Liga da Justiça - The Kids escrita por Araimi


Capítulo 15
Capítulo 15




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– Eu não preciso e não quero saber todos os detalhes sobre o seu encontro amoroso com a minha irmã, Jason.

Jack e Jason olharam para Rex. Jason com os braços no ar, pois estava gesticulando bastante a poucos segundos, a expressão meio irritada por ter sido interrompido em seu discurso cheio de emoção e realidade. Jack soltou um suspiro e voltou a encarar o amigo.

Eles estavam em um café no shopping, aparentemente o lugar preferido dos jovens, talvez porque a atmosfera de um shopping, não a aparência, fosse igual em todas as épocas.

Jason piscou e voltou a falar:

– A questão é. – Ele disse. – Nós estávamos nos beijando e a Claire mandou que eu parasse. E depois disse que estava apaixonada por alguém.

Jason fitou seus olhos azuis em Rex, depois em Jack, e voltando para Rex, como se esperasse uma reação tão chocada quanto a dele, mas o que encontrou foram rostos inexpressivos. Jack deu uma risadinha e disse, fitando Rex:

– Poker face. – Rex olhou-o sem entender o que ele queria dizer com aquilo e Jack revirou os olhos, fitando-os em Jason. – Isso pra mim é conversinha de menina.

Rex riu dessa vez e concordou com um aceno de cabeça.

– Vocês não estão entendo. – Disse Jason, a mão na testa, parecendo irritado. – Claire não tem nenhum namorado, ela estava saindo comigo. Mas se não está apaixonada por mim, então só pode ser por... – Os dois jovens olhavam-no com expectativa. Jason juntou as mãos, apontando os dois dedos indicadores para Jack. – Você.

Rex olhou para Jack, esperando uma resposta, enquanto o garoto dava um pulo na cadeira.

– Não! – Ele disse, espantado, erguendo as mãos. – Isso seria muito estranho, não mesmo. Eu te garanto que ela não está apaixonada por mim.

Jason levou seus olhos para Rex, que tomava um gole de seu café.

– Ela te contou alguma coisa? – Ele perguntou.

Rex levou a xícara de volta a mesa com calma e respondeu:

– Eu sou o irmão da Claire, não o diário dela. Ela não me conta coisas como essa, assim como a Julia não conta essas coisas para você.

Jason soltou uma risadinha.

– Julia não me conta essas coisas porque ela é uma criança e nem pensa nisso.

Jack gargalhou.

– Ela tem 15 anos. – Ele disse.

Rex fitava Jason com seriedade, ele apoiou seus braços na mesa e se inclinou para frente, ficando mais perto de Jason.

– Você está insinuando que a sua irmã é uma santa e a minha é uma vadia? – Ele perguntou. O tom de voz baixo e ameaçador.

Jason deu de ombros.

– Não foi exatamente isso o que eu quis dizer. – Ele disse, entrando no jogo.

Rex cerrou os punhos e disse:

– Você está querendo apanhar, Jason, não é?

– E quem vai me bater...

– Meninos, vocês por aqui?

Os três jovens na mesa olharam para cima, para uma Helena séria, que sabia que tinha acabado de apartar uma briga que não daria em boa coisa para ninguém naquele shopping. Rex e Jason se entreolharam, uma afirmação silenciosa de que eles resolveriam aquilo depois.

– Oi. – Disse Jack amigavelmente. – O que você está fazendo aqui, Ellie?

Helena olhou para os lados, procurando por alguém.

– Claire e Sam me chamaram, mas não consigo encontrar elas em lugar algum. – Seus olhos azuis pararam neles, desconfiados, parecidos com os de sua mãe. – O que vocês estão fazendo aqui?

Os três se entreolharam e deram de ombros.

– Nada. – Disse Jason.

– Nada de mais. – Disse Rex.

– É. – Disse Jack.

Os olhos de Helena estreitaram-se.

– Sei. – Ela disse. – Bem, se virem as meninas, digam que eu estarei na livraria.

Helena deu um aceno de cabeça para eles e já estava se retirando quando Jason segurou seu pulso e fez com que ela parasse, novamente de frente para eles.

– Helena. – Disse Jason seriamente. – Você sabe por quem Claire está apaixonada?

Helena arqueou uma sobrancelha e colocou as mãos na cintura.

– Claire? Claire Stewart?

Os três assentiram freneticamente.

Helena soltou uma risada misturada de muxoxo e ficou séria novamente, olhando para Jason.

– Como eu vou saber? – Ela disse lentamente.

– Você não tem, sabe, um instinto de garota para isso? – Jack perguntou.

Helena fitou seus olhos azuis descrentes no garoto, franzindo a testa. Ela deu um leve suspiro e começou a caminhar para longe dos rapazes.

