I Told You So escrita por QueenSWaldorfBass


Capítulo 4
A Terceira Vez




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Depois de duas semanas longe da Jade, o Cobra entrou no meu quarto enquanto eu estava lendo, olhou pela janela e depois se jogou na cama ao meu lado.

– Eu quero ela de volta. – Ele disse.

– O que?

– Eu sinto falta da Jade e quero ela de volta. – Ele admitiu.

Eu ri.

– E percebeu isso depois de apenas duas semanas?

– As últimas garotas com quem eu saí são todas umas chatas, irritantes e carentes. – Explicou Cobra. – Eu não quero ficar com elas, eu quero ficar com a Jade.

– Olha, tá quase parecendo uma declaração de amor. – Eu zombei.

– Não exagera. – Ele revirou os olhos. – É só que, eu curtia com ela, sabe?

– Então diz isso pra ela.

– Acha que ela me aceita de volta? Quer dizer, eu terminei do nada sem motivo nenhum.

– Não foi do nada, vocês brigavam o tempo todo. Mas não vejo porque ela não voltaria pra você. A Jade gosta de você. – Eu evitei a palavra “amor”. – Ela queria ficar com você mesmo com todos os problemas.

Cobra assentiu.

– É, eu vou falar com ela.

E esse foi o momento em que eu percebi que o Cobra tava entregue. A única garota que ele tinha namorado antes da Jade foi a Ruiva, ao todo eles ficaram dois meses juntos e quando o Cobra terminou, nunca pensou em voltar.

Cobra se levantou e se espreguiçou.

– Mas antes de falar com ela, você e eu podemos ir à praia. – Ele se espreguiçou. – Você tá muito pálida, tá precisando de uma cor. Vamos ver se eu consigo te dar uma corada.

Ele pulou em cima de mim na cama e começou a me fazer cócegas.

– Pára, Cobra. – Eu comecei a rir desesperadamente.

Ele riu e depois me soltou.

– Idiota. – Eu ri.

– Esquentadinha. – Ele zombou e depois saiu rindo.

–X-

Cobra chamou a Jade pra conversar no dia seguinte. Era aniversário da Dandara, então meu pai a tinha levado pra jantar e a Jade foi lá pra casa.

A Bianca, o João e eu estávamos na sala assistindo novela, enquanto os dois tinham uma DR no quarto do Cobra.

Eles saíram de lá uma meia hora depois de terem entrado. Foi rápido, a Jade tava MUITO apaixonada por ele.

O Cobra não fez nenhuma promessa. Ele não disse que tava arrependido ou que sentia falta dela, só disse que tinha curtido ficar com ela e que queria tentar outra vez e ela aceitou. Pelo menos foi isso o que ele me disse que aconteceu. Eu já tive minhas dúvidas sobre isso, me perguntei se ele não tinha prometido mudar ou coisa assim, mas sabendo do que a Jade sentia por ele e de tudo o que ela aceitou da primeira vez pra ficar com ele, eu acreditei.

Eles saíram do quarto sorrindo e de mão dadas.

A Bianca virou os olhos e o João e eu nos entreolhamos.

– Então, a gente voltou. – Anunciou Cobra.

– É, percebemos. – Bianca fez pouco caso.

– Eu também estou feliz de ser parte da sua família de novo, cunhadinha. – Debochou Jade.

– O Cobra NÃO é meu irmão e você NÃO é minha cunhada. – Discutiu Bianca.

– Vamo dá uma desestressada, né, Bianca? – Aconselhou Cobra. – Isso aí tá parecendo falta de sexo.

Jade riu e Bianca jogou uma almofada nos dois.

– A gente vai dar uma volta. – Avisou Cobra.

– Volta, é? – Brincou João. – Sei. Vocês vão é tirar o atraso.

– É, isso também. – Concordou Cobra. – Até mais.

Ele puxou Jade pela mão e os dois saíram de casa.

João e eu rimos um para o outro e Bianca bufou.

–X-

O relacionamento deles sobreviveu um bom tempo dessa vez. Acho que o fato de o Cobra ter ido atrás dela pra tê-la de volta, fez a Jade pensar que ela significava alguma coisa pra ele. Então por alguns meses a Jade ficou bem suave.

