Terceirão escrita por Rick


Capítulo 2
O mundo está girando


Notas iniciais do capítulo

E aí galera! Esse é o segundo capítulo de "Terceirão". A festa tá rolando! Muita coisa vem por aí! Espero que vocês curtam.
Ah, comenta aí! É de graça e ajuda pra kct! Abração!



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– Mãe é só uma festa normal. Vai ter refrigerante à vontade e alguns salgadinhos. Tem a ver com o fato de ser o nosso ultimo ano. Só vai estar o pessoal da nossa sala, nem música vai ter. Será um evento social. – Sempre tenho que implorar e dar milhões de satisfações para minha mãe. SEMPRE! Mesmo nas raras vezes que eu saio de casa.

– Você nunca foi de ir a estas festas. Sempre diz, usando suas palavras: que é um porri e que essa garota é um chute no saco.

– Isso é verdade. Mas eu quero ir dessa vez. Só pra comprovar tudo isso.

– Sendo assim eu te levo.

– Não precisa Dona Claudia. Eu vou com o Felipe de táxi. Vamos rachar. Não é muito longe daqui.

– Tá certo! Dez horas quero você aqui!

– Tudo bem. Vai estar chato mesmo. Se der volto até antes.

No fim acabei que me animando para ir no role da Maria Clara.

Ok. Admito que estou indo só por que o Dener me chamou... E antes disso o Fê tinha me chamado.

Por falar nisso, já resolvemos nossa situação. É sempre assim, não passamos mais de um dia brigados.

Apertei a campainha da casa dele.

Demorou alguns minutos.

Finalmente saiu. Estava todo arrumado. Nunca tinha visto ele usando roupas daquele estilo. Meio Sport chic e cabelo penteado.

Ele me olhou dos pés a cabeça.

– Você vai assim? – Nunca, em hipótese alguma diga isso para uma garota. A sorte é que sou diferente e não ligo pra essas besteiras.

Ou será que eu ligo?

– É claro. Queria o que?!

– Sabe que é uma festa na casa da Molly não é?

– E daí?!

– E daí que a menina é podre de rica...

– Vai cagar Felipe! Para com esse papo furado e me deixa entrar. – Fui entrando. – Já chamou o taxi?

– Quem precisa de táxi quando se tem isso? – Ele me mostrou a chave do carro do seu pai que tirou do bolso.

Era um fusca vermelho pelo qual o Sr. Túlio tinha todo o amor do mundo. Era como se fosse uma criança que ele tratava como se fosse parte da família.

– Tá zuando né?! – eu caí na gargalhada. Ele me olhou sério. Então entendi que não era brincadeira. – Você não tem carta de motorista Felipe e seus pais nunca iriam deixar.

– Exato. Mas eles precisaram ir ver a minha avó. Ela teve outra recaída. Vão voltar só amanhã de manhã. Tenho o carro só para mim. – Ele deu um sorriso malicioso.

A vó do Felipe era uma velha doida que estava internada em um asilo na cidade onde ele nasceu (que esqueci o nome). Ela vive tendo acessos de loucura e dando trabalho na asilo onde está internada. Eles sempre chamam os pais do Fê quando isso acontece. Como é uma cidade um pouco longe, eles geralmente passavam a noite em um hotel.

– Sendo assim. Vamos nessa!

Foi a primeira vez que andei de carro com o Felipe.

Para ele não existe PARE, semáforo, faixa de pedestre, nem qualquer outro sinal de transito. É apenas montar no carro e seguir reto.

Desespero total.

Mas chegamos vivos.

Um condomínio enorme. Mansões. Carrões... E uma música extremamente alta que dava pra ouvir logo na portaria.

Identificamos nossos nomes e entramos.

A fila de carros estacionados estava enorme. Muitos, mais muitos carros mesmo. Chegava até o inicio da rua, sendo que a casa dela era a última.

– É isso aí. Vamos ter que deixar o carro aqui e subir a pé. – Felipe disse conformado.

Quando chegamos...

– Ta brincando! – exclamei em voz alta.

– É aí Ana. Relaxa e curte. – Felipe disse todo animado enquanto comia uma espécie de gelatina que estava sendo servida logo na entrada.

Era uma casa gigantesca que tinha sido transformada em uma verdadeira balada. Tive a impressão de que tinha pessoas da cidade inteira. Um pessoal mais velho que eu nunca vi na escola estava lá.

A música eletrônica tocava altíssima. Pessoas dançavam loucamente. Algumas vomitavam, outras gritavam, fumavam, jogavam bebida um no outro... Uma verdadeira loucura que eu nunca tinha visto antes.

Havia também um show de luzes, umas projeções em 3D e pessoas que serviam bebidas por todos os lados. Sem contar o bar que foi montado em cima da piscina enorme que tinha no quintal.

Quando percebi já tinha perdido o Fê.

Acabei tropeçando na anfitriã...

