Paraíso imperfeito escrita por Moraine Boiler


Capítulo 2
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Olá, como estão? Eu gostaria de deixar um aviso rapidinho aqui, eu procuro uma imagem que tem a ver com o capítulo, minha preferência é que não apareça o rosto, mas se eu não achar nada melhor e aparecer, não fiquem comentando coisas do tipo: "No outro capítulo não era esse rosto!".
Boa leitura, xoxo



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Marina segurou a bola de futebol com as duas mãos, enquanto engolia a dor que estava sentindo no estômago, sua respiração estava pesada e seu coração batia fundo, tinha certeza de que havia sido de propósito e ele nem sequer tinha uma expressão de quem estava arrependido, teve que conter a vontade de jogar a bola de volta com toda a força que podia direto no rosto dele.

– Foi mal! – ele disse querendo rir com os braços esticados esperando que ela jogasse a bola de volta.
– Foi mal? Foi péssimo! É o primeiro dia de aula e você já vai começar a implicar comigo?
– Marina cai na real, o mundo não gira em torno de você eu não fiz de propósito. – ele respondeu e a turma começou a se aproximar, eram alunos antigos, queriam ver mais uma das brigas que começaram no primeiro ano e ninguém nunca soube o motivo.
– Então eu deveria culpar a sua falta de habilidade no futebol? Porque chutou a bola diretamente para a minha barriga!
– Ninguém mandou você passar atrás do gol!
– Estuda aqui desde a sétima série e nunca percebeu que o banheiro feminino fica ali atrás, além do que não justifica porque eu nem estava atrás do gol quando você me acertou.
– Para com esse drama todo foi sem querer.
– Mas doeu Enzo.
– Eu já disse que foi mal!
– Idiota!
– Fresca!
– Já chega meninos. – o professor de Ed. Física finalmente interveio – Marina precisa ir para a enfermaria?
– Acho que sim – ela foi sincera.
– Enzo eu quero que a leve para a enfermaria. – pediu.
– O que? – os dois gritaram em coro.
– Ué, ele te machucou, agora tem a responsabilidade de te levar até a enfermaria. – o professor falava com uma cara de sonso, parecia que havia feito para provocar, a turma inteira se segurava para não rir.
– Mas foi sem querer. – Enzo repetiu tentando evitar aquilo.
– Já estou melhor! Juro! – ela falou.
– Tem certeza?
– Tenho professor.
– Então tudo bem. Voltem pra arquibancada, meninos vamos voltar ao jogo.
– Seu fingimento não dura muito né? – ele sussurrou pra ela.
– Se ficar me irritando faço uma cena aqui e você vai ter que me levar no colo!
– Bem que você queria.
– Até parece.

Ela andou pra arquibancada com raiva, mas sem graça pelos últimos momentos do diálogo, ele era muito bonito, mas era um completo estúpido.

– Vocês dois não tem jeito. – Diana, a melhor amiga de Marina falou.
– Foi ele que começou, você viu.
– Eu sei, mas você adora brigar com ele Marina, precisa admitir! Toda vez que vocês brigam eu fico tentando lembrar quando foi que isso começou e eu definitivamente não consigo.
– Ele sempre foi um idiota, simples assim.
– E que olhar de sem graça foi aquele no final?
– Eu disse que se ele continuasse me irritando eu faria ele me carregar no colo até a enfermaria, então o Enzo disse que bem que eu queria.
– E quer? – a amiga perguntou rindo.
– Óbvio que não palhaça.

Marina mudou de assunto, conversaram por mais alguns minutos até que o professor mandasse trocar de roupa.

No vestiário Enzo conferia a bolsa pra ver não tinha esquecido nada, porque ele era ótimo nisso.

– Que climão hein! – Renan, o melhor amigo de Enzo deu um tapa de leve nas costas do amigo.
– Fazer o que se aquela garota é uma fresca? Nem chutei com força!
– Mas conta pra mim agora, você fez de propósito?
– Claro que não cara, que isso!
– Vocês se odeiam desde o primeiro ano.
– Mas eu não a machucaria fisicamente de propósito.

A aula de Ed. Física era antes do segundo intervalo, então saindo do banheiro eles foram logo para o pátio.

