Hipnotizados escrita por Wendy


Capítulo 30
Caça às bruxas


Notas iniciais do capítulo

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Noah e Lana voltaram para a casa de Anúbis e, assim como Peter havia dito que aconteceria, algumas de suas coisas haviam sumido e o chacal não estava lá.

Embora estivesse cansada, a garota não conseguiu dormir durante aquela noite. Comeu sem vontade o alimento que Noah lhe dera, apenas porque estava muito fraca e não podia se dar ao luxo de ficar pior.

Refletia sobre no quanto o garoto lhe ajudara. Sempre apreciou os atos de Peter, mas somente agora se dera conta do quão especial ele era. Agora que o perdera para sempre. Suas lágrimas molhavam o travesseiro abraçado por ela, até que Lana finalmente conseguiu adormecer. Preferia mil vezes ter permanecido acordada ao invés de aturar os terríveis pesadelos que a assombraram pelo resto da noite.

Noah pôde ouvir por muito tempo os soluços da menina enquanto encarava a escuridão. Estava deitado no sofá da sala e, assim como ela, não conseguiu dormir durante horas.

Lembrou-se de como gostou de Peter e como poderiam ter virado grandes amigos. Havia tantas magias e encantamentos que gostaria de ensinar a ele. Quem sabe até treina-lo para que ficasse ainda mais forte e ganhasse total controle de seus poderes.

Também pensou em Jorah. Lembrou-se de quando ele era apenas um garotinho e de como sempre arrumavam brigas. Noah era bem mais velho, então sempre dava um jeito de sair ganhando. Sorriu com as lembranças. Apesar de tudo, Noah gostava de concentrar-se nas coisas boas, principalmente em um momento como esse.

E foi pensando nos dois que acabou deixando algumas lágrimas descerem por seu rosto. Quando finalmente se recuperou, notou que a casa estava silenciosa. Lana havia finalmente dormido e logo ele também cochilou.

☼ ☼ ☼

O dia amanheceu quieto e fúnebre. Lana e Noah não trocaram nenhuma palavra e não tinham vontade de fazer nada, a não ser pensar sobre tudo o que ocorrera. Estavam de luto.

Finalmente, o bruxo chamou Margot, Hector e Matt para que pudesse lhes dar a notícia. Queria avisar Anúbis, mas não sabia como contata-lo. Só poderia avisá-lo quando o chacal voltasse para casa, algo que ninguém fazia a mínima ideia de quando iria acontecer.

Quando todos estavam finalmente reunidos, Noah contou tudo o que aconteceu e Lana ouviu atentamente. Já havia acabado com seu estoque de lágrimas durante a noite.

Matt e Hector ficaram horrorizados, sem saber o que dizer. Não esperavam por uma notícia como essa. Margot abraçou Lana, confortando-a. Depois, juntou-se a Noah e se encostou em seu ombro. O bruxo sentiu-se grato pelo apoio.

O silêncio reinava naquela sala triste e de clima pesado. Cada um imerso em seus próprios sentimentos, porém, todos imaginando o quão terrível havia sido a noite anterior. Infelizmente, não havia nenhum tipo de feitiço que pudesse reverter aquilo; Pelo menos, não que Noah tivesse conhecimento.

De repente, um único som deixou todos em alerta. Alguém estava batendo na porta. Todos ficaram em dúvida sobre quem seria, mas ninguém estava à fim de se locomover. Noah tomou a iniciativa, como proprietário temporário da residência.

Anúbis já voltou?” Pensou ele.

Max não iria bater para entrar na própria casa” Pensou Matt.

Quando abriu a porta, seus olhos se arregalaram. Aquilo não era verdade. Não podia ser. Provavelmente alguma ilusão causada pela tristeza ou pelo cansaço. Talvez estivesse dormindo e tudo o que acontecera naquela manhã fosse apenas um sonho. E como última possibilidade, pensou que fosse apenas algo da sua imaginação. Algo que desejava estar acontecendo. Piscou seus olhos, mas nada mudou: Ainda estava lá. Ele ainda estava lá.

—Não vai me deixar entrar? –Sorriu Peter.

A única resposta que conseguiu encontrar foi abraça-lo imediatamente, emocionado. Sentia vontade de chorar, mas acabou rindo.

Quando o rapaz entrou, Lana e Margot correram imediatamente para abraça-lo, incrédulas. Margot e Peter riram quando Lana o beijou, embora a mais velha não conseguisse conter o choro. Para sua sorte, estava sem maquiagem dessa vez.

Matt abraçou o garoto agarrando seu pescoço com um dos braços e trazendo-o para perto de si, dando tapinhas em suas costas. E por fim, Hector, que também chorava, o abraçou junto do ruivo.

—Também estou feliz por ver vocês, pessoal.