Ela e a Sol ficaram grandes amigas e graças a ela, a Sol e a Vicki fizeram as pazes e puderam se tornar as vocalistas da Galera da Ribalta juntas. Ela também se tornou uma grande amiga do Duca, o João e o Wallace. Mas ela e a Bianca começaram a se odiar ainda mais, porque a Jade começou a tentar convencer o Duca que a garota da vida dele era a Nat. O que foi bem irônico, porque a Jade não gostava da Nat. Ela era bem ciumenta e soube que o Cobra e a Nat tinham ficado uma vez. Ela também não gostava muito de mim, mas eu não sabia o por quê.

O Cobra ainda se recusava a conhecer a Lucrécia e não apresentava a Jade pro meu pai, a Dandara e a mãe dele. Acho que se ele pudesse evitar que a Jade conhecesse até o João, a Bianca, o Duca e eu, ele evitaria, mas pra isso teria que escolher entre sair com ela e sair com a gente e isso ele não queria. Mas por outro lado, ele começou a criar contato com o Pedro, não que os dois se dessem muito bem, mas se suportavam.

A gente tava numa balada, eu raramente ia em baladas, mas às vezes deixava o Cobra me arrastar com eles.

Eu tava sentada na mesa com a Sol e o Wallace, o João, o Henrique e o Pedro e a Vicki, nem preciso dizer que os casais Sollace e Pedricki estavam se pegando. Então o João, o Henrique e eu estávamos jogando verdade ou desafio. E o Cobra, a Jade, o Duca, a Bianca, a Nat, a Joaquina, o Lírio, a Ruiva, a Mari, o Jeff, o Zé e o Marcão estavam dançando.

Cobra e Jade se aproximaram da mesa de mãos dadas rindo. Cobra se encostou na mesa e colocou Jade entre suas pernas. Ele segurou as mãos dela e a abraçou. Eles se beijaram.

– Você é linda, sabia?

– São seus olhos. – Ela sorriu.

– Não. – Cobra acariciou o cabelo de Jade. – Você é a coisa mais linda que eu já vi na vida.

Jade sorriu constrangida. Acho que ela corou, sei lá, tava escuro.

Ela colocou as duas mãos no rosto dele e o beijou.

–X-

Mas como nada dura pra sempre, a paciência da Jade não durou. Ela voltou a fazer suas cobranças sutis e claro que o Cobra percebeu. Mas ela aguentou por uns longos três meses antes de começar a cobrança, então acho que ela merece certa admiração.

Nesse meio o Wallace e a Sol tiveram uma briga e ele ficou com a Ruiva por umas duas semanas. O que foi suficiente pra Sol surtar e se desculpar com ele, então eles voltaram.

Outros que terminaram foram o Pedro e a Vicki.

Eu me lembro de estar sentada no Perfeitão com o Pedro, de quem eu acabei ficando amiga, o Duca, o João, o Cobra e a Sol quando a Vicki chegou e já foi direto atacando o João.

Ela chegou por trás, agarrou o pescoço dele e o beijou no rosto. Ele se arrepiou e se soltou dela.

– E ai, Johnny. – Ela sorriu no ouvido dele.

– Vicki. – Ele riu.

– Vai estrear um filme bem legal na sexta, a gente podia ir ver. – Ela se insinuou.

– Não vai dar. – João suspirou. – Olha, Vicki, você é linda, uma SUPER gata, é uma cantora talentosa, inteligente, divertida, sexy, mas não vai rolar nada entre a gente. Você é ex namorada do meu amigo, Pedro.

– Mas o Pedro não liga, né, Cabeludinho?

– Na verdade, não ligo mesmo. – Pedro riu e tomou um gole da sua vitamina.

– Viu?

– Ainda assim não vai dar.

– Por quê? – Questionou Vicki.

– Porque eu ainda tô afim da Bianca. – João suspirou.

