Lendas Renascidas escrita por 2Dobbys


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

oi de novo!!!! Demorei mas voltei!!!
espero que gostem do cap... Bjinhoooooo



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III

 

Hermione e Draco foram levados por Dumbledore à enfermaria. Ele dissera algo a respeito de avisar os seus amigos dessa condição e que naquele momento precisavam de tratamento para o choque da notícia.

Os dois adolescentes quase não prestavam atenção ao Director.

Estavam sozinhos, completamente sozinhos… Agora, quem os apoiaria quando as coisas corressem mal? Afinal ainda tinham amigos, mas esse facto parecia ter ficado muito distante, como um sonho antigo não muito nítido. Mas e durante as férias? Onde ficariam? Com quem? Demasiadas perguntas, todas em catadupa, numa confusão que não os deixava raciocinar.

Agora Hermione compreendia Harry de certa maneira, mas ele sempre vivera sem pais! Não, havia a morte de Sirius. Para Harry, Sirius tinha sido mais do que um padrinho e amigo: tinha sido a versão mais próxima de um 'pai' que ele alguma vez tivera. Agora sim, sabia na perfeição o estrago que tal coisa poderia fazer ao equilíbrio e sanidade mental de uma pessoa. É pura dor, dor que não começa nem acaba, apenas é; não se confia a um só sítio, mas espalha-se por todo o corpo como um veneno. Cada batimento do coração era um relembrar doloroso de que os seus pais jamais voltariam a fazer parte da sua vida.

Draco também pensava no mesmo, e mais ainda. A situação em que se encontrava fez-lhe repensar durante muito tempo o seu modo de vida até ali: a maneira de encarar a vida, as suas escolhas e principalmente as suas acções. Sentia-se surpreendentemente ligado àquela rapariga ao seu lado que sempre desprezara, já não tinha vontade de continuar a ser estúpido… sim, via agora que tinha sido estúpido todos esses anos. Era altura de crescer, de olhar os outros acima da sua ascendência, procurar servir não apenas os seus interesses mas também os dos outros. Afinal, ele e toda a sua família tinham sido autênticos parasitas da sociedade. Ele decidira que tudo faria para remediar o mal que fizera até ali. Não ia ser fácil, mas estava decidido.

Foi com pensamentos confusos que ambos adormeceram, lado a lado, nas respectivas camas da enfermaria da escola, separados por um biombo que Mme. Pomfrey tirava todas as tardes e punha todas as manhãs (pois sabia da má relação entre eles, embora o retirasse com esperança que começassem a falar como duas pessoas civilizadas). Graças à forte poção sem sonhos, eles tinham um sono tranquilo; quando acordavam é que toda a torrente de memórias do que sucedera os avassalava, o que era um 'abanão' ao seu frágil equilíbrio.

oOo

Já estavam há uns dias na enfermaria, mas não tinham recebido visitas por ordem de Mme. Pomfrey. Segundo ela, eles ainda não estavam prontos para tal.

Draco e Hermione temiam ficar sem voz por falta de uso. Continuavam com a mente num turbilhão, chegando por vezes a perderem-se na dor, mas já estavam mais calmos e com algumas ideias mais claras. Também já comiam por vontade própria - já não precisavam de testar a paciência de Pomfrey, que os obrigava a comer a princípio. Só trocavam comentários (raros) em relação à comida. Também conseguiram garantir que não precisavam do biombo, ou seja, que não iam começar aos insultos nem às variadas tentativas de homicídio.

Draco estava a tentar ganhar coragem para falar com a rapariga ao seu lado. Afinal, ele duvidava que após tantos anos de 'confrontos' eles pudessem ao menos darem-se bem. Era algo estranho, sentir-se assim tão ligado a uma pessoa (que ainda por cima detestada todos aqueles anos) apenas pelas circunstancias… era de loucos! Mas também, quem é que fica são depois de uma destas? Nem ele nem ela seriam os mesmos e, naquele momento, só se tinham um ao outro. No fundo, sabiam que se compreendiam, pelo menos num certo sentido; aquela dor e sentimentos confusos que mais ninguém poderia entender sem ser ela. Ele mal sabia que Hermione estava a pensar exactamente o mesmo e que se decidira a quebrar o gelo.

