Lendas Renascidas escrita por 2Dobbys


Capítulo 11
Capítulo 11




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/62798/chapter/11

XI

 

Ambos acordaram exactamente ao mesmo tempo, na madrugada seguinte. Tinham estado a falar praticamente a noite toda; por vezes a conversa era interrompida por uns "miminhos" ^^

Estavam na mesma cama da enfermaria, de mãos entrelaçadas, virados um para o outro, olhos nos olhos; Hermione tinha a cabeça apoiada no ombro do loiro;

Draco passou a ter uma das mãos apoiadas na cintura da morena, enquanto a outra lhe afagava os cabelos sedosos. Sentiam que se poderiam admirar mutuamente durante séculos…

- Bom dia. – disse Hermione baixinho.

Draco continuava a olhá-la e a afagá-la em silêncio, embora tivesse esboçado um pequeno sorrisinho quando ela falou. Os olhos dele saltavam dos dela de quando em vez para pousarem um pouco nos lábios dela.

- Dormiste bem? Desculpa por não te ter deixado dormir tanto como o costume, mas há muito tempo que não falava tanto com alguém em tão pouco tempo; falo tão bem ou tão mal que fiz com que adormecêssemos na mesma cama…

Draco calou-a com um beijo demorado. Ela reparou (durante os milésimos de segundo em que ainda mantinha o raciocínio lógico antes de se perder num turbilhão de emoções) que já nenhum deles tinha o habitual mau hálito matinal, o que seria tipicamente humano. Sempre o mantinham fresco.

Ela não conseguia recusar nada daquele loiro quando ele lhe fazia aquilo… ele controlava totalmente e ela não se importava nadinha. Oh Merlin, era tão bom…

Suavemente, o beijo foi sendo interrompido. Draco olhou a morena nos olhos, cheio de… de quê mesmo? Que sentimentos eram aqueles por detrás dos olhos hipnotizantes do loiro?

- Sabias que por vezes falas demais? – sussurrou Draco com voz rouca.

Ela sorriu, enrubescendo – É, já mo tinham dito… tenho essa tendência quando…

Ele levantou uma sobrancelha ao ver que ela se calara – Sim…? Quando o quê?

- Quando fico nervosa…

Ele sorriu, deboche – Eu ponho-te nervosa? Isso é um bom sinal não é?

Ela não teve tempo para responder, pois ambos começaram a ouvir passos que se aproximavam rapidamente da enfermaria.

Rapidamente se desgrudaram e se levantaram. A porta abriu-se de rompante, deixando entrar uma Minerva McGonagall de semblante preocupado.

- Menina Granger? Sr. Malfoy? Podiam acompanhar-me por favor?

Era mais uma ordem do que propriamente uma proposta.

Draco olhou Hermione, à espera. Ela retribuiu o olhar, acenando com a cabeça. Era seguro.

À medida que avançavam pelos corredores, o silêncio quase que se podia cortar à faca, não fosse o suave barulho dos sapatos da bruxa mais velha a ressoarem pelo caminho… sim, os passos dos mais jovens não se ouviam. Eles seguiam a professora com apreensão crescente, de mãos dadas. Já não se separavam.

McGonagall achara estranho a súbita mudança física dos dois, e estranhou ainda mais o silêncio mútuo – Não me querem bombardear com perguntas?

Os jovens olham bem no fundo dos olhos da anciã, o que a fez retrair um pouco. Ela baixou o olhar, percebendo um vislumbre de mãos dadas entre eles. 'Mas o que é que aconteceu com estes dois? O que é que eu não sei?'

Ela continuou, agora em tom mais suave – O Director não me deu pormenores do que vos aconteceu, apenas disse que vocês não precisavam de mais aulas… como é que isso é possível?

Foi Draco a responder – Sem lhe querer faltar ao respeito professora, se o Director não quis abordar essa questão não seremos nós a fazê-lo.

Ela olhou-os preocupada e ligeiramente irritada, pois não costumava que os seus próprios alunos lhe falassem daquela maneira: eles realmente estavam diferentes, para além do óbvio crescimento… ela já era uma mulher alta, mas estes dois conseguiam batê-la no momento… ao contrário do que aconteceria há umas boas semanas atrás.

- Mas… é seguro? Não é nada perigoso?

