Nossa História de Amor escrita por Joice Santos, Joice Reed Kardashian


Capítulo 1
Capítulo Único: Passado E Presente Se Cruzam


Notas iniciais do capítulo

Gente, estou aqui com uma nova one e espero que vocês gostem. Adorei escrevê-la, ficou bem romântica. Explorei um universo bem contos de fada, mas também os dias atuais, e gostei do resultado dessa mistura. Vou torcer para que vocês aprovem também.Bom, eu costumo dedicar algumas histórias para minhas amigas e esta, em especial, estou dedicando a uma leitora adorável e fã da Taylor. SwiftieSweet obrigada por cada comentário e recomendação. Suas palavras sempre me incentivam muito. Essa one é especialmente pra você ♥
Vamos lá?!
Seria interessante vocês assistirem o clipe de Love Story antes: https://www.youtube.com/watch?v=8xg3vE8Ie_E



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O despertador tocou bem cedo, acordando Alice para o primeiro dia de aula na Universidade de Forks. Cursava história e hoje estaria iniciando o segundo ano da matéria que mais adorou a vida inteira.

Tomou um banho rápido e se trocou. Nunca foi maníaca por moda, não lhe interessava que estivessem todos bem arrumados ou com roupas simples, mas gostava de se vestir bem e estar confortável.

Trajando uma calça jeans clara, botinhas de cano curto cor de caramelo, regata branca e jaqueta da mesma lavagem que a calça, Alice desceu as escadas de casa, rumo à porta de saída. Seus cabelos estavam espetados como sempre e ela adorava o corte repicado que sua mãe, uma cabeleireira de mãos cheias, havia feito nela. Sem maquiagem, apenas um gloss sabor cereja, seu favorito.

Sua pasta transparente cor-de-rosa e a bolsa roxa de marca estavam sobre o sofá. Também não lhe interessava a marca das coisas, mas essa em especial havia ganhado da melhor amiga, Jessica Stanley, que cursava economia na mesma faculdade e período que ela. Jessica passou as últimas semanas de férias em Nova York e trouxe a tal bolsa para Alice de presente. Seria grosseria não usar.

Antes de chegar à porta da frente se lembrou de algo que a tirava das horas de tédio e quase nunca deixava sua casa sem ele. Voltou até o quarto, encontrando o exemplar surrado de Romeu e Julieta, obra clássica de Shakespeare. Era romancista de carteirinha, esta era sua história preferida.

O barulho dos pequenos saltos contra os degraus de madeira acordaram sua mãe. Esme apareceu no corredor vestindo um robe de seda com estampa floral. A cara de sono e os cabelos desarrumados num rabo de cavalo torto deixaram Alice culpada por fazer barulho. Ela voltou até a mãe, lhe beijando a testa.

– Não vai tomar café, meu amor? – perguntou Esme, preocupada. Alice era magra, sem muitas curvas. Teria o corpo exato para uma modelo se não fosse sua baixa estatura.

– Não mamãe. Eu compro um café na faculdade. Obrigada. – ajeitou a bolsa no ombro e se despediu da mãe com mais um beijo, este na bochecha.

Lá fora, Jessica buzinou. O carro de Alice ainda estava no concerto. Era um modelo antigo acinzentado, o motor roncava alto e os bancos não eram tão confortáveis quanto os do conversível vermelho da amiga. Mesmo assim ela amava aquele carro, juntara anos de suas economias para comprá-lo e tinha orgulho de Jude, como o batizara.

– Bom dia fadinha! – Jessica sorriu assim que Alice abriu a porta do carro. Puxou o sinto e o prendeu no corpo, sentindo o veículo já entrar em movimento.

– Como você está, Jess?

A amiga esbanjava um sorriso satisfeito no rosto e Alice não conseguia entender como ela ficava tão feliz a essa hora da manhã.

– Mike me ligou ontem à noite. Ele quer sair comigo hoje. – contou Jessica, olhando rapidamente para Alice e de volta para estrada a sua frente.

Bom, agora entendia.

Jessica era apaixonada por Mike Newton há anos, desde o colegial. Os três, assim como tantos outros jovens, estudaram na Forks High School juntos e agora cursavam a mesma universidade. Coisa de cidade pequena, sempre pensava ela.

– Jess, Mike está te enrolando desde o ano passado. Quantas vezes já saíram juntos e ele não te pediu em namoro ainda? – Alice questionou. Odiava ver a amiga tão afim de alguém e saber que a outra pessoa não sentia nada por ela.

– Não comece, Lice. Mike só não gosta de compromisso, mas ele gosta de mim. Eu sei que gosta. – Jessica afirmou, apertando o volante. O gesto, aos olhos da baixinha, lhe parecera insegurança. Jessica Stanley queria acreditar em suas próprias palavras.

– Você diz isso porque está apaixonada por ele. – rebateu, gesticulando com as mãos.

– E você nunca se apaixonou, Alice?!

A pergunta de Jessica a fez se encolher e deixar o assunto de lado. Não, nunca havia se apaixonado e, como sua melhor amiga, Jess devia saber disso.

Logicamente já havia tido suas paixonites de adolescente, como quando deu seu primeiro beijo em Seth Clearwater, um garoto de pele morena de sua turma que a levara ao baile de primavera.

Alice encostou a cabeça no vidro da janela. Seus olhos encaravam as calçadas vazias, as árvores e os poucos pássaros. O céu, coberto de nuvens, anunciava uma chuva para dali algumas horas.

Ela pensou nas palavras da amiga. Era tão ruim que jamais tivesse se apaixonado por alguém? Isso não a fazia mais fria ou sem sentimentos que qualquer outra pessoa.

Alice acreditava que, como nos inúmeros romances que já lera, seu príncipe estaria por aí. Não chegaria num cavalo branco, muito menos seria encantado. Só chegaria, pediria para tomar um café com ela e dois trocariam sorrisos. Depois disso se pegaria pensando nele e pronto, estaria apaixonada. Esse seria seu conto de fadas, o mais real possível.

Imersa em pensamentos, nem percebeu quando Jessica cruzou os portões do estacionamento da Universidade. O campus era enorme. Lembrava-se de ter ficado perdida no primeiro dia de aula.

– Vamos Lice, já chegamos. – Jessica a cutucou, despertando a amiga do transe.

As duas desceram carregando suas bolsas e livros. Um raio de sol fraco surgira, iluminando o cabelo de Jessica e Alice a encarou. A amiga era bonita, alta e tinha olhos e cabelos castanhos. As mechas encaracoladas levemente reluziram como a iluminação do dia. Usava um casaco vermelho e calça jeans justa, que valorizavam suas curvas.

Como Mike não poderia querer namorá-la? Foi a pergunta que Alice fez a si mesma enquanto seguiam rumo a cantina da universidade.

Elas pediram um café e se sentaram na extremidade de uma mesa grande mármore. Outros alunos ocupavam alguns lugares da mesma mesa, outros passavam por elas. Uma garota de óculos as cumprimentou e tirou uma foto. Era Angela, responsável pelo departamento jornalístico e estudante do quarto ano de jornalismo.

Quando o sinal tocou avisando que tinham que ir para a primeira aula, se colocaram de pé. As duas cortaram caminho pelo jardim do campus, desviando de um estudante de música que corria com um violão nas costas. O copo de Jessica já estava vazio, enquanto o de Alice pela metade. Não entendia como a amiga conseguia falar tanto e beber ao mesmo tempo. Ela riu alto de uma bobagem que Jess contou sobre a viagem a Nova York.

No mesmo jardim, embaixo de uma grande árvore, o novo estudante do curso de história estava sentado na grama. Lia concentrado um livro que ganhara de sua avó no último aniversário. Estranhou quando desembrulhou o pacote azul brilhante dando de cara com Romeu e Julieta. Não era bem o tipo livro que esperava ganhar, mas não fez desfeita e embarcou na tragédia romântica. Já havia lido aquilo no colégio, mas fazia tanto tempo que não se lembrava dos detalhes, apenas do fim inesquecível que tantos conheciam.

