Smiths escrita por Breatty


Capítulo 5
Temaki


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo está cheio de love pra vocês. Entre tapas e beijos. ♥



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Jane sentou um pouco na cadeira que ainda estava meio escorregadia depois da transa com John, e ficou pensando nele e no que ela tinha dito pra ele.

— Ai John, só você pra me tirar do sério assim.

Ela pensa alto e se levanta decidida pra procurar o marido, pega a bolsa e apaga a luz do escritório fechando a porta ao sair.

— Ei Sarah, você viu o John?

— Faz alguns minutos que vi ele entrando no escritório dele. Só não sei se ainda está lá.

— Ah... valeu.

Jane vai até o escritório dele e bate na porta abrindo em seguida e não encontra nada lá. Saí perguntando a algumas pessoas sobre ele, mas nenhuma delas viu ou sabe onde ele está. Ela então percebe que ele deve ter saído da agência e decide ir pra garagem pegar o carro e lá pensar no que fazer. Quando chega lá pergunta ao porteiro e ele diz que viu o John pegar um táxi faz alguns minutos, ela entra então no carro e pega o celular pra ligar pra ele. No terceiro toque ele atende.

— John?

— Oi.

— Oi... desculpe pelas coisas que eu disse... eu fiquei nervosa, amor. Me desculpe, por favor. – sussurra com dificuldade de articular as palavras.

Ele não diz nada, mas ela escuta ele respirando do outro lado da linha.

— John?

— Sim...

— Ouviu o que eu falei?

— Claro que sim.

— Não vai dizer nada?

— O que quer que eu diga?

— Sei lá... só não me deixe ficar pior do que já estou.

— Imagine eu.

— John, por favor... o que você quer que eu faça?

— Faça o que sempre você faz.

— Como assim?

— Faça tudo do seu jeito e do seu gosto. Afinal, só assim você se sente bem, não é? Pronto, você tem a resposta. – responde áspero, atingindo em cheio ela.

— Caramba, dá pra você tentar ser cordial comigo? Me ajude.

— Fala sério, Jane.

— Porquê de repente você ficou tão insensível e sarcástico?

— Deve ser porque hoje você voltou a ser a Jane fria e teimosa de antes.

— Nossa...

— Eu estou apenas tratando você do jeito como me tratou agora a pouco. E pelo visto você não está gostando, da mesma forma que eu não gostei mais cedo.

Jane fica calada sem saber o que falar, ela sente raiva e sente vontade de encher ele de pancada, mas ao mesmo tempo está sensível e se odiando pela forma como se comportou.

— Onde você está?

— Peguei um táxi.

— Não vamos mais almoçar?

— Acho que não... perdi a fome. – ele mente e se faz de durão, mas está mexido por dentro.

Jane decidi não questionar e deixar John esfriar a cabeça e fazer o que ele quiser fazer. Ela nunca gostou de pressionar ninguém porque odeia ser pressionada, então sempre prefere o caminho da cordialidade.

— Está bem.

— Está na empresa ainda?

— Ah, sim... vou ir pra casa agora.

— Não vai almoçar?

— Me viro em casa.

John escuta e sabe que ela não vai se virar coisa nenhuma, o máximo que vai fazer é comer um pão com queijo e tomar um suco de caixa e vai acabar morrendo de fome. Jane não é preguiçosa, mas quando se trata da cozinha ela mantém a maior distância possível. Independente de tudo, ele sempre se preocupa com ela.

— Certo...

— Então... até mais. Vou desligar. Beijos.

Ela segue pra casa e durante o caminho vai ouvindo música e pensando sobre as coisas. Depois de uns dez minutos chega na cobertura, decidi tomar um banho e veste um pijama preto, short e blusa, e prende o cabelo em um rabo de cavalo alto. Pega o MacBook e senta no balcão da cozinha para olhar algumas coisas enquanto toma um pote de iogurte com morango.

