Paraíso imperfeito escrita por Moraine Boiler


Capítulo 3
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

Aí mais um capítulo, nada ler sem comentar hein!
Preciso saber o que estão achando.
Boa leitura!
xoxo



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Dormir um pouco mais cedo fez com que Marina acordasse mais disposta, encontrou Diana no meio do caminho no outro dia.

– Bom dia.
– Bom dia, como está depois de ontem? – a amiga perguntou.
– Bem, na medida do possível. Vai ser um prazer ver ele se afundar sozinho.
– Meu Deus – ela riu – No fim de semana eles vão fazer uma fogueira na praia, um dos integrantes da banda vai estar lá tocando violão.
– Quanto tempo a gente não faz isso – lamentou – Também com as férias de dezembro e janeiro isso aqui fica muito cheio e tem muita festa na praia e muitas pessoas o tempo todo.
– É mesmo.

A banda era formada por quatro meninos, que já faziam faculdade, eram uns dois ou três anos mais velhos do que Marina, Diana, Enzo e Renan, mas eram extremamente conhecidos naquele lugar. Não queriam levar a banda profissionalmente então só tocavam por hobby ou em alguma festa quando eram chamados.

Enzo pulou nas costas do amigo assim que o viu quase o derrubando, ambos riram e foram conversando até a sala de aula. De todas as vezes que Enzo implicou com Marina ele nunca se sentiu mal, muito pelo contrário. Entretanto aquela coisa toda de representante de turma era importante pra ela, era algo o qual ela sabia lidar muito bem, ajudava a turma inteira e como o próprio nome dizia, representava a turma muito bem. Mas até que ela ficava gata bravinha, pensou.

– Ei turma! – a professora estalou os dedos tentando chamar a atenção de todos – Eu vou passar um trabalho em dupla...
– Trabalho já na primeira semana de aula? – Enzo reclamou em voz alta interrompendo a professora.
– Nossa, olha que belo representante nós temos. – Marina comentou tão alto quanto e a turma deu um risinho.
– Seu café estava amargo de manhã ou isso tudo é raiva porque não é mais a queridinha?
– Ah querido, não mesmo. Isso de ganhar coisas por ser queridinho é com você, eu consigo por mérito. – a turma inteira fez “uh”.
– Então seu mérito não está muito bom ultimamente.
– Já chega – a professora disse – Como eu ia dizendo, é pra daqui a um mês e só pela manifestação do nosso queridíssimo aluno Enzo, eu escolherei as duplas.
– Boa vacilão. – Renan deu um tapa no braço do amigo.
– Foi mal.

A turma reclamou bastante, e parte da reclamação foi direcionada ao representante de turma, os nomes foram sendo chamados e Marina suou frio quando o nome de Diana já havia sido chamado e o dela e do Enzo não.

– Marina Oliveira – a professora leu um papel e puxou outro – E Renan Saraiva.

Ela suspirou aliviada e amiga sorriu. É óbvio que Marina preferia fazer com alguém que fosse mais próximo, mas antes o Renan do que o Enzo. Quando o sinal do intervalo tocou, Marina correu na direção de Renan.

– Eu só queria dizer que eu estou extremamente feliz de fazer o trabalho com você, porque eu não acredito que você tenha se deixado influenciar por certas pessoas – ela fez um movimento com as mãos de desdém na direção do Enzo que a olhava boquiaberto – E a gente não precisa pensar nisso agora ainda temos um mês, mas não vamos deixar pra fazer em cima da hora, ok?
– Ok! – ele disse querendo rir sabia que tinha sido para provocar o Enzo.
– Essa garota é louca. – Enzo falou assim que ela saiu.
– Ela gosta de te provocar um pouquinho demais pra quem te odeia.
– Fala sério.
– Mas é sério, eu achei que com o passar do tempo vocês iam parar com isso, mas parece que piora.
– Ela provoca.
– Você também, quase que dá pra dizer que tem um clima entre vocês.
– Só pode estar de sacanagem! – Enzo bufou.
– Acha que eu nunca peguei você olhando pra ela.
– Eu não olho pra ela.
– Nem naquele dia na praia?
– Eu posso odiar ela, mas ela não deixa de ser gata só por causa disso.
– Eu sabia. – Renan gargalhou – Porque vocês dois não ficam logo e acabam com essa birra de vocês dois.
– Atá, é claro.
– Aproveita que no fim de semana vai ter fogueira na praia. E você sabe como rola casal lá!
– Cara isso não vai rolar!
– Por quê? Você não a acha gata?
– Renan acho que quem está precisando de alguém é você! Porque se eu for ficar com alguém, esse alguém não vai ser a Marina.
– Então ta, vamos dar um mergulho hoje depois da aula?
– Vamos.