Havia acabado de se mudar para Forks. Sua cidade natal, Seattle, onde nasceu e cresceu era ótima e sentia falta de lá. Entretanto, não havia mais nada que o prendesse naquele lugar. Seus pais morreram num acidente de carro quando ele ainda era um bebezinho, sua avó paterna o criou desde então. Cerca de oito meses depois que ingressou na Universidade de Seattle, Nattie faleceu vítima de uma parada respiratória.

Jasper terminou o primeiro ano de faculdade e depois se mudou para Forks, cidade vizinha, a fim de um novo começo.

Morava numa quitinete simples nos fundos da casa de uma senhora, era o que dava para pagar com suas economias e o dinheiro que conseguiu da venda da casa da avó. Estava feliz, a cidade era acolhedora e o clima familiar predominava. Dona Victoria, a senhora dona da quitinete, era sempre simpática com ele, lhe dava o almoço e jantar sem cobrar nada.

Quando se matriculou na Universidade de Forks, não esperava encontrar nada diferente do que vira em Seattle. Mas estava enganado.

Ali, parado embaixo da árvore, ignorando o sinal que acabara de tocar, Jasper Hale escutou uma risada que parecia um tilintar de sinos delicados. Ergueu os olhos, dando de cara com duas garotas que caminhavam lentamente. A mais baixinha, dona da risada, parecia uma boneca de porcelana frágil enquanto sorria. O vento balançou seus curtos cabelos e o simples gesto dela tentar colocar as mechas no lugar o fez arfar. Ela era linda. Uma fada ou uma princesa, o que fosse. Era extremamente bela.

Jasper não sabia dizer quanto tempo se pegou encarando a forma miúda e delicada da garota. Sequer piscava. Somente quando ela o encarou de volta, pareceu voltar à realidade. Mesmo assim não desviou o olhar. Azul no verde. Translucido e cristalino como pedras preciosas. O olhar dela brilhava mais que o céu no dia mais forte de verão. Era mais claro que anil, era transparente como água e brilhante como cristais de gelo.

A intenção de Alice era arrumar os cabelos desorganizados minimamente pelo leve vento, mas isso ficou de lado quando pôs os olhos no rapaz sentado na grama. Despojado, cabelos mais cumpridos que o normal para os garotos que via ali. Duas esferas verdes intensas a prenderam. Não era como um verde comum, verde esmeralda. A cor dos olhos dele era quase caramelada, barrosa, como uma folha de outono solta na floresta. Ela adorou aquilo. Acreditava que se chegasse mais perto, poderia contar os pontinhos marrons que salpicavam a íris.

Alice sentiu algo estranho na mente e no coração. Seu peito pareceu se apertar e de repente uma série de imagens surgiu em sua cabeça, rodando como um filme.

Uma garota esperava numa sacada de pedra. Árvores cercavam o lugar, pássaros cantavam e o céu brilhava. As flores do imenso jardim davam cor à imensidão verde a sua frente. Havia um burburinho de vozes atrás, mas nada distraia a atenção da garota que parecia entediada admirando um beija-flor.

A garota era ela, percebeu. Alice usava um vestido bufante perolado. Seus cabelos cumpridos estavam presos no coque mais elaborado que se poderia imaginar e pequenos cachos pendiam próximos às orelhas. Joias simples, porém caríssimas, adornavam seu pescoço de pele extremamente branca. Nos lábios, o batom vermelho bordô era o único resquício de maquiagem.

– Vamos senhorita Alice, vamos dar uma volta. – a moça de roupa simples apareceu, lhe chamando.

Alice se virou e sorriu, assentindo.

– Está bem, Jessica. Mas pare de me chamar de senhorita. – pediu. Irritava-se profundamente com esses tratamentos cheios de formalidade.

– Desculpe senho... Perdão. Alice. São as regras, sou apenas sua dama de companhia. – a garota morena, que aparentava ter a mesma idade dela, abaixou a cabeça.

– Antes disso você é minha amiga. Minha melhor amiga. A única que tenho nesta casa enorme. – a casa que ela se referia, mais parecia um castelo com tantos andares. – Além do mais, crescemos juntas. Nossas mães são melhores amigas, mesmo com a diferença de posição social. – a mãe de Jessica era a empregada da casa dos Cullen há tantos anos que não saberia dizer, sua mãe também trabalhara ali e, assim como Alice e Jessica, ela crescera junto com Esme, a dona.

As duas saíram com os braços entrelaçados da sacada, desceram as escadas e deram de cara com várias pessoas bebendo taças de champanhe fino e conversando educadamente. Mais um baile, festa, celebração ou o que fosse. Alice definitivamente não gostava daquilo. Estavam sempre falando de negócios, quase nunca havia pessoas de sua idade, e as que apareciam eram terrivelmente fúteis.

– Boa tarde, senhorita Alice. Que lindo colar, se parece com o meu! – falou uma das garotas terrivelmente fúteis, passando os dedos cumpridos por suas joias. Kate Denali, que estava acompanhada das duas irmãs, Tanya e Irina. Loiras incrivelmente deslumbrantes, porém incrivelmente vazias.

Alice sorriu, agradeceu o elogiou e se retirou com Jessica, passando pela grande porta que dava na cozinha. Encontrou Vera, mãe de sua melhor amiga, coordenando outras empregadas para servirem corretamente os pratos à mesa.

– O cheiro está delicioso, Vera. – comentou, se aproximando dela e depositando um beijo na bochecha. Aproveitou para passar o dedo na borda do pudim que a mulher segurava, lambendo com vontade a calda amarela de maracujá.

– Olá menina. Sua mãe está atrás de você.

– Dona Esme sempre está atrás de mim, provavelmente meu pai quer me apresentar a algum filho de um dos amigos ricos dele. Não, não estou interessada. – Alice se sentou com desdém na mesa. Pegou uma colher que havia ali e meteu no pote de geleia, se deliciando com o sabor da goiaba recém-derretida.

Vera balançou a cabeça descrente e saiu com o pudim nas mãos, seguida pelas outras 3 moças que a ajudavam na cozinha. Jessica suspirou, colocando as mãos para trás.

– O que foi? – Alice perguntou, mas já sabia o que a amiga iria lhe dizer.

– Como pode não querer conhecer um pretendente? – a garota simples, com os cabelos preso num coque repleto de grampos, passou a mão pelo vestido bege e sem graça.

– Não ligo para essas coisas. Esses rapazes tem todos a cabeça vazia. Se for para conhecer alguém, que ao menos seja interessante. – Alice deu de ombros e Jessica riu. – O que foi agora, Jessica?

– Você. Fico tão curiosa para te ver apaixonada. – a menina falou, com um sorriso doce nos lábios.

– Ora, largue de besteiras senhorita Jessica. – brincou Alice, fingindo indignação.

– Como quiser, senhorita Alice. – Jessica puxou as laterais do vestido e flexionou os joelhos rapidamente, numa mesura desnecessária os olhos da amiga. Alice revirou os olhos e logo em seguida as duas estavam rindo e comendo a geleia de goiaba preparada pelas caprichosas mãos de Vera.

Pouco tempo depois, elas saíram da cozinha pela porta que dava para os campos do fundo. Era parte do jardim, mas não tinha flores, apenas árvores. No horizonte, Jessica avistou alguém montado num cavalo branco se aproximar. Era um homem, seus cabelos loiros balançavam com o trotar do animal.

– Quem é aquele? Convidado do seu pai?

Alice encarou o rapaz que se aproximava. A postura imponente e a expressão séria a deixou irritada. Com certeza seria um dos filhos dos negociantes de seu pai.

– Não sei, não me importa. Vem, vamos entrar. – Alice suspendeu o tecido do vestido, tentando evitar que arrastasse na grama enquanto caminhava. – Ora Jessica Stanley, venha logo! – voltou até a amiga, que ainda encarava o homem chegar cada vez mais perto. Segurou seu braço, então desistiu de partir sem ser interrompida, visto que o rapaz já descia do cavalo.