- Bem, já que parece que vamos ficar aqui algum tempo, acho que podíamos ao menos tentar darmo-nos bem, o que achas? – perguntou ela em catadupa com um tom ansioso. Afinal, tinha resultado momentaneamente quando os dois se dirigiram ao Director.

Draco, por momentos, ficou sem fala de tão espantado que estava até conseguir articular bem as palavras que se esforçavam a sair – Aaa… Sim, também acho.

Olharam-se. Ambos estavam ligeiramente corados. Desataram a rir. Que começo de conversa mais parvo!

- Talvez fosse melhor esquecer afrontas passadas, que tal? – tentou Draco.

Hermione riu suavemente, pensativa. – Definitivamente. Começámos mesmo com o pé errado. Aliás, TU começaste com o pé errado…

Draco sentiu-se ofendido – Até parece que fui o único, menina-sabe-tudo!

A partir daí, já falavam bem um com o outro, embora com pequenas discussões. Descobriram que ao falarem não pensavam tanto nos seus pais, não ficando tão deprimidos. Descobriram ainda que tinham várias coisas em comum - sendo exemplo o gosto pelos livros (o que muito espantou Hermione, percebendo que ele aparentava sempre não se interessar para manter a fachada de 'mau') -, embora também estivessem em profundo desacordo noutras. Dessas vezes, ficavam largas horas a discutir (civilizadamente) os seus pontos de vista, argumentando um contra o outro.

Draco, que nunca tinha sido confrontado por ninguém acerca das suas opiniões pessoais, ficou espantado com o estímulo que Hermione lhe dava apenas por lhe proporcionar uma nova perspectiva das coisas. Também se surpreendeu ao reparar que ela não se 'pavoneava' por ser brilhante, muito pelo contrário. Por vezes ela apresentava-lhe ideias que ele achava tão boas que a apoiou dizendo mesmo que deveriam ser feitas novas leis inspiradas nessas opiniões e postas em prática. Além disso, ele sabia agora de alguma maneira que ela não falaria a ninguém acerca do que lhe acontecera.

Hermione ficou ainda mais surpreendida por ele. O rapaz parvo, vil, insensível e fútil que conhecera afinal crescera com a situação; sabia pensar com coerência, encontrar argumentos para defender os seus ideais e muitas vezes até concordava com ela! Não conseguiu evitar compará-lo a Ron e Harry: embora fossem os melhores amigos há muito tempo, nunca tinham discutido aquele tipo de assuntos. Draco estava realmente mudado, para melhor.

Daqui, ocorreu a sua 1ª transformação enquanto pessoas 'marcadas' – aprenderam a criar um sentimento mútuo que jamais desapareceria: RESPEITO.

Quando ambos atingiram esse estado puro de espírito, sentiram-se por segundos como se tivessem todo o poder para comandar qualquer coisa. Essa sensação foi-se embora tão depressa como veio, deixando-os com uma onda de dor quase insuportável a percorrer todo o corpo. Doía, e muito, mas por onde passava, deixava uma sensação meio… feliz, leve e confortável?

As ondas de dor começavam na cabeça e no coração, indo em todas as direcções, deixando-os ofegantes e a agarrarem os lençóis como se a sua vida dependesse disso. No entanto, doía mais a Draco do que a Hermione, ele ficando quase inconsciente. Quando ela acalmou um pouco, reparou no estado de Draco.

- MADAME POMFREY!!!!!!!

Ela veio quase a voar. Ao passar a varinha por Draco, virou-se para Hermione e percebeu que ela também não estava com bom aspecto e também a analisou.

- Minha querida, o que é que vos aconteceu? – perguntou Mme. Pomfrey alarmada – Vocês estão os dois com altíssimas oscilações no vosso nível de magia, o que se passou?

Hermione contou-lhe acerca das dores e das posteriores sensações felizes, leves e confortáveis que ela sentia.