– Quer saber, João? – Vicki irritou-se. – Você é um idiota patético e ridículo que fica perdendo o seu tempo babando por essa garota sem graça que é outra retardada que fica perdendo o tempo dela rastejando por um namorado que nem liga pra ela, porque já tem a lutadora dele. Vocês dois se merecem e eu tenho mais o que fazer do que ficar perdendo o MEU tempo com você.

Então ela saiu feito um furacão.

A Vicki tinha razão em duas coisas:

Primeira, o João tava perdendo tempo com a Bianca. Ela nunca ia deixar o Duca por ele e eu já tinha dito isso a ele.

E segunda, A Bianca tava perdendo o tempo dela com o Duca. Por mais que ele gostasse dela, ele nunca ia ser inteiramente dela, porque tá mesmo apaixonado pela Nat.

Agora a Vicki tava errada sobre perder o tempo dela com o João. Eu acho que os dois têm muito potencial. Ela devia ter investido mais.

Só que depois daquele dia, ela nunca mais correu atrás dele.

– Você é meio viado, né, Johnny? – Implicou Cobra. – Fica pedindo pro Duca, o Wallace e eu te arranjarmos mulher, daí quando uma gata dessas te dá mole, você pula fora.

– Eu não sou viado. – Discordou João. – Até porquê, acho que o termo politicamente correto é homossexual. Mas eu não sou. Só sou um homem muito apaixonado.

– É, muito apaixonado pela namorada do parceiro, né. – Lembrou Duca.

– É. – Envergonhou-se João. – Isso é um problema, mas um problema que pode ser facilmente resolvido se você terminar com ela.

Todos rimos.

– Quebra essa, Duca, daí eu posso até dar um descanso pra minha analista.

Duca riu muito mais.

–X-

E o Cobra e a Jade continuaram no relacionamento meio autodestrutivo deles.

Eles tinham dias bons, dias ruins e dias muito ruins.

O dia que a Jade disse: “eu te amo” pela primeira vez, foi O pior dia de todos.

Eles estavam juntos há seis meses e tinham acabado de ter a maior briga de todas, eu até achei que eles fossem terminar, mas eles não terminaram.

Eles estavam lá em casa assistindo ao filme do Cazuza pelo que devia ser a décima sétima vez, no mínimo.

Eu tava no meu quarto estudando e resolvi sair pra beber água e vi os dois sentados nos cantos extremos opostos do sofá, sem se tocar, sem se falar e sem se olhar. O filme acabou e Cobra se levantou pra tirar o DVD. Quando ele se sentou de novo, ela disse.

No começo foi só um murmúrio que nem deu pra entender, ela nem olhou pra ele, mesmo assim eu parei pra que eles não me vissem e fiquei escondida vendo tudo.

– O que? – O Cobra perguntou.

Ela respirou fundo, olhou pra ele e disse com a voz marejada:

– Eu te amo.

E depois ela colocou as mãos no rosto e chorou de soluçar.

Foi uma cena muito difícil de assistir.

Naquele momento eu soube com toda a certeza que a Jade estava entregue. Eu imagino o quanto aquilo foi difícil pra ela. No meio da luta dos dois, dizer o que sentia. Ela sabia que podia perdê-lo a qualquer momento e sabia que dizer aquilo podia acelerar as coisas, mas devia tá tão entalado na garganta e no coração dela que ela teve que dizer. Ela realmente não queria perdê-lo de jeito nenhum.

E pior, acho que deve ter sido mais difícil, porque era uma coisa com a qual ela lutava. A Jade chorar naquele momento, foi estranho, não era uma coisa normal. Aquele não era um choro de emoção, era um choro de dor, de desespero. Ela não queria amar o Cobra, ela sabia que só iria se machucar, dava pra ver que ela tava lutando contra isso, contra esse sentimento, mas ela não conseguia, assim como ainda não consegue evitar.

O Cobra ficou estático por um momento só assistindo a ela chorar. Então ele suspirou e a abraçou. Ele não disse que a amava também, é claro. Invés disso ele beijou o topo da cabeça dela e apertou mais o abraço. Jade segurou com força a camisa dele, como se isso pudesse prendê-lo a ela, e chorou no peito dele e Cobra deixou ela chorar tudo o que ela precisava chorar.