Eles sorriram de maneira misteriosa, pois tinham percebido do que ela falava – das suas súbitas mudanças e do porquê delas; mais uma vez foi o jovem Malfoy a responder com voz calma – Depende do ponto de vista…

'Este rapaz está muito calmo… e estranho. Definitivamente, isto não é normal…'

Ao chegarem à estátua que dava para o escritório do Director, mal McGonagall tinha aberto a boca para dizer a senha, já a gárgula se tinha desviado, fazendo uma pequena vénia ao pequeno grupo.

Todos ficaram surpreendidíssimos com aquela atitude nunca antes vista. Ao se encaminharem para a entrada livre, Draco e Hermione conseguiram perceber um lampejo de olhar respeitador proveniente da gárgula, que lhes era dirigido.

Os jovens olharam-se: seria por eles se terem tornado as Criaturas-Sem-Nome?

oOo

A professora bateu à porta, que foi imediatamente aberta.

O Director parecia apreensivo, e ao mesmo tempo ansioso.

- Obrigada Minerva, podes deixar-nos.

Ela deixou-os com um último olhar dirigido a Dumbledore que dizia claramente: "Depois tens de me explicar o que se passa tim-tim por tim-tim".

Ao se encontrarem sozinhos, Dumbledore relaxou um pouco a sua postura, demonstrando ainda mais preocupação do que antes.

- Bom dia meus jovens. Peço desculpa pela "reunião" à última da hora, mas recebi ainda há pouco uma notícia extremamente grave…

Eles acenaram com a cabeça em sinal de compreensão. Estavam a sentir-se cada vez menos à vontade para falar bem com as outras pessoas, com o passar do tempo. Como o Director sabia que isso iria acontecer, entendeu que o sinal que eles lhe haviam dado para que continuasse chegava.

- Recebi de uma fonte segura a péssima notícia de que… - e perscrutando os jovens nos olhos disse – … Voldemort vai atacar Hogwarts brevemente.

Estacaram.

- Quão brevemente? – perguntou Draco calmamente.

- Muito brevemente… talvez daqui a dois os três dias, no máximo.

Hermione inspirou e expirou ruidosamente, de olhos levemente fechados. Não, aquilo não podia estar a acontecer, não agora…

- O que podemos fazer?

Dumbledore encarou-a com alguma relutância. É, definitivamente, por vezes mais valia não saber exactamente como as pessoas se sentiam… isto estava a deixá-la ainda mais desconfortável; o Director sempre fora uma pessoa que tinha uma máscara permanente, sendo muitíssimo difícil entrar na sua mente fortemente protegida. Era estranho que isso de nada servisse em comparação à nova capacidade da morena, o que a desconcertava.

- Ele trás um exército com ele… para além de todos os Death Eaters, os inferis e gigantes fazem parte do séquito.

Curta pausa.

- Não foi isso que perguntei, professor. – constatou ela numa voz monocórdica.

Ele olhou-a com atenção – Eu sei, menina Granger.

- E então…? – insistiu Draco. Ele não estava a gostar do ambiente quase hostil que se formara à sua volta, sem razão aparente. Quanto mais depressa saíssem dali, melhor.

- Vou directo ao assunto. – anuiu Dumbledore, sentindo-se derrotado.

Hermione teve que se conter para não exclamar um "Aleluia!".

- O Harry é que vai ter de enfrentar Voldemort, isso é certo. No entanto, é necessário não esquecer que a profecia a ele dirigida fala de um poder…

- …que o senhor das trevas desconhece, sim, é o poder do amor, sabemos disso, e então?

- Então, o "amor" de que a profecia poderia querer referir-se não dizia respeito ao amor demonstrado pelo teu amigo, nem era referente ao da protecção da mãe do Harry.

- Não percebo… - disse Draco confuso – Mas então… que poder é que o Potter tem? Se não era o tal "amor", o que é afinal?

Dumbledore ponderou numa maneira simples de clarificar as coisas – Ele tem um poder que Voldemort desconhece, sim… a tua amizade, Hermione.

Ela arregalou os olhos. Disso é que ela não estava à espera.

- O que é que eu tenho a ver com isso?

- A questão não é o que tu tens a ver com isso, mas o que vocês têm a ver com isso.

- Mas… - começaram os dois jovens em simultâneo.

