Ginásio. Quem diria que aquele mesmo lugar gigantesco acabaria por se tornar um dos meus lugares favoritos dentro da Academia que foi por muito tempo a única casa e família que conheci de verdade, a primeira vez que coloquei os pés ali dentro tinha exatamente 10 anos, 5 advertências verbais por quebrar o nariz de um garoto do 3° Ano com um soco e quase deslocar o ombro de uma enfermeira por tentar me aplicar um tranquilizante, fazia quase 2 que a minha mãe havia me deixado sob os cuidados da Academia para seguir a família Moroi que iria proteger, ela não ia me visitar nem mesmo no natal ou páscoa, não ligava no meu aniversário e também não escrevia no dia das crianças e então eu fugia na calada da noite para chorar ali esticada no meio do tatame, até que um dia fui pega. Não por um Guardião graças a Deus, mas por um Dhampir loiro, com a minha altura e uma janelinha engraçada na boca. Era o Mason. Aquela era a primeira vez que o via. Conheci meu melhor amigo no lugar que eu usava como lugar especial do choro, lugar onde anos depois eu estava cumprindo ordem de castigo e mesmo lugar onde agora eu estava.
Muitas lembranças.
Meia hora vendo os novos alunos do 4° Ano se mexendo dentro do ginásio atacando uns aos outros e os bonecos de treinamento de uma forma totalmente errada e eu já estava com vontade de vomitar ou sair correndo e Dimitri encarava tuda a cena sem alterar sua postura perfeita de Guardião uma única vez, muito embora que por dentro eu podia dizer que ele se sentia decepcionado com o que via ou então louco para colocar todo mundo na linha o mais rápido que pudesse. Sem graça, nem sem as memórias ele cometia um deslize, aquilo era de dar nos nervos as vezes. Nos meus nervos, é claro.
Ah fala sério, todos aqueles movimentos desordenados daqueles novatos em luta real contra o que realmente temiamos faria uma criança de 4 anos parecer profissional! Juro que se descobrisse quem era o atual treinador prático deles socaria a cara do indivíduo sem pestanejar e depois gentilmente perguntaria o que diabos ele estava fazendo com os alunos.
– Acho que já vimos o suficiente por hoje desses alunos, isso está um verdadeiro desastre Guardiã Stvens! -Constatei quando uma Guardiã se aproximava balançando os quadris e Dimitri me lançava um olhar reprovador. - Não me olhe assim Camarada Belikov, sabe que tenho razão. Se fossem colocados em confronto agora no mundo lá fora ou se invadissem a Academia como aconteceu alguns anos atrás iriam todos morrer.
A carranca de Dimitri rapidamente se desfez quando ele percebeu que gostando ou não, eu tinha razão daquela vez.
– É o primeiro dia deles no ginásio Guardiã Hathaway Mazur, ainda não conseguimos exigir muito deles. -Respondeu a Guardiã com rispidez praticamente me fuzilando com os olhos. - Talvez vocês pudessem dar aos novos alunos uma demonstração de como um Guardião deve agir em luta já que são considerados os melhores que temos na equipe. Em anos.
– Pelo visto os Guardiões de treinamento também precisam voltar para a o Jardim de Infância urgentemente antes que matem alguém antes de uma semana. -Murmurei de uma forma propositalmente audível ganhando um olhar irritado da Guardiã e um olhar reprovador do meu Camarada.
Ignorei os dois imediatamente, afinal de qualquer forma eu estava certa!
– Finalmente alguma coisa de interessante vai acontecer por aqui! -Murmurou um dos alunos em minhas costas.
– Aposto 20 dólares que ela derruba ele em 3 minutos de luta, ele é maior e com bastante músculos, mas ela parece levar para o lado pessoal. -Murmurou uma garota a minha esquerda.
– Feito! Você vai perder. -Disse uma voz masculina parecendo animada.
Tinha esquecido de como o Jardim de Infância podia ser divertido.
Sorri levemente ao ouvir aquilo ainda com todos os meus sentidos concentrados nos movimentos fluídos de Dimitri que eu conhecia muito bem como os meus próprios, ao contrário dele que com a perda de memória não lembraria de como EU me mexia. Isso seria interessante!
Os golpes de Dimitri contra mim como sempre eram bastante precisos e bem calculados típicos de um excelente Guardião tal como ele continuava sendo, ele já havia me feito cair duas vezes no tatame de costas e com certeza o chute na costela e o soco na lateral da cabeça doeriam bastante algumas horas mais tarde e então novamente algo me ocorreu da época em que eu era aluna dele. Dimitri tinha obviamente o dobro do meu tamanho e provavelmente força devido aos seus músculos, mas também tinha o dobro do meu peso! Hehe agora a coisa iria ficar realmente interessante e divertida!
Comecei a inverter meus movimentos de luta como se estivessem dançando deixando Dimitri rapidamente confuso por que ele não lembrava daquilo que ele mesmo havia me ensinado nos primeiros três meses como meu treinador e finalmente quando ele havia preso os braços em volta de meu corpo fazendo minhas costas ficarem em contato com seu peito macio fazendo algumas garotas arfarem de um jeito que eu reprimi meus hormônios para não acontecer também resolvi que mais uma vez usaria os meus truques antigos para dar um fim naquilo tudo porque os olhares daquelas alunas oferecidas de uma figa sobre o meu Dimitri estavam me deixando realmente incomodada.
