Coração feito de Noz escrita por Miss Addams


Capítulo 1
Barcelona, Espanha


Notas iniciais do capítulo

Vamonos?



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2020

Dulce, 03h23 min am, Barcelona, Espanha.

Calmamente eu fui deitando meu corpo no macio colchão daquele hotel, ao menos isso era bom nos hotéis que se tornaram rotina em minha vida profissional e aqui estava eu em mais uma viagem a trabalho, minhas costas foi estalando e senti meu corpo agradecer por finalmente deitar.

Após um dia inteiro de trabalho árduo entre programas de televisão, entrevistas, fotos, programa de rádio e coletiva de imprensa para divulgar meu mais novo disco.

Eu estava exausta, mas contraditoriamente feliz por está na Espanha, fazia tempo que não estava ali. E os fãs foram carinhosos comigo desde minha chegada ao aeroporto. Tudo no final das contas valia a pena, só que agora tudo que eu precisava mesmo que meu corpo reclamasse por ter que me levantar, era um bom e demorado banho.

Sabia que depois disso eu poderia dormir tranquilamente até amanhã e acordar mais disposta para o dia do show.

Mesmo sobre os protestos do meu corpo ao ter que me afastar do conforto e maciez da cama eu o fiz, quanto antes eu terminasse, antes eu dormiria. Não tive noção do tempo que eu passei dentro da banheira relaxando, mas curti o meu momento com água quente, escutei que alguém entrou no meu quarto de hotel e deixei de lado, não me chamaram para nada. Devia ser Fran querendo algo não tão importante e logo foi embora. Por isso nem fiz questão de me apressar ao sair do banho.

Mas quando o fiz eu tive uma feliz surpresa.

O vi ali, justamente quando pensava em ligar para ele que deveria está no Texas, nos Estados Unidos.

:- Meu Deus! – exclamei sem me conter, dando um passo para trás desacreditada ao vê-lo sorrir para mim. Para me fazer acreditar que era realidade, que ele estava ali comigo, fazia quase duas semanas que não nos víamos. – O que você faz aqui?

:- Eu vim ver você. – deu os ombros e me esticou seus braços sorrindo.

Eu também estava contente em ver ele, mais ainda estava muito surpresa, cruzei nossa distância rapidamente indo de encontro aos seus braços e ele me recepcionou com um beijo repleto de saudade.

:- Meu Deus, como eu senti sua falta. – ele murmurou ainda me beijando. E eu apenas correspondi o beijo por que ele sabia que era reciproco. Ele desceu suas mãos para a minha cintura e adentrou no meu pijama me abraçando pelas costas enquanto eu cruzava meus braços ao redor do seu pescoço.

:- Eu estava pensando em você agora, pensando em te ligar. – comentei quando ele deixou de me beijar para ficar me olhando bem de perto. Como aquilo era bom, tê-lo ali poder tocar, cheirar, sentir. Eu abri ainda mais meu sorriso com as diversas possibilidades.

:- Precisava vir para te ver. – ele subiu uma mão e a parou no meu rosto movendo o polegar sob minha bochecha. – Na primeira oportunidade que tive que pegar o primeiro avião. – ele me explicou.

:- Que surpresa mais linda. – consegui dizer, algum dia eu ficaria mal acostumada ele tinha esse costume de quando eu menos esperasse aparecer, assim mesmo que eu estivesse do outro lado do mundo, ele encontra uma forma de ir até onde eu estou.

:- Que horas você vai acordar amanhã?

Fiz uma careta, olhando o relógio próximo de onde estávamos quase quatro da manhã, eu teria que acordar no máximo nove horas.

:- As nove. – lhe disse.

Ele olhou para cima pensando, talvez calculando quanto tempo pudesse ficar aqui comigo.

:- Tenho que viajar no máximo até às 3 da tarde, para conseguir chegar a tempo das gravações. Então temos quase 5 horas até você começar a trabalhar.

Eu apertei meus braços no seu pescoço para que ele se aproximasse mais e depois de atender meu gesto silencioso lhe dei um selinho, já sofrendo por uma despedida que sequer havia acontecido.

:- Você tem que descansar pequena. – me disse enquanto tinha o seu nariz em meu pescoço, com sua respiração batendo contra ele, fechei meus olhos lamentando, não queria desperdiçar meu precioso tempo com ele dormindo. Mas, ao mesmo tempo meu corpo inteiro concordou com ele, gritava por deitar debaixo das cobertas e dormir.

:- Eu quero ficar com você. – quando terminei de falar ele riu contra minha pele e depois me deu um suave beijo.

:- Eu vou está com você, vamos dormir abraçados, bem juntinhos. – ele me apertou mais para si. E tentei resistir à tentadora ideia fielmente, sabia que quando ele fosse embora eu ficaria com ainda mais saudade dele. – Fora que eu também estou cansado, não conseguir dormir no avião de ansiedade por te ver, resultado disso são mais de 24 horas sem dormir.