– Com licença senhoritas, esta é a casa da família Cullen? – pediu ele, direcionando um sorriso encantador para elas.

Os olhos de Alice se prenderam na pele fracamente bronzeada dele. Era lisa e parecia pedir que seus dedos a tocassem. Tão macia e convidativa quanto os lábios dela, pintados de vermelho, se pareceram aos olhos dele.

– Sim, esta é a casa da família Cullen. E o senhor, quem é? – Jessica perguntou, vendo que da boca da melhor amiga não sairia nada.

– Muito prazer senhoritas. Jasper Hale. – ele estendeu a mão de forma cavalheira, pegando primeiro a de Jessica e beijando suavemente. Repetiu o gesto com Alice, entretanto durou mais que alguns meros segundos.

A garota sentiu a região formigar. O sorriso encantador dele continuava lá, intacto, absurdo e aquecedor. O olhar esverdeado estava preso ao de Alice como se uma linha invisível os segurasse. Ela se sentia zonza e perdida, gostava da sensação. Ele parecia notar o que provocara nela e gostava ainda mais.

Ora essa, o que era aquilo? – pensou a menina que jamais havia se apaixonado. Quem era esta pequena joia? – pensava o rapaz que, Alice não sabia, tinha origens bem humildes e diferentes da sua.

Seja lá o que fosse, não podiam ignorar a instantânea onda desconhecida que correu de um para o outro.

Essa mesma onda que agora pareceu se liberar em Alice. O aperto no peito se foi e deu lugar a sensação estranha de familiaridade. Desviou o olhar do garoto embaixo da árvore e puxou a amiga pelo cotovelo, quase correndo dali.

– Ei, ei. Calma Alice. Não estamos atrasadas. Ainda tem muita gente aqui fora, olha só. – Jessica parou a caminhada apressada já próxima de seu prédio. Gesticulou em volta, mas Alice não pareceu notar. Tinha o olhar vago e uma mão pressionava a testa. – Você está bem, Lice? – se preocupou, segurando o pulso da amiga.

Alice olhou em volta. Avistou a árvore há alguns metros, mas o rapaz não estava mais lá. Balançou a cabeça, tentando afastar as imagens que serpenteavam sua mente.

– É, estou. Acho que sim. Você viu o garoto embaixo da árvore? Por acaso o conhece? – perguntou, curiosa e nervosa. Ficar confusa a deixava irritada.

– Nem sequer prestei atenção, Alice. Por quê? Está procurando alguém? – Jessica olhou em volta rapidamente, tornando a encarar a amiga, que parecia mais pálida que o normal.

– Não, só achei que o conhecia. Eu acho. Ah, não sei, estou confusa. Juro que já o vi, em minha cabeça. – Alice encarou a amiga, buscando no rosto de Jessica qualquer indício que ela a estivesse achando louca.

– Tipo um deja vu? Devem ter se cruzado por aqui mesmo, esse campus é enorme.

– Não, foi mais como uma memória bem estranha. Surgiu de repente, agora pouco. Eu estava usando um vestido de época e você estava lá também. Aí ele apareceu, num cavalo. – contou, coçando a nuca em seguida. Sim, estava louca.

– Credo Alice, está sonhando acordada. Só pode ser. Sabe o que eu acho? Que está lendo este livro demais. – Jessica apertou a borda das páginas do exemplar de Romeu e Julieta que Alice apertava contra o corpo. – Vem, temos que ir pra aula.

Jessica arrastou Alice, que ainda parecia atordoada, até seu prédio, a deixando na porta de sua sala, então voltou para o prédio de Exatas.

Não foi difícil para a baixinha entrar na classe, difícil mesmo foi se concentrar no decorrer das aulas. Ainda mais quando, já sentada em sua carteira, viu o mesmo garoto de leves cachos dourados entrar e se sentar poucas carteiras a sua frente. Teria que fazer um esforço imenso para acreditar que não estava delirando com as imagens após a troca de olhares.

[...]

Alice e Jessica entraram na casa da baixinha quando retornaram da aula. A amiga queria marcar um horário do salão da mãe de Alice e assim que entraram notaram a presença de Vera na sala de estar.

– Tia Vera, que bom te ver! – Alice a cumprimentou, se curvando sobre ela num abraço delicado.

– É bom te ver também, meu anjo. – a senhora de cabelos castanhos claros sorriu. Tinha o exato sorriso de Jess.

– Mamãe, o que faz aqui? – Jessica perguntou, após receber um beijo de Esme na testa.

– Ela veio conversar comigo, querida. E trouxe um presentinho para Alice. – Esme respondeu, fazendo os olhos da filha brilharem em expectativa. – Está na cozinha.

Alice arrastou Jessica para o local e teve uma surpresa ao encontrar um pote de seu doce favorito sobre a mesa quadrada de mármore: geleia de goiaba.

Seus olhos se arregalaram e o ar lhe faltou. Era tão estranho que tivesse sonhado com isso mais cedo na faculdade? Acreditava que a visão de si mesma há séculos atrás não passava de um simples sonho, tudo fruto de sua imaginação fértil e literária. Porém, vendo o pote de vidro com o conteúdo consistente e avermelhado dentro, tornava a duvidar de sua sanidade.

– Lice? Ei baixinha! – Jessica a empurrou com o ombro. Alice sacudiu a cabeça e encarou a amiga.

– O que foi? – pediu, como se nada tivesse acontecido.

– Você está tão estranha. Eu hein...

Apenas deu de ombros, puxou uma cadeira e se sentou. Abriu o vidro e meteu a colher prateada lá dentro, levando em seguida uma boa quantidade do doce à boca.

Fechou os olhos. Aquilo era tão bom. Tinha gosto de infância. Lembrava-se exatamente das tarde que passava na casa de Jess e Vera fazia suas deliciosas encomendas de doces. As duas garotinhas, com apenas 7 anos, achavam que beliscavam tudo às escondidas, mas a mãe de Jessica notava cada beijinho ou brigadeiro desaparecido e apenas dava risada.

– Isso já aconteceu. – falou simplesmente. Jessica desviou os olhos do celular, encarando Alice. Sua expressão era confusa.

– O que já aconteceu, Alice?

– Isso. Eu, você, na cozinha comendo geleia de goiaba. – Jessica continuou a encarando, confusa. – Na minha cabeça. Se lembra do que te falei mais cedo? Eu, você, o aluno novo e um cavalo. Tinha geleia de goiaba lá, sua mãe havia acabado de preparar. – explicou, encarando a colher com pequenas manchinhas que lhe impossibilitavam de ver seu reflexo.

– Alice, isso nunca aconteceu. Está acontecendo agora. Ou que? Acredita em vidas passadas? Você teve uma visão da gente há séculos atrás? Eu hein, está comendo doce demais! – Jessica puxou a colher da mão dela, fazendo Alice revirar os olhos. A baixinha encostou a cabeça na mão, apoiando o cotovelo na mesa fria.

Não, não acreditava em vidas passadas. Bom, também não duvidava, apenas não era sua filosofia de vida ou religião. Isto é, se tinha uma crença religiosa.

O que quer que tenha sido aquelas imagens, aquele aperto no peito e aquela sensação de reconhecimento que havia sentido horas atrás, não importava. Tinha passado, não aconteceria de novo. E quanto ao garoto de cabelos cumpridos e dourados, ignoraria sua presença e o estranho farfalhar que seu estômago e coração fizeram.

[...]

Há quilômetros dali, em uma quitinete num dos bairros mais simples da cidade, Jasper estava inquieto. Não conseguia se concentrar no romance muito menos nas tarefas da universidade.

