contra. Por mais que esses nomes possam se confundir durante a história o oficial é esse. ^.^



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