Dublê de pai! escrita por AneQueen


Capítulo 19
Capítulo 19


Notas iniciais do capítulo

O encontro



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Regina esperava que Robin fizesse o mínimo para deixar a Sra.Belle feliz e tirá-la da cola deles sobre ir a um “encontro”. Uma refeição rápida numa lanchonete local ou algo assim.

Então viu a limusine.

E Robin num terno azul-marinho, esperando ao lado do automóvel prateado, longo e luxuoso.

Desceu os degraus, um de cada vez, ficando mais boquiaberta a cada passo.

— O que... O que está fazendo, Robin?

Ele sorriu.

— Seguindo as instruções da Sra. Belle.

— Não me lembro de ela dizer nada sobre limusines.

Aproximou-se.

— Ela disse algo sobre romancear.

Chegou ao último degrau.

— Não, acho que não.

Robin estendeu a mão, esperando que a segurasse.

— Não? Bom, estava subentendido.

— Não acho que...

Ele pressionou o dedo em seus lábios, interrompendo-a.

— Definitivamente, acho que você está precisando de um romance, Regina Mills.

O coração dela acelerou. Tentou engolir, respirar, mas não conseguiu. Tremeu ansiosa. Precisando de romance? Talvez, mas um pouco de romance traria muitos problemas. Definitivamente, não estava seguindo suas regras. Já violara todas.

Entrou na limusine, na qual foi envolvida por um interior de couro e veludo.

Champanhe gelada esperava ao lado dos assentos, assim como um vaso com uma única rosa. Virou-se para Robin, impressionada.

— Você... Pensou em tudo.

— Só porque não consigo escrever uma cena romântica não significa que não consiga fazer uma. — Entregou-lhe uma taça de champanhe quando o carro começou a se mover. — A uma noite inesquecível — disse, encostando o copo no dela.

— Já está sendo. — Bebeu o líquido doce e dourado, que desceu facilmente por sua garganta.

Aquele olhar azul prendeu o dela. Então se inclinou lentamente e tirou a taça de sua mão, apoiando-a no suporte, sem quebrar o contato visual, mais intoxicante que o álcool.

— Você está maravilhosa, Regina. A saia que você usou mais cedo era linda, mas esse vestido...

— Obrigada.

— É ainda mais incrível, deslumbrante, lindo, impressionante...

Riu.

— Entendi. Não precisa usar todo o seu vocabulário.

— Ah, preciso. Porque acho que você não sabe como é maravilhosa, Regina Mills. Vestindo jeans, saia... Sentada em um banco no parque fitando o sol ou só acordando em minha casa.

— Isso tudo faz parte do plano romântico?

Ele balançou a cabeça vagarosamente, ainda prendendo o olhar de Regina.

— Não é um plano, nem um livro, nem qualquer tipo de ficção. É simplesmente o que você merece: uma noite maravilhosa fora. — Robin segurou a mão dela, com um gesto tão doce e cavalheiro que a surpreendeu.

Conversaram sobre coisas bobas, como o tempo e o bairro. Para ela, a conversa fiada era uma ótima suspensão das preocupações com contas, trabalho e bebê. Logo depois, a limusine parou. A cobertura luminosa do Jardim Merlot estava à frente deles, anunciando a entrada para um pequeno restaurante italiano, conhecido pelo vinho internacional e a atenção requintada aos detalhes.

— Sempre quis vir aqui.

— O dono é meu amigo. É maravilhoso. — Ainda segurando a mão dela, em uma experiência maravilhosa e única que não esperava; Robin a levou para dentro.

— Robin! Entre, entre! — Um homem largo, vestindo um terno preto e uma gravata rosa brilhante, veio encontrá-los quando entraram. Ele abraçou Robin e o soltou. — E quem é essa bela senhorita?

— Essa é Regina Mills. Regina, esse é August, o dono. Conhecemos-nos na faculdade. Ele fazia milagres com um prato quente e um micro-ondas.

— Um micro-ondas contrabandeado, eu devo confessar — disse August, rindo. — Mas não contamos isso ao reitor.

— Não contamos muitas coisas ao reitor — acrescentou Robin.

Os dois riram mais, trocando histórias da faculdade sobre festas noturnas, peças pregadas e aulas que mataram enquanto andavam até uma cabine no fundo.

— Chegamos. Aproveitem a refeição. — August acenou para que entrassem, então desapareceu na cozinha.

Cortinas de veludo trilhavam os lados da cabine, criando um refugio quieto e privado. O sistema de som tocava música instrumental suave, e uma vela iluminava o local. O cenário não seria mais romântico mesmo que fosse um filme.

— Esse lugar é maravilhoso — disse ela. Recostou-se no assento, aproveitando simplesmente estar fora de casa, num restaurante de verdade, em vez de uma cozinha com um pote de papinha na mão. — Você vem muito aqui?

— Quer dizer, se tive muitos encontros aqui?

— Não foi isso...

— Já vim muito aqui, mas só para deixar August me alimentar. Nunca trouxe uma mulher aqui num encontro. — Ele sorriu. — Não poderia cortejá-la repetindo uma cena que já escrevi, poderia?

