Dublê de pai! escrita por AneQueen


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

obrigada, pelos comentarios. :) segue outro capítulo !!!



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Cruzou a sala, retirou os cobertores. Deparou-se com seu pior pesadelo: um bebê.

Droga. Não podia ser uma criança. Ele não cuidava de crianças.

Nunca.

Independentemente disso, havia uma ali. Chutando e gritando. Em sua sala.

A boquinha estava aberta, e o som que saia da garganta da criança atingia um tom agudo reservado a bandas de rock.

Robin estava um pouco tentado a colocar os cobertores de volta, voltar ao escritório e fechar a porta. Mas, se fizesse isso, alguém apareceria em sua porta, demandando que fizesse alguma coisa sobre o barulho. Além disso, não estava ranzinza o bastante para deixar um bebê chorando sozinho em sua sala.

— Ei — disse. — Ei! — O bebê continuou gritando. — Ei! — repetiu mais alto. — Chega. Não estou a fim.

Dessa vez, o bebê parou. Fitou-o. Os olhos azuis e as bochechas vermelhas. Uma lembrança cruzou sua mente.

Droga.

Fechou os olhos por um segundo, mas isso só fez o passado sair de uma das gavetas de sua mente e apoderar-se dele. Abriu os olhos e exalou. Era melhor quando o bebê estava chorando, alto o bastante para não deixá-lo ouvir seus próprios pensamentos. Deu três passos para trás, distanciando-se do monte rosa. Aquelas memórias dissiparam-se um pouco, mas não desapareceram. Não completamente.

Precisava tirar aquela criança dali. Era o que ele realmente precisava fazer.

Então poderia trabalhar tentando transformar aquele manuscrito em algo legível e dar um novo rumo à sua carreira.

— Escute criança tenho que trabalhar. Você pode ficar aí quieta. Vou ver se a Sra. Belle ainda está aqui e vou mandá-la achar outra pessoa. Não posso cuidar de você. — Sacudiu o dedo na direção do bebê. — Falo sério. Nem um pio, entendeu?

O bebê piscou, segurou a ponta do cobertor. Provavelmente assustado.

Bom. Agora podia se concentrar de novo.

Dirigiu-se à porta da frente. Esperava encontrar a Sra. Belle antes que ela saísse. Ela não era rápida no volante.

Logo que saiu do campo de visão da criança, o choro recomeçou. Aparentemente, alguém não entendia bem instruções. Robin abriu a porta, colocou a cabeça para fora e viu...

Ninguém. A vaga da Sra. Belle estava vazia e silenciosa, sem o carro cinza.

Voltou-se para o bebê.

— Pare, estou falando sério. — Apontou para ela. Um murmúrio, uma piscadela e alguns cuspes antes que ela parasse.

Fitou-a. Ela o fitou. Confiando. Quase... Feliz.

Droga. Não. Não podia fazer isso. Não ficava perto de um bebê desde que...

Bem, não ia cuidar dela. Era só isso.

O problema? Não havia outra opção adulta. Era o único.

Robin cruzou os braços.

— Então, de quem você é filha? A Sra. Belle falou que era de alguém chamada... — Pensou. — Regi? Regina?

A criança não ajudava. Sem resposta. Só piscava. Os lábios se contorcendo.

— Nem comece.

Ela choramingou e ameaçou abrir o berreiro de novo: Ele fez o que esperava não ter que fazer...

Inclinou-se e chegou perto dela. Devia haver algum crachá nela ou algo assim.

Primeiramente, checou a cadeirinha, girando-a e mexendo nos brinquedos.

Procurando um adesivo “Por favor, retornar para...”.

Nada.

Levantou os cobertores, olhando devagar, pedaço por pedaço. Todas as crianças deviam usar um adesivo ou alguma coisa com a qual pudessem ser levadas de volta para casa.

Mas essa não tinha nada. E isso significava que estava preso em seu pior pesadelo com a única coisa da qual, dentre todas as pessoas, não deveria cuidar.

Uma criança pequena.

O dia de Regina Mills estava cheio. Suas melhores intenções foram desviadas, antes que chegasse ao trabalho, pelo número de e-mails e mensagens que recebera. Sem mencionar as reuniões, uma atrás da outra. Suspirou e afundou-se na cadeira de couro de sua mesa, observando o bolo de papéis com mensagens, acompanhado de um telefone tocando furiosamente. Uma reunião de duas horas e seu dia explodira enquanto estava fora.

Se não estivesse presa em reuniões durante metade do dia, a maior parte das quais não foi nada produtiva, teria feito muito mais num quarto do tempo.

Seu plano de sair mais cedo e ficar com Sabrina fora por água abaixo.