A figura esguia e risonha, com feições tão delicadas e cristalinas quanto de uma fada, não lhe saia do pensamento. Suspirou. Garota alguma jamais havia lhe causado esse efeito. Nunca tinha tido um namoro sério, mas as poucas garotas com que ficara, nenhuma lhe atraíra tanto quando a imagem da jovem de cabelos curtos e repicados.

Jogou o exemplar antigo de Romeu e Julieta sobre o criado ao lado da cama e caminhou até uma cadeira de madeira que havia no canto do pequeno quarto. Vasculhou a pilha de roupas que deixara sobre o móvel, até encontrar uma bermuda de tecido macio. Substituiu a calça jeans por ela, retirando também a camiseta.

Voltou a se deitar, colocando as mãos atrás da cabeça. Encarava o teto desbotado, com a tinta descascando. Pelo menos tinha onde dormir, estava satisfeito. Sentia tantas saudades de Nattie, de receber um beijo de boa noite apesar de estar grande demais para isso.

Fechou os olhos tentando repassar as memórias que viveu com a avó. Lembrava-se exatamente de quando ele saia com alguma garota e ela lhe dizia que o neto não parecia estar tão interessado. Jasper sempre desconversava, afirmando que talvez não fosse a pessoa certa para ele e Nattie afirmava que ele saberia quando fosse.

O que a avó lhe diria agora, se contasse sobre a garota da faculdade? A linda jovem sorridente que vira do jardim e o encarara. Que seus olhos se prenderam aos dela com tamanha força e intensidade, impossibilitando qualquer tentativa de desviar. Nattie diria que ela a garota certa para ele?

Não, não podia ser assim tão fácil. Apenas um olhar, foi só isso. Impossível de determinar ou revelar um amor.

Era o que a mente de Jasper afirmava. Além do fato de fazerem o mesmo curso, estarem na mesma turma de história, também não passava de uma coincidência.

Fechou os olhos, tentando esquecer o assunto e dormir. E, depois de muito remexer no colchão duro de solteiro e ajeitar as cobertas, conseguiu adormecer.

O sol brilhava lá fora quando saiu da casa simples de madeira, localizada próximo às terras da família Cullen. Jasper Hale morava ali sozinho.

Retirou o trinco da porteira, dando passagem para o cavalo sair. Donavan, como o chamava, era um lindo cavalo branco e muito inteligente. Jasper não o tratava apenas como um animal que servia para lhe levar aos lugares, mas sim como um amigo. Era a única companhia que tinha naquele lugar.

– Vamos lá amigão, vamos dar uma volta. – acariciou o pescoço do animal, subindo logo em seguida.

Cavalgaram quilômetros a fora. O vento batendo em seu rosto, balançando seus cabelos assim como a crina cumprida de Donavan, e a sensação de liberdade. Era disso que mais gostava. Parecia que podia voar.

Tempos depois parou próximo a uma fonte. Precisava dar água e alimentar o cavalo. Dali dava para ver a mansão dos Cullen. Não notara que estava perto demais, até ver alguns empregados passando por ali em seus afazeres.

Donavan já havia bebido um pouco da água da fonte e agora mastigava uma maçã vermelha que o dono lhe dera. O cavalo inclinou a cabeça na direção do som que indicava alguém se aproximando. Jasper também olhou, notando a figura de Alice Cullen, a filha do senhor Cullen, para quem ele trabalhava agora.

– Isso é uma injustiça. Se eles acham que podem me obrigar a algo, eles estão redondamente enganados. Eu não... – ela resmungava, caminhando na direção dele sem notar qualquer coisa a sua frente. Jasper a segurou pelos braços quando seu corpo miúdo, que recheava um vestido branco cheio de babados, esbarrou no dele.

Ela não teve tempo de reagir. Ergueu a cabeça para ver quem a segurava e foi fisgada pela imagem do lindo homem que vira na semana passada. A pele bronzeada que lembrava veludo ainda parecia lhe chamar, tão ou mais atrativa quanto da primeira vez que a vira. Os olhos verdes intensos, levemente mesclados de marrom, despertando uma imensa vontade de descobrir o que se passava na mente dele. Sequer conseguia parar de arfar. O decote do vestido subia e descia pela respiração acelerada, coisa que não passou despercebida pelo loiro.

Ele não queria soltá-la. Seus braços ao redor dela pareciam terem sido feitos exatamente para isso, para tê-la ali. Os pequenos olhos azuis, cristalinos como o céu azul de verão. Imaginou-a observando o sol e em como aquelas pedrinhas preciosas irradiariam brilho e beleza.

Alice arfou, o que atraiu a atenção dele para seus lábios semiabertos. Jasper queria beijá-la agora mesmo, mas não podia. Foi sabendo disso que afrouxou o aperto, deixando-a livre para sair. Ela não se mexeu.

– Eu... Desculpe-me, eu estava distraída. – Alice pediu, correndo os olhos pelo rosto dele.

– Tudo bem, não há problema algum. A senhorita me parecia nervosa. – comentou, libertando de uma vez a jovem de seus braços. Imediatamente ela sentiu-se vazia, como se todo o calor fugisse de seu corpo.

Viu Alice Cullen passar a mão na pele exposta, no exato local onde as mãos quentes dele estavam há segundos atrás. Quis tornar a tocá-la, mas sabia que não era seguro. Poderia perder o resto de consciência que lhe restava e tomar os lábios rosados e castos da filha de seu patrão.

– Senhorita Alice, tem certeza que está bem? – Jasper perguntou, notando que Alice encarava o vazio com a mão no mesmo lugar.

– Eu? Claro, estou ótima. - forçou um sorriso, piscando por várias vezes seguidas.

Jasper tentou controlar o barulho que sua garganta tentou emitir. Observá-la assim, a pele branca contra a luz do sol, o sorriso brilhante e os cílios cumpridos tilintando sobre as safiras. O coração do loiro não era tão forte quanto ele pensava.

Um silêncio desconfortável para Alice surgiu. Ela queria que ele falasse mais. A leve rouquidão presente em sua voz lhe despertava calafrios maravilhosos. O modo como os lábios carnudos dele se moviam a faziam querer moldá-los aos seus e beijá-lo até o ar lhe faltar.

“Ora essa Alice, o que pensa que está sentindo?” - a jovem de pequeno porte tentou frear seus pensamentos. Jamais fora assim. Nunca sentira essa vontade devastadora de estar nos braços de alguém. Na verdade, não se lembrava de quando quisera realmente isso.

Mas com Jasper Hale queria, e muito.

Era estranho que só o vira três vezes e, mesmo que por poucos minutos, ele conseguisse lhe causar tamanho rebuliço no estômago.

Donavan balançou a cabeça quando um inseto voou perto de seus olhos, atraindo a atenção de Alice. A garota esqueceu por um instante a presença de Jasper e se aproximou do animal, lhe acariciando a crina bem cuidada.

– Gostaria de dar uma volta, senhorita Alice? – convidou o novo empregado de seu pai e a morena não pensou duas vezes. Sorriu, assentindo.

Tão singelo gesto fez outra vez o coração do loiro disparar.

Jasper ajudou Alice a subir na garupa de Donavan, fez menção de puxar o cavalo para acompanhá-los, mas Alice não deixou.

– Venha senhor Hale, cabemos os dois aqui. – apontou, dando leve palmadinhas no espaço atrás de si.

O Hale balançou a cabeça sorrindo. Não queria perder essa oportunidade, ter seu corpo tão próximo ao da pequena Cullen. Entretanto, o que os pais dela pensariam se os vissem? Não queria nem podia perder seu emprego, ainda mais ser acusado de desrespeitar a filha do grande dono de terras Carlisle Cullen.

– Não acho que seja uma boa ideia, senhorita.

A resposta dele acarretou em um pequeno e adorável bico nos lábios de Alice. Fazendo careta, ela revirou os olhos. Imaginava ao que ele se referia, mas a ela pouco importava a opinião alheia e, no momento, muito menos a de seu pai. Se Carlisle não respeitava sua opinião de não querer se casar agora, então não respeitaria suas regras de comportamento para uma boa moça.

