A Filha de Roma e Grécia escrita por Wondy


Capítulo 13
Hayley - Flashes de um passado não tão esquecido +16


Notas iniciais do capítulo

Olá divosas!
Eu não sei o que vocês pensarão da Hayley depois de lerem esse cap, mas eu sei que a raiva que sentirão da mãe dela será descomunal.
Eu coloquei o aviso +16 por que nesse cap vão ter cenas um tanto fortes, mas já vou avisando que não tem nada a ver com sexo, ok?
Nesse cap vocês descobrirão o porquê da Hayley nunca tirar sua jaqueta de couro e qual é o segredo que ela tem tanto medo assim de contar para o Percy - que não é o fato dela ser uma alma e talz, polemica eu sei -.
Espero que vocês não queiram me matar depois de ler, ok?
Enjoy



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LEIAM AS NOTAS INICIAIS

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Tudo o que já é ruim pode piorar

Lembro-me de ter visto essa frase num livro. Quando a li, eu discordei veemente, já que a frase deveria ser: Tudo que já é ruim vai piorar. E eu sei disso melhor do que ninguém. Ela me fez saber disso melhor do que ninguém.

Depois de todas as vezes que disse que eu era a vergonha da família e me chamou de aberração. Que tipo de pessoa fala isso para a própria filha de dois anos de idade? A resposta é: Sarah Bennet. Minha mãe.

O que eu mais odiava em Sarah era o fato de ela ser tão bondosa com as crianças que ela costumava ensinar e quando chegava em casa me fazia sentir uma aberração de tanto que ela me chamou disso sem eu nem saber o porquê. Perdi a conta de quantas vezes eu desejei ser uma daquelas crianças e receber o carinho que nunca tive dela.

Quando eu tinha dois anos já limpava a casa e era praticamente sua empregadinha. Primeiro eu achava que se eu fizesse tudo direitinho, chegaria um dia em que Sarah pararia de me achar uma vergonha, uma aberração. Mas esse dia nunca chegou. E nunca chegaria.

Quando fiz três anos, eu recorri ajuda à única pessoa em quem eu confiava. Eileen Rogers, minha professora. Ela tentou me ajudar, mas logo depois foi expulsa da escola por minha mãe depois que ela descobriu. Sarah tinha uma posição muito alta naquela escola e seus poderes de persuasão eram muito bons. Ela conseguiu convencer o diretor que Eileen estava “ficando caduca com a idade e afirmando coisas que nem ela mesma sabia se eram verdade.” e ele, como o tolo que era, acreditou totalmente em minha mãe e expulsou Eileen sem pestanejar.

Quando cheguei em casa naquela tarde, minha mãe estava tão furiosa que pegou a faca da cozinha e fez um corte no meu braço. Isso é para você aprender a ficar de boca fechada, sua aberração! Ela disse enquanto eu gritava de dor quando senti o metal frio rasgar minha pele. Ela arrancou todas as minhas esperanças de algum dia ser amada por ela quando fez aquilo.

Aparentemente, Sarah achou prazerosa a sensação de fazer cortes em meus braços, então todos os dias eu me via sentada no chão do banheiro chorando e vendo os meus novos cortes banhados em sangue. E o pior era que eu ainda a amava.

Aos meus quatro anos a rotina de chegar em casa depois da escola e seguir direto para o porão – onde ninguém ouviria meus gritos de dor – se tornou um costume. Sarah estava sempre lá sentada na mesma cadeira segurando a mesma faca de sempre. Lembro que o divertimento e o prazer brilhavam em seus olhos azuis enquanto ouvia meus gritos de dor assim que cortava minha pele.

Fui obrigada a usar casacos para cobrir minhas cicatrizes até nos dias mais quentes de verão. Nunca fiz amigos pois sabia que em algum momento iriam querer ir à minha casa. Minha mãe odiava visitantes.

Tivemos problemas financeiros. Os cortes que costumavam ser feitos em meus braços quatro vezes por semana, começaram a serem feitos todos os dias. Sarah dizia que quando não tivesse mais lugar para as cicatrizes ela pararia, mas sempre tinha lugar. Teve vezes que ela ignorava uma cicatriz e passava a faca encima dela, fazendo-me gritar ainda mais. Perdão, não tinha percebido essa aqui. Ela dizia com deboche e fazia questão para que eu o notasse.

Quando eu estava quase fazendo cinco anos, Sarah engravidou de sabe-se-lá-quem que não assumiu a criança. Quando fiquei sabendo, eu rezei tanto para que a gravidez tirasse todo o seu tempo livre que ela usava me cortando. Rezas em vão. As dores de cabeças e enjoos contínuos apenas a deixaram mais irritada, fazendo com que os cortes se tornassem mais fundos.

Meses de dor intensa se passaram até que Arthur nasceu. Sarah passava a maior parte do tempo fora de casa por causa dos múltiplos trabalho que ela tinha para poder pagar as contas e eu agradeci por isso. Eu ficava com Arthur a maior parte do tempo e rezava todos os dias para que o mesmo que aconteceu comigo não acontecesse com ele. Costumava pensar que Sarah não teria coragem de machucar uma criança tão fofa e inocente.

