Por Tasha Ozera.

Victor Dashkov estava morto agora por agir por contra própria e isso definitivamente havia complicado o meu lado dos planos. O que diabos ele tinha na cabeça para confrontar a piranha da Rose sozinho?
Uma coisa era certa, ele a havia subestimado da pior forma que poderia fazê-lo. Eu não faria o mesmo.
O plano "A" havia ido por água abaixo com a morte do imprestável do Victor, agora meu plano "B" estava em risco, me restando apenas o plano "C" que além de arriscado não haveria como voltar atrás, mas o que era uma boa vingança sem alguns sacrifícios?
Tudo bem, eu conhecia o aalfabeto, mas acontece que não tinha planos suficientes para corresponder com todas as malditas letras!
– Você têm mesmo certeza disso Tasha? -Perguntou Samuel Drosdov pela segunda vez em 15 minutos.
Ele era realmente irritante quando queria. Bem ao que parecia criar alianças daquele tipo vinham com um preço, que aliás eu estava mais do que disposta a pagar. No fim valeria a pena.
– Já me viu voltar atrás em alguma coisa que disse que faria Sam? -Perguntei irritada encarando a cela onde eu havia mantido o Strigoi que havia capturado alguns dias depois de fugir da prisão da Corte. - Encontrou os arquivos que pedi?
– Vai mesmo destruir a única coisa que o leva a verdade sobre você? O garoto é seu filho Tasha, ele merece saber a verdade mesmo depois de tudo e se você não contar, um dia ele vai descobrir sozinho e então será realmente tarde demais para consertar as coisas com ele. -Disse Samuel parado em pé na frente da janela do apartamento de costas para mim com duas pastas bege nas mãos. Os arquivos.
– Não vai não Samuel, eu já o decepcionei demais com todas as coisas que fiz para chegar aqui desde que... Enfim. Como mãe seria a pior coisa do mundo, ele não iria suportar uma dor assim. Seria demais. Pra nós dois e minha época de ser fraca acabou, a dele mal começou e por isso as coisas vão ficar exatamente como estão. Siga o plano. -Falei segurando as lágrimas o máximo que podia ao levantar e seguir para a escada que dava acesso ao segundo andar.
– Tudo bem, mas e quanto a Angela? Vai simplesmente deixar ela sozinha também? É tão fria assim? -Perguntou Samuel com a voz dura.
Aquilo foi como furar meu coração com uma estaca de prata, ou risca-lo lentamente. Filho da puta!
– Escolha com cuidado suas próximas palavras Samuel Drosdov, porque sua cota de me irritar já chegou ao limite por hoje. Eu não quero te matar. Ainda preciso da sua ajuda com o meu plano... -Avisei o fuzilando com os olhos, muito embora quisesse queimá-lo vivo com meu dom.
– Não revelar que é mãe de outro garoto ok, mas por isso vai esconder que o Guardião têm uma filha também? -Perguntou Samuel estreitando os olhos.
Deus. Eu odiava quando ele fazia aquilo.
– Guardião? Entendi porque ele te odeia daquele jeito com tanta intensidade, não consegue nem usar a palavra "filho" para mencioná-lo. -Falei cruzando os braços.
Angela.
Minha doce e preciosa Andie era tão inocente. Seu perfeito mundo de 4 anos de idade era tão cheio de vida e coisas novas. Céus, ser uma mãe ruim com um dos pmeus filhos já era... Ruim... Agora com os dois eu já tinha no mínimo a minha vaga no inferno reservada e minha alma era do tipo que provavelmente Lúcifer viria buscar pessoalmente. A lá estava eu prestes a ser coração mole de novo.
Porque entre milhares de coisas no mundo justo Angela tinha que ser meu ponto fraco? Ah é, porque ela era minha filha... E dele... Embora ele não soubesse disso. Ainda.
– Ah meu saco... Tudo bem. Caso eu morra cuide para que ele saiba dela Samuel, mas somente se eu morrer. -Cedi o encarando enquanto limpava o rosto com a manga da blusa.
O plano era teoricamente bem simples. Me tornar Strigoi, matar a vadia da Rose por tudo que ela havia me feito passar desde que entrou na vida de alguém que era para ser meu, transformar Dimitri em Strigoi também e sumir do mapa para sempre. Talvez fôssemos para o Egito. Bem, eu nunca estive no Egito.
Espera ainda havia uma lacuna... Eles tinham filhos... Filhas para ser mais específica... Dane-se eu também tinha e mesmo assim isso não iria me parar. Ele me escolheria de algum jeito, nem que eu tivesse que matá-las para isso, mas ele me escolheria.
Abri a sala de segurança sabendo que mesmo me expondo daquela forma ainda estava segura por conta dos meus poderes com o fogo e sorri sem humor encarando o Strigoi que fazia o mesmo comigo como se estivesse me desafiando. Então percebi que são sabia nada a respeito dele.
– Qual é o seu nome? -Perguntei cruzando os braços numa postura imponente para que ele entende-se quem estava no controle.
– Spencer e você é Natasha Ozera. Irmã da falecida Moira Ozera. -Disse Spencer com as sobrancelhas arqueadas.
– Você os conhecia também? -Perguntei trocando o peso do corpo para a outra perna.
– O suficiente para saber da verdade. -Respondeu ele secamente parecendo me analisar.
Péssimo sinal.
Ele sabia de alguma coisa. Eu podia sentir.
– Do que está falando exatamente? -Perguntei não deixando transparecer que estava levemente preocupada ao perceber o sentido das palavras dele.
