Dublê de pai! escrita por AneQueen


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Olá, espero que vcs gostem da minha primeira fic. Desde já peço perdão pelos erros.



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Ele entrou silenciosamente no quarto, com passos abafados pelo barulho da tempestade de verão.

Levantou a faca, hesitando somente para se deleitar com o rápido flash de luz do relâmpago, que iluminava o rosto aterrorizado de sua vítima, quando...

— Robin Hood, eu preciso de sua ajuda!

Robin Hood xingou. Duas vezes. Sua vizinha. Sra. Belle, uma daquelas pessoas que precisa de favores, como chocólatras precisam de chocolate, estava em algum lugar no andar de baixo.

Interrompendo. Novamente.

— Estou trabalhando, Sra. Belle. No livro — disse alto.

— Eu sei — respondeu ela, aumentando o volume da voz, enquanto subia as escadas. — Mas eu tenho...

— Estou perto do prazo de entrega — gritou.

Na verdade, já tinha passado do prazo.

— Mas você tem que...

— E se eu for atrapalhado, perco minha concentração. — Já havia dito isso mil vezes, mas ela ainda entrava sem ser convidada. E a culpa, era dele mesmo. Esquecera de trancar a porta depois de pegar o jornal esta manhã.

Precisava de um cão de guarda. Bem grande.

Ah, diabos. Não faria diferença. A escrita dele era uma droga, com ou sem cachorro.

Já perdera o prazo, irritara seu editor, quase destruíra sua própria carreira.

O que mais poderia dar errado?

— É uma emergência — disse a Sra. Belle, colocando a cabeça e o cabelo cacheado para dentro do escritório e do campo de visão de Robin. — Sei que você pediu para não ser incomodado, mas estou desesperada, Robin. Desesperada. Você disse que, quando eu precisasse, me ajudaria.

Semana passada, ela também se desesperara quando precisou de açúcar para fazer um bolo de framboesa. E, na outra, quando precisou trocar uma lâmpada. Na semana anterior, ela chamara-o quatro vezes em um dia porque tinha certeza de que o barulho que ouvia na janela era de um intruso.

— Tentei ligar — disse ela. — Por dez minutos

— Desliguei o telefone. — De propósito, adicionaria, mas isso a ofenderia. E ainda diria que ela é a razão pela qual desligara o telefone.

Ele gostava da Sra. Belle. Tinha aquela aparência de avó, um arsenal aparentemente interminável de biscoitos e bolinhos e jeito de mãe coruja, mas esse pacote vinha equipado com uma tendência de aparecer repentinamente, precisando de algo a cada minuto. E Robin realmente precisava terminar este livro, pois ele estava atrasado.

— Desculpe incomodá-lo novamente, Robin, mas, dessa vez, realmente preciso de você. Minha irmã...

O rosto dele corou. Seu estômago se contorceu algo lhe dizia que isso não era uma lâmpada ou algo muito alto numa prateleira.

— Minha irmã teve um ataque cardíaco e... — Ela levou a mão à boca. Os olhos azuis encheram-se de lágrimas.

Um sentimento de arrependimento apoderou-se de Robin, ele ficou de pé num salto, foi até a mulher e ficou ali, impotente, nem como amigo, nem como desconhecido.

Naquele limbo de vizinhos, distantes demais para um abraço. Não que ele fosse do tipo que abraçava.

— Sinto muito, Sra.Belle. Precisa de carona até o hospital?

— Não. Mas preciso que você... — Ela sorriu esperançosa —... Cuide de Sabrina.

— Sabrina?

— Sim. Ela está dormindo no andar de baixo. Todas as coisas dela estão lá. — E começou a ir embora.

— Espere. Quem? Que coisas?

A Sra. Belle virou a cabeça para ele.

— Pensei que havia contado. Estou cuidando dela para uma vizinha. Regina Mills. Vive na casinha do outro lado da rua. Você sabe a casa marrom...

Robin fitou o computador, sem escutar a descrição interminável. A luz do dia queimava, assim como o temperamento ruim de seu editor. Não tinha tempo nem vontade de cuidar nem de uma planta.

— Sra.Belle, não há outra...

— Não se preocupe — interrompeu-a. — Deixei uma mensagem para Regina. Ela deve chegar a qualquer momento. Certamente, você pode cuidar dela até lá? Além disso, provavelmente será bom para você. Pode dar uma nova perspectiva ao trabalho. — Interpretando a falta de resposta como um sim, a Sra. Belle desceu as escadas, pensando na irmã. — Obrigada!

Antes que ele pudesse responder, ela saiu, e ele ouviu a porta bater.

Por que nunca compartilhou a angústia de um escritor com sua vizinha? Esteve vivendo sozinho por muito tempo, realmente. E agora ela o deixara com Sabrina, seja lá quem fosse. Provavelmente o gato da vizinha. A Sra. Belle, amiga dos gatos, era conhecida por cuidar dos bichinhos dos vizinhos quando eles viajavam.

Ótimo. Agora ele tinha um cachorro, ou um gato, para cuidar. Bom, poderia ser pior.

Podia estar preso com um...

Um choro estridente quebrou o silêncio da casa. Não quebrou, retalhou o silêncio.

— O quê...?

Robin correu do escritório para a grande sala, girando, procurando a causa do barulho. Primeiramente, no grande espaço, não conseguiu identificar o que era. Rezando para que fosse um CD no aparelho de som ou alguém lá fora, quem sabe o grito de um adolescente fazendo uma manobra de 180° com o skate na rua sem saída, finalmente, viu um monte de cobertores cor-de-rosa contorcendo-se numa coisa de plástico que balançava no chão, perto de sua poltrona favorita.

Uma criança.


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Notas finais do capítulo

comente queridos :)