Eu me afastei dele para que ele me olhasse, desacreditada com sua confissão, passei a mão por seu rosto com pena, mas um pouco irritada. Poncho tinha uma mania terrível de testa os seus limites de uma forma errada, eu poderia apostar que ele passou gravando suas cenas para a série no Texas, adiantando todas possíveis para conseguir viajar e até se esquecer de comer deve ter feito. Parece esquecer o quanto isso é prejudicial à saúde dele.

Apertei os olhos vendo a olheira abaixo de seus olhos, à expressão de cansado eu só notei agora, depois da felicidade pela surpresa dele está na Espanha passar.

:- Eu comi Dulce, não precisa brigar comigo. – ele se defendeu me olhando, sabia que detestava quando ele fazia isso, deixar de comer ou deixar de dormir para ficar trabalhando. Ele não é mais nenhum garotão.

:- Tudo bem, não vamos brigar agora e vem vamos dormir. Tanto eu quanto você estamos precisando e muito.

Eu me separei dele de vez e olhei para a cama, vendo em qual lugar ficaria, pensando o quanto ela ficaria ainda mais deliciosa só por ter alguém para compartilhar comigo, ele foi até sua mochila e tirou seus tênis, camisa verde e seu jeans. Dormiria de cueca, mordi os lábios vendo ele se abaixar para colocar as roupas usadas separadas das roupas limpas para amanhã, num perfeccionismo de virginiano.

Que pecado eu perder àquelas horas com ele apenas dormindo. Se soubesse que ele viria teria dado um jeito de descansar um pouco antes.

Ele se virou já pronto para dormir.

:- No que está pensando?

:- Que eu deveria ter descansado no tempinho livre que eu tinha, para aproveitar melhor com você esse momento. – ele entendeu totalmente minhas más intenções por que eu fiz questão de olhar para o seu corpo de cima baixo com uma sobrancelha arqueada.

:- Podemos até tentar algo, mas meu corpo não vai aguentar. – ele riu o que me fez rir também. – Quem sabe amanhã de manhã. – ele também arqueou a sobrancelha com maus ares. E eu ri junto a ele saboreando a ideia, mas isso só depois de algumas horinhas de sono.

Ele se aproximou com as luzes já apagadas e depois de ir ao banheiro fazer sua higiene. Assim que se deitou veio de encontro ao meu corpo me abraçando para dormimos ficou um tempo passando a mão nas minhas costas e eu sentia meus olhos fecharem mais pesados, aquilo não tinha preço.

:- Como você conseguiu entrar aqui? – perguntei com a voz manhosa pelo carinho que ele me fazia.

:- Quando cheguei esbarrei com Luisillo que estava saindo, ele liberou minha entrada. – me revelou.

:- Sabe que ele voltou a ficar solteiro?

:- Soube sim, ele até me chamou para sair com ele. – ele disse com ares de risos e eu dei um tapa no peito dele, fiz questão de que fosse forte. Sabia dessas festas e baladas que há anos e anos Luisillo frequenta e o pior as pessoas que vão a esses lugares.

:- Ai, Dulce, eu recusei. Agora sou moço direito. – falou rindo e senti-o passar a mão onde eu lhe dei um tapa.

:- Acho ótimo. Se não também vou voltar a frequentar esses lugares com o pessoal da banda e da produção.

:- Nem pensar. – ele recusou prontamente. – Você é uma mulher casada, senhora Herrera.

Sorri por escutar o quão bonito soava ele se referir assim a mim. Por que era aquilo que eu era agora, não mais Dulce Maria Saviñon Espinosa e sim a senhora Herrera.

:- Falando nisso trouxe seu anel de coco. – ele me disse e eu fiquei surpresa pela segunda vez, por conta dele, tanto que até meu sono que se aproximava se afastou novamente, eu me virei no breu para tentar enxerga-lo.

:- Trouxe meu anel?

:- Sim, você esqueceu em casa, resolvi trazer, você tem tanto apego a ele.

Ele estava certo, tanto eu quanto ele prezávamos as várias alianças, anéis, pulseiras, enfim símbolos do nosso relacionamento. Entre eles estava o anel de coco que ele me deu assim que voltamos a namorar, comprou num vendedor ambulante em Acapulco em nossa viagem de férias, a primeira como namorados.

Desde lá, eu sempre usei o anel como se fosse uma aliança, se quebraram vários e Poncho sempre foi me presenteando com substitutos anéis, o que me importava mesmo não era o anel em si, mas o símbolo que ele tinha, foi nossa primeira “aliança” e nosso primeiro namoro quando ainda adolescentes. Tinha um significado.

:- Onde está?

:- Na minha mochila amanhã eu te dou. – ele bocejou balançando os pés, sinal de que seu sono estava chegando.

Voltei a me aconchegar nos seus braços e agora era eu que fazia carinho nele, para que seu sono viesse de vez e admitindo que eu também estava muito cansada.

:- Boa noite, amor, bons sonhos.

:- Boa noite, pequena, até amanhã.


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