– Legal a conversa, Ellie!. – Disse Rex, um pouco mais alto, para que ela escutasse.

Helena sorriu levemente com o comentário, mas não voltou para eles, continuou com passos firmes e elegantes por natureza até a livraria.

–--*---*---

– Eu disse que não ia ficar bom. – Disse Sam, olhando-se no espelho do minúsculo provador.

Claire inclinou a cabeça, olhando a amiga de cima abaixo, tentando achar o que estava errado com a roupa, mas não conseguia achar nada, mesmo, Sam estava certa, não estava bom. Talvez vestidinhos floridos realmente não fossem exatamente o que combinava com Samantha Holking.

A garota de cabelo castanho avermelhado colocou as mãos nos ombros da amiga.

– Tem razão. – Sam deu um sorriso triunfante. Claire deu uns tapinhas nas costas dela dizendo: - Vai se trocar, vou procurar alguma coisa preta.

Sam fez uma careta antes de Claire sair do provador. Ela realmente não deveria criar falsas expectativas. Claire não deixaria ela sair daquele lugar tão cedo.

Claire deu uma rápida olhada pela loja; não, ali não haveria nada que combinasse com Sam. Seus olhos verdes voaram para a loja em frente. Ela inclinou a cabeça. Talvez ali.

Ao lado da loja escolhida estava a livraria, ela viu quando ela surgiu entre as pessoas e estava prestes a entrar na loja quando Claire levantou o braço no ar e sacudiu-o até Helena a visse e caminhasse em sua direção.

Helena se parecia tanto com seu pai; brilhante e elegante, mas não sabia mostrar suas emoções. Claire não sabia para quem havia puxado, sinceramente, ela não se parecia nem com Shayera nem com John. Ela pulou em Helena assim que a jovem estava perto o bastante, envolvendo o pescoço da morena com seus braços.

– Oi, Ellie. – Ela disse alegremente balançando-as de um lado para o outro. Helena deu alguns tapinhas em suas costas. – Eu senti saudades. Você fica o tempo inteiro na mansão do seu pai.

Sam aproximou-se das duas, com suas roupas pretas e simples de volta a seu corpo, quando elas estavam se separando. A loira ergueu a mão no ar e disse:

– Oi, Helena.

Helena sorriu rapidamente para elas.

– Oi, gente. – Ela olhou de Sam para Claire, que parecia esperar ansiosamente que ela dissesse algo a mais. – Err, fico feliz em ver vocês também.

Claire sorriu.

– Então. – A garota de cabeleira avermelhada disse. – Nós estamos tentando reconstruir o guarda roupa da Sam, você quer vir com a gente?

Sam começou a caminhar para fora da loja, se ela passasse mais um segundo ali dentro ela tinha certeza se poderia sobreviver. Claire passou a acompanha-la e Helena a imitou. A morena deu de ombros e disse:

– Claro, se eu não tiver muito trabalho nas Indústrias Wayne.

Claire soltou uma risadinha.

– Ellie. – Ela disse, como se estivesse falando com uma criança. – Você esqueceu que nós estamos no passado? Você não precisa ficar trabalhando o tempo todo agora.

Helena fitou-a.

– Eu não esqueci, Claire. Pelo contrário. Acho que eu sou a única que não esqueceu que esse não é o nosso tempo.

Jason, Rex e Jack estavam caminhando em direção as meninas, depois que Helena saiu, eles estavam procurando-as.

– Oi, meninas. – Jack as interrompeu com um sorriso fantástico no rosto.

Sam e Helena estavam se encarando, não de uma maneira hostil. Claire sorriu carinhosamente para o rapaz.

– Sabe. – Começou Jason. – Nós estamos pensando em ir ao cinema, paquerar umas garotas. – Ele falou a última parte olhando diretamente nos olhos verdes esmeraldas de Claire. – Quem sabe não arranjo uma namorada.

Ele não conseguiu a crise de ciúmes que esperava dela, apenas um revirar de olhos. Antes que Rex pudessem acrescentar qualquer comentário nada agradável e dizer para Jason ficar longe de sua irmã, Helena pôs-se no meio deles e disse, irritada:

– Arrumar uma namorada? – Ela olhou para Claire e Sam. – Refazer seu guarda roupa. Pelo amor de Deus! Nós não estamos no nosso tempo, será que vocês se esqueceram? Não podemos comprar coisas, começar um relacionamento nem nada do tipo.

Claire abaixou a cabeça, seus pensamentos voltados para um adorável rapaz de brilhantes olhos azuis.

Nenhum deles falou qualquer coisa.

