Coroa de Flores - Interativa escrita por Lis


Capítulo 2
Capítulo I - Behind closed gates


Notas iniciais do capítulo

Hola flores, como vão?
Fiquei muito feliz que com as respostas que recebi no capítulo anterior!
Espero que gostem desses!
Aproveitem, e boa leitura!



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***

Kit deixou a Sala da Imprensa levemente enjoado e cego. Piscou algumas vezes no intuito de clarear sua visão e afastar os focos flutuantes de luz dos flashes das cameras. Ao seu lado, Charles não parecia minimamente alterado. O porta-voz real retirou um aparelho eletrônico do bolso interno do seu terno e digitou rapidamente sobre a tela touchscreen e esqueceu de desviar o olhar do aparelho para falar com Christopher.

– Você foi ótimo. Camille, do setor de Relações Públicas, já está fazendo um levantamento dos comentários nas mídias sociais e tudo indica e o povo está tendo uma resposta positiva ao seu pronunciamento.

– Você quis dizer seu pronunciamento.

O tom irônico do príncipe trouxe os olhos do mais velho para seu rosto. Charles não demorou examinando a face o garoto que ele havia visto nascer e logo relaxou a postura e deixou um riso frouxo e manso surgir.

– Não me venha com essa, Kit. Você me disse com todas as letras que queria que eu tomasse conta disso e lidasse com a situação. Pois eu estou. - Charles ignorou o bip do seu aparelho celular que o interrompera e voltou a fitar o jovem herdeiro ao trono. - Estamos vivendo um momento delicado. As condições relativas ao seu tio não podem chegar ao ouvido da mídia nem ao menos como um boato!Se o que acreditamos estar acontecendo for verdade iremos precisar de toda Illéa unida e com você assumindo ao trono em questão de meses…

– Não me fale do que eu já sei, Charles. - Kit suspirou pesadamente e se recostou próximo à janela mais próxima.

Ainda que estivesse acostumado com aquela paisagem, os jardins do Palácio sempre lhe roubariam o fôlego. O imenso gramado que se estendia como um mar esmeralda, a flora tão harmoniosamente posicionada e o brilho das flores pareciam como pedras preciosas vistas de cima. Mais distante, via-se um labirinto de grandes paredes cobertas por hera e ainda além, a maior estufa de toda Illéa continha as espécimes mais raras e especiais, trazidas de todo o mundo. Kit tentou se lembrar da última vez que fora até lá, mas não conseguiu. Aquele lugar fora feito como presente de bodas de casamento do seu pai para sua mãe. As manhãs de domingo eram passadas tomando chá e brincando entre aquelas flores. Muitas lembranças com as quais ele não se sentia ansioso para lidar a respeito.

Com um suspiro pesado, Kit voltou-se para o amigo de tantos anos. Um olhar de desculpas estampado nas suas íris azuis.

– Não se ofenda com meu mal-humor, Charles. Estou apenas sobrecarregado. Isso tudo é muito para assimilar.

– Não se preocupe comigo, Kit. - ele disse dando dois tapinhas leves na nuca do jovem - Mas fique longe dos tablóides se for para ficar essa carranca estressada. Não parece a expressão de quem está prestes a receber trinta e cinco jovens damas em sua própria casa para batalhar pelo seu coração.

Kit tentou esboçar um sorriso, mas esse foi exibido mais como uma careta sem graça.

– Caro amigo, amor é a última das minhas prioridades nessa Seleção. - ele se pôs a caminhar pelos corredores, sendo acompanhando pelo amigo - Quero apenas garantir que a situação do meu tio se resolva. O que me lembra… O médico suíço deu notícias?

Charles nega com um movimento de cabeça e Kit fecha os olhos, sentindo as pontadas da dor de cabeça que começava a lhe afligir.

– Os remédios que ele prescreveu tem mantido o Rei estável, o que, considerando a situação, é o melhor que poderíamos esperar.

***

Harrison Sutherland Illéa um dia fora um homem vigoroso, enérgico e ativo. Entretanto a visão que se tinha dele hoje era o reflexo oposto. Respirando em longos e desgastantes inspirações, o Rei parecia 10 anos mais velho.

Magro e pálido, a condição que o desgastava a tal ponto era um veneno de origem ainda desconhecida. Mesmo com os melhores e mais confiáveis médicos, a sorte do Rei era ainda estar vivo.

Kit encarou seu tio com pesar no peito, mas manteve-se impassível e com postura de líder. Ele era, afinal, o herdeiro ao trono e mesmo que por dentro estivesse um caos de sentimentos e pensamentos, ele deveria sempre parecer ser um pilar forte, indestrutível e inabalável como símbolo de liderança para seu povo. Ao assim havia lhe ensinado Harrison.