Quatro anos de muita dor e novas cicatrizes se passaram. Eu já tinha começado a trabalhar de ajudante da bibliotecária na minha escola. Eu sempre separei uma pequena quantia do meu salário antes de entregá-lo à Sarah. Ela literalmente me mataria se soubesse. Meu plano era de fugir com Arthur.

Foi quando eu cheguei da escola num dia comum. Subi para meu quarto e conferi o dinheiro que eu escondia num buraco na parede. Eu tinha 160 euros. Já era o bastante para eu e Arthur fugirmos, mas eu tinha que esperar mais um pouco. Arthur tinha apenas seis anos, era novo demais.

Foi aí que eu entrei no banheiro e encontrei Arthur chorando no chão. Ele levantou a cabeça para mim quando notou minha presença. Lembro-me de ter perguntado por que ele estava chorando e lembro também que ele não respondeu. Ele só mostrou os braços banhados em sangue. A raiva foi descomunal. Ela fez, depois de tanto tempo pedindo a Deus para que ela não faria, Ela fez.

Eu surtei. Não conseguiria ficar mais naquela casa. Quis pegar a mão do meu irmão, sair por aquela porta e nunca mais voltar. Mas a sede por vingança era maior. Fiquei totalmente fora de mim e quando me toquei, já tinha um plano par tirar Sarah de nossas vidas para sempre.

Era madrugada, eu descia as escadas com cuidado para não fazer barulho. Entrei na cozinha e peguei a faca que ela tanto usou para me cortar. A faca que ela usou para cortar Arthur. Peguei a corda que eu usava para colocar as roupas para secar e subi até seu quarto. Eu sabia que ela estava praticamente desmaiada por causa do trabalho, mas isso não a tinha impedido que me cortar assim que chegasse em casa.

Com cuidado para não a acordá-la, amarrei suas mãos à cabeceira da cama. Peguei uma camiseta minha e amarrei em sua boca para que ela não fizesse muito barulho e acordasse Arthur.

Quando sentiu o pano no rosto, Sarah abriu os olhos. Ela me olhou confusa e tentou mexer as mãos, mas elas estavam marradas à cabeceira da cama e seus olhos se arregalaram quando eu levantei a faca.

A primeira facada foi pela minha infância tirada, a segunda pelas minhas cicatrizes, a terceira pelo divertimento que brilhava em seus olhos enquanto me cortava e a última foi pelas cicatrizes que Arthur teria que ver todos os dias de sua vida e lembrar que foi a própria mãe quem os fez.

Durma bem, aberração. Sussurrei, antes que a vida deixasse completamente seus olhos.

Eu não senti nada. Era como se outra pessoa tivesse feito tudo aquilo. Não senti raiva nem nojo nem culpa. Eu não senti absolutamente nada. Não me lembro do que eu fiz depois, mas eu lembro de que no dia seguinte eu tranquei o quarto onde o corpo de Sarah estava, ajudei Arthur a fazer as malas e fomos embora. Claro que não deixariam duas crianças saírem pelo mundo sozinhas, então bati na porta da única pessoa que eu sabia que podíamos confiar.

Eileen Rogers.

Eileen dos acolheu e nos deu o amor que nunca tivemos, e naquela noite eu chorei e senti a maior culpa que já tinha sentido na minha vida quando a ficha caiu. Eu tinha matado Sarah. Eu matei minha mãe.

Quando meus soluços ficaram mais altos, Eileen entrou no meu quarto preocupada. Eu estava histérica, mas consegui contar à ela o que eu tinha feito. Lembro-me de seus olhos acinzentados como os de Annabeth se arregalarem e ela me puxar para um abraço, sussurrando que a culpa não tinha sido minha. Mas foi.

Passamos os melhores anos das nossas vidas junto de Eileen. Até que um dia eu estava sentada lendo um livro na biblioteca e Eileen apareceu perguntando se eu gostaria de aprender a me defender. Lembro que não entendi a pergunta muito bem, então ela pegou minha mão e me levou até uma sala que eu não conhecia. Foi lá que Eileen Rogers me ensinou a lutar, tanto com espadas tanto combate corporal. Me ensinou a sobreviver e a me tornar a lutadora que sou hoje.

Lembro-me que perguntei à ela para o que eu estava treinando. Ela respondeu que algum dia ela não poderia estar conosco e que quando esse dia chegasse, ela queria que eu e Arthur fossemos embora de Veneza para sempre. E quando eu fiz doze anos, nós fomos. Eileen tinha morrido de leucemia e no mesmo dia eu fiz as malas e peguei o primeiro metrô para qualquer lugar com Arthur.

Fiz o que Eileen pediu para mim fazer, protegi meu irmão até a nossa morte numa igreja incendiada por nazistas. Eu já não acreditava mais em Deus e sim eu deuses, mas não importava. 

Depois que meu pai me contou a verdade sobre mim, eu descobri que minha mãe era filha da mais estruturada dos deuses.

Que ironia, não é?


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Notas finais do capítulo

Estão com vontade de me matar?
Estão com vontade de matar Sarah?
Estão com vontade de parar de acompanhar essa fic?
REVIEWS PLEASE!!!!!!!!!



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