Cheguei na aula um pouco atrasada por ter ficado no banheiro pensando em um quinto componente para a lista, porém nada vinha a minha mente. Assim que adentrei a sala, vi que Fernanda estava sentada no nosso lugar de costume e que o professor não tinha chego. Sorte a minha. Mike não tinha aquela aula comigo, o que foi uma coisa boa e ruim. Sentia sua falta, mas me obrigou a ter novas amizades.

— Hey — Cumprimentei Nanda sentando-me ao seu lado. Ela ergueu seus olhos castanhos para mim, visivelmente ansiosa. Franzi o cenho — O que houve?

— Encontrei Mike no corredor e ele me contou de seu novo plano louco — Ela esticou a mão na minha direção — Deixe-me ver.

Fiz a expressão mais confusa possível.

— Não sei do que está falando.

Ela sorriu.

— Não minta para mim, Izzy — Ela aproximou ainda mais a mão e levantou uma sobrancelha, esperando. Suspirei, derrotada, e lhe dei o papel que estava praticamente amassado em meu bolso. Ela ficou em silêncio, lendo, até que franziu o cenho — Por que a última lacuna está em branco? Tem tantos esteriótipos que você poderia colocar aqui.

Cruzei os braços, altiva.

— Tipo qual?

Ela deu de ombros.

— O mauricinho?

Apontei para o primeiro item da lista.

— É uma subdivisão do quarterback — Enruguei o nariz — Alex Dornan gosta de mostrar para a escola inteira que o ar que respira é mais caro que o de qualquer um.

— E mesmo assim você vai sair com ele.

Foi a minha vez de dar de ombros.

— Não sou eu quem controla os conceitos de amor e ódio — Peguei a lista da sua mão e a recoloquei no bolso — Estou bastante focada na missão de arranjar o meu clichê. Quando eu menos esperar vou saber o que colocar no último item da lista.

Nanda abriu a boca para talvez acrescentar algo quando fomos rudemente interrompidas pela entrada súbita do professor. Eu passei as mãos por meus cabelos e dei uma olhada de canto para as outras pessoas da sala, até onde Alex estava com o seu pelotão futebolístico. Querendo ou não eu tinha que admitir que ele tinha belos olhos azuis e combinados com a pele clara e os cabelos escuro, ele era o clichê perfeito.

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— Ele topou — Mike disse sentando-se entre mim e Nanda na cadeira do refeitório e pousando sua bandeja em seguida na mesa.

Levantei os meus olhos do meu livro.

— O quê?

Ele revirou os olhos castanhos.

— Alex topou sair com você — Ele disse com a voz entediada e mordeu seu hambúrguer — Ele vai passar na sua casa uma hora depois do fim das aulas.

Pressionei os lábios juntos.

— Como ele sabe onde eu moro?

— Ele é capitão do time e conhece praticamente todos — Ele deu outra mordida no hambúrguer e um pouco de molho ficou no canto de sua boca. Era fofo — E eu dei seu endereço.

Será que seria estranho se eu limpasse a boca dele?

— E o presidente do grêmio? — Nanda questionou fazendo-me sair de meus pensamentos.

Pisquei com força.

— O quê?

Ela também revirou os olhos, trombando um ombro no meu levemente.

— O que está acontecendo com você, Izzy? Estou te dando opções para preencher essa vácuo da lista. O presidente do grêmio.

Balancei a cabeça.

— Subdivisão do nerd.

— O misterioso? — Mike opinou.

Neguei novamente.

— Subdivisão do garoto novo. Até mesmo do bad boy — Fechei o livro, sabendo que não seria capaz de voltar a ler — Preciso pensar em uma roupa que diga: Te odeio, mas se você me mostrar que não é um total idiota como todos dizem que é, vou me apaixonar repentinamente por você e ficar suspirando pelos cantos.

Mike ficou me olhando como se eu fosse um alien.

— Que tal aquela saia vermelha que te dei de natal e você jurou que cortaria um membro antes de usá-la?

Sorri.

— Perfeita.

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Como explicar a minha mãe que eu iria sair com um garoto que nunca conversei mais de três vezes, não aguentava ficar no mesmo local por mais de uma hora e que achava que o cérebro tinha sido substituído por uma bola de futebol? Eu tentei, porém tudo o que ela enxergava era a sua filha arrumada para um encontro.