– Vai ficar tudo bem. – Ele mentiu.

Ele sabia que não ficaria, os dois sabiam.

O Cobra também não queria que a Jade o amasse. Ele sabia que ia machucá-la e ele não queria machucá-la.

–X-

– Foi a primeira vez que ela disse? – Perguntei.

– Foi. – Ele confirmou.

Depois que ela voltou pra casa, eu e ele fomos pro quarto dele.

Eu tava sentada numa cadeira e ele na cama dele abraçando as pernas. Ele estava em estado de choque.

– E ela tá bem?

– Não sei.

– Cobra, o que você vai fazer? – Suspirei.

– Não faço ideia. – Ele admitiu.

– Você não pode deixar essa garota sofrendo desse jeito. – Aconselhei. – Cobra, ela TE AMA. Ela é a mulher da sua vida, você sabe disso. Deixa ela saber o quanto ela é importante pra você ou você vai perdê-la.

Acho que foi a primeira atitude pró Cobrade que eu tomei.

Cobra suspirou.

– Eu acho que você a ama também, Cobra.

Ele olhou pra mim pela primeira vez desde que começamos a conversar.

– E se ela te deixar?

– Isso não vai acontecer.

– E se acontecer.

– Não vai.

Eu assenti e Cobra desviou o olhar.

–X-

Ele deu um desconto pra ela por uns dois meses. Foi um bom namorado, cuidou dela, até fez as vontades dela, menos conhecer a família, claro.

Foi durante esse tempo que eu percebi que tinha perdido o Cobra.

Era o aniversário da morte do pai dele e ele sempre ficava mal nesse dia. Eu passei no quarto dele pra ver como ele estava. Mas a Jade tava lá com ele.

Ela tava sentada na cama e ele tava deitado no peito dela. Ela acariciava o cabelo dele e ele chorava.

– Ele fez de mim o homem que eu sou. – Ele lamentava. – Todos os meus sonhos, foram todos incentivados por ele, se eu tenho os sonhos que tenho, é por causa dele.

– Ele devia ser um grande homem. – Ela disse.

– Ele era. – Confirmou Cobra. – Eu queria ser metade do homem que ele foi.

– Você É um grande homem, Cobra. – Garantiu Jade. – Aposto que é um excelente reflexo do que era seu pai.

Cobra se agarrou a ela com mais força.

– Eu não conheci o meu pai. – Confessou ela. – Ele deixou a minha mãe quando soube que ela tava grávida e o pai do Pedro foi só um caso de uma noite. O Ed foi o único pai que eu tive.

– Seu pai de verdade é um idiota. – Disse Cobra. – Se ele conhecesse a filha maravilhosa que teve, teria muito orgulho. Agora o meu pai ele sempre apostou muito em mim e ele nunca vai me ver realizando meu sonho, isso se eu conseguir.

– Você VAI. Olha pra mim. – Ela o puxou e ele a encarou. – Você vai conseguir realizar TODOS os seus sonhos, Cobra, nunca duvide disso. E o seu pai pode não estar aqui pra assistir, mas onde ele estiver, ele tem muito orgulho de você e vai ficar muito feliz. E você não está sozinho, você ainda tem a sua mãe e você tem o Gael, que te ama como um pai e também tem a Dandara e o Robinson, o Reinaldo, o João, o Duca, a Bianca e a Karina. E você tem a mim. Eu te amo, Vagabundo. Eu vou estar do seu lado quando você realizar os seus sonhos.

Cobra voltou pro peito dela e chorou mais. Ela beijou o topo da sua cabeça, acariciou o seu cabelo e cuidou dele até a hora do meu pai chegar em casa.

E eu soube que não era mais a garota que o Cobra procurava pra desabafar.

–X-

Depois desses dois meses, o Cobra praticamente esqueceu da declaração da Jade e voltou a ser o mesmo. E toda vez que eles brigavam, ele parecia prestes a pular fora de novo. Ele continuava fazendo a mesma coisa, perguntando se estava tudo bem, esperando pela verdade, mas ela continuava mentindo.