– Pois eu acho uma ótima ideia. Vamos lá senhor Jasper Hale, não me diga que tem medo de mim? – provocou, instigando o rapaz.

Dando uma leve risada, Jasper montou em Donavan. Pediu licença a moça antes de passar os braços em volta dela para segurar as rédeas do cavalo. Alice não pode ignorar o formigamento com tamanho contato. Não reclamou. Endureceu o corpo, não se mostrando abalada.

Então o cavalo começou a trotar num ritmo constante e não muito veloz. O vento batia contra o rosto dos dois, enquanto Donavan se afastava da grande casa dos Cullen e seguia rumo ao pasto montanhoso à frente.

Com alguns fios do penteado elaborado escapando, o sol fraco sobre o rosto e o calor do corpo de Jasper, Alice fechou os olhos e abriu os braços, desfrutando da maravilhosa sensação de liberdade. Não queria jamais se sentir presa a alguém, queria amar e escolher com quem se casaria. Nunca abriria mão de amar, ser amada e livre.

Pois assim seria seu verdadeiro e único amor. Sem correias, amarras ou impedimentos. Alguém com quem dividiria seus sonhos e que houvesse confiança mútua. Alguém que a levaria para todo lugar e iria a qualquer um com ela. Esse sim seria o homem certo para casar-se.

– Está gostando do passeio, senhorita? – a voz aveludada de Jasper preencheu seus ouvidos, lhe fazendo abrir os olhos.

Donavan havia parado sobre uma colina, lhes proporcionando uma vista incrível da grande e esverdeada província.

– Este lugar é tão belo. – falou admirada. Ao longe se notava como uma minúscula casa de bonecas a mansão dos Cullen.

– Foi Donavan quem descobriu essa bela vista. Ele trouxe-me aqui sem que eu soubesse para onde estava me levando. – contou.

Jasper olhou da paisagem para Alice, que se inclinava sobre o lombo do cavalo.

– Isso é porque ele é um cavalo muito esperto. – ela afagou a crina acinzentada dele. O cavalo emitiu um som que fez os dois sorrirem.

– Acho que ele gosta de você. – comentou Jasper, descendo e estendo a mão para ajudá-la.

– Não mais do que de você. – disse ela, ajeitando o vestido e olhando para o rapaz.

O loiro encarava o horizonte a sua frente, como que perdido em pensamentos. Seus cabelos balançavam, roçando seus ombros. Ele era tão diferente dos demais rapazes que conhecera que sempre estavam com roupas impecáveis e nenhum fio de cabelo fora do lugar. As botas de Jasper estavam gastas e sua camisa branca de linho estava levemente amarrotada. Isso não o fez inferior, pelo contrário, atraiu ainda mais a atenção da pequena e autoritária Cullen.

Jasper Hale emanava segurança e classe. Delicadeza e virilidade. Seus contrastes clamavam para serem desvendados. Sua serenidade e concentração eram invejáveis. Tudo nele convertia-se a ideia de ter vivido inúmeras experiências e ainda estar disposto a viver cem mais.

Liberdade. Era isso que Jasper exalava.

E era isso que Alice mais queria.

Foi então que a morena de atentos olhos azuis percebeu que o rapaz ao seu lado era o tal alguém que desejava. Era o homem certo para casar. Para ela casar-se.

[...]

Estava sendo inacreditavelmente difícil ignorar os sentimentos que um despertava no outro. Nas semanas que se seguiram, os olhos de Alice fugiam do contato com Jasper, temendo outra onda de familiaridade e despertar de flashbacks que jamais poderia ter vivido.

O Hale tentava esquecer o sonho maluco que tivera na semana passada. Ele e a garota baixinha da aula de história andando juntos a cavalo. A linda garota baixinha que não lhe saia dos pensamentos. A garota com feições delicadas de fada e cabelos escuros.

Sabiam o nome um do outro por ouvirem os colegas e professores chamarem, mas nunca haviam se dado ao trabalho de perguntar diretamente. Trabalho não. Na verdade, o que lhes faltava era coragem.

Jessica não parava de atormentar Alice quanto ao assunto Mike Newton. Estava extremamente revoltada por tê-lo visto beijando Bianca Lewson, uma garota loira do curso de administração. Alice sabia que por trás da revolta, xingamentos e ameaças de vingança, a amiga estava querendo esconder a tristeza e decepção.

– Olha lá o garoto da sua turma. Não sei amiga, mas acho que ele gosta de você. – Jess comentou enquanto acompanhava Alice para cantina.

Estavam no horário de intervalo e vários alunos transitavam o campus da Universidade. Foi então que o olhar de Alice acompanhou o dedo da amiga e ela viu o colega de turma. Os cabelos loiros, soltos e na altura dos ombros, escondiam seu rosto concentrado em um livro sobre a mesa.

– Não diga bobagens, Jess. Ele sequer trocou uma palavra comigo. – revirou os olhos, mexendo na bolsa em busca da carteira.

– Eu digo isso pelo modo como ele te olha. E você também. Os dois parecem que vão se devorar com os olhos.

As duas compraram café e foram procurar onde se sentar. Jessica teve a brilhante ideia de ir para mesa onde o Hale estava sozinho, mesmo que a amiga lhe pedisse para irem para outro lugar.

– Com licença, podemos nos sentar aqui? – Jessica abriu um sorriso arrebatador, atraindo a atenção do rapaz. Alice riu. Como a amiga era cara de pau!

Ele assentiu, e as duas sentaram-se na frente dele.

– Então vocês dois cursam história juntos, né? – começou, tentando puxar assunto. Alice quis beliscar a amiga, mas se conteve.

– Jessica! – grunhiu, corando.

– O que? Eu só quero puxar assunto. – deu de ombros.

Alheio a discussão interna das amigas, Jasper encarou Alice e sorriu suavemente. Por mais que estivesse envergonhada e brava com sua melhor amiga, a morena conseguiu sorrir de volta. As bochechas coraram levemente, coisa que raramente acontecia.

O coração dos dois martelou no peito. Uma troca de sorrisos. Na cabeça deles, a primeira que tiveram. Mal sabiam que já haviam trocado sorrisos e juras de amor há tanto tempo atrás.

Quando o sinal soou, avisando que os alunos deveriam voltar às atividades nas classes, Jessica se apressou em correr e deixar o casal sozinho. Alice não teve sequer tempo de segurar a amiga, Jessica Stanley já havia grudado no braço de Angela, que passara apressada, e saído junto.

– Não ligue para Jessica. Ela é maluquinha, mas é uma ótima pessoa. – comentou, rindo de leve, encarando os próprios pés.

Alice e Jasper agora caminhavam rumo à sala de aula. Ele com o exemplar de Romeu e Julieta na mão, ela com a bolsa lilás sobre o ombro. Alunos e professores faziam o mesmo ou diferente percurso que eles, entretanto sem esbanjar tanta lentidão para andar. Sem perceber, os dois ficavam para trás.

– Ela é muito simpática. – respondeu o loiro, acenando afirmativamente com a cabeça.

No bolso, Jasper sentiu o celular vibrar. Trocou o livro de mão, buscando o aparelhando na calça. Alice abriu a boca assim que notou a capa do livro, encantada e admirada que não fosse a única a carregar pela universidade o exemplar do romance.

– Romeu e Julieta. Este é meu livro favorito. – comentou, tocando a borda das folhas surradas.

Esquecendo-se completamente do celular que parara de vibrar, Jasper encarou do livro para linda mulher a seu lado. Segurou com as duas mãos, exibindo a capa com o nome do romance e autor em letras douradas quase sem brilho.

– Não acredito que está lendo. Tipo, um cara gostar de um romance desses, com um final trágico e épico... – ela deixou a frase morrer, sentindo o peso do olhar dele sobre si.

– Ganhei de presente da minha avó paterna no meu último aniversário. – disse ele, abrindo e exibindo a contra capa onde havia a dedicatória de Nattie ao neto. – Estou relendo, pra matar as saudades. – deu de ombros.

