Bloody Orchid escrita por Viih Fandons


Capítulo 5
Capítulo 5 - Princesa Infernal


Notas iniciais do capítulo

Foi mal aí pelo corpo do texto!!



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Violetta estava com as veias do pescoço mais amostra de tanto tentar não chorar. Conseguiu. Sangue se acumulava em seus olhos e Leonard tinha as tentativas falhas de limpá-los, mas o dedo dele só ficava em um vermelho intenso.
– Odeio não poder fazer nada para você parar de me torturar e secar essas lágrimas. E gente... Lágrima de vampiro é bizarra... Feita de sangue. – Disse Leonard acariciando seus cabelos negros e macios. As lágrimas de Violetta pararam abruptamente de se acumular em seus olhos e ela sorriu. Envergonhada, a garota levantou recompondo-se.
– Não entendo porque você faz isso. Afinal, me odeia. – Violetta disse limpando as lágrimas que ainda restavam. Algumas deram um simples escapa. Ele a encarou.
– Não te odeio. Deveria pelo que causou hoje a minha família, mas não odeio. Tento mas não consigo. Não posso. E isso está acabando comigo. – Disse ele e agora quem encarou foi ela.
– Como assim? Ah e eu queria te perguntar para que tanta agressividade. Não precisava dizer que iria erguer o fogo do inferno e me queimar nele, olha pra mim sou um membro do Submundo, já sei disso. – Disse Violetta.
– Vi Kate ser morta. Minha mãe foi morta na minha frente por capangas da sua família. – Disse Leonard baixinho.
– O quê? Como assim? Minha família não tem isso... Pangborn. - Disse Violetta terminando de limpar as lágrimas sangrentas de seu rosto e baixando o olhar.
– Ele, mas se você pensava que não tinham capangas, como é que você sabia que era o mesmo?
– Nós estamos tentando captura-lo há um tempo. - Disse Violetta e vendo o olhar confuso do garoto acrescentou explicando: Pangborn cometeu mais crimes do que podia, por exemplo, ele anda matando animais por diversão não para consumi-los, e nós andamos recebendo umas cartas bem estranhas. Decidimos que elas têm haver com ele e tentamos decifrar quando e onde o mesmo iria atacar. Mas estou vendo que é tarde demais.
– Posso ver essas cartas? Ah, e eu esqueci-me de te perguntar na hora, mas como assim agressividade? Fogo do Inferno? Queimar-te nele? Sou muito inteligente, mas isso eu não entendi. – Disse Leonard e Violetta sorriu.
– As cartas não estão aqui comigo, estão na minha casa. Modéstia à parte, não é Leonard?– Disse a garota sorrindo.
– Okay. Como vamos conseguir pegar elas? Quero ajudar na busca. – Ele riu.
– Não, não vou coloca-lo em risco. Sua família vai achar que os está traindo, vai chama-lo de ingrato, já vi tudo isso acontecer. Eu pego as cartas, decidimos onde nos encontrar e te mostro. Tudo bem?
– Não, nós damos um jeito. Trancamos a porta, sei lá. Mas eu quero ver na sua casa. Sabe, estou gostando desse seu lado que eu não conhecia. Mais carinhoso e mais preocupado. Eu gostei. – Disse Leonard fazendo com que ela baixasse a cabeça envergonhada. Ele pegou levemente o queixo de Violetta, levantou sua cabeça, e aproximou-se, de modo com que ficassem de testas coladas.
Nessa hora ela se lembrou de uma música própria para aquela situação. Tentando fugir de beijá-lo – não que ela não queria, obvio que ela queria, mas pensou nas famílias desapontadas – ela começou a cantar Inevitable da Dulce Maria.
De início ele não entendeu o que acontecia, mas logo relaxou. Não era todo dia que se via um talento igual ao dela. Seu espanhol era perfeito e principalmente sua voz. Não conseguia resistir, não podia fazê-lo.
Ele olhou no relógio e já eram 18h52min. A lua já deveria estar no céu, mas como adorava estar na companhia dela nem percebeu o tempo passar.
Quando ela acabou, Leonard bateu palmas e a elogiou, mas também disse que teriam logo que sair dali, pois estava ficando com fome. Ela ficou desapontada, porém concordou porque estava do mesmo jeito. Os dois saíram do alojamento e foram para casa andando em silêncio. No meio do caminho, ele pegou a mão dela hesitante e sabendo que se ela deixasse só poderiam se manter assim até ficar um pouco longe da casa dele que vinha antes da dela.
Ela não deixou e ele ficou sem graça.
Quase no final da rota deles, os dois viram um casal de bêbados rindo e andando com certa dificuldade e com uma garrafa de uísque na mão. Violetta fez um sinal para Leonard que dizia: “Está pensando o mesmo que eu?”. Ele fez que sim com a cabeça, entendendo o recado.
Como no treinamento, eles esperaram atrás das árvores enormes que havia ali e Violetta agradeceu por serem tão grandes. Os estranhos passaram e os vampiros atacaram. Ela com a garota e Leonard com o garoto. Meio lésbico e gay, mas Violetta mesmo sendo uma vampira levaria socos do cara e ele arranhões e chutes inexplicáveis da garota.