Mme. Pomfrey olhou-a de olhos arregalados e ficou em silêncio durante um tempo – E sentiste mais alguma coisa? – perguntou ela olhando Hermione como se a visse pela primeira vez. Não pode ser verdade, devo estar sob algum feitiço! Ou então é apenas um sonho!

Hermione tentou lembrar-se da sensação que tivera por breves instantes antes das dores começarem, mas ver Draco naquele estado preocupava-a, agora ainda mais já que tinham começado a dar-se bem. Pelos vistos, Pomfrey reparou que ela não se conseguia concentrar ao ver Draco naquele estado e pressionou-a um pouco – Menina Granger, por favor diga-me exactamente o que sentiu antes das dores começarem, é a única maneira de o ajudar.

A jovem ficou surpreendida por Pomfrey não conseguir saber logo o diagnóstico correcto e respectivo tratamento, e também por ela se referir exactamente a 'antes' do começo das dores, mas ela estava tão preocupada com Draco que fez um esforço suplementar para suprimir a curiosidade e espanto, e mais ainda para se recordar.

- Tive uma breve sensação de… como hei-de dizer… Poder – concluiu Hermione pensativa.

- E…?

- 'E' o quê? – Hermione não percebia onde Pomfrey queria chegar.

- E sentiste-te como, com a sensação de poder?

- 'Senti-me como'? – Hermione já estava a ficar exasperada.

- Sim criança, sentiste-te mal, bem,… assustada?

- Bem… mas assustada também, foi muito estranho mas muitíssimo rápido.

Agora era Hermione que fitava Pomfrey preocupada. Nunca a vira com um ar tão pálido, distante e alheio com gente a sofrer à sua frente.

- Mme. Pomfrey, o Malfoy continua com dores terríveis! – disse Hermione quase a gritar.

A enfermeira olhou para Hermione com doçura e calma – Não te preocupes. Vou ter com o Director e volto já, preciso de esclarecer umas coisas.

Dito isto, dirigiu-se à lareira da enfermaria e desapareceu por detrás de uma enorme labareda.

Hermione estava realmente enfurecida. Como é possível que o tenha deixado neste estado? Olhou para Draco. Ele parecia uma criança a precisar apenas de um abraço forte, quente e que lhe transmitisse confiança, mas ela não se conseguia mexer. Do que é que estava à espera?

Subitamente Draco abriu os olhos e olhou nos de Hermione. As suas palavras foram quase uma brisa – Por favor…

Hermione parecera estar à espera dessa deixa. Levantou-se de um pulo e foi ter à cama de Draco. Ele abraçou-se a ela como se fosse a única maneira de fazer a dor parar.

- Dói tanto… demasiado! – a voz dele estava infantil e frágil como um fio de fumo, o que fez a rapariga ficar ainda mais assustada e a sentir-se impotente.

Ela tinha os olhos rasos de água, mas tentou esconder isso dele – Não te preocupes, Mme. Pomfrey já volta… - e foi interrompida por um grito de dor vindo de Draco, que deixou de se mexer.

- Malfoy…? – não obteve resposta – Malfoy se me ouves, por favor, não desistas agora… Draco – sussurou. Era a primeira vez que o chamava pelo seu primeiro nome -, confias em mim?

Ser chamado pelo seu primeiro nome teve o efeito esperado nele – Confio… - foi a única palavra que conseguiu dizer num sussurro. Hermione estava mais calma agora que ele tinha falado – Então acredita que isto vai acabar, não desistas!

Mais uma vez, a sensação estranha de poder voltou e foi embora de novo. Sem avisar, agora as dores estavam nela, que gritava. Draco perdera a consciência e Hermione caminhava para o mesmo. Antes de 'apagar', ainda viu Mme. Pomfrey e Albus Dumbledore aparecerem na lareira da enfermaria e a virem na sua direcção.

Acabara de ocorrer a 2ª transformação de uma nova etapa que tinham ultrapassado respectivamente: CONFIANÇA e COMPAIXÃO.

(continua...)


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Notas finais do capítulo

uuuuuuuui... o que será que está a acontecer com eles? hum... alguém tem sugestões???