Flor de Lótus escrita por Claire


Capítulo 7
Paul


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo foi curto por que eu só expliquei o que aconteceu com a mãe da Dayla anos antes, também tentei jogar um pouco de luz (só um pouquinho) na questão do Logan. Acho que vai trazer mais perguntas do que respostas, mas tá aí =3



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O quarto de hotel não era nada de mais, mas ele não se preocupava com isso. Estava de mal humor desde que desligara o telefone alguns minutos antes… Ninguém menos do que o presidente da Flor De Lótus havia ligado perguntando sobre a pequena situação ainda não resolvida e isso o deixara com o pior dos piores humores que ele poderia ter. Ninguém queria atender e ouvir a voz de Andrew. Nunca. Isso era consenso, Andrew era a última pessoa que qualquer um queria que soubesse de seus trabalhos. Claro que como chefe ele sabia de todos os trabalhos de todos os funcionários, mas tê-lo ligando significava que ele havia falhado e falhas era algo que Paul não admitia.

Paul continuou olhando a mancha de mofo no teto do quarto por mais alguns segundos e então se levantou, precisava de ar. Ao sair do hotel o ar de Hilsboro o fez tremer um pouco, então ele puxou o casaco para cobrir o pescoço e enfiou as mãos nos bolsos, dando um pequeno aceno de cabeça para um casal que entrava no quarto no momento em que ele passava. Apesar de sua profissão, Paul não era um homem pessoalmente ameaçador. Era alto, forte, mas seu rosto demonstrava um cansaço e uma bondade que o fazia passar facilmente por um trabalhador comum. Ele pegou uma rua adjacente e seguiu sem rumo sempre em frente enquanto repassava a conversa que tivera com Andrew.

Ele tinha razão em se preocupar com o que estava acontecendo, é claro, afinal o trabalho era simples. Entrar, matar, sair, nada que ele não tivesse feito antes várias e várias vezes. Mas não fora apenas sorte que levou Logan e Dayla a escaparem de suas mãos naquela noite… Fora também o fato de Logan ser um maldito guardião. Qualquer um no lugar dele teria se desesperado, cometido um erro, talvez procurado as autoridades, mas não ele. Não os guardiões. Eles sabiam como fazer para evitar as investidas da organização e era bem provável que Logan estivesse lá de propósito. Mas então… Por que ele não conseguira evitar que Paul matasse aquela garota?

Os pais de Isabela eram muito generosos e a motivação foi a mais comum de todas: o seguro de vida da menina. Por isso Paul a sufocou até a morte sem deixar nenhuma marca que o incriminasse. Usou luvas, retirou o corpo, deixou o quarto intacto e levou roupas dela consigo, afinal era comum adolescentes fugirem… E também era comum serem assaltados. O assassinato seria apenas uma pitada de má sorte para os policiais que encontrassem a garota morta na beira da estrada, nada de mais. A única complicação fora a dupla adolescente que estava no lugar errado e na hora errada, mas Paul tinha certeza que os encontraria… Mas, ah, Andrew tinha que se meter. Do mesmo jeito que se meteu dezesseis anos antes, durante um dos trabalhos que Paul fez.

(…)

Havia sido uma longa semana para Paul, na época com uma quantidade significativamente menor de olheiras e rugas. Ele não tinha bebido nem um pouco e não tivera nenhum trabalho em quinze dias, isso era estranho já que ele era um dos melhores. Foi quando ligaram para lhe passar o próximo trabalho, uma tal de Dalila. Senhora de meia idade, acabara de dar a luz, estava frágil e seria um alvo fácil. A única exigência era que não houvesse um cadáver no final, pois o marido não queria que ela fosse descoberta nunca. Moleza.

Paul pegou Dalila no carro do marido dela e levou-a para a sede, onde ele tentou sufocá-la até a morte. A mulher não era nem de longe tão fraca quanto ele pensava, afinal resistiu e travou uma luta corpo-a-corpo mais vigorosa do que qualquer um poderia prever. Durante todo o tempo ela só falava que ele não a separaria de sua filha, que ela precisava voltar pra filha, blablabla. A vadia só sossegou quando Paul conseguiu imobilizá-la por tempo suficiente para aplicar-lhe o veneno que sempre carregava consigo para o caso de algum dia ser pego e levado a interrogatório pelos guardiões.

Dalila morreu quase cinco horas depois do esperado, seu corpo foi queimado na sede e as cinzas jogadas em uma caçamba de lixo. Buscas por seu corpo jamais deram resultado, e o caso foi arquivado como sem solução. O marido pegou os milhões do seguro de vida dela, herdou os negócios da família da mulher, e manteve a menina viva por algum motivo. Paul nunca soube dizer o que acontecera com as famílias das pessoas que ele assassinara, não lhe importava a mínima, mas Dalila o marcou… Ela era uma guerreira e morreu como uma. Ele acompanhou as buscas pelos noticiários e assistiu todas as entrevistas que o viúvo dera para os canais de TV sobre sua amada esposa desaparecida, e a forma como ela o deixara com uma filha recém nascida. Aquele desgraçado conseguiu a piedade do país e, tão rápido quanto apareceu na mídia, saiu dela sem deixar rastros. Na época Paul foi duramente repreendido por demorar mais do que o planejado em um trabalho “fácil” e quase fora expulso da Flor de Lótus quando Andrew ligou para dizer o quanto estava insatisfeito com a demora dele.

Mas isso tudo acontecera uma eternidade atrás e Paul já não trabalhava mais em países estrangeiros, preferindo ficar na América mesmo. Planejava se aposentar ali e viajar o país em sua picape.

Como já passava da meia noite não haviam lojas abertas e Paul pôde apreciar a noite fria na companhia de seus pensamentos. A tal garota… Dayla, tinha sido o motivo de se encrencar com o presidente anos atrás, e era o motivo dele se encrencar de novo. Por tudo isso e pelo fato dela estar na companhia de um dos guardiões mais filhos da puta que Paul conhecia, ele a queria morta.


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Notas finais do capítulo

Andrew é o presidente da Flor de Lótus e um dos mais antigos da corporação, ele foi praticamente um dos dez primeiros assassinos dela e o único ainda vivo dessa época. É um personagem que só vai aparecer para atormentar o Paul, mas cada vez que aparecer trará mais respostas (ou perguntas) =D



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