Alice se emocionou ao ler a dedicatória, correndo os dedos sobre as letras a tinta preta. Nattie desejara através das letras bem desenhadas que o neto tivesse um amor tão intenso quanto o do casal da história, mas com um final diferente e feliz.

– Sua avó deve ser uma mulher muito romântica. Quem não iria querer um amor como o de Romeu e Julieta? Tão jovens e tão apaixonados. É a intensidade do sentimento, a disponibilidade de fazer qualquer coisa para viver esse amor que me prende. Nem sequer a morte foi capaz de separá-los.

O pequeno discurso de Alice deixou Jasper ainda mais admirado. Seus olhos verdes com um tom amadeirado estavam fixos na figura dela, enquanto esta folheava o livro como que absorvendo seu conteúdo.

Alice sabia a história de trás para frente e mesmo assim parecia descobrir um novo detalhe cada vez que lia. Ainda conseguia se surpreender com o desfecho. Por isso gostava tanto daquele livro.

– Minha avó, Nattie, já morreu. Mas sim, ela era bastante romântica. – esclareceu o loiro, fazendo a pequena mulher encará-lo com pesar.

– Sinto muito, Jasper.

Foi a primeira vez que ele ouviu seu nome ser pronunciado pelos pequenos lábios dela. Jamais alguém os pronunciaria daquela forma doce e verdadeira. Sentiu sinceridade na condolência dela, não a artificialidade que recebeu de muitos no enterro da avó.

Outra vez pegaram-se trocando um olhar intenso. Alice sentia o coração apertar, ao passo que Jasper sentia o seu desenfreado. A boca dos dois estava seca, os lábios atraiam um ao outro.

Não, não podiam fazer isso aqui. Não assim, sem mais nem menos.

Foi difícil ignorar a atração que pairava entre eles, mas Alice conseguiu desviar o olhar de volta ao livro, devolvendo ao dono. Tornou andar, notando que só havia os dois no jardim da universidade. Ele foi atrás dela, uma ideia surgindo na mente.

– Ei Alice, gostaria de sair para tomar um café? Podemos... podemos conversar mais sobre Shakespeare. – o sorriso torto dele convenceu a morena instantaneamente.

– Seria ótimo, Jasper. – também sorriu, voltando a andar rumo à classe de história.

[...]

Parada em frente ao grande espelho do quarto, Alice examinava sua imagem pela terceira vez.

Trajando calça jeans justa de lavagem escura, que acentuava suas leves curvas, e uma blusa vinho de mangas cumpridas. Calçava botas cumpridas sem salto, opção que escolhera depois de experimentar outros dois pares de sapatos fechados. Estava frio, colocou um cachecol de lã escuro.

Estava linda, mas na conseguia se convencer disso. Nunca fora neurótica quanto à aparência, nem se vestia para agradar ninguém. Porém, a ocasião lhe pedia para estar tudo perfeitamente no lugar. Por isso não parava de passar a mão pelos cabelos, organizando alguns fios teimosos.

– É apenas um café, Alice. – tentou aquietar-se, repetindo a frase para si mesma mais algumas vezes. – Nada mais que um café com um cara muito bonito.

Um sorriso involuntário a dominou. Jasper Hale era lindo. Quando sorria de canto então, fazia as pernas da baixinha bambearem e o fôlego e concentração irem direto para o espaço.

Balançou a cabeça, afastando a imagem do loiro de sua mente. Sentou-se em frente à penteadeira estilo vitoriano, de madeira branca com pequenas flores esculpidas e pintadas a mão. Passou rímel e lápis de olho, realçando os olhos cristalinos como céu de verão, deixando o olhar sedutor e atraente. Suas bochechas eram naturalmente coradas, ainda mais na presença da brisa fria de Forks, então finalizou a maquiagem com um batom vinho que deixaram seus lábios com a aparência aveludada.

Esperava que Jasper percebesse isso. Que a achasse bonita, afinal gostava de receber elogios como toda mulher. Mas, em especial, desta vez estava se arrumando para ele também.

Tomando o celular nas mãos, Alice notou que faltavam exatos sete minutos para as oito. Logo seu encontro estaria à porta.

Encontro! – pensou na ironia. Seria apenas uma conversa de amigos.

Por mais que quisesse negar, o rapaz tímido e educado lhe interessa e não se importaria de estar oficialmente num encontro com ele.

Enquanto a morena conferia sua bolsa, há algumas quadras dali Jasper Hale se aproximava em sua moto. Por ser novo na cidade, teve que dar algumas voltas até encontrar o endereço exato de Alice.

Parou em frente à bonita casa, descendo da moto e tocando a campainha. Em instantes estava olhando, abobalhado, a figura da jovem que abrira a porta.

Ela estava linda. A jaqueta preta de couro coincidentemente assemelhava-se à sua, diferindo na cor, já que a sua era marrom. O pequeno chapéu, posicionado, de uma forma que ele não entendia o porquê de não cair, mais atrás de sua cabeça.

Ela também o obervava, admirada como um par de calças surradas e botas de motoqueiro lhe caiam tão bem. Sorriu, fechando a porta atrás de si e ajeitando a bolsa sobre o ombro.

– Hmm, não sabia que íamos de moto. – comentou, notando o veículo atrás de si.

Jasper ainda não abrira a boca e ela queria fazê-lo falar, escutar o acalentador e baixo tom de voz dele.

– Isso é um problema? Desculpe, eu não sabia que você...

Ela não o deixou terminar. Riu, notando que o rapaz ficara tenso.

– Nenhum problema. Eu só não tenho capacete.

– Então não temos nenhum problema mesmo. – respondeu ele, virando-se e abrindo o compartimento da moto. Retirou de lá o capacete reserva, entregando a morena.

Após agradecer e retirar o chapéu, Alice colocou o capacete. Jasper chegou bem próximo dela, estendendo a mão para retirar uma pequena mexa de cabelo que lhe caía sobre as orbes azul anil.

Estremeceu. Alice sentiu o corpo tencionar e, em seguida tremer, quando os dedos cumpridos dele roçaram sua pele esbranquiçada. Jasper se perdeu por um instante no olhar dela, mas não tanto quando Alice no calor da pele dele.

– Assim está melhor. Vamos? – sugeriu e ela assentiu em resposta.

Já sobre a moto e segurando o chapéu, Alice não sabia o que fazer para se prender e não cair. Na verdade sabia, mas tinha receio de fazê-lo. Delicadamente, como se desvendasse os pensamentos dela, Jasper pediu que se segurasse nele.

E assim ela fez.

Por mais que sentisse os músculos do abdômen contraírem-se, o Hale estava completamente feliz com a situação. Teria o cheiro da garota baixinha em sua jaqueta. Teria seus braços em torno dele até o final no percurso e a volta. Já havia ganhado muito para apenas um primeiro encontro.

Quando a moto ganhou movimento e velocidade, Alice fechou os olhos. Queria fazer o aperto no peito sumir, mas estava tensa. Não, não era medo da velocidade, mas sim do que estava sentindo com tamanha proximidade.

Ao passo que o caminho parecia se alongar, Alice Cullen desfrutava da maravilhosa sensação do vento em seu rosto. Sentia como se as rodas do veículo não estivessem mais em contato com o chão. Quis abrir os braços, a sensação seria comparada a de voar.

Abriu os olhos, olhando o borrão que eram a estrada, casas e árvores a sua volta. Gostou tanto da sensação que foi impossível não sorrir. Aquilo era indiscutivelmente melhor que dirigir o conversível sem capô de Jessica Stanley.

Sentia-se livre, leve e solta. A única coisa que lhe prendia ali eram seus braços em torno da cintura do rapaz que dirigia habilmente o veículo. Constatar isso lhe fez encostar a cabeça nas costas dele, aspirando o cheiro amadeirado que emanava de seu corpo. Queria agradecê-lo por ter lhe proporcionado essa sensação incrível de liberdade.