— Não. — Outra vez, excitação a preencheu. Mas foi logo seguida de perguntas.

Por que Robin estava fazendo tudo isso? Já deixara muito claro que não estava interessado numa relação estável. Não era o tipo de homem que queria ser marido, pai. E realmente, não ia perder seu tempo namorando homens que não teriam futuro na vida de Sabrina. Nem tinha certeza se estava pronta para um futuro com outro homem.

Robin sabia disso. O que a levava à mesma questão. Por que ele teria esse trabalho se não tinha intenções além desta noite? Em cada beijo, lia mais do que só uma noite, e ainda assim...

As palavras dele diziam totalmente o contrário.

— Sua garrafa de Chardonnay. — A garçonete apresentou o vinho e duas taças. Ela serviu e esperou que Robin experimentasse e murmurasse algo em aceitação antes de sair novamente.

— O ravióli de lagosta daqui é ótimo. E a lasanha de cogumelos, também.

Ele abriu o cardápio.

— Robin, por que está fazendo isso?

— Achei que queria uma sugestão, como já vim aqui algumas vezes. Mas, se quiser, posso chamar August. Ele já experimentou tudo.

— Não, quis dizer, por que está se dando ao trabalho de me conquistar se não tem intenções de me amar também?

As palavras ficaram entre eles, pesadas. Robin apoiou o cardápio sobre a mesa e empurrou-o para o lado.

— Não estou tentando fazer isso, Regina.

— Uma noite fora agradável. Um jantar agradável.

Regina tinha que parar de se enganar, parar de se envolver com esses detalhes e ser realista sobre o que esta noite significava.

— Um encontro por pena da mãe solteira.

— Não, claro que não.

— Vamos, Robin, não me trate com condescendência. Eu entendo. Não precisa sentar aqui e fingir que está a fim de mim e desta noite. Nós dois sabemos como vai terminar.

— Regina...

— Você vai voltar para sua vida solitária. E eu, para minha. — Ela respirou e forçou as palavras pela garganta. — Não posso me apaixonar por você, Robin. Não posso fazer isso comigo e com minha filha, porque sei como é perder alguém. Então não desperdice isso comigo. — Gesticulou para o cenário romântico. — Pode usar essas artimanhas para uma mulher que não venha com tantas complicações. — Apanhou a bolsa, com o coração partido. — Obrigada mesmo assim.

— Por que está me agradecendo?

— Porque, por um minuto, você me fez lembrar como era ser mulher. E me fez perceber que há esperanças de que eu tenha uma vida algum dia. Com um homem que quer o que quero. — Seu olhar encontrou o dele, e todos aqueles beijos, as vezes que segurara sua mão e os sorrisos afundaram dentro dela. — Queria que fosse você e sinto muito que não tenha sido. Boa noite, Robin. Muita sorte com seu livro.

Então se virou e saiu antes que mudasse de ideia e cometesse um erro do qual se arrependeria não só esta noite.

Mas por anos.

Depois que pagou o taxista, tocou a campainha da Sra.Belle e preparou-se para o sermão que viria. Como esperado, ela fez uma careta quando abriu a porta. Sabrina estava no chão da sala, balançando um chocalho.

— Onde está Robin? Por que voltou tão cedo?

— Senti saudade de Sabrina — disse, enquanto entrava na casa e sentava-se no chão, ao lado da filha. Bri fitou a mãe e sorriu, deixando o chocalho e segurando seu dedo com força, como se não quisesse que ela fosse embora novamente. — Não é razão o bastante para voltar mais cedo?

— Não quando você deveria estar fora se divertindo. E especialmente não quando saiu daqui numa limusine e voltou num táxi.

Ela xingou mentalmente em direção à grande janela da sala na frente da casa, pela qual a Sra.Belle assistia ao movimento do bairro.

— Obrigada por cuidar de Sabrina hoje, mas Robin e eu... Não fomos feitos para namorar.

A Sra. Belle apoiou a limonada numa mesa e sentou-se perto dela numa poltrona ornada.

— Por que, exatamente?

Suspirou.

— É complicado. Basta dizer que queremos coisas diferentes.

— Ou vocês acham isso.

— Falamos sobre isso. Ele não quer se casar ou ter filhos. Ele está muito certo disso.

— Homens. Nunca sabem o que querem. Você tem que dizer a ele o que ele quer.

Riu.

— Sinto que Robin não é o tipo de cara ao qual você pode dizer alguma coisa.

A senhora considerou aquelas palavras enquanto bebericava a limonada.

— Talvez. Mas, ainda assim, acho que ele vai mudar de ideia.

Sabrina começou a chutar e assoprar bolhas, então riu; sozinha. Regina riu também e beijou a testa de sua filha.

— Não tenho tempo para isso. Sabrina é minha programação única.

A senhora se inclinou, com o rosto carrancudo.

— Se deixar a criança ser seu mundo todo, Regina, um dia vai acordar, a criança vai ter crescido, e seu mundo estará vazio.

Fitou Sabrina, com oito meses, ainda tão dependente.

— Ainda estou longe disso.

— Esses anos passam mais rápido do que você pensa querida.


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Notas finais do capítulo

ai meu Heart :)