O buraco em seu coração aumentou. Todo dia, a dor de querer estar em casa e a necessidade de estar trabalhando, num trabalho que, um dia, acreditou que amava. Hoje, mais que isso, precisava pagar as contas, cuidar de si e de Sabrina, o que cavava um buraco ainda maior em seu coração. Como as outras mulheres faziam? Como equilibravam família e trabalho?

Uma mensagem por vez murmurou para si mesma e começou a revirar os papéis.

Como produtora de um novo programa de entrevistas com celebridades na TV, em Boston, ócio não fazia parte de seu vocabulário.

Além disso, trabalhou por anos para alcançar esse cargo, para finalmente ter uma chance de provar sua capacidade. Certo, não era exatamente o que queria na faculdade.

Esse trabalho era um pequeno desvio do que sonhara na Universidade de Harvard.

Ainda assim, o trabalho na televisão melhoraria seu currículo e poderia levá-la ao que realmente queria. Ou, pelo menos, era o que achava. De qualquer maneira, provavelmente ela destruiria a própria carreira se desistisse agora.

Suspirou. Não que sua conta bancária lhe desse essa opção.

A pressão de ser tudo... Mãe; pai, provedora... Pesava mais a cada dia. Tentava ignorar. Mas era mãe solteira. Sua preocupação não mudaria isso, mesmo que, às vezes, se perguntasse se estava fazendo seu trabalho bem-feito.

Admirou a foto de Sabrina, o coração apertado ao ver sua querida bebê de oito meses. Então, olhou novamente para a pilha de papéis. Trabalho. Um caminho para um final melhor.

Ruby marcara urgente em todas as mensagens. Tudo nesse trabalho era urgente, considerando que entraram no ar havia uma semana. Achar convidados, histórias, tudo enchia seus dias como um furacão.

Pelo menos, um terço das mensagens tinha o nome da Sra.Belle. Sorriu e passou por essas sem lê-las. Costumava deixá-las para á hora do almoço, como uma sobremesa emocional, para quando tivesse tempo de se maravilhar com os detalhes do dia de Sabrina. Ela era uma ótima babá, mas achava que tinha que ligar e reportar cada mamada, cada troca de fralda, cada barulho.

Eram detalhes que ela adorava ouvir, mas faziam-na sentir mais saudade da filha. Se ela pudesse ouvir os barulhos. Ou dar as mamadeiras. Mas, todas as manhãs; deixava Bri. E parecia deixar uma parte de seu coração.

De qualquer modo, a Sra.Belle era uma dádiva. Cuidava de Sabrina por muito menos do que qualquer babá em Boston cobraria. Ela vira a saia justa na qual Regina estava e apiedou-se. E, provavelmente, apaixonou-se pelos olhos azuis de Sabrina.

Quem não se apaixonaria? Sabrina, em sua opinião, era o bebê mais fofo do mundo.

Segurou a foto e passou os dedos pelo rostinho de Bri.

— Saudades, bebê — sussurrou. — Estou fazendo o melhor que posso.

Então voltou ao trabalho. Por agora, as mensagens da Sra.Belle teriam que esperar. Se Regina se distraísse pensando em Sabrina, nunca acabaria o trabalho.

Em vez disso, ela retornou a ligação de uma celebridade convidada que estava repensando a aparição no show. Algo sobre “coxas feias” anotou Ruby.

Alguém bateu à porta, e Ruby apareceu.

— Vi que recebeu as mensagens. Estou surpresa por você ter ficado.

— Está brincando? Com tantas ligações para retornar, terei sorte se sair este ano.

Do corredor, ouviu Killian gritando.

— Regina! Reunião em 15 minutos! Esteja pronta!

Droga. Esqueceu de preparar a lista de patrocinadores em potencial para Killian.

Outra coisa para adicionar num dia que já parecia impossível. Passou a mão pelo cabelo e disse a si mesma que conseguiria.

Ruby arqueou as sobrancelhas, confusa.

— Então, você está bem com o que a Sra. Belle fez?

Uma recepcionista entediada atendeu a ligação para a tal celebridade.

— Oi, aqui é Regina Mills, retornando a ligação de Mary Margaret. Ela está? — A recepcionista murmurou algo, e a música de espera começou a tocar. Olhou para Ruby novamente. — O que ela fez? Deixe-me adivinhar: levou Sabrina ao shopping e mimou-a? Juro, ela é uma santa. Comprou mais roupas para minha filha do que eu.

— A “babá do mês” teve que largar sua filha e sair. A irmã dela passou mal ou algo assim. Não consegui ouvir. Killian estava no meio de um ataque.

Logo que Mary disse oi, Regina desligou o telefone e começou a revirar os papéis novamente. Ruby organizara-os cronologicamente e, enquanto os lia, viu a história se desenrolando.

— A Sra.Belle ligou. Ela precisa que você retorne. Pode ter que sair antes. Sra. Belle novamente. Irmã doente. Precisa que você volte. A Sra. Belle não consegue falar com você. Deixará Sabrina com o vizinho.


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