Helena soltou um guincho irritada e falou:

– Quer saber, eu estou farta de ficar esperando, de ficar sentada sem fazer absolutamente nada! Eu quero voltar pra casa, pra minha vida. E se eles não receberam a mensagem, ou se não conseguem fazer nada, nós vamos ficar aqui pra sempre então?

Ninguém respondeu, ninguém queria ou sabia como responder àquela pergunta corretamente. Eles ficaram em silêncio por alguns poucos minutos, até o silêncio ser quebrado por Jack que disse em uma voz inocente:

– Alguém quer um sorvete?

–--*---*---

Então, lá estavam eles.

Os seis estavam sentados no maior banco do shopping, um ao lado do outro, parecendo bastante com as crianças que eles costumavam ser. Os filhos dos maiores heróis de todo o universo, cada um com um sorvete em mãos, dos mais diversos sabores. Helena tinha um sorvete de morango, Jason um de chiclete, Rex tomava um sorvete azul que ele não sabia de que sabor era, Sam um de chocolates e Claire e Jack dividiam um Banana Split com sorvetes de todos os sabores dos amigos.

Mais tarde, eles entenderam que Jack não estava apenas sugerindo uma sobremesa. O que ele realmente queria dizer era, vamos ocupar nossas bocas por um tempo para que o cérebro se concentre em achar uma maneira de sairmos dessa.

Eles comeram em silêncio durante um bom tempo, pensando sobre as coisas que eles haviam feito até então e em como isso iria afetar o futuro, ou o presente deles. Então Claire deu um salto e disse:

– Eureka!

Os outros olharam para ela sem entender, mas pensando se Claire poderia pensar em algo e não anunciar para todo mundo o que era.

– Eu acho que entendi. – Ela disse, a expressão dos outros continuou a mesma. – Ninguém lembra como viemos parar aqui, mas eu tenho certeza que não mexemos em uma máquina do tempo. E se eles fizeram isso?

Rex balançou a cabeça.

– Não faz sentido, Claire. – Ele disse. – Por que nossos próprios pais nos mandariam para um outro espaço-tempo?

Jason concordou com a cabeça, Jack continuou fitando-a, a colher na boca.

– Pensem comigo. – Disse Claire. – Nós somos tudo o que eles não queriam que nós fôssemos. Rex. – Ela apontou para o irmão, que se sobressaltou. – O papai viu você em uma viajem do tempo, antes dessa, sei lá, não importa. A questão é que ele viu você como um herói e você se tornou o vice diretor de uma rede de fast food. Jason, caramba, você é o filho do Superman, todo mundo sempre esperou que você liderasse a gente como tio Clark fez, mas você só nos liderou para as festas. Jack está atrasado um bilhão de anos na escola e usa seus poderes para impressionar as garotas ou assustar os caras que dão em cima de suas namoradas. Helena tem uma carreira brilhante nas Indústrias Wayne, mas todos nós sabemos que o tio Bruce queria que ela virasse uma heroína. A Sam é o completo oposto de tudo o que alegre e heroico. E eu... – Claire encolheu os ombros. – Bem, ninguém nunca teve grandes expectativas para mim, mas, mesmo assim. Tirando a Ellie, todos nós nos comportamos como crianças.

Helena olhou para suas próprias unhas.

– Eu não sei vocês, mas eu me sinto diferente aqui. Eu mudei desde que cheguei. – Ela continuou.

– É. – Sam assentiu, baixinho.

Claire deu uma meia volta, olhando ao redor do shopping, das pessoas que passeavam alegremente por aquele lugar mágico. Ela voltou-se para eles.

– Talvez a viajem no tempo tivesse que acontecer. Talvez nossos pais se lembram dessa nossa viajem e de como nós éramos aqui. Talvez eles queriam que a gente...

– Crescesse.

Claire olhou para Helena, que havia terminado sua frase, e sorriu agradecida.

Os outros entreolharam-se, pensando a respeito, considerando a possibilidade e vendo que havia chances de a teoria de Claire ser verdadeira.

Helena levantou-se e virou-se para seus amigos.

– Se isso for verdade, se eles sabiam da viajem e a programaram, então ela também tem um tempo para acabar.

Jason levantou-se em um pulo e Jack o seguiu, entusiasmado com a possibilidade de voltar para casa logo.

– Se eles queriam que nós crescêssemos, que percebêssemos isso. Então nós podemos voltar para casa a qualquer momento.

Sam soltou uma risada sarcástica e disse:

– Que melhor momento do que agora?

E então as luzes falharam e o chão embaixo de seus pés tremeu. As paredes antes tão firmes do shopping, agora pareciam de argila e começaram a rachar, quebrar e cair. A última coisa que os seis viajantes do futuro viram, foi uma enorme pedra de concreto vindo em suas direções.


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