– Você gostou do novo horário? – Diana perguntou.
– Que tipo de pergunta é essa?
– Sei lá, só fiquei pensando em como meu psicológico vai ficar abalado depois de ter matemática, química e física num mesmo dia. – ela respondeu causando risadas gerais.
– Eu juro que te ajudo!
– Vou confiar.

Ela era boa em todas as matérias, não tinha as melhores notas, porque quem liderava os rankings geralmente era o melhor só naquela matéria, ela se mantinha na média, passava muito longe de ser chamada de nerd. Enzo também era na média, entretanto já havia pegado algumas recuperações. O esforço dela sempre fazia com que ela fosse escolhida como representante de turma. Assim que o sinal tocou foram ter os dois últimos tempos de aula.

– Antes de começarem as aulas – a professora começou a falar assim que todos estavam em seus lugares – Eu e os outros professores nos reunimos no conselho e escolhemos que esse ano o representante da turma será o Enzo Campos.

Tudo o que se ouviu na sala era o silêncio, até que a respiração funda de Marina fez com que todos olhassem diretamente pra ela. Seu olhar estava vago, como se ela nem estivesse ali. O silêncio foi quebrado pela voz de Renan.

– Representante de turma! – ele falou num tom acima do normal estendendo a mão pro amigo, ironicamente.
– Obrigado pela chance professora.

Enzo agradeceu, mas não tinha certeza se queria essa responsabilidade, mesmo que no ano anterior ele tivesse dito pra ela que queria essa oportunidade, mas é claro que ninguém sabia disso. E sem dúvidas era mais um motivo para brigar com Marina. Quando as aulas terminaram, ele percebeu que Marina estava ficando pra trás e ele resolveu ficar também.

– Olha eu não quero que isso se torne mais um motivo pra gente brigar. – ele falou pra ela.
– O que você quer Enzo? Sério, eu não entendo. Porque pessoalmente eu nunca fiz nada pra você. Porque tem que agir sempre tão estupidamente? Porque se você deu um jeito para que isso acontecesse você é mais idiota do que eu pensava, porque até pode me afetar, mas eu só quero ver quando você estiver cheio de responsabilidades, porque você está longe de ser exemplar. – ela colocou a bolsa nos ombros e saiu andando.
– Resolvi te esperar aqui fora. – Diana disse assim que a amiga atravessou a porta da sala.
– Falei pra ele tudo o que eu tinha pra dizer, com certeza essa não era a minha idéia de primeiro dia de aula.

Enzo ficou olhando-a sair pela porta, se sentiu meio idiota por ter ido tentar amenizar a situação, até parece que ela acreditaria, ele sempre fazia de tudo para provocá-la e vice e versa, se aquilo não tivesse acontecido até poderiam ser bons amigos, ou algo mais, ele até dava uns olhares interessados pra ela, ates de tudo acontecer. Entretanto era mais forte do que ele, não conseguia não sentir raiva da situação e conseqüente raiva por ela saber de algo tão íntimo dele, o que era muito arriscado, porque se ela quisesse acabar com a família dele, era só ela contar, no fundo não entendia como ela nunca havia feito isso, já que o odiava tanto. Despediu-se do resto dos amigos e foi embora.

Marina quando chegou em casa, subiu direto pro quarto, os pais trabalhavam então ela ficava sozinha, enfiou-se em baixo do chuveiro e logo em seguida pegou o celular, haviam duas chamadas perdidas de sua amiga Roberta, então retornou.

– E aí, como foi o primeiro dia de aula?
– Foi péssimo.
– Deixa eu adivinhar... Enzo?
– Óbvio.
– O que foi dessa vez?
– Tirando o fato de que ele me deu uma bolada na barriga na aula de educação física e foi eleito o representante de turma.
– Não acredito! Como assim? Você sempre é escolhida.
– Pelo que me parece, era hora de dar chance a outras pessoas. Mas não estou nem aí, vou adorar ver ele se ferrar com as responsabilidades, já que ele não tem nenhuma.
– Cuidado, tanto ódio pode virar amor.
– Até parece Roberta, você está vendo filme de romance demais.
– Deve ser esses filmes de princesa que eu tenho que assistir por causa da Helena.
– ela riu.
– Viu? Até você admite.
– Posso passar aí? Preciso sair um pouco de casa.
– Claro.
– Até daqui a pouco, beijos.
– Beijos.