Levantei o braço com força me soltando dele e levei o cotovelo para baixo com toda a força do meu corpo acertando o estômago dele com precisão e então girei a cintura ao contrário do que seria esperado lhe passando uma rasteira rapidamente subindo nele ao modo que pude sentar em sua cintura segurando suas duas mãos acima de sua cabeça com uma das minhas mãos enquanto a outra precionava minha estaca de treinamento contra seu peito com cuidado. Sorri de forma maliciosa e vitoriosa. Eu havia vencido. Dessa vez.
A nossa volta os novatos gritavam, aplaudiam e associavam com fervor enquanto Dimitri e eu permaneciamos imóveis nos encarando fixamente ainda no tatame e então antes que um de nós fizesse algo inapropriado para o momento forcei minha mente a lembrar que não estávamos sozinhos no ginásio então me levantei rapidamente oferecendo minha mão para tirá-lo do chão e já ambos em pé nos abraçamos apertado.
– Isso vai ter volta essa noite Roza, pode esperar! -Sussurrou ele em meu ouvido de forma maliciosa antes de me soltar e piscar em seguida de um jeito que fez meus hormônios saltarem.
Oh Deus, meu útero estava ferrado agora! O sexo com Dimitri era perfeito e conseguia fazer meu útero ficar sensível pelo resto da semana. Me limitei a sorrir de lado encarando os alunos a nossa volta com expressões diversas me fazendo reprimir com força a vontade de começar a rir.
– Como ex-treinador e ex-aluna da Academia São Vladimir teriam algum conselho importante a nos dar sobre os Strigoi Guardiões? -Perguntou e treinadora numa postura rígida ao lado de seus alunos.
Sorri de lado levemente com as palavras dela. Ah fala sério, esperei quase uma vida inteira para poder finalmente usar a frase que agora estava coçando em minha língua.
– Se tiver uma chance mate sem pensar duas vezes, mesmo sendo alguém que conhecia toda a sua vida... Um amigo... Um parente. Qualquer um. A vida de um Srigoi está condenada no segundo que deixaram de ser Moroi ou Dhampir, então se tiverem sorte o bastante de chegar ao coração deles com sua estaca antes que eles cheguem em seu pescoço para quebrá-lo. Mate-o, porque é a única coisa que farão contra vocês também se não os transformar no que eles são. -Disse Dimitri parado ao meu lado com a postura perfeitamente rígida e com a voz dura de tal forma que chegava a ser quase ríspida.
Após as palavras dele que fizeram grande parte dos alunos estremecer visivelmente e lançarem olhares tensos uns para os outros, toda a atenção deles se concentrou em mim. Acontece que eu só tinha uma única coisa específica para dizer. Provavelmente a maior importante.
– Honestamente depois do que presenciei hoje sendo ou não o primeiro dia de vocês de prática no ginásio, foi realmente horrível! Então, se virem um Strigoi estando nesse estado aconselho que corram. -Falei com o tom de voz mais sério que consegui.
E lá se foi a postura perfeita de Guardão Fodão do Dimitri quando ele abraçou minha cintura e deu uma leve risada provavelmente lembrando do dia que me disse aquilo.
Seguimos silenciosamente lado a lado pelo jardim principal da Academia rumo a ala da enfermaria curtindo os raios de sol que batiam em nossa pele e a brisa que vinha do leste era suave e levemente gelada, senti um arrepio estranho correr minha espinha que não tinha nada haver com a brisa que passava me fazendo instintivamente olhar para as árvores do lado esquerdo fazendo Dimitri travar no meio de uma frase sobre alguma coisa que eu não fazia ideia.
– Rose? Tudo bem querida? -A mão esquerda de Dimitri apertou a minha enquanto a direita num gesto automático foi para sua estaca de prata na cintura.
Uma vez Guardião... Bem, sempre Guardião.
Dei de ombros suavisando minha expressão o máximo que consegui com ele ainda me olhando, voltando a andar ao lado dele lentamente ainda encarando as árvores meio desconfiada.
– Está tudo bem Camarada, acho que meu "sentido-aranha" está com defeito ou algo assim. Deixa pra lá, nossas filhas estão esperando. -Falei dando de ombros novamente olhando para os meus pés enquanto andava.
Ah fala sério, a quem eu estava tentando enganar com aquela história furada de "tudo bem, não têm nada tentando acertar o nosso rabo pelas costas"? É claro que não estava bem, não estava nada bem, a última vez que senti aquele mesmo maldito arrepio pavoroso correr minha espinha, meu melhor amigo estava morto, Lissa estava com a Aura mais preta do que carvão, Victor estava me tirando do sério, Tasha estava quase comendo Dimitri com os olhos e para completar a Academia entrou em alerta vermelho imediato, então fomos atacados por um verdadeiro exército de Strigoi que estavam escondidos praticamente embaixo das nossas estacas gerando o tipo de situação que honestamente eu pagaria para evitar.
Alguma coisa muito ruim estava para acontecer, eu podia sentir.