Quando acabaram seguiram o caminho agora correndo. Pararam somente ao lado da casa dela. Violetta escalou a lateral de seu lar, entrou na janela de seu quarto e quando percebeu a área estava limpa o mandou fazer a mesma coisa.
– Seu quarto é lindo. – Disse Leonard após subir no quarto da garota. Ela fez um sinal e ele sentou na cama dela. Na verdade, assim era como se comunicavam desde que ele tentara pegar na mão dela.
– Obrigado. – Disse Violetta. Ela avistou a caixa que estava em baixo de sua cama, pegou-a e a colocou em cima da cama, de modo que o garoto também pudesse ver.
– É essa a caixa?- Perguntou ele.
– Sim. – Respondeu ela, abrindo-a. Lá dentro havia três bilhetes. Todos dobrados igualmente.
– Foi ele que dobrou desse jeito?- Perguntou Leonard. Ela assentiu e em silêncio lhe entregou o primeiro bilhete. Ele estranhou a atitude da garota, mas permaneceu calado enquanto abria e lia as palavras negras como a noite com os dizeres: “Tudo o que você necessita é amor”.
– Você entendeu o que ele quis dizer?- Perguntou ela ao ver sua expressão de assassino em série entendendo outro.
– Entendi. Quer dizer que ele se apaixonou por alguém. – Disse Leonard expressando uma idade maior do que tem. – Cadê a outra carta? Quero ver se elas batem. – Disse ele e em um silêncio arrebatador ela entregou a segunda que dizia: “Não há anjo malvado além do amor” – Essa quer dizer que a pessoa por quem se apaixonou ou não corresponde ou não pode ficar junto dele. Batem, ou seja, querem dizer que elas têm ligação entre si.
– Acho que é a segunda opção. Ele é um senhor do Inferno denominado por Lúcifer, não pode ficar com uma pessoa como a gente. Mas podemos considerar a primeira opção. Quem se apaixonaria por ele? Só se fosse uma princesa infernal. – Disse Violetta. Leonard olhou para ela como se a mesma tivesse falado algo muito inteligente. E tinha.
– Sim, uma princesa infernal. E qual é a única princesa da face da Terra? – Perguntou ele feliz por ter ajudado em algo.
– Lara. Temos que falar com ela. – Disse Violetta pegando seu celular do criado-mudo, mas ver que Leonard só a seguira com os olhos ela não entendeu direito o que ele fazia. – O que está esperando?
– Vamos desvendar o resto, e depois vamos atrás dela. – Disse Leonard e completou após ver a cara de contradição e de quem diz “Me esquecerei disso e não iremos atrás daquela pessoa” que ela fez: Anota num papel, deixa bem guardado na penteadeira e depois de desvendarmos todos os enigmas desses bilhetes.
– Tudo bem. – Disse ela ainda hesitante. A garota o fez, depois pegou o último papel e entregou a Leonard. Agora a garota estava de pé, e só nesse momento ele percebeu que ela tinha uma tatuagem no tornozelo. O garoto olhou-a de cima a baixo procurando outras. Achou uma na mão direita. Um coração no dedo. Ficou imaginando se ela tinha alguma outra escondida em algum lugar e onde.
– O que foi?- Perguntou Violetta percebendo que ele nem abrira o papel. Acordado do devaneio, ele ergueu a cabeça e encontrou o olhar da garota. Ela ficou tensa, ele percebeu.
– Você tem uma tatuagem no dedo e no tornozelo. Tem mais alguma?- Ele perguntou.
– Mais algumas quer dizer. – Disse ela mostrando mais tatuagens. Ele se impressionou pela coragem dela de fazer uma. O garoto tem amigos que tem umas e dizem que dói muito na sua primeira. Mas ele era vampiro. Não humano.
– Corajosa... Mas vamos voltar pra cá. – Disse Leonard abrindo o outro papel. Estava escrito: “Quando o amor é verdadeiro, acreditamos cegamente nele, mesmo que alguém nos faça duvidar. E se esse alguém interferir morrerá”. – Quer dizer que alguém está se intrometendo nos assuntos dele. E Pangborn não está gostando nada.
– Sabe, estou começando a desconfiar que não seja ele que está mandando estas cartas. – Disse Violetta, andando de um lado para o outro com passos pesados. Leonard chegou a imaginar que ela criaria um buraco no chão.
– Por que está pensando isso?- Perguntou o garoto.
– Percebi umas letras nesses papéis. Veja só. – Disse Violetta pegando os outros bilhetes e o que estava na mão de Leonard. Ela sentou novamente ao lado dele e usou a caixa como apoio para os três papéis. A garota os colocara ao lado um do outro e assim Leonard viu a sílaba ER no primeiro, CHO no segundo e MAI no terceiro. Logo percebeu o que significava.
– Pela Lua... Violetta, juntando estas sílabas quer dizer ERCHOMAI. Uma expressão em língua antiga. Estou chegando, precisamente em latim. Quem mandou estas cartas queriam se certificar de que nós puséssemos a culpa em Pangborn, mas está na cara. Foi Nicolas. E tenho certeza que foi ele quem mandou matar minha mãe. – Disse Leonard com tanta raiva que podia explodir. Seus olhos brilhavam em um bizarro escarlate. Ele queria sangue. Nicolas queria sangue. E o de um dos dois será derramado.