Sentada na poltrona perto da cama, estava Delilah. A princesa, filha do Rei, tinha 18 anos recém feitos e desde que seu pai havia apresentado os primeiros sinais de fraqueza, entrou no primeiro avião que saída da França, onde estava passando seu verão, e não deixou o lado do seu pai desde então.

Os primos trocaram um breve olhar de cumprimento e Delilah fechou o livro antigo que lia. Kit espiou a capa e entendeu o título em russo, imaginou que a prima estaria lendo algum dos antigos clássicos que tanto era fã. A biblioteca do Palácio, recheada por primeiras edições e manuscritos antigos, costumava ser o local predileto de Delilah e era impossível retira-la de lá. Agora, ela havia levado meia dúzia de livros para o quarto do pai e ali passava tardes lendo.

– Nenhuma mudança, - Delilah sussurrou a meia voz - ele acordou mais cedo e eu consegui com que tomasse algumas colheres de sopa antes que vomitasse tudo.

Kit deixou um olhar se prologar sobre o tio antes de se aproximar e estender uma mão para a princesa. Ela se levantou olhando longamente para o pai, talvez com medo que se piscasse algo pudesse acontecer e ele desapareceria.

– Ele vai ficar bem. Preciso falar com você.

Eles deixaram o Rei e se esgueiraram para a varanda, onde os murmúrios do vento e dos pássaros decorava aquela manhã. Assim que a porta de vidro se fechou, Delilah deixou um longo suspiros escapar seu lábios e se inclinou na sacada, deixando o corpo pesar.

– Ele vai melhor, Layla. - Christopher disse como um segredo para a prima, o apelido de infância brincando em seus lábios. A menina sorriu o mais francamente possível, mas seu riso não alcançou seus olhos azulados.

– Eu sei. - ela resmungou como uma prece, tentando convencer a si mesma do que dizia. - Não se preocupe comigo.

Kit sorriu e abraçou a menina pelos ombros carinhosamente. O amor fraternal que enlaçava os dois vinha desde muito tempo, quando Kit perderá os pais apenas com cinco anos e seu tio e Delilah mudaram-se para o Palácio. A menina também havia perdido a mãe no mesmo incêndio e os dois apoiaram-se um no outro para superar a dor da perda.

– É a segunda a me diz isso hoje. - ele comentou levemente.

– Isso é porquê você tem complexo de herói. - respondeu afastando-se para fitar o seu rosto.

Ele ergueu as sobrancelhas questionando sua fala, mas ela apenas riu e deu ombros. Por um momento parecia como há muitos anos, quando os dois aproveitavam tardes pelo Palácio, sem a pressão de assumir ao trono tão próxima e sem o medo de perder um ente amado tão angustiante. Infelizmente, a realidade era muito diferente e o momento perdido no tempo alcançou o presente.

– Vamos, o que você queria me dizer?

– Charles fez o pronunciamento hoje. A Seleção oficialmente começou.

Delilah franziu a testa e esboçou um olhar duvidoso.

– Charles realmente acha que uma Seleção vai ser capaz de distrair o povo do fato que o Rei não aparece publicamente há semanas?

– Acha. E não é só isso. Se o seu pai tiver realmente sido envenenado, então estamos nos vendo no cume para estourar uma guerra. E que seja contra outro país ou ainda uma guerra civil, precisamos da nação unificada para apoiar e sobreviver a uma crise como essa.

– Eu espero que vocês tenham razão, Kit. O povo de Illéa não é bobo, se a mídia descobrir…

– Se a mídia descobrir que o Rei está com a saúde gravemente debilitada por motivos desconhecidos seremos vistos como um alvo fácil. A população vai se desesperar com a possibilidade de uma ameaça à segurança nacional, quem quer que seja nosso inimigo vai ter uma chance ainda maior que nos atacar e afetar. A mídia não pode saber, não enquanto não temos soluções para dar.

– E a solução seria…

– Uma nação mais unida do que nunca pelo casamento do Príncipe Herdeiro e uma filha de Illéa.


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Notas finais do capítulo

Então... o que acharam?
Esse capítulo já foi maior, mas espero que os próximos sejam maiores ainda. Esse ia ser já um capítulo com uma das meninas, mas como vi que tem muito gente curiosa sobre o Kit, já fui falando mais dele! Espero que tenham gostado!
Acho que o próximo capítulo vai ser uma das meninas ou mais de uma! Para não me estender muito aqui, quando eu postar o primeiro das selecionadas explico como vou fazer para apresenta-las...
Tem alguns links nesse capítulo, e se alguém não conseguir abrir é só me avisar!
Sei que tem muitas fic's da Seleção que usam blogs auxiliares, e eu pensei em fazer um, mas é um plano assim bem abstrato ainda... O que vocês acham? Gostam, acham inútil, acham o máximo, não gostam...?
Qualquer dúvida é só falar comigo!
Beijos! ❀