A Filha de Roma e Grécia escrita por Wondy


Capítulo 11
Hayley - Uma palavra resume tudo: Droga.


Notas iniciais do capítulo

Olá divosas!
Adivinha o que vocês vão descobrir hoje!
Sim! A ligação entre Hayley e Nico!
E sobre o Freddie também, mas ninguém liga para isso.
(Freddie: #xatiado)
Enjoy!



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Não podia ser.

Não podia ser Nico o irmão de Hazel, não podia ser ele o semideus perdido. Não podia ser mesmo!

Abraço minhas pernas e encaro a lua refletindo no mar. Eu estava na torre de vigilância do Argo II. Meu lugar favorito. Suspiro irritada e inclino a cabeça para trás, escorando-me totalmente no mastro. Não podia ser ele, mas, pensando bem, ele nunca tinha nos contado seu sobrenome. Eu ainda tive que mentir para os outros, dizendo que não conhecia ele.

Bufo e foco-me no céu estrelado. Por isso que eu gostava dali. Tudo volta mudou desde 1943. Celulares, carros eletrônicos, aviões, computadores, nuggets, que loucura! A única coisa que não mudou foram elas.

As estrelas.

As mesmas de quando nasci, as mesmas de quando morri. Claro que uma constelação nova apareceu. Tem a forma de uma garota. Uma caçadora. Annie me contou a história dessa nova constelação, e ela acabou se tornando minha preferida. Por que ela não foi apenas um grupo de estrelas que alguém notou que tinha uma forma legal e deu um nome. Aquela constelação foi uma homenagem à garota mais corajosa que eu já ouvi falar.

E com esse pensamento em minha mente, acabei pegando no sono ali mesmo, na torre de vigilância.

Estaria tudo muito bem se eu não tivesse entrado num flashback do meu passado.

***

Minhas mãos estavam amarradas nas minhas costas. Eu sentia meus pulsos em carne viva por causa das minhas tentativas de me soltar. Afinal, eu estava sendo levada ao Castelo Negro, como Arthur costuma chamar. Lembrar dele fez com que meus olhos se enchessem de lágrimas, mas eu não as deixei cair. Não podia me deixar chorar por isso.

As almas param de andar e noto que já estamos na frente daquela porta enorme e assustadora. De longe eu achava que tinham pedras em torno dela, mas quando cheguei perto notei que eram caveiras. Uma das almas falou umas palavras com um cara que estava por trás de uma janela. Hades tem um porteiro. Que legal.

A porta se abriu com um rangido que pareceu ecoar por todo Mundo Inferior. Senti meu estomago se embrulhar e tive certeza que vomitaria se tivesse comido alguma coisa no meu tempo aqui embaixo. Mal sabia eu que aquela seria a primeira de muitas vezes que eu me encontraria em frente àquela porta.

Quando entramos, passamos pelo jardim de Perséfone, e por uns corredores pouco interessantes até que chegamos à sala dos tronos. Não sei por que se chama sala dos tronos com “s”, sendo que só tem um trono lá. Voltando ao assunto, sentado num trono sinistrão cheio de caveiras estava (rufem os tambores) Hades, o rei do mundo inferior (Ou Sr.H., como eu comecei a chama-lo depois da minha quinta ida até o palácio). As almas me fizeram sentar numa cadeira em frente ao trono.

Sr.H. olhou para mim com certo tédio e voltou a atenção para o pergaminho em sua mão. Sua expressão mudou de entediada para interessada e talvez confusa.

– Hayley Bennet – Leu ele em voz alta – Morta num incêndio em uma igreja no ano de 1943 com quatorze anos. Encontrada hoje tentando fugir do Mundo Inferior, quase chegando ao ponto de embarque*.

Ele olhou para mim como se eu fosse uma espécie superinteressante de inseto.

– Devo admitir que não sei se devo exterminar ou parabenizar você – comentou impressionado. – Nenhuma alma jamais chegou tão longe assim.

Senti um sorriso sarcástico se formar em meu rosto e cruzo as pernas tentando parecer calma. Uma coisa que você aprende quando vive fugindo, é como agir sob pressão e como se mostrar calma em situações de perigo.

– Eu me esforço – digo, tentando parecer indiferente (e conseguindo, já que sou uma boa atriz).

Sr.H. olha para mim sério, mas posso ver diversão em seus olhos.

– Bom, acho que exterminá-la não é uma boa opção – conclui ele. Ufa. – Mas bani-la do Elísio é.

Meu olhos se arregalam.

– Me banir do Elísio? – pergunto, totalmente estupefata. – Não pode fazer isso!

Ele dá de ombros como se fosse a coisa mais normal que ele já fizera. E provavelmente era.

– Posso sim – Ele estava claramente se divertindo com a situação. – A partir de agora, você pertence aos Campos Asfodelos.

A imagem então muda e eu me vejo naquele lugar, lutando para não esquecer de quem eu era. Me encontro repetindo as palavras “Meu nome é Hayley Bennet, morri num incêndio numa igreja em 1943, tenho um irmão chamado Arthur e sou filha do deus romano Netuno com Sarah Bennet” em italiano várias vezes.

Ao meu lado tem um garoto que não aparentava ter mais de quinze anos. Seus cabelos ruivos cobrem a metade de seu rosto e seus olhos castanhos brilham enquanto ele repete as mesmas palavras sem parar em um idioma diferente, acho que era holandês.

– Você está bem? – ele questionou, parando de falar outra língua. Parecia preocupado.

Rolei os olhos e parei de murmurar também.

– Tirado o fato que estamos presos nos Campos Asfodelos, eu estou maravilhosamente bem, Freddie. – Irônica? Eu?