– Mal amada?! Finalmente você veio – ela disse aos berros. – Curte a festa criatura. Você tem todo esse jeito marrento, mas é mais careta que o nerdão do Aldo. – Ela me deixou aos gritos. Totalmente altera.

Quando olhei para o lado eu vi Aldo no meio de uma roda de pessoas desconhecidas que gritavam para ele “virar” uma garrafa de uma bebida qualquer.

Para minha surpresa ele virou. Bebeu tudo, saiu cambaleando e vomitou no pé da primeira pessoa que viu.

Então sai andando pelo meio daquela multidão de pessoas que dançavam no meio do saguão. Trombei com a Camila. Que mesmo bêbada mantinha aquele sorriso irritante na cara.

– Anaaaaa! Queridaaaaa! Que bom que você veio!!! – Também gritava muito, por causa da música alta. – Esta festa está demaissss. Estou tão Felizzzzzzzz. – ela começou a dançar na minha frente como se eu fosse um poste de poli dance. – Eu estou tãoooo afim de beijar alguém...

Me afastei com medo.

Eu é que você não vai beijar querida.

Felipe chegou para me salvar, mas antes que eu pudesse fazer alguma coisa Camila avançou para cima dele. Quando vi os dois estavam se pegando loucamente.

Será que isso sempre acontece nessas festas?

Resolvi ir para a área externa tomar um ar.

Eu definitivamente era a única pessoa sã naquela casa/balada.

Na beira da piscina havia uns cinco caras pelados fazendo uma espécie de contagem regressiva, contaram tudo errado e depois saltaram loucamente na água.

– Ana! Ana! Aninha... Ana, Ana, Ana... – Felipe já estava loukão, com uma felicidade inumana e a boca toda suja de batom vermelho.

– Que foi?

– Você precisa tomar isso. – ele estendeu um copinho de plástico com gelatina para mim.

– Valeu mais não quero. Você chegou a ver o Dener por aí?

– Ahhhhhh! – ele gritou do nada. – Esquece esse cara e CURTE! CURTE!!!

Olhei bem para a gelatina e depois ao meu redor.

Vamos analisar a situação: eu estava em uma festa super badalada, com uma cara super de bosta e era a única super sã.

O que eu fiz?

Chapeiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii

Não faço ideia do que tinha naquela gelatina, mas mudou completamente meu humor.

******

– TAVA NO FLUXO... AVISTEI A NOVINHA NO GRAU... SABE O QUE ELA QUER?! PAU, PAU, PAU ELA QUER PAU!!! – Quando dei por mim estava gritando e cantando loucamente.

– É isso Aí ANAAAAAA! – Camila se juntou a mim e ao Felipe. Aldo estava fazendo uma dança muito louca... Parecia uma minhoca mal matada.

– Quero ver todo mundo ir até o chão... Vai, até o chão!!!! – Não sei quem estava gritando isso, mas eu subia e descia.

– Eu PRECISO IR AO BANHEIRO!!! QUERO MIJAR! – gritei no ouvido da Camila. – VAMOS COMIGO?!

– VAMOS QUERIDA!!! – Ela respondeu.

Nós duas saímos ziguezagueando pelo meio da multidão. Eu ia à frente enquanto ela segurava em minha mão para não nos perdemos.

De repente ela soltou. Olhei para trás e estava beijando um cara que eu não conhecia.

– TA BOM! EU VOU SOZINHA! VADIAAAA!

Comecei a subir a maior escada que já vi em minha vida. Por alguma razão pensei que ela me levaria até o banheiro mais próximo.

Tropecei no quarto degrau.

Um cara que vinha descendo ajudou a me levantar. Ele estava fumando um cigarro.

Tomei da mão dele sem pedir, dei um trago e devolvi.

Aquilo queimou o meu pulmão. Subi o resto dos degraus tossindo feito uma vaca velha enquanto ele continuou seu caminho.

Cheguei a um corredor enorme cheio de portas.

– Deve ser alguma dessas. Uhhhhhh! – Saí abrindo portas feito louca. Ria muito de coisa alguma.

Até que...

– Não é o que você está pensando Ana. Espera aí!

Saí correndo pelo corredor.

Dener veio atrás de mim.

– Ana espera! Eu posso explicar!

Tropecei eu meu próprio pé e caí. Sem me mover estendi meus braços e lá fiquei. Largada no tapete felpudo que fedia a vômito.

– Você está bem? Eu te ajudo.

– Não precisa! Me deixa!!!

– Ana, não é o que você está pensando!

– Me deixa!

– É melhor você se levantar se não vão acabar pisando em você.

– Me deixa! Ou você quer que eu grite para todo mundo ouvir o que eu acabei de ver?!

– Se cuida. – Ele me deixou lá, largada no chão. Pessoas começaram a me pular ou então pisar em mim, mas não conseguia me levantar.

O teto estava girando. A casa estava girando... O mundo estava girando.

Fiquei ali, pensando em quão sortudo era o cara que Dener estava beijando.


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Notas finais do capítulo

Essa festa ainda vai dar muito o que falar!
Aguardem o próximo capitulo!