Spencer curvou a cabeça levemente para o lado esquerdo, arqueou mais as sobrancelhas deixando transparecer um ar de sorriso lateral em seus lábios pequenos e então me liguei sobre o que exatamente ele estava insinuando. Ele sabia meus segredos... Oh merda! Como ele sabia o que eu havia feito? Quer dizer, fazia tanto tempo... 18 anos para ser exata.
Como diabos ele sabia?
Droga. Isso mudava tudo. De novo.
– Como? -Questionei apontando minhas mãos na grade de proteção. Para mim, obviamente.
– Está na cara que você e Moira Ozera não se davam muito bem mesmo sendo irmãs senão você já teria descoberto. Sou Spencer... Ozera. Sou seu irmão...Adotivo, mas seu irmão. -Disse ele dando de ombros me lançando um olhar frio. - Não que isso faça alguma diferença agora, porque honestamente eu nunca gostei de você, por isso nunca deixei que soubesse quem eu era. Fiz nossos pais prometerem não contar quem eu era e agora vejo que fiz bem. O que faz com Moira e Lucas naquela noite na casa de férias não tem perdão Natasha, mesmo que eles estivessem vivos agora... Não teria perdão. Christian é um garoto muito inteligente. Vai descobrir a verdade sobre você.
Reprimi a vontade de discutir com ele como se eu fosse uma adolescente brigando com o namorado ciumento, limitando-me apenas a dá um sorriso irônico e sair andando como se nada tivesse acontecido. Encontrando Samuel Drosdov no corredor principal concentrado num livro antigo de... Faroeste? Isso é sério? Dimitri tinha mesmo a quem puxar; nas coisas boas pelo menos.
– Colete o máximo de amostras de sangue que conseguir do Strigoi e depois... Abra todas as janelas conectadas a cela dele. Esse Strigoi está palido demais para o meu gosto, precisa de uma corzinha. -Falei ironicamente com um sorriso ao seguir para o primeiro andar.
Quer ver uma tarefa mais complicada do que me tornar Strigoi? Me despedir dela.
Entrei no quarto rosa lentamente com cuidado ao encarar a cama e encontrar Angela ou Andie como eu a chamava dormindo profundamente. Eu a amava tanto e por isso teria que deixá-la, jamais me perdoaria se como Strigoi a machucasse ou mesmo a matasse, então eu não tinha escolha.
– Mamãe? -Ela perguntou sonolenta quando me sentei em sua cama.
– Tudo bem meu amorzinho. É a mamãe, pode voltar a dormir princesa. -Falei puxando o cobertor para que a cobrisse melhor.
– Já é de manhã mamãe? -Perguntou ela esfregando os olhos devagar olhando para a janela.
Segurei as lágrimas no fundo da garganta.
– Não meu amor, ainda não é de manhã. -Respondi acariciando o rosto dela com cuidado ainda prendendo minhas lágrimas com força. - Filha, me escuta com atenção, Ok? Andye a mamãe vai precisar viajar... Por um longo tempo.
Após minhas palavras Angela praticamente deu um pulo na cama ficando em pé parecendo assustada.
– Você vai embora mamãe? -Perguntou ela quase chorando enquanto me encarava. - Você prometeu. Lembra? Juntas para sempre!
Oh merda, definitivamente ela era o meu ponto fraco acima de qualquer coisa. Que droga! Eu iria mudar todos os meus planos por causa dela. De novo.
– Lembra que nunca falamos do papai meu amor? -Comecei suspirando ao pegá-la no colo.
Aquela seria uma conversa realmente difícil. Para mim.
– Sim, você disse que ele não podia cuidar de mim porque não gostava mais de você e então não podia ficar comigo também. -Disse ela com sua voz inocente.
Inocente...
Inocência essa que eu estava prestes a destruir para sempre.
– A mamãe mentiu para você... Porque estava com medo de como o papai iria reagir. -Suspirei novamente enquanto falava, aqulo não era exatamente mentira. Na época eu estava mesmo com medo de contar a ele. - Eu estava pensando... Você quer conhecer o papai agora?
– Ele vai cuidar de mim até você voltar pra ficar com a gente? - Perguntou ela brincando com uma mexa do meu cabelo.
E novamente eu jamais poderia ter dito a verdade e não diria. Ela já iria sofrer demais só com aquilo.
– Isso mesmo minha princesa. -Falei apertando-a levemente em meu peito.
Oh céus! Aquele foi de longe o pior momento da minha vida.
– Samuel, houve outra mudança de planos... Hey! Samuel acorda! -Falei entrando no quarto que dividiamos estalando os dedos na frente dele algumas vezes.
Camas separadas.
Claro.
Antes de tudo eu tinha juízo. Mais ou menos.
– Olha tudo bem que dividimos o quarto porque a casa é pequena, mas você podia bater antes de entrar. É a terceira vez nessa semana que você quase me mata de susto. -Reclamou ele agachando para pega um livro no chão que provavelmente estava lendo antes de minha chegada; nada sutil admito.
Na boa, eu ainda iria queimar todos aqueles malditos livros!
– Que mudanças vai fazer agora? -Perguntou ele guardando o livro e me encarando com os braços cruzados.
– Angela. Não posso transformar o Dimitri por causa dela, porque eu já vou deixá-la sem mim... Agora sem ele... Não! É crueldade demais e nesse ponto nem mesmo eu chegaria. -Falei andando de um lado para outro.
– E quanto a namorada marrenta dele? - Perguntou Samuel estreitando os olhos e pelo jeito eu era uma parede de vidro transparente porque no momento seguinte ele pareceu ler minha mente. - Você vai matar ela, não ele por causa da Angela. Sabe que ele nunca vai te perdoar não é?
Deu um pequeno sorriso amargo.
– Pelo menos o "Anjo" dele vai ter as asas no inferno. -Falei dando de ombros aí me retirar.
Que os jogos comecem... Agora!