- Com a tua amizade, Hermione, ele pode ter-te como uma grande aliada. Como vocês os dois – e apontou para eles - agora não se separam (além disso o vosso poder aumenta e muito quando juntos), ele terá o poder que o senhor das Trevas desconhece: vocês! O vosso poder, o vosso amor! Só com a vossa ajuda é que Voldemort pode cair. Ele não espera que o Harry tenha tanto poder do lado dele… isto se vocês aceitarem ajudar, é claro.

O nosso… amor? Não, gostamos muito um do outro mas… amor? É um pouco precipitado… Os dois jovens tinham finalmente percebido o busílis da questão: Dumbledore tinha receio que o mundo mágico e o muggle fossem destruídos apenas porque as mais poderosas criaturas vivas – neste caso, eles – se tinham recusado a ajudá-los; pois ninguém os poderia obrigar a fazer nada que eles não quisessem.

Dumbledore esperou ansiosamente pela resposta, aguardando alguma palavra de um deles.

Alguns minutos se passaram. Dumbledore parecia à beira de um ataque, mas disfarçava muito bem… Hermione sorriu para si mesma. 'Afinal o grande Dumbledore também não é de aço… ele está mesmo a pensar que poderemos recusar!'

Os jovens entreolharam-se. Souberam automaticamente o que o outro pensava a respeito.

Hermione exteriorizou um sorriso suave e pacífico ao voltar a olhar o Director – É claro que vamos lutar ao vosso lado! Não é isso que eu tenho vindo a fazer todos estes anos? Porquê parar agora?

Dumbledore estava visivelmente aliviado – Muito obrigado.

- Nada disso. – contrapôs Draco, recebendo um olhar de espanto proveniente do Director – Apenas vamos continuar a viver neste mundo. Voldemort já fez estragos mais do que suficientes, já chega de sofrimento.

- No fundo houve uma coisa boa em tudo isto. – continuou Hermione – Pelo menos estas situações levaram algumas pessoas mais casmurras e estúpidas a abrirem os olhos a uma realidade que queriam pura e simplesmente ignorar… em situações como estas, não deve nem pode haver imparcialidades.

Dumbledore estava lívido.

- Mas como o Draco disse… já chega. – concluiu ela.

O velho director olhava para os dois jovens à sua frente como se os visse pela primeira vez. Eles tinham amadurecido a um nível que ele nunca pensara que acontecesse tão depressa. Eles podiam fazer realmente qualquer coisa. Ou quase… ainda faltava…

- A vossa transformação já acabou?

Eles nada responderam.

Dumbledore anuiu – A vossa transformação ficará completa quando o último elo que vos separa se ligar, e aí saberão com certeza. E isso é uma coisa que ninguém sabe o que é a não ser que lhe aconteça, nem nunca se sabe quando vai acontecer. Apenas o tempo nos dirá. Dobby! – chamou o Director.

Ouviu-se um curto crack, seguido do aparecimento do pequeno elfo doméstico, que se curvou numa vénia exagerada ainda antes de ver quem se encontrava na divisão – Sim professor Dumbledore, às suas ordens senhor! – e começou a sentir um estranho odor que se lhe entrava pelas narinas, fazendo-as dilatar para melhor absorver o aroma que o deixava com uma óptima sensação.

- Olá, Dobby! – cumprimentou-o uma voz conhecida – Prazer em ver-te!

O elfo olhou para cima. Viu finalmente de onde vinha o maravilhoso aroma que sentia.

À sua frente estava o Director a olhá-lo de maneira simpática por detrás da secretária, e mais duas pessoas (ou pelo menos assim aparentavam ser). Uma delas ele reconheceu de imediato, fazendo os seus olhos brilharem.

- Menina Hermione Granger! Dobby está muito feliz em ver a grande feiticeira e amiga de Harry Potter! E… - a sua voz esmoreceu ao ver quem estava sentado ao lado dela.

Draco sentiu-se genuinamente mal por sempre ter maltratado uma criatura tão… tão como ele! Não havia descrição que encaixasse naquela categoria sem ser mesmo Dobby – Olá, Dobby. É um prazer ver-te.