— Você quer um dinheiro a mais?

Ergui minhas mãos, impedindo-a de abrir a carteira.

— Não precisa, mãe — Dei um sorriso maléfico ao escutar a buzina — Se tudo for como fui preparada nos livros, ele vai pagar. Ou vamos ser atacados por algum tipo de força sobrenatural e ele vai se revelar um vampiro — Mexi os ombros — De qualquer jeito, não precisa.

Saí de casa deixando minha mãe de boca aberta e abri a porta, vendo a típica cena de Alex sentado em um Pocher que pagaria todas as minha dívidas passadas e futuras com o sorriso de um milhão de dólares. Eu estava indo em sua direção ajeitando o botão de meu cardigã quando reparei que faltava algo nesse clichê.

— Oi, Beatriz — Ele abriu a porta do carro — Está bem bonita. Nunca tinha reparado em… seu cabelo.

E minhas pernas, eu sei.

— Ele é castanho natural, eu garanto — Respondi e não segurei o que estava na ponta de minha língua — Você não namorava uma líder de torcida?

Ele piscou, surpreso com minha pergunta.

— Está falando de Megan? — Ele questionou. Assenti, mesmo sem saber o nome dela, mas era clichê o suficiente para mim — Terminamos no primeiro ano, Bia.

Assenti novamente e preferi me ajeitar nos bancos de couro e ficar em silêncio. Alex se inclinou para frente e ligou o som, pondo Ed Sheraan e mostrando seu dom de cantar ao arriscar algumas notas de Lego House. Respirei fundo, rezando internamente. Eu adorava aquela música e agora iria associá-la a aquela cena. Esperava que, no mínimo, aquele encontro fosse bom.

— Fiquei surpreso quando Mike veio falar comigo que você queria sair comigo — Alex comentou sem tirar os olhos azuis da estrada. — Não que eu achasse que você nunca viria falar comigo. Só achei súbito.

Levantei uma sobrancelha, escutando seu discurso.

— Sabe, eu saí com metade da escola e elas vieram até mim ou pelo menos deram um sinal de que me queria. Só que você não. Isso é legal. Acho isso interessante em você, Bia.

Continuei parada olhando-o e percebi que estava ficando nervoso quando começou a coçar a nuca. Deu um riso sem humor e tirou alguns fios escuros de seu rosto. Como se dois ou três fios fossem atrapalhar sua visão.

— Não que eu ache só isso interessante em você. Gosto dessa coisa áspera em você, sabe? Poucas pessoas naquela escola conseguem ser ruim comigo porque, bem, eu sou eu. Mas você não, Bia. Você é bem cruel quando quer.

Sorri.

— Finalmente um elogio que preste — Respirei fundo — Para onde vamos?

Ele estufou o peito, orgulhoso.

— Pensei em te levar para ver o meu treino e depois irmos comer pizza com o pessoal. Talvez pegar um cinema.

— Pare o carro — Comandei.

Ele me encarou com os olhos arregalados, mas parou.

— O quê?

— Clichê demais para um dia — Virei o corpo na sua direção, pronta para ser crítica — Eu sou diferente? Esperava que eu fosse atrás de você? Sério que é assim que você espera me seduzir? Nem seus olhos incrivelmente azuis salvam sua boca e a ausência de cérebro que só é subjugada pelo seu ego inflado. Quantas vezes você usou a palavra eu em uma frase? Olhe, o problema é comigo. Você é… Alex Dornan — Abri a porta do carro, saindo e me abaixando para ver seu rosto estático — Não quero que perca seu treino. E se der sorte, pode até encontrar alguém para me substituir no encontro. Talvez Megan ainda goste de você. Vale a pena testar. Ah, e nunca me chame de Bia. É Izzy.

Ele piscou em estado catatônico me olhando como um verme. Respirei fundo, ajeitando minha roupa e indo para longe de seu carro. Dei alguns passos antes dele ligar o carro e acelerar para longe. Puxei a lista de minha bolsa e suspirei, olhando-a.

— Menos um — Olhei ao meu redor percebendo que estava mais longe de casa do que esperava. Peguei meu celular, discando o número de Mike e senti meu peito se aliviando ao escutar seu cumprimento — Mike, parece que isso vai ser mais difícil do que imaginei.