John pede ao taxista pra rodar um pouco pelo bairro, pois na verdade não quer ir pra lugar nenhum e nem saberia pra onde ir... na realidade ele só pensa em ir pra casa pra dar uns tapas em Jane pra ela deixar de ser cabeça dura e mandona. Quem sabe trocar uns tiros e destruir a cobertura também, ele pensa e sorri com a lembrança do dia em que colocaram a antiga mansão abaixo. A fome aperta mesmo contra a vontade dele e quando o táxi passa em frente a uma loja de hot dog ele pede para o taxista parar e esperar um pouco, então entra na lanchonete e come um hot dog enorme com tudo que tem direito e um refrigerante gelado. Enquanto mata a fome observa uma temakeria logo em frente do outro lado da rua e pensa imediatamente na esposa, afinal ela ama comida oriental e principalmente tamaki. Termina de comer e pensa que Jane provavelmente deve estar morrendo de fome em casa, beliscando biscoito ou alguma fruta sem um almoço decente, e ele tenta ignorar esse fato, mas não consegue deixar de se preocupar com ela. Tenta se fazer de durão para passar por cima dos sentimentos, mas o amor pela Jane fala mais alto e ele vai até a Sogee Temakeria do outro lado da rua e compra dois temakis: O Alaska com salmão, cream cheese, pepino japonês e cebolinha; e o de kani (caranguejo). Sentado no táxi indo pra casa, decidi escrever um recado pra Jane na tampa da embalagem de isopor.

Ele chega em casa depois de quase meia hora e vê a Jane sentada no balcão com as pernas cruzadas no banco usando o MacBook e com um pote de iogurte vazio ao lado. Ela olha pra ele e eles trocam um olhar breve mas intenso, ela volta a se concentrar no notebook e ele vai em direção a ela com a embalagem dos temakis na mão. Quando ele vem chegando perto ela observa o pacote sem entender, mas interessada e ele coloca do lado do MacBook e segue em direção ao quarto se fazendo de indiferente.

— Amor...

— Já volto. Vou só tomar um banho.

Ela concorda e abre o saco curiosa e vê na tampa da embalagem um recado com a letra perfeita do marido:

Veja como me preocupo com você.

Eu não mereço o mesmo?

Só quero que você entenda.

Pense.

Ass. Seu marido.

Jane sentiu uma vontade enorme de chorar, uma vontade de abraçar as pernas, abaixar a cabeça e ficar encolhida em um canto chorando igual como fazia quando era garotinha e se sentia só e abandonada no abrigo em que vivia quando nova. Mas a vontade de chorar que ela sentia naquele momento não era devido aos mesmos motivos pelo qual chorava em sua infância e sim totalmente o contrário, nesse momento ela se sentia mais protegida e mais amada do que nunca, ela não se sentia só e sim rodeada de amor tudo por causa da simples, mas direta declaração do John, na simples caixa de isopor que trazia os temakis que ela tanto amava. E não só dessa, mas de todas as outras declarações que ele sempre faz pra ela, gestos simples que só ele sabe fazer.

— Aí John, você sempre consegue acabar comigo... me desestruturar. Seu filho da puta. – pensa alto, olhando o recado e os temakis, sorrindo se sentindo uma boba deslumbrada.

A barriga dela ronca e então ela devora o primeiro temaki de salmão, melando os dedos todos com o cream cheese parecendo uma criança comendo chocolate e doce.

John entra na cozinha de banho tomado e cheiroso vestido com a calça de um pijama apenas, dá a volta no balcão e observa a Jane devorar os últimos pedaços de um dos temakis, ele fica satisfeito e orgulhoso. De boca cheia ela observa ele pegar uma garrafa de vinho.

— Vai querer?

Ela faz sinal com o dedão que sim, ainda com a boca cheia, ele pega duas taças e serve ambas.

— Amor, vem cá. Senta aqui.

Ela bate no banco ao lado fazendo sinal pra ele sentar, e ele vai carregando as duas taças com uma postura e uma expressão de indiferença e seriedade. Ela pega a embalagem da comida e mostra o recado a ele.

— Só você mesmo pra fazer essas coisas comigo... e ainda traz minha comida preferida, do meu sabor preferido e com esse recado atencioso. Obrigada. Eu amei. Fico sem saber o que falar na verdade. Só você pra me deixar sem palavras, e eu falo sério.

— Que bom que gostou. Eu sabia que você não ia ter o que comer, então meu bom senso falou mais alto.

— Seu bom senso? Tem certeza? Eu sei que você é educado, mas acho que tem mais coisa aí.

— Sim.

— Sim o que?

— Sim... além da minha educação, o meu amor por você falou mais alto. Mas acho que você sabe, satisfeita?