Na fila da cantina Marina e Diana conversavam sobre diversos assuntos, mas Marina não sabia como tocar no assunto sobre o veranista, era um tema complicado.

– Diana, você e aquele menino têm se falado?
– Não – ela suspirou – ele disse que ia ligar, mas não ligou. Tudo bem eu estou acostumada.
– Tudo bem nada, dá pra ver que você está mal.
– Homens são assim Marina, eu já imaginava. Você que ainda sonha que alguém pode prestar.
– Odeio quando você generaliza, você não sabe o que aconteceu pro cara não ligar e outra coisa, preferia que ele ficasse fingindo estar interessado? Te iludindo?
– Nesse ponto você tem razão.
– Roberta foi lá em casa ontem. Ficamos conversando, vendo desenho com a Helena.
– Ela deve estar grandona, faz um tempo que não a vejo, ela está tão sumida por causa da bebê.
– Ela está doida para que a Helena complete dois anos para ela começar a trabalhar.
– Nossa, a Roberta é tão forte segurando essa situação toda desde que descobriu que estava grávida.
– Nem fala.
– Ah, Marina o que você foi falar com o Renan?
– Que eu estava muito feliz de fazer trabalho com ele e não com o Enzo.
–Você não se controla né? – Diana riu – Precisa sempre provocar o menino.
– Se antes eu o provocava porque eu o odiava, agora eu tenho mais um motivo.
– Estou começando a concordar com a teoria da Roberta.
– Teoria?
– Tanto ódio que um dia vai se transformar em amor.
– Claro, com certeza.
– Acho que no fundo isso deve ser vontade reprimida.
– Vontade de bater nele, só se for. – ela revirou os olhos, brava – Chega desse assunto, ele é um ogro, nunca rolaria nada.

Depois de lancharem, foram para a sala e não se alfinetaram mais. Foram pra casa. Horas depois assim que Marina terminou de arrumar o quarto ela se olhou no espelho do quarto e pensou na quantidade de tempo que não se envolvia com ninguém, era comum já que ela não costumava ficar com muitas pessoas, mas sentia falta do clima, de ser querida por alguém. Ela pegou o celular e ligou para a amiga.

– Acho que preciso de um novo visual.
– Oi?
– Sério, pra ver se algum cara legal me nota.
– Marina, você pode pintar o seu cabelo de arco-íris e fazer uma tatuagem na testa, mas se não sair de casa, ninguém vai notar.
–Tem razão. – admitiu.
– No fim de semana nós vamos para a praia, nos juntar ao pessoal e você vai pelo menos conversar com alguém. Ok?
– Ok. Por isso que eu amo você.
– Me ama porque eu vou te ajudar a arrumar alguém? Credo que interesseira! – Diana brincou.
– Para que você sabe que não é por isso.
– Brincadeirinha! Agora preciso desligar. Hoje sou eu quem faço o jantar.
– Ok, beijo. Tchau.
– Beijo. Tchau.

No outro dia antes do sinal da entrada tocar, Marina e Diana conversavam sobre o fim de semana.

– Sabe que eu estava pensando em fazer umas luzes no cabelo, ou umas mexas loiras assim – ela mostrava com as mãos – pra ver se dá um up.
– Acho melhor não, eu prefiro você morena. – Enzo enfiou o rosto entre as duas, ela não haviam notado que ele e Renan estavam atrás delas.
– Que?
– Isso mesmo, eu prefiro você morena, gosto do seu cabelo.

Ela abriu a boca pra dizer que não se importava com a opinião dele, mas não saiu nada e o sinal tocou bem na hora. Enzo pegou a mochila e saiu andando com Renan em direção a sala, ele havia sido sincero. Diana colocou a mão na boca e ficou observando a amiga ainda parada sem saber o que dizer.