Roberta era dois anos mais velha do que ela, tinha 19 anos e tinha uma filha de 1 ano e 5 meses, o que a fez trancar a faculdade, ela estava casada com o pai da filha dela, Marcelo. Estava esperando que a filha fizesse dois anos, para que se sentisse mais segura para voltar a estudar. Marina esquentou a comida no microondas e foi almoçar, não demorou para que Roberta surgisse na porta com aquela bolsa de mamãe, cheia de coisas e com aquela pequena no colo.

– Ei como você está? – Marina perguntou para Helena pegando-a no colo.
– Provavelmente ela te responderá: mãmã, papa, vovó, vovô e titi. Ah e é claro, fufão!
– Fufão?
– É de Tufão, nosso cachorro. Foi a primeira palavra que ela falou. Amo meu cachorro, mas daí ele ser a primeira palavra da minha filha? Fiquei um pouco mexida.
– Não acredito que você ficou com ciúmes! – Marina riu.
– Ciúmes nada. Como está a Diana?
– Bem.
– E aquele veranista ligou?
– Não.
– Eu sabia, falei pra ela que ele só estava curtindo. Se ela estivesse só curtindo também era bom, mas ela estava gostando dele.
– Você conhecesse a Diana. E como está com o Marcelo?
– Ótimo, mas às vezes fico mal por ele estar trabalhando tanto, estou louca para que a Helena faça logo aniversário pra eu estudar e trabalhar e ajudá-lo.
– Vocês são tão fofos juntos.

Passaram a tarde conversando, Marina assistiu uns desenhos infantis com Helena enquanto a mãe dela descansava um pouco, elas foram embora a noite um pouquinho depois de Carmem, a mãe da Marina chegar do trabalho.

– Foi eleita a representante novamente?
– Não.
– Como assim?
– É, o Enzo foi escolhido.
– Ah sim. – a mãe dela continuou olhando pro fogão enquanto cozinhava, não quis falar mais nada sabia do sentimento da filha a respeito do rapaz e compartilhava da mesma opinião que a Roberta.
– Cheguei! – Fernando, pai de Marina voltava do trabalho.
– Já?
– Sim, é segunda. Voltamos mais cedo.
– Como foi?
– Teve uma pequena confusão, um garçom tropeçou, derrubou as coisas em cima da cliente, graças a Deus ela foi bem compreensiva.
– Ter que lidar com essa situação deve ser difícil.
– O preço que se paga para ser gerente de um ótimo restaurante, mas não me importo eu amo meu trabalho.

Ela o abraçou e ele beijou o topo de sua cabeça. Ela assistiu um pouco de TV com ele até a janta ficar pronta, jantaram e conversaram como sempre faziam, levando em conta tudo o que já tinha visto e ouvido, agradecia a união da sua família.
Ela já havia desacostumado a acordar cedo, então se despediu dos pais e foi para o quarto dormir, antes de se deitar, deu uma olhada rápida no Facebook e teve a infelicidade de ver no grupo da turma as pessoas comentando o fato do Enzo ser nomeado representante, até poderia parecer pouca coisa, mas não era, ainda mais se tratando de duas pessoas que se odiavam. Revirou os olhos e foi deitar, cruzou os braços sobre os olhos, estava estressada, muita coisa para um só dia.

Enzo jantou com os pais em silêncio, assim como já tinha sido a um bom tempo. Depois se despediu e foi para o quarto, no Facebook entrou na brincadeira sobre ser representante, não sentiu mais vontade de ficar se contendo por causa da Marina. Ele ganhou isso, ela teria que agüentar, não devia afinal de contas ser tão difícil assim. Deitou na cama e ficou revirando, havia brigado com o pai antes de ir para a escola, odiava isso, mas também evitava brigar, para que a mão não ficasse sofrendo por vê-los brigar. Quase que no mesmo momento, os dois, cada um em sua casa, respiraram fundo e finalmente pegaram no sono.


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Notas finais do capítulo

E então, gostaram? Me conte o que acharam!
xoxo