— Muito. – sorri envergonhada.

— Não vai comer o outro? – ele desconversa, não querendo perder a pose de durão e magoado.

— Vou sim, estou desejando ele. Mas primeiro temos que bater um papo.

— Jane...

— A propósito, você comeu algo? Pode comer ele se quiser.

— Não, valeu, trouxe pra você mesmo. Eu comi um hot dog.

— Delícia.

— É.

— Olha John, para com essa pose de durão e insensível agora! Você não é assim... Eu sei que você está magoado comigo, e com razão, mas não adianta você ficar me tratando desse jeito. Eu posso até merecer, eu sei, mas isso não vai levar a nada em nosso relacionamento.

— Eu sei que não vai levar a nada. Você já disse que não. Você já deu a sua última palavra hoje, não foi?

— John... não é isso que eu quis dizer. Esquece o que aconteceu hoje lá no escritório, eu mandei super mal com você. Desculpa.

— Ainda bem que você sabe.

— Eu fui estúpida, como já fui no passado. Sei lá, fiquei nervosa, você sabe que é um assunto delicado pra mim. Merda John, eu não queria ter magoado você. Jamais. Amor, eu estou tentando falar tudo que sinto, você me ensinou a ser mais sincera com você.

John tenta a todo momento se manter distante e ser frio, mas ele não é assim e mesmo que esteja puto da vida com ela não consegue manter a pose diante da sinceridade e da vulnerabilidade que ela está demonstrando pra ele. Sim, ele está magoado e sabe que ela perdeu o controle pois fazia tempo que ela não se comportava daquele jeito tão frio e distante, ele sabe que pra ela é difícil falar sobre filhos afinal não é a primeira vez que brigam por conta disso. Só que ele não desiste e não vai desistir, e por isso vem tentando aproximar cada vez mais Jane da ideia. Ele sabe que ela acha que não tem dom pra ser mãe e coloca vários empecilhos, mas ele tem certeza que isso não é verdade e já viu em várias ocasiões a Jane demonstrar um lado amoroso materno, e por isso não vai desistir.

— Jane, olha. – olha direto nos olhos dela. — Eu amo você, é simples assim. Mesmo que você me chute, grite comigo ou faça qualquer outra merda isso não vai mudar. Eu fiquei magoado sim, estou com raiva sim e você pisou na bola sim... Mas ao mesmo tempo eu entendo você, ok? Eu não sou egoísta e me preocupo com você. E eu só quero que você pense um pouco no meu lado também. Não quero brigar com você de novo, isso ficou no passado.

Jane escuta com atenção, encarando o olhar sincero e penetrante dele fazendo ela se sentir vulnerável como se ele pudesse ver por dentro dela e ler todos os seus pensamentos. Sim, ele causa essa sensação nela. Só ele.

— Posso te fazer um pedido?

— Todos.

— Você me pede no recado aqui da embalagem pra pensar, não é?

— Sim...

— Então é isso que eu vou fazer. Porque eu amo você.

— Você vai pensar? – ele não consegue acreditar, e sente uma felicidade enorme.

— Isso. Pensar. Eu posso?

— Você vai pensar mesmo ou vai apenas me enrolar?

— JOHN! – ela dá um tapa no braço dele e ele se diverti. — Já disse que vou pensar. Não acredita em mim?

— É claro que eu acredito, meu amor. Obrigada Jane. – ele alisa o rosto dela. — Já é um grande passo pra mim. Mas por favor, pense mesmo. É importante pra gente.

— Eu sei. Fique tranquilo. – ela alisa a mão dele.

— Se eu sonhar que você está me enrolando, vou meter bala em você.

— Quer destruir mais uma casa? – provoca.

— Porque não? Uma a mais ou a menos não faz muita diferença. – eles riem.

Ela segura o rosto dele e eles se beijam. Ele segura na bunda dela por cima do tecido macio do short do pijama e as mãos dela exploram as costas largas e fortes dele.

— Agora vou terminar de comer meu combo maravilhoso de temaki.

Ela pega o temaki da embalagem e dá uma mordida caprichada derrubando alguns pedaços de kani no colo. John fica olhando apaixonado, ela leva o temaki até a boca dele e eles dividem até o último pedaço.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Espero que sim!