– Se vocês não se “odiassem” – ela fez aspas com os dedos – Eu poderia dizer que isso quase foi uma cantada. – ela riu.
– Tenho certeza que ele estava debochando.
– Eu acho que não.
– Está defendendo ele? Virou amiguinha dele, vai lá.
– Para! – Diana gargalhou.

Marina ficou dividida, parte dela achava que era deboche, estava com raiva e queria revidar e outra parte achava que havia sido sincero e isso a fez ficar constrangida, de um jeito bom e que ela não deveria ter ficado. Respirou fundo e concluiu que era deboche, mas não queria pintar mais o cabelo. Assim que chegou na sala uns colegas de classe vieram em sua direção.

– Marina, você pode me explicar o trabalho? Só voltei hoje da viagem e a minha dupla não entendeu direito. – pediu uma menina.
– Nós não entendemos nada. – um deles admitiu, apontando pro amigo também.
– Claro, no intervalo me procurem, eu ajudo sim.

Aquilo era tarefa de representante de classe, todos sabiam. Enzo a observava de longe, ficou morrendo de raiva, eles a tinham procurado, mas ela devia ter passado a tarefa pra ela. Achou melhor fazer alguma coisa.

– Com licença – ele falou antes que os alunos que haviam pedido ajuda se sentassem – Eu sou o novo representante, qualquer dúvida você devem recorrer a mim.
– Mas estamos acostumados com a Marina – um dos garotos falou.
– Não importa, eu sou o representante agora.
– O que está acontecendo? – Marina apareceu.
– Ele está reclamando que a gente não o procurou parar tirar a dúvida. – a garota bufou.
– Enzo, você não pode obrigar as pessoas a confiarem em você.
– Não estou obrigando, só falando que é a mim que eles deviam procurar.
– Fala sério, você ta parecendo um garoto mimado. – revirou os olhos – Deixa ele gente, ele é o representante de turma, não o presidente, que bobeira, podem me procurar sim. – os outros alunos concordaram e foram se sentar.
– O que você está fazendo?
– Uma tarefa que sempre foi minha.
– Foi, não é mais Marina. Supera.
– Supera que você não vai assumir meu lugar.
– Que maduro vocês dois brigando pelo papel de representante – Renan apareceu no meio dos dois – Vem Enzo, você vai conquistar a confiança da turma aos poucos.

Aquela tinha sido de longe a discussão mais imatura que eles haviam dito, mas pra quem já se odiavam qualquer motivo é o suficiente. Enzo se sentia um idiota, havia a elogiado e ela o tratou como um idiota. No intervalo, Marina ajudou quem havia pedido, sob os olhares reprovadores de Enzo. Num momento seus olhares se encontraram e ela se sentiu arrependida.

– Eu sabia que minha cabeça não ia funcionar direito tendo química, matemática e física no mesmo dia. Que horror! Estou muito cansada.
– Confesso que também estou. – Marina riu – Enzo! – ela chamou assim que o viu sentado.
– Aonde você vai? – Diana perguntou.
– Espera aí, eu já venho. – ela pediu para a amiga e correu até ele, sentou-se na sua frente um pouco sem graça – Eu quero pedir desculpas por mais cedo, eu ainda não me acostumei com o fato de não ser mais a representante e eu também não ia conseguir negar ajuda.
– Tudo bem, eu também preciso entender que as pessoas não vão confiar em mim de uma hora pra outra, até porque eu não são um dos melhores alunos. – riu sem graça.
– Questão de tempo, daqui a pouco eles confiam mais em você. – ela se virou para ir embora, mas sabia que tinha esquecido de algo – Ah, e obrigada por elogiar meu cabelo hoje.
– Não precisa agradecer eu só fui sincero.
– Então ta, tchau. – ela acenou com a mão.
– Tchau.

Ela foi andando até a amiga com o coração na boca, o que era estranho, porque quando brigavam ele não sentia nada, acho que no fundo não estava acostumada a não brigar.

Em casa recebeu uma mensagem da mãe dizendo que chegaria um pouco mais tarde. Os pais chegaram juntos e trouxeram o jantar do restaurante cujo pai dela era gerente.

– Sábado o pessoal vai se juntar na praia, com fogueira e tal. Posso ir?
– Claro. Porque não? – o pai respondeu.


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