[...]

O casal já havia jantado, tomado café e passado mais de duas horas conversando sobre seus autores e livros favoritos. Era encantador como, mesmo com a maioria dos gostos diferentes, se davam tão bem. Alice preferia os romances de época e também os modernos com toque de humor, a medida de Jasper adorava um bom suspense policial. E mesmo assim o papo fluía naturalmente.

Agora, estava saindo do restaurante de comida italiana que Jasper a levara, localizado em Port Angeles.

Alice não queria ir para casa agora, tão pouco ele. Estavam desfrutando tanto da companhia um do outro que queriam prolongar isso por mais tempo.

Foi com esse intuito que rapaz gentil, de sorriso arrebatador aos olhos da baixinha, sugeriu que fossem a um lugar especial.

A princípio ela estranhou, com medo de que ele fosse mais um desses caras que atrai a mulher para algum motel barato a fim de levá-la para cama. Entretanto, Jasper Hale se mostrou completamente diferente, pedindo que confiasse nele, afirmando que ela não iria se arrepender.

A mão estendida do loiro, como um convite, não ficou vazia por muito tempo. Alice a segurou, aceitando que ele a levasse dali. Outra vez resmungou por ter que tirar o chapéu e colocar o capacete, arrancando uma risada tímida de sua companhia.

Desfrutou, outra vez, imensamente da sensação de leveza e liberdade proporcionada pela moto, até que a sentiu parar. Abriu os olhos e estranhou, estavam próximos a um morro de terra e pinheiros. No alto, a floresta escura a deixou insegura. O ele queria a levando ali?

– Pode confiar em mim, eu já vim aqui outras vezes. Não vai se arrepender, Alice. Sim? – pediu Jasper, vendo que ela estava indecisa quanto a seguir-lhe.

Alice pensou na confiança que Julieta sentia em relação a Romeu, em relação ao amor dos dois. Claro que o que ela e Jasper tinham ali não passava do início de uma amizade, mas jamais poderia aprofundá-la se não começasse dando-lhe um voto de confiança.

Assentiu, ajeitando o chapéu na cabeça e segurando a mão dele.

Subiram o morro, desviando das árvores. Algumas vezes ela escorregou na terra ou tropeçou em alguma raiz. Os braços dele estavam lá para ampará-la em todas. Foram inúmeros agradecimentos e desculpas até que se convencesse que era uma desastrada no quesito caminhar em florestas à noite.

Finalmente chegaram ao topo e o loiro lhe guiou até uma extremidade, dando a Alice uma vista que jamais imaginara possível pertencer a pequena e simples cidade.

Dali, os dois enxergavam diversas luzes, tanto de Forks quanto de Port Angeles. Também viam várias estrelas salpicando o céu negro e parte da lua, encoberta por uma nuvem cinzenta passageira. Ao longe, o barulho dos carros na estrada alcançavam seus ouvidos.

A paisagem era pura tranquilidade. Alice sentia que poderia deitar-se ali e ter os melhores sonhos do mundo. Que poderia admirar aquela simplicidade, o tilintar de luzes e vagalumes ao seu redor e a melodia do vento nas folhas dos pinheiros misturada ao som dos carros lá embaixo.

– Eu disse que não iria se arrepender. – falou, interrompendo os pensamentos dela.

Demorou um pouco para encontrar a voz, mas assim que o fez, sorriu e arfou, ainda encarando a vista.

– Como encontrou esse lugar?

– Já passei algumas férias em Port Angeles. O acampamento da minha escola em Seattle vinha pra cá e eu descobri o lugar com alguns amigos. – respondeu ele, lembrando-se da época divertida que passava quase duas semanas no meio do mato se divertindo com Jacob, Embry e Sam, seus melhores amigos de infância.

– É... é lindo, Jasper. – o ar escapou dos lábios dela juntamente com as palavras.

Ainda não conseguia compreender como estivera alheia a beleza natural que a cercava. Era tudo tão simples e rústico. E era exatamente isso que a atraía.

O casal de amigos passou mais alguns minutos ali, conversando e apreciando a companhia agradável um do outro. Apesar de ser sexta-feira, Alice não queria chegar tão tarde em casa. Mesmo que não quisesse se desfazer da companhia de Jasper tão cedo, sabia que haveria mais oportunidades.

Fizeram o caminho de volta para Forks. A moto estacionou na frente da casa de Alice outra vez. Ela se recriminou por sentir-se triste e ter que soltar-se do corpo do bonito rapaz de olhos verdes intensos.

Desceu, retirando o capacete e devolvendo ao dono. Não tornou a ajeitar o chapéu na cabeça, permaneceu com o acessório na mão, assim como sua bolsa no ombro. Ele suspirou, constatando que, mesmo com os cabelos bagunçados, ela continuava a criatura mais linda e delicada que já vira na vida.

– Foi uma ótima noite, Jasper. Eu adorei. – sorriu, em forma de agradecimento.

– Obrigada por aceitar meu convite, Alice.

Deu um passo até parar na frente dela. Os rostos tão próximos que sentia a respiração quente da morena contra seu queixo. Os olhos dela, fixos nos dele. Alice quase queria contar as manchinhas amarronzadas que via nos olhos dele.

Sentiu-se tentada a beijá-lo. Os lábios carnudos quase gritavam seu nome e a pele levemente bronzeada, contra a luz vinda da frente de sua casa, tornava-o ainda mais convidativo.

Mas não tomaria a iniciativa. Se ele quisesse beijá-la então que fizesse. Sua boca semiaberta era sinal suficientemente claro para ele perceber a permissão.

E Jasper Hale percebeu.

Colou os lábios nos dela, moldando-os aos seus. Sentiu a pequena e macia mão em sua nuca, aprofundado o contato. Controlou-se, do contrário acabaria sorrindo entre o beijo urgente. Suas mãos ásperas seguravam o rosto dela, sentindo a suavidade da pele branca.

Alice não se importou em ser tocada por aqueles dedos calejados. Jasper era o mais longe dos filhinhos de papai e garotos exageradamente vaidosos que conhecia na universidade. Gostou disso. Como sempre, a simplicidade era algo que a atraía e o jovem Hale parecia ter de sobra tal atributo.

Quando suas línguas quentes se encontraram, instantaneamente os dois sentiram estar conectados. Dentro deles, algo parecia se libertar, Como dois rios, de águas densas e tempestuosas, correndo de encontro um ao outro. Desaguando neles mesmos, sendo inundados por um sentimento que achavam capaz de existir apenas no universo dos contos de fadas.

Entre esse rebuliço no interior do casal, memórias de um passado já vivido por eles passavam em suas mentes sem qualquer explicação lógica.

Na sacada de seu quarto, a jovem de cabelos escuros e semblante preocupado obervava o horizonte sombrio a sua frente. Era uma noite quente, mas esse não era o motivo de estar fora da cama.

Aguardando seu amado, Alice Cullen começava ficar nervosa; apreensiva em ser descoberta. Não tinha um resquício de dúvidas sequer quanto seu amor por Jasper, sabia que fugir com ele para casar-se era a única opção. Seu pai, irredutível, proibira o romance da filha com o funcionário. Alegava que o pobre Hale não tinha nada a oferecer a família e a filha, apenas um cavalo e uma cabana velha.

Alice jamais se importara com condição financeira. Queria apenas viver sua vida ao lado de seu único e recém-descoberto amor. Por mais que soubesse que sentimentos não enchem barriga, como seu pai sempre dizia, sabia que Jasper era capaz de sustentá-los. Era um excelente trabalhador cuidando dos animais da fazenda, qualquer outro poderia contratá-lo.

Entretanto, já era tarde da noite e nada de seu futuro marido aparecer.

Céus, onde está você, Jasper Hale? – pensou, aflita.