Nesse meio tempo o Duca e a Bianca terminaram e mesmo que eu ainda não acredite, ela começou a namorar o João. Mas o Duca não conseguiu ficar com a Nat, porque ela tava namorando um cara chamado Alan.

A gente tava na festa de aniversário do Wallace, todo mundo, O Cobra, a Jade, o Duca, a Bianca, a Nat com o namorado, o João, o Pedro, a Ruiva, o Jeff, a Mari, a Sol e o Wallace, é claro, os outros já tinham ido embora. A festa era em Marechal, longe pra caramba. Pra mim tudo bem, porque eu ia dormir na casa da Sol e a Bianca e a Ruiva na da Mari, mas a Jade ia voltar pra casa e já tava SUPER tarde, nem tinha mais ônibus aquele horário.

– Cobra, por favor, me leva pra casa, minha mãe já deve tá surtando. – Ela implorou.

– Calma aí, Jade, não tá vendo que eu tô conversando? – Ele reclamou.

Todo mundo olhou pros dois meio apreensivo.

– Tá de boa, mano, leva sua gata pra casa, amanhã a gente conversa mais. – Wallace tentou contornar.

– Não, você não terminou a história, eu quero ouvir tudo. – Disse Cobra.

– É que a história é longa. – Wallace explicou.

– Pega nada, eu tenho tempo. – Cobra deu de ombros.

– Cobra, POR FAVOR.

Todo mundo se solidarizou com Jade.

– Calma aí. – Discutiu Cobra.

– Eu preciso MESMO ir pra casa. – Ela já tava quase chorando. – Já tá super tarde, eu moro super longe, não avisei a minha mãe, tô sem sinal, não tem mais ônibus, eu preciso ir pra casa.

Todo mundo olhou pro Cobra.

– Por favor, me leva pra casa, Vagabundo. – Ela pediu com a voz a meio fio.

– Se você esperar só mais um pouco, eu te levo pra casa, Dama. – Cobra disse.

Todos bufaram e reviraram os olhos.

– Eu devia ter ido com o Henrique e a Vicki ou com o Lírio e a Joaquina.

– É, devia, mas ficou, agora espera mais um pouco. – Cobra voltou-se para Wallace.

– COBRA, POR FAVOR.

– JADE...

– Eu te levo, Jade. – Duca se ofereceu. – Entra no carro que eu levo você e o Pedro.

– Obrigada, Duca. – Jade agradeceu, mas não tirou os olhos amargurados de Cobra.

– Então, falou, Wallace, parabéns aí, a gente se vê amanhã. – Duca abraçou Wallace e se despediu de todos.

Quando chegou ao Cobra, Duca lhe lançou um olhar repreendedor e Cobra virou os olhos.

– A gente se vê amanhã, parceiro.

– Tchau. – Cobra respondeu simplesmente.

– Vamo, Jade. – Duca chamou.

Ele foi pro carro e Jade se despediu de todos com único aceno, sem tirar os olhos de Cobra:

– Tchau, gente.

– Tchau, Jade. – Respondemos.

– Vamo, Pedro. – Ela finalmente tirou os olhos do Cobra e puxou o irmão pro carro.

Pedro acenou pra todos, sorriu pra mim e lançou um olhar hostil para Cobra.

– Então, onde a gente tava? – Cobra voltou-se para nós.

– Caramba, mano, como você faz isso com a sua mina? – Repreendeu Wallace.

– Ah, não vão começar com liçãozinha de moral, né? – Irritou-se Cobra.

– Foi vacilo mesmo, Cobra. – Reforçou Sol.

– Você não mudou nada, né, Cobra? – Acusou a Ruiva. – Continua o mesmo cretino.

– Olha, meu relacionamento não é da conta de vocês.

– Que relacionamento? – Questionou a Ruiva. – Num relacionamento duas pessoas concordam com as coisas juntas. Você só tem uma garota que acata todas as suas vontades. E a única razão que eu vejo pra ela fazer isso, é te amar demais, mas você não merece esse amor.

Cobra se aproximou de Ruiva e disse:

– Como eu disse, isso não é da conta de vocês.

– Tá legal. – Eu interrompi. – Acho que deu sua hora, né, Cobra, você e o João tem que voltar pra casa agora.

