Fevereiro de 2005

Mike aguardava o início da aula enquanto lia em sua carteira um de seus mangás favoritos. Os outros estudantes começavam a entrar na sala enquanto o sinal da faculdade tocava. Pelo canto dos olhos o jovem de 20 anos observava um grupo de pessoas cochichando a respeito da chegada de um calouro. O rapaz sem se importar volta a sua leitura.

Não demorou muito para a sala ficar totalmente em silêncio. Leves passos eram ouvidos vindos da porta. De repente Mike sente a presença de alguém em sua frente.

— Ahn... Com licença? – disse uma voz tímida e feminina.

O jovem ergue a cabeça e vagarosamente abaixa seu mangá. A sua frente havia uma garota de origem oriental entre 18 e 19 anos segurando um grande livro com o título semi-coberto por suas pálidas mãos, deixando apenas aparecer as sílabas “Co... de..”. Ela tinha grandes cabelos pretos que iam até o quadril, seus olhos eram de um tom azul celeste e ela sorria, um sorriso delicado, bonito e brilhante.

— O... oi? – disse o rapaz encantado pela aparência da moça.

— Gostaria de saber se esse lugar a sua frente está ocupado.

— Ahn... não. Pode sentar.

“Essa menina era o calouro que eles se referiam?” – pensou enquanto ajeitava seus óculos de aros vermelhos.

A garota puxa sua cadeira e se senta à mesa. Ela abre sua mochila e guarda no interior seu livro. Ela retira alguns cadernos deixando apenas o mesmo mangá que Mike lia. O rapaz arregala os olhos. A menina abre o seu caderno na primeira página, onde estava escrito “Mitsu”.

“Mitsu... então esse é seu nome.”

Mais uma vez a porta da classe se abre, só que desta vez quem entra é o professor, fazendo o garoto acordar de seu transe e guardar seu mangá na mochila.

Algumas horas mais tarde...

Ao sair da sala de aula Mike ouve mais cochichos a respeito de Mitsu. Os alunos estavam planejando o trote que eles fariam com a nova aluna, esta que ainda estava na sala, mas aparentemente não notou a conversa.

— Primeiro vamos seguir ela e depois...

Mike desvia a sua atenção para a porta, onde Mitsu acenava para ele dando tchau enquanto ajeitava seus cabelos.

“Mas ela estava na minha frente a alguns segundos atrás!”

Em seguida alguns rapazes se levantam e se dirigem a porta. Mike acha melhor seguí-los, pois assim ele poderia descobrir mais sobre a nova aluna. Ele joga todo o seu material no primeiro bolso da mochila e fica uns dez metros atrás do grupo que seguia Mitsu.

Assim que a garota chega ao portão da universidade Mike pode vê-la cutucando o ombro de uma menina de 20 anos parecida com Mitsu que beijava um rapaz de cabelos curtos e castanhos que usava uma camiseta branca e uma gravata vermelha. A garota solta a gravata do rapaz e dirige um olhar bravo a Mitsu. Depois ela dá um beijo de despedida na bochecha do rapaz de 23 anos e as duas atravessam a rua. Rapidamente os garotos começam a correr atrás dela e Mike, fingindo que lia o mesmo mangá, caminhava em passos rápidos na mesma direção.

Mitsu e a outra menina – que também deveria ser nova na faculdade – conversavam enquanto viravam a esquina entrando numa rua sem saída.

“Que estranho, não tem nenhuma casa naquela rua.” Mike continua os seguindo. Quando todos dobram a esquina eles percebem que não havia ninguém lá.

Enquanto os garotos estranhavam o ocorrido Mike ouvia duas risadas vindo de longe. Ele olha para trás e vê as duas garotas no caminho contrário rindo a mais ou menos cem metros dele.

“Como elas foram parar ali?! Elas estavam na minha frente.” O rapaz de cabelos pretos se lembra de Mitsu acenando para ele da porta da sala de aula. Aquela garota de fato não era parecida com nenhuma outra.

Dias atuais em Nyah! City...

Kori olha para todos os lados possíveis com um olhar de desconfiança.

— O que foi?

— Só queria saber se não há alguém por perto. Venham comigo. – ela encosta as mãos sobre a estátua e desaparece.

— Mas o quê?!!! – disse Hiroshi dando um salto para trás.

— Deixa de ser medroso. – disse Kaline o puxando pelo braço e o jogando em direção a estátua fazendo o desaparecer dando um grito. Ela "entra" em seguida.

Vivian se preparava para “entrar” quando percebe que Maemi estava com uma cara de preocupada.

— Não se preocupe, nós vamos achar o Shini.

— Não é isso, essa estátua... me parece familiar.

Vivian olha para a estátua.

— Sendo sincera também acho que já vi a imagem dessa mulher em algum lugar antes.

De repente a cabeça de Kori surge de dentro da estátua.

— Vocês não vêm?

— Ah, claro.

As duas atravessam a estátua e acabam entrando numa enorme sala com uma grande estrutura metálica na parede. Era o portal.

— Uou, é bem grande. – disse Hiroshi.

O olhar dele se dirige a um botão vermelho no centro da sala.

— Isso que ativava ele?

— Sim.

Hiroshi pega o grande manual e o abre soltando muita poeira.

— Vai demorar para ler isso então é melhor vocês esperarem.

Kori percebe que Maemi estava sentada num canto.

— O que foi?

— Eu tinha dito a Vivian que aquela estátua era familiar, e agora eu lembrei o porquê.

— Pode falar.

— Ontem eu tive um sonho. Eu estava num local totalmente escuro, não conseguia ver nada a não ser mim mesma. De repente um holofote se acendeu e apareceu aquele botão ali. Quando eu o apertei várias luzes se acenderam em linha reta. Sob a última estava uma garota de cabelos curtos rosas e olhos azuis que se parecia com a estátua. Ela usava roupas brancas e segurava o livro de minha mãe. De repente essa garota veio na minha direção sorrindo e estendeu o livro para frente. Quando eu ia pegá-lo ela passou direto como se não me visse e entregou para minha mãe, que estava mais nova.

“Dê um jeito de entregar esse livro para o Shini, por favor.” A garota soltou uma lágrima em cada olho. Ela se afasta e ao longe surgem dois pontos luminosos que começaram a se aproximar, junto com o som de uma buzina. O som foi ficando mais alto, e mais alto, até que a garota fecha os olhos e eu acordo. Será que essa garota, é a mulher da estátua?

Kori fica em silêncio.

— Kori?

“Espere, só agora eu notei... o símbolo do site... a estátua...”

— Kori?

— É ELA!