Na capela da cidade, o padre os aguardava. Não conseguiu negar o pedido dos jovens tão apaixonados e, temendo que ficassem em pecado, aceitou casá-los mesmo sem a permissão do pai da noiva.

Quando estava perdendo as esperanças e o choro ameaçando irromper, Alice Cullen avistou o rapaz que a tomaria como esposa. Sorriu, suspirando aliviada. Segurou o grito de alegria que quis escapar de sua garganta, tapando a boca com as mãos pequenas e delicadas. Já havia se despedido de sua melhor amiga Jessica, quem lhe acobertara e desejara boa sorte.

Sentia apenas não poder contar com a mãe num dia tão especial apesar das circunstâncias, mas passara a tarde toda ao seu lado, beijando-lhe a bochecha e dizendo que a amaria para sempre. Por mais que achasse que a mãe não sabia, no fundo Esme sentia que a filha não estaria mais na casa no dia seguinte.

Com todo cuidado para não fazer barulho ou se machucar, Alice se esgueirou pelo beiral da sacada, agarrando-se a uma árvore e a usando como apoio para descer. Jasper a pegou antes que seus pés tocassem o cheio, recebendo-a com um beijo cúmplice e apaixonado.

– Achei que não viesse. – reclamou ela. Os lábios tremeram com a ameaça de ser abandonada.

– Desculpe-me senhorita. Tive alguns problemas com o terno. – respondeu, atraindo o olhar dela para sua vestimenta.

Trajava um terno cinza escuro muito bonito, apesar de gasto e um pouco maior que seu tamanho. Foi o que deu para conseguir de última hora. Os cabelos dourados, levemente enrolados, estavam penteados para trás.

Alice sorriu, satisfeita em caminhar rumo ao altar para se casar com um homem tão bonito como ele.

Ela também não ficava atrás. Usava o mesmo vestido branco, cumprido e de babados que vestia no dia que passeara a cavalo com ele. Nas mãos calçava luvas de renda. Queria ter pedido à amiga que lhe providenciasse um véu, mas saberia que não tinha tempo e também não queria chamar a atenção, o que aconteceria caso alguém visse uma noiva montada num cavalo.

– Está muito elegante, senhor Hale. – elogiou, correndo os dedos pela lapela do terno.

Ele riu, achando graça da forma que se dirigiu a ele. Tantas formalidades. Mas Alice sempre seria uma dama.

Por vezes questionou se seria certo privá-la do conforto que tinha na mansão. Porém, ao vê-la chorar dizendo que seu lugar sempre seria ao lado do amor de sua vida, não teve mais dúvidas. Ela iria com ele a qualquer lugar.

– E a senhorita está divina. – segurou a mão dela, depositando um beijo casto sobre a renda.

Alice estremeceu encantada com o homem cavalheiro a sua frente. Admirava-se com a capacidade de ainda enrubescer com os beijos do futuro marido.

Donavan fez barulho, atraindo a atenção deles.

– É melhor irmos de uma vez. – apressou Jasper, guiando a pequena jovem que logo seria sua de forma incontestável para época: perante Deus.

Dando uma última espiada na casa, Alice despediu-se internamente de sua família. Esme, Jessica, Vera e até mesmo o teimoso Carlisle. Amava cada um irremediavelmente e sentiria falta, mas agora seu futuro seria ao lado do único grande amor de sua vida.

Amava Jasper de tal forma avassaladora que não pensou duas vezes em aceitar o pedido de casamento escondido. Não viveria mais um dia sequer privando-se da presença e dos carinhos do homem que a levava aos céus com um simples sorriso acolhedor.

Montados em Donavan, o lindo e fiel cavalo branco, seguiram pela estrada de terra, encobertos pela noite. Os braços magros de Alice apertaram-se em torno da cintura dele. Jasper sorriu sabendo que era o homem mais sortudo da terra por tê-la somente para si. Amava aquela doce e delicada menina como jamais imaginou existir tamanho sentimento.

Era ainda mais grato por ser correspondido nessa infinita intensidade.

E assim cavalgaram rumo ao altar.

Quando as imagens pararam, interrompidas como um curto-circuito na corrente elétrica, Alice e Jaspe pararam o beijo. Separaram-se minimamente, apenas para que pudessem olhar no rosto um do outro e buscarem algum sinal que denunciasse loucura.

Aquilo foi mesmo real? – pensaram os dois, referindo-se a estranha imagem deles rumo a um casamento às escondidas.

A expressão confusa moldava a face tanto de Alice quanto de Jasper e ele foi o primeiro a falar.

– Você... – começou, não encontrando as palavras. Isto é, se haviam palavras corretas para tentar explicar o que acontecera.

– Eu... eu não sei. – respondeu ela, segurando os ombros dele. – É como se eu já te conhecesse há tanto tempo. É tão estranho. Como se você me despertasse uma sensação de familiaridade.

– Como pode ser possível? – questionou o rapaz, desviando o olhar para trás da morena. – Você e eu... na minha cabeça.

– Não sei, só... Eu gosto. – Alice deu de ombros, atraindo de volta a atenção dele.

Foi sincera. Por mais que tivesse se sentido desconfortável da primeira vez que vira Jasper e as imagens dos dois em séculos atrás, agora se sentia diferente quanto a isso. Gostava da ideia de viver um conto de fadas, um romance tão ou mais especial que o de Romeu e Julieta.

– Eu também. – afirmou o loiro, exibindo um sorriso doce de canto.

Outra vez o coração da baixinha vacilou; aquele aperto no peito. Não era dolorido, era apenas urgente. Percebeu que era urgência de sentimento, urgência de alguém que lhe despertasse tal sensação inexplicável.

E Jasper Hale despertava.

Dessa vez ela deu o primeiro passo, levando a mão à nuca dele e o beijando. Seus dedos enrolaram-se nos cabelos levemente cacheados dele. Jasper limitou-se a segurar firmemente a cintura da morena, colando seus corpos e a impossibilitando de fugir dele.

Realmente, Alice Cullen não tinha intenção alguma de fugir do rapaz atraente que dominava seus pensamentos e, ainda que não percebido, também seu coração. Isso desde muito tempo.

– Alice, você quer... – Jasper titubeou, com medo de fazer a pergunta.

Ainda era o primeiro encontro deles, pelo menos neste século, nesta vida. Os primeiros beijos. Acreditava estar sendo precipitado, mas não queria ir para casa e deixar Alice para trás como uma simples amiga.

– Sim, Jasper. Eu quero. – ela completou, dando-lhe certeza que o que sugerira não era precipitado.

Ela também não queria lhe dar as costas e esperar por mais um encontro. Sempre acreditou que o cara por quem se apaixonaria, apareceria da noite para o dia, a convidaria para sair e então saberia se este era o rapaz certo.

Foi exatamente assim com o loiro de olhar e sorriso tentadores. Foi muito, além disso. Estavam atados de vidas passadas. Destinados. Fugir disso, ainda mais após verem a reação que um desencadeia no outro, tanto física quanto mentalmente, não valia a pena.

Encostando a testa na dela, Jasper encarou Alice profundamente. Todo interior dela reverberou, tamanha intensidade dos olhos esverdeados dele. Ainda desvendaria o mistério por trás daquela cor verde mesclada de marrom outono. Mistério que ela acreditara existir e que, na verdade, escondia apenas o sentimento profundo e inegável, vindo de uma vida que sequer imaginaram um dia ter existido.

Beijaram-se desfrutando da maciez dos lábios um do outro. Desfrutando ainda mais da familiaridade vinda deles. Não estavam se conhecendo, e sim reconhecendo. Recordando o mais singelo, profundo e durável amor.

“Porque eles eram jovens quando se viram pela primeira vez...”.


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam? Mereço comentários?!
Jasper e Alice são o casal mais fofo, sempre quis escrever algo somente dele. E, bom, está aí. Me apaixonei mais ainda por esses dois, tanto no passando quando no presente.
O epílogo já está pronto, então logo posto ele. É só vocês comentarem ;)
Beijo, beijo.



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