– Não, eu quero ouvir a história do Wallace. – Cobra sorriu e voltou-se pra Wallace.

Todos suspiraram.

–X-

O relacionamento do Cobra e a Jade conseguiu sobreviver por um pouco mais de um ano. O que foi incrível, eles realmente se amam muito pra conseguir aguentar todo esse tempo.

Enquanto isso o João e a Bianca terminaram e ela voltou pro Duca. E a Nat terminou com o Alan.

O Pedro começou a dar em cima de mim, mas eu não sabia se queria alguma coisa com ele.

E durante todo esse tempo, a Jade disse trinta e sete vezes que amava o Cobra, ele não disse nenhuma. Ele nunca conheceu a mãe dela, nem o Ed que era como o um pai pra ela e mal falava com o Pedro e nunca a apresentou pro meu pai, a Dandara, a Quitéria e os irmãos mais novos dele. O meu pai e a Dandara nem sabiam que ele tava namorando, achavam que ele tava com várias garotas diferentes como sempre.

A Jade aguentou uma barra e segurou firme, mas todo mundo tem o seu limite.

O limite da Jade chegou uns dois meses depois deles terem completado um ano de namoro, data que passou quase despercebida pelo Cobra.

Então me abraça forte
E diz mais uma vez
Que já estamos
Distantes de tudo
Temos nosso próprio tempo
Temos nosso próprio tempo
Temos nosso próprio tempo

Não tenho medo do escuro
Mas deixe as luzes
Acesas agora

Eu cheguei em casa com os fones de ouvido, estava escutando “Tempo Perdido” da Legião Urbana, minha banda favorita.

O que foi escondido
É o que se escondeu
E o que foi prometido
Ninguém prometeu
Nem foi tempo perdido
Somos tão jovens
Tão Jovens
Tão Jovens!

Eu fui direto pro meu quarto, então nem notei nada, mas quando tirei os fones, ouvi os gritos do Cobra, vindos do quarto ao lado:

– E O QUE VOCÊ QUER DIZER AFINAL?

Eu tirei completamente os fones e me aproximei da parede preocupada. A voz da Jade soou mais abafada, mas deu pra ouvir assim mesmo:

– Eu tô querendo dizer que eu te amo, Cobra, e te amo MUITO, mas eu já tô muito cansada de fingir que está tudo bem. Já deu pra mim.

– VOCÊ DISSE QUE TAVA TUDO BEM.

– Eu sei, eu menti. Mas eu tô cansada. Eu não posso mais fazer isso.

– FAZER O QUE?

– Nós. Eu não posso mais fazer isso. – Ela fez uma pausa e continuou com a voz marejada: - Acabou.

Houve um minuto de silêncio e Cobra o quebrou com a voz vacilante:

– Tá terminando comigo?

– Tô. – E Jade chorou.

– Jade... – A garganta de Cobra fechou.

– Eu sinto muito, Cobra. – Ela chorava ainda mais. – Eu sinto muito de verdade, eu realmente te amo, mas não dá mais.

– JADE. – Cobra gritou e eu ouvi o barulho da porta do quarto se abrindo e se fechando.

Eu ouvi o barulho de Jade correndo e chorando pelo corredor e depois veio a explosão do Cobra.

Eu já tinha me afastado da parede, mas ainda assim dei um pulo com o estrondo. De repente ele começou a fazer muito barulho no quarto dele, ele tava derrubando as coisas e quebrando tudo. Eu queria ir até lá, mas tive medo de piorar tudo.

Então eu esperei.

Quando o barulho de coisas caindo e se quebrando e os gritos de Cobra cessaram, eu fui até o quarto dele. Abri a porta lentamente e o encontrei sentado no chão, chorando em meio aos destroços.

Eu entrei com cuidado pra não quebrar mais nada e me ajoelhei ao lado dele.

O Cobra me viu e abriu a boca como se quisesse me dizer algo, mas ao invés disso, ele ficou sem ar e começou a chorar muito mais.

Eu o abracei e ele chorou nos meus braços até dormir.

E esse foi o fim de Cobrade.


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