Brooklyn, 13, Julho de 1935.

-Qual é punk, vamos, vai ser divertido!

-Bucky, pelo amor de deus! Já falei pra você que não me sinto bem nesses lugares. Vai você.

-E que graça teria ir sem você? Você é meu melhor amigo, vamos lá baby.

-Okay Bucky, você venceu, eu vou.

-Yeah, vai ser divertido, você vai ver.

-Urgh, jerk.

-Punk.

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E lá estava eu, naquela boate nova do Brooklyn por insistência do meu amigo Bucky. Eu poderia muito bem ter dito não, mas a questão é que era Bucky Barnes quem estava a insistir. Nunca consigo dizer não a ele, nem que eu queira. Conheço ele desde meus 6 anos, quando os pais dele morreram num acidente de avião, e minha mãe, Sarah, resolveu cuidar dele. Nós crescemos juntos, muitos as vezes brincam dizendo que poderíamos ser irmãos se não fosse nossas aparências distintas. Bucky, é moreno, alto, forte, enquanto eu sou loiro, baixo e um tanto franzino. Nossa única semelhança são a cor dos olhos. Olhos azuis, muito parecidos, apesar de Bucky sempre dizer que os meus olhos são muito mais bonitos que os dele. Mas eu não acho, acho os olhos dele os mais bonitos que eu já vi. Na verdade o Bucky é todo bonito. Ele sabe disso, as garotas sabem, eu sei disso. Mas isso não vem ao caso, o que vem ao caso é que eu estava naquela boate nova, rodeado de pessoas desconhecidas, exceto por Bucky, e estavam quase todas olhando pra mim. Ou talvez elas estavam olhando meu amigo Ele sempre foi de chamar atenção, não que isso me incomodasse, o que me incomodava de verdade era essa insistência de Bucky em me trazer a esses lugares e tentar me empurrar para alguma colega dele, que sempre são afim dele, sempre.

E foi a mesma coisa nessa noite. Em certo momento, Bucky tentou me empurrar para Jess, já que ele havia se dado bem com a Mary. A garota em questão não me poupou, e me rejeitou sem rodeios, dizendo que estava ali por causa do Bucky e apenas por causa dele. Resumindo, ficamos eu e ela de lado vendo nossos amigos se pegarem em algum canto da boate. Pouco mais da meia-noite, nós decidimos ir embora. Nos despedimos das garotas na porta da boate e seguimos caminho até nossa casa, que ficava a cinco quarteirões dali. Bucky estava um pouco alterado demais devidos as bebidas, então precisava se apoiar em mim para se manter de pé. Mesmo sendo um pouco maior que eu, era fácil para mim sustentá-lo.

-Steveeen, você beijou a Jess?

-Não, Bucky, ela me deu um fora. Ela é afim de você, dickhead.

-Oh, como ela ousa rejeitar meu belo amigo?

-Do mesmo jeito que você ousou beijar a melhor amiga dela.

-Não tenho culpa se a Mary é mais legal que ela.

-Okay pal, agora fica quieto.

-Mas Steveen, ela não pode te rejeitar, você é meu amigo.

-Ela pode sim, não é porque sou seu amigo e porque você ficou com a amiga dela, que ela é obrigada a ficar comigo. Isso é pra você a aprender a não tentar mais arranjar garotas pra mim, Bucky.

-Mas quem vai te arranjar garotas, Steven?

-Eu me viro, se preocupe com você, pal.

-Mas eu me preocupo com você também, você é meu amigo.

-Okay.

-Steven?

-O que?

-You're a punk!

-Jerk!

Quando chegamos em casa, ajudei o Bucky a tirar a roupa e a se deitar logo em seguida. Como provavelmente ele estaria de ressaca no dia seguinte, coloquei um remédio no criado-mudo ao lado da cama e me arrumei para dormir. Como o Bucky estava quieto deitado em sua cama, presumi que já estava dormindo. Mas quando eu estava indo me deitar ele me chamou.

-Steven?

-Sim Bucky?

-Posso te perguntar uma coisa?

-Bom, você não parece estar mais tão bêbado, acho que estou seguro de perguntas embaraçosas.

-Asshole! Enfim, você promete ser sempre meu amigo, mesmo que algo aconteça?

-Bucky, porque isso?

-Só me responda se você promete, Steve. Não importa o que aconteça, qualquer coisa, você vai sempre estar do meu lado?

-Claro Bucky, você é meu melhor amigo.

-Fico feliz em ouvir isso.

-Mas Bucky, por que veio com esse assunto logo agora?

-Eu não sei, só precisava perguntar isso. Eu não tenho ninguém além de você e sua mãe, Steve. Não quero correr o risco de ter que ficar sozinho, uma promessa sua me deixa mais seguro. Você é o único amigo que eu tenho, de verdade, a pessoa em que mais confio nessa vida, seria devastador ter que ficar sem meu amigo depois de tudo isso.

-Bucky, não se preocupe, eu sempre estarei do seu lado, sempre serei seu amigo, independente de qualquer coisa.

Juro ter ouvido Bucky sorrindo antes de me desejar boa noite e cair num sono que provavelmente duraria até tarde no dia seguinte. Para mim foi um pouco difícil de pegar num sono de imediato. Ainda estava a pensar no que Bucky havia me dito. Queria saber o porque dele ter vindo com esse assunto logo agora, depois de 11 anos de amizade, depois de tudo que nós havíamos passado juntos. Era mais do que óbvio que eu sempre estaria ao seu lado, e eu imaginava que o ele já tivesse noção disso.

Fiquei repassando as palavras de Bucky várias vezes. ''Você promete ser sempre meu amigo, mesmo que algo aconteça?''. Algo aconteça? O que poderia acontecer? Eu não conseguia entender. Qualquer coisa poderia acontecer, ele sempre seria meu amigo, sempre seria o único que não me acho estranho quando me conheceu na escola, por ser muito pequeno para minha idade. O único que não caçoou de mim por aos 12 anos nunca ter sequer beijado alguém na boca, por nunca ter namorado aos 14, por nunca ter levado uma garota para cama até o presente momento, por achar guerras estúpidas mesmo querendo ir para o exército, por nunca fugir de uma briga mesmo sabendo que não teria chance contra meu adversário. Ele sempre esteve do meu lado, nada mais justo do que eu permanecer sempre ao lado dele então.