☼ ☼ ☼

Após vários minutos tentando assimilar que aquilo era real, finalmente deixaram Peter se alimentar e tomar um banho, ainda pensando no que poderia ter acontecido e, principalmente, em como ele tinha escapado com vida.

Quando voltou, o rapaz prometeu que contaria tudo o que houve no prédio da AMCB. Entretanto, logo notaram que faltava algo: Peter estava sem seu cachecol verde.

—Tudo bem, eu vou contar.

[Flashback Onn]

Enquanto lutava para tomar a arma de Jorah, Peter percebeu que Noah havia conseguido resgatar Lana. Isso o tranquilizou, porém, não estava satisfeito. Ainda sentia raiva por tudo o que o velho havia feito e sabia que, caso parasse ali, iria morrer.

Quando Noah finalmente fugiu, o fogo estava tomando conta do quarto e era difícil respirar. Os dois começavam a sentir tontura e inspiravam muita fumaça, que logo iria queimá-los por dentro. O calor estava insuportável. Não podiam continuar naquele local.

Jorah perdeu o equilíbrio e caiu, estava exausto. Aproveitando a chance, Peter preparou-se para fugir, mas foi impedido. O velho agarrou seu longo cachecol, impossibilitando-o de andar. O metal da arma que ele havia resgatado e agora apontava para Peter estava superaquecido e queimava sua mão, contudo, ele não largaria antes de atirar. Como estava quase desmaiando, não conseguia mirar no rapaz, de forma que o bruxo ganhou tempo para pensar e tomar uma atitude.

Peter, embora devastado pelo calor e pela fumaça, concentrou-se em sua força interior, esquecendo-se por um segundo da situação em que estava e mantendo seu foco apenas no homem com quem lutava. Imaginou-o mudando seu braço de direção, até que finalmente conseguiu transportar sua idealização para a realidade. Jorah tremia enquanto apontava a arma para sua própria cabeça. Sua mão estava intensamente queimada e faltava muito pouco para que ele não ficasse inconsciente.

Peter teve a sensação de que deveria mata-lo imediatamente. Nunca sentira tanta vontade de atirar em alguém. Era como se alguma espécie de força estivesse o induzindo àquilo. E foi então que compreendeu: Ele havia roubado uma alma do Mundo dos Mortos, e só poderia pagar sua dúvida com a Morte se lhe entregasse outra alma. Esta poderia ser a sua própria ou a de outro alguém.

Pensando de forma racional, o bruxo não queria ter que matar mais ninguém, porém, era sua única opção. O fogo aumentava, assim como a quantidade de fumaça em seu pulmão. O tempo havia acabado.

—Eu sinto muito, Noah.

Jorah, a comando de Peter, puxou o gatilho e caiu, sem vida, no chão. Como havia agarrado fortemente seu cachecol, o bruxo não conseguiu tirá-lo de sua mão enrugada, então, foi forçado a abandonar o acessório que sua mãe lhe deu enquanto ainda era uma criança.

Enquanto fugia do fogo, pôde jurar que sentiu a presença da Morte ir embora, apesar de ainda estar sob grande risco com aquele enorme incêndio ao seu redor. Sua dívida estava paga.

Precisou pular de uma janela antes que o fogo tomasse conta de todo e prédio e se arrastou para longe daquele lugar. Ele estava exausto como nunca e acabou dormindo ali mesmo, no chão. Respirava com dificuldade e sentia dores por todo o corpo.

Antes de adormecer, contudo, o bruxo sentiu-se feliz.

[Flashback Off]

Noah ficou em silêncio. Compreendia que aquilo havia sido necessário, mas não podia deixar de entristecer-se. Manteve seu pensamento positivo, afirmando para si mesmo que aquele sentimento logo iria passar. E, além do mais, agora ele não estava sozinho.

—Sinto muito pelo seu cachecol. –Disse Hector. –Parecia muito importante para você.

—Ah, não se preocupe. –Peter tocou em sua cicatriz em forma de lua minguante no pescoço. –Eu não vejo mais necessidade em esconder isso.

—Bem, - Matt parecia aliviado. –Fico feliz que tudo tenha dado certo.

—Eu também. –Peter sorriu. –Mas, precisamos tomar cuidado com pessoas como Jorah. Aquele prédio é apenas um entre as inúmeras bases da AMCB espalhadas por aí. Eu me vejo no dever de encontrar todas elas.

—Quer saber. –Noah levantou-se. –Pode contar comigo! Além disso, também estou louco para sair por aí e descobrir se há mais bruxas e bruxos iguais a nós. Não acredito que sejamos os únicos. Vamos começar a nossa própria Caça às Bruxas!

—Eles realmente acham que são bruxos? –Matt cochichou para Hector.

O advogado deu de ombros. Não se importava.