Foi a vez de Freddie rolar os olhos. E que reine o silêncio constrangedor.

Depois de algum tempo, suspirei levantando-me e indo em direção à casa feita da madeira que foi cortada das árvores que rodeavam os Campos Asfodelos. O bom era que toda vez que aquelas árvores eram cortadas, outra nascia no mesmo lugar quase no mesmo instante em que era cortada.

Freddie teve que correr para me alcançar, e quando o fez pegou meu pulso fazendo-me parar e me virar para ele.

– Não faça isso – avisou ele, sério.

Olhei para ele confusa,

– Fazer o que?

Ele me olhou acusadoramente.

– Não tente fugir de novo. – esclareceu ele. – Acha mesmo que eu não sei que vai tentar outra vez?

Mordi o lábio desviando o olhar do dele.

– Eu tinha uma esperança – resmunguei.

– Hayley – reclamou ele, soltando meu pulso.

– O que? – questionei, elevando a voz. – Achou que eu iria ficar sentada o tempo todo aqui embaixo? Você é o líder da resistência, Freddie! – exclamei, apontando acusadoramente para ele – É você quem deveria estar traçando planos de fuga!

Freddie passou a mão pelo rosto numa tentativa de não mostrar irritação.

– Quantas vezes preciso te explicar que... – começou ele, mas eu o interrompi.

– Fugir não é a solução e continuar neutros sim – completei, imitando sua voz. Ele deu esse sermão tantas vezes que eu já o tinha decorado. – Acontece que “continuar neutros” não está ajudando em nada! – Fiz as aspas no ar. – Eu não sei sobre você, mas eu quero cumprir a promessa que fiz à Lindsay! – exclamei, sabendo que atingi seu ponto fraco. Lindsay tinha acabado de chegar. Ela tinha só oito anos e nos fez prometer que ela veria sua família novamente. É uma promessa que eu faria de tudo para cumprir.

Freddie se inclinou para trás como se tivesse levado um soco. Ele começou a retrucar, mas sua voz desapareceu quando a cena mudou novamente.

Eu estava fugindo das almas que tinham me pegado tentando fugir novamente. Estava esgueirando-me entre as almas dos Campos Asfodelos até que esbarrei em alguém, levando ele ao chão junto comigo. Ele tinha cabelos negros assim como seus olhos, suas roupas pretas estavam amarrotadas e uma espada de ferro estígio pendia em sua cintura.

– Ai – resmungou ele, se levantando. – Por que não olha por onde anda?

Olhei para ele incrédula. Ele tinha me notado. Ele não era uma alma. Ele estava vivo. E ele era o cara dos meus desenhos.

– Você está vivo – ofeguei. O que? Fazia oitenta anos que eu não via alguém vivo!

Ele arqueou as sobrancelhas igualmente incrédulo.

– E você se lembra de quem você é – Não foi uma pergunta, mas mesmo assim eu fiz que sim com a cabeça.

Ele estendeu a mão para mim e eu notei que um anel de caveira estava em seu dedo. Levei alguns segundos para aceitar. Assim que fiquei de pé ele soltou minha mão, mas sua expressão incrédula não deixou seu rosto.

Ficamos um tempinho nos encarando até que eu pigarreei e estendi a mão para ele.

– Sou Hayley – Apresentei-me. – Hayley Bennet.

Ele levou um tempo para apertar minha mão.

– Nico.

***

Acordei sobressaltada. A dor no meu pescoço foi a primeira coisa que senti. Gemi e massageei a nuca um pouco, mas só piorou. Ainda estava de noite, mas não deveria ser muito tarde, pois a luz do corredor ainda estava ligada.

Suspirei pensando que a melhor coisa a se fazer no momento era tomar um bom banho e ir para cama dormir um pouco. Talvez eu acordasse amanhã no meu quarto na sede da resistência, e tudo isso fosse um sonho.

Mas eu sabia que não era.

Suspirei e desci a escada de cordas, pulando da mesma quando já estava perto do chão. O Treinador G. estava dormindo com a cabeça apoiada no leme/controle de vídeo game. Ele falava alguma coisa enquanto dormia (acho que era “Mellie”). Ignorei e fui em direção ao meu quarto, mas antes dei uma passada no refeitório e peguei uma maçã azul. O que? Eu também gosto de azul!

Estava quase no meu quarto, quando a porta de Annabeth se abriu. Levei um susto tão grande que quase deixei minha maçã cair no chão. Quase.

Olhei assustada para uma Annie mais assustada ainda.

– Hayley – ofegou ela. – Eu estava indo procurar você.

Arqueei uma sobrancelha.

– Por que? – perguntei.

Annie olhou para os lados, como se estivesse cuidando para que ninguém estivesse por perto.

– Preciso conversar com você – explicou ela, apontando para o próprio quarto. – Vem.

Entrei logo depois dela, que fechou a porta. O quarto de Annabeth era meio vazio, ao contrário do meu que tinha um montão de desenhos pelas paredes. O laptop de Dédalo estava encima da escrivanhia e um boné dos Yankees estava pendurado do lado de fora do armário.

Annabeth então ficou de frente para mim.

– Sabe que pode confiar em mim, não sabe? – perguntou ela.

– Claro que sei. – respondi, curiosa pelo rumo da conversa.

Annie suspirou.

– Então pode me explicar por que a data do desenho que você me mostrou era 1940?

Droga.

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*O ponto de embarque é a entrada do Mundo Inferior.


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Notas finais do capítulo

Eu amo todos os reviews que vocês deixam e respondo todos assim que os vejo, então leitores fantasmas APAREÇAM! Não me façam ter que apelar para os irmãos Winchester!



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