O pequeno elfo estava confuso… Draco Malfoy era da antiga família onde o elfo tinha servido durante longos e penosos anos, onde sempre fora maltratado por todos os membros da família, incluindo aquele jovem à sua frente, mas… algo nele havia mudado: já não era o mesmo rapazinho arrogante e presunçoso que conhecera… já nem sequer era um rapaz! Aquele aroma… vinha dele e da amiga do jovem Potter! Eles já não eram quem conhecera… eram mais poderosos. O jovem Malfoy já não lhe metia pavor, apenas respeito (e apercebera-se que o sentimento era recíproco, o que o espantou e de que maneira), e a jovem Granger tinha um olhar meigo e quente, mas gelado ao mesmo tempo… como se a essência deles se tivesse alterado.

- Dobby, vejo que notaste algumas mudanças nos nossos amigos… sentes-te bem? - constatou Dumbledore que analisava atentamente cada expressão do elfo através dos óculos de meia-lua.

O elfo olhou para o ancião – Sim, senhor director.

- Hum, interessante… - e mudou de conversa - Podias-me chamar o Harry, Dobby? Diz-lhe que é urgente que venha encontrar-se comigo aqui. Podes fazê-lo?

Os olhos do elfo voltaram a brilhar com força redobrada. Era mais que evidente que o elfo não esquecera que fora o jovem Potter que o tinha libertado daquela família de tiranos. Continuava extremamente grato por isso, sendo que criara uma espécie de culto ao jovem rapaz – Claro senhor, tudo o que quiser senhor! – e desapareceu num estalido seco.

Pouco depois, um rapaz moreno de olhos verdes entra a correr esbaforido no escritório – Director… eu… vim o mais… depressa que pude… - disse ele ofegante, sem notar das duas presenças estranhas ao ambiente até sentir um arrepio quente pela espinha abaixo, que o obrigou a olhar para cima. Estacou.

- Hermione…? – e olhando para o outro – Malfoy?

- Harry, poderias sentar-te? Era mais fácil para te explicar o que se passa…

O moreno sentou-se relutantemente. Toda aquela situação era muito estranha.

Dumbledore falou de tudo, desde a condição dos outros dois ao verdadeiro significado do poder que ele supostamente teria para destruir Voldemort. Ele ficou mudo e calado durante um bom tempo, enquanto digeria a informação. Finalmente olhou para a amiga e para o ex-inimigo com olhos observadores. É, realmente eles estavam bem diferentes: para além de terem crescido quase o dobro do tamanho, o cabelo estava diferente, assim como a cor dos olhos, o olhar e a miscelânea de emoções que se percebiam por detrás deles. Estavam realmente mudados, e não era da sua culpa; pelo menos intencionalmente. Um sentimento de grande bem-estar apoderou-se dele, fazendo-o sentir-se sereno e sorrir levemente para os outros dois e apenas conseguindo pronunciar uma palavra – Obrigado.

Hermione e Draco entreolharam-se, sorrindo, e voltaram os olhares para o moreno – Não tens de quê. – Hermione acrescentou – Apenas precisamos que nos aceites como somos… especialmente que aceites o Draco. Eu não estava a brincar quando disse que ele estava diferente.

- É claro que vou continuar a gostar de embirrar um pouco com vocês, mas isso já é mania demasiado entranhada em mim para o deixar de fazer. – sorriu Draco abertamente com uma piscadela de olho para o outro. Harry sorriu de volta e o loiro continuou – Não nos devemos esquecer do passado para não cometermos erros futuros, mas acho que poderíamos tentar de novo – e estendeu-lhe a mão. Harry apertou-a.

- Concordo plenamente. Se és a "outra metade" da Hermione, deve ser porque não a farás infeliz. Isso basta-me.

- Juntamente por saberes que eu estou marcado para ajudar a repor o equilíbrio, ou seja, não me vou aventurar por maus caminhos mesmo que quisesse. – brincou o loiro. Harry riu – Também. Mas acho que vou seguir um conselho de uma velha amiga. – e olhando para Hermione, acrescentou virando-se novamente para o loiro - Acho que deves ter uma segunda oportunidade…

Dumbledore sorriu, juntamente com os três jovens à sua frente. E ele que pensava que o que estava a acontecer só se poderia realizar nos seus sonhos mais inconcebíveis! Potter e Malfoy a darem-se bem! Bom, pelo menos por agora… mas o passo principal já tinha sido dado: agora era a discussão dos planos para a "recepção" ao lado negro.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

sei que este cap foi meio estranho, mas vai foi necessário... o próximo acho muito fofo... Porquê? Porque vai entrar uma personagem criada por mim que eu pura e simplesmente adoro xD Espero que também gostem tanto dela como eu... hihihi