—Eu estou dentro! –Exclamou Margot, se levantando. –Se quiserem, posso até me infiltrar no meio da associação para encontrar pistas.

—Eu também! –Lana se animou.

Peter sorriu. Nunca teve amigos que o apoiassem dessa maneira.

—Podemos ir o quanto antes. –Sugeriu Noah. –Mal posso esperar para sair daqui.

—Espere aí, mocinho. –Interrompeu Margot. –Onde você pensa que vai com esse cabelo? Precisamos dar um jeito nisso!


Noah alisou seus bagunçados cabelos e percebeu que eles realmente precisavam de um bom corte. Não viam uma tesoura há – literalmente -décadas e estavam totalmente embaraçados.

Lana riu e abraçou Peter. Ambos sabiam que, a partir de agora, tudo iria mudar. E pra melhor.

☼ ☼ ☼

Alguns dias depois, Peter reuniu-se novamente com seu grupo. Estava pronto para sair de casa acompanhado de Noah, Lana e Margot, que se despediam de Matt e Hector. Os dois ficariam para dar continuidade ao negócio de Matt com o tráfico de armas, que sempre andara muito bem, embora assustasse Hector.

Enquanto trazia uma mochila com suas coisas, Peter reparou que um dos braços de Matt estava por cima dos ombros de Hector, abraçando-o. Os dois pareciam bem próximos.

—Espere aí. Vocês estão juntos?

—Estamos o que o Hector quiser.

—Matt... –Era impossível que ele ficasse mais vermelho. Se fosse um avestruz, já teria enterrado todo o seu corpo, invés de apenas a cabeça.

O meio-ruivo piscou, como costumava fazer. Divertia-se com o constrangimento do outro.

O bruxo não precisou perguntar mais nada. Ficou feliz pelos dois. Estava prestes a finalmente se despedir da dupla, quando uma manchete no jornal que passava na TV chamou sua atenção.

“Vingança.” Dizia a Jornalista. “Assassino conhecido mundialmente como Anúbis, o Chacal fez mais uma vítima nessa madrugada”.

—Não acredito. –Sorriu Matt, que não segurou o riso.

“Dessa vez, tratava-se do famoso e detestado David Schade, conhecido por seus atos de extrema insanidade. Fontes afirmam que Anúbis teria perseguido Schade até sua residência, queimado seus olhos e o estrangulado com as próprias mãos, até finalmente mata-lo com uma faca de cozinha.”

—Agora eu não acredito. –Completou Hector, chocado.

“A polícia continua sua busca pelo criminoso e deixa o alerta: Prestem atenção ao saírem pelas ruas e tomem muito cuidado. Nunca saberemos a hora ou o local em que o chacal irá atacar novamente”.

—Eu acredito. –Sorriu Peter.

“As últimas imagens feitas de Anúbis foram retiradas de uma câmera de segurança instalada na casa de David. Acompanhe conosco:”

Nas gravações, Max parecia mais feliz do que nunca e não tinha medo de demonstrar isso. Finalmente cumprira seu objetivo de vida.

Peter, Matt e Hector ficaram felizes pelo amigo, apesar de não ser uma das notícias mais bonitas que alguém poderia receber.

☼ ☼ ☼

Enquanto Peter observava a paisagem pela janela do carro de Margot, que os guiava até um local onde havia o rumor de existir bruxas, ele refletia sobre a vida e tudo o que acontecera.

Pensou em sua mãe e em seu pai. Imaginou como havia sido a época em que os dois estavam juntos e também seus avós. Pensou sobre a maneira como se olhavam.

Provavelmente da mesma maneira como ele olhava para as nuvens lá fora, enquanto Lana dormia encostada em seu peito. Da mesma maneira como Noah, no banco do carona, olhava para o fogo que dançava em sua mão, contemplando-o. Da mesma maneira que Margot olhava para o homem que agora tinha cabelos curtos, idealizando um futuro ao seu lado. Da mesma maneira como Anúbis olhava para uma nova aventura. Da mesma maneira como Matt e Hector olhavam um para o outro. Da mesma maneira que, durante muito tempo, olhou para Lara. Talvez, essa fosse a mesma maneira como olhava para aqueles que ele manipulava através de seus poderes, do mesmo jeito que os fazia olharem para ele.

Esse mesmo modo de olhar que todos exibiam, como se estivessem sob uma espécie de transe. Como se estivessem hipnotizados.

Fim


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Notas finais do capítulo

Oi pessoas!
Muito obrigada por terem acompanhado a história até aqui, vocês são demais ♥♥ Até os fantasminhas haha
Fico muito feliz por ter concluído a fic, depois de muito tempo escrevendo e revisando.
Caso se interessem, tenho algumas outras histórias postadas e tem coisa nova vindo por aí.
Até mais o/