Quanto mais nervosa eu fico, mais devagar o tempo passa. Apenas mais um minuto, verifico as horas em meu celular, esse último minuto ia passando cada vez mais lentamente.

45 segundos. Faço contagem regressiva na minha cabeça. 44, 43, 42, 41... O tempo me tortura. Respiro fundo quando termino de contar e tomo coragem para pegar o teste de gravidez que havia deixado dentro da pia.

Duas linhas. Positivo. Sinto uma lágrima escorrer pela minha bochecha. O que eu iria dizer para minha família? Eu não contei nem mesmo para minha irmã das minhas suspeitas. E Jason, com certeza esse bebê é filho dele. Limpo o rosto e saio do banheiro, levando o teste em minhas mãos. Sento na ponta da cama e fico alguns instantes em silêncio.

Grávida. Eu estou grávida. Mal entrei na faculdade e já terei de sair para cuidar de uma criança. Como é que meus pais receberiam essa notícia? Iriam gostar? Iriam me expulsar de casa com uma mão na frente e outra atrás?

Mas o pior não é isso, o pior é ter 19 anos e estar grávida. Muita gente vai dizer que eu perdi minha vida de jovem, perdi baladas e blá-blá-blá.

Levanto-me e saio da casa de Jason, deixo um bilhete no criado-mudo ao lado de sua cama escrito: ”tive que ir embora. Piper”.

Entro no carro o mais rápido que consigo, a única coisa que eu não queria agora era ter que encontrar com Jason, eu não conseguiria encarar ele.

Chego em casa e subo correndo para meu quarto. Faço questão de trancar a porta e atirar longe o teste. Começo chorar que nem uma criança com medo. Não que eu não queria ter filhos, eu queria, mas não agora, eu tinha planejado estudar, casar e depois engravidar. Eu estou com medo.

- Piper, posso entrar? –ouço a voz de minha irmã, Silena, me perguntar.

Destranco a porta e deixo um espaço para ela entrar, trancando-a novamente

Silena me olha assustada e me abraça, fazendo desse jeito eu encarar o teste. Quando ela me solta, limpa minhas lágrimas e por fim pergunta:

- O que ouve?

- Eu to grávida – respondo com a voz embargada como sempre acontece depois de eu chorar.

- O que? – Silena pergunta com os olhos arregalados.

Vou em direção ao teste de gravidez pegando-o e entregando a ela.

- Essas duas linhas significam...

- Positivo – completo.

Sento na cama e Silena me segue, sinto seu abraço ao meu redor e encosto minha cabeça em seu ombro.

- Eu não to preparada pra ser chamada de mãe – digo.

- Eu sei, eu sei. Já contou para nossos pais?

- Não contei nem para Jason.

- Então fale com ele primeiro. Vou lá embaixo dizer que está tudo bem – ela fala e sai do quarto.

Pego o celular e ligo para Jason.

“Alô?”

“Oi Jason. É a Piper.”

“Ah, oi Pipes. Aconteceu alguma coisa?”

“A gente precisa conversar. Você tá em casa?”

“Sim. Pode vir aqui.”

“Ta bem, eu to indo. Tchau.”

“Tchau.”

Pego minha bolsa e saio do quarto, tomando cuidado para não fazer nenhum barulho. Consigo e vou a caminho de sua casa. Chego lá e toco a campainha, sua madrasta, Hera, atende a porta. Ele ainda morava com o pai e a madrasta.

- Oi Piper – ela me cumprimenta séria.

- Oi, o Jason está?

- Sim, ele está no quarto dele. Pode ir lá.

- Obrigada.

Entro e subo as escadas, bato na porta e logo em seguida abro a porta. Ele está sentado na escrivaninha lendo um livro que provavelmente seja da faculdade.

- Oi – ele levanta e me dá um selinho, fechando a porta depois. – Aconteceu alguma coisa? Alias a marca de suas unhas ainda estão nas minhas costas.

Dou um riso baixo e me sento na cama. Jason senta do meu lado e segura minhas mãos.

- Aconteceu algo?

- Mais ou menos – respondo abaixando a cabeça.

- Se você quer alguma coisa para beber, sei lá, eu posso ir lá pe...

- Jason eu to grávida! De você! – interrompo ele.