***
Francesca chegara à casa da amiga nem um pouco suada. Em algumas circunstâncias, a residência de Violetta era perto de onde estava. Se considerasse que deveria pular de casa em casa, teto em teto até chegar a ela.
Desceu do telhado de Violetta e foi em direção à porta quando ouviu um barulho vindo da janela dela.
Diego estava jogando pedras lá e gritando o nome da amiga. Francesca foi correndo até ele e o jogou no chão com a força de seu corpo, caindo em cima do garoto e deixando a pedra que ele estava prestes a jogar caída ao lado deles.
– O que quer com minha amiga?- Perguntou Francesca ainda com o corpo grudado no de Diego.
– Leon saiu de casa para falar com ela e não voltou. Achei que sua irmã odiasse nossa família, mas não a ponto de matar minha mãe e meu irmão. – Disse Diego cuspindo a última parte.
– Ela não matou ninguém, e o que disse dele? Leonard saiu de casa para falar com ela?- Perguntou a garota confusa.
– Violetta foi a minha casa hoje pedir satisfações de umas coisas que eu não entendi. Daí ela saiu furiosa de lá, mas ele pegou e foi atrás da garota. – Disse ele enquanto via Francesca sair de cima dele. Sentiu uma pontada de decepção ao vê-lo. Espera, pensou Diego meio atordoado. Como assim? Eu gosto dela? Ah, não!
– Ela não pode ter ido. Tem certeza que era ela?- Perguntou a garota desconfiada.
– A única loira oxigenada que eu conheço é Violetta. Então com certeza era ela. – Disse Diego. Francesca murmurou algo parecido com “A única oxigenada que eu conheço era aquela que você pegava no colégio” enquanto levantava e tirava a grama da roupa, mas ele achou que não devia ser isso. Na verdade, não tinha como ela saber daquilo.
Porém, Diego não sabia que Francesca era um tanto bem informada. Ela o vira quase comendo Ludmila, a patricinha da escola. Uma pessoa dissera para ela onde e quando eles iam fazê-lo. Como Francesca não era de desperdiçar tempo nem nada, no primeiro beijo ela tirou foto. De resto, a mesma filmou. Achara que um dia precisaria daquela “prova de amor” para chantageá-lo. Ainda rezava para precisar daquilo.
Abruptamente, Francesca olhou para cima. Para a janela da amiga. De lá, Violetta e Leonard olhavam os dois curiosamente. Diego levantou e seguiu seu olhar e como a moça ao seu lado, arregalou os olhos. Não era possível, não podia ser possível. Um Vargas e uma Castillo dividindo o mesmo espaço sem brigar, parecendo ser civilizados e gostando da companhia um do outro.
Francesca, obviamente, não gostou de nada disso. Escalou sem pensar a lateral da casa da amiga até entrar pela janela do quarto e encará-la. Não acreditava no que estava vendo. Não podia acreditar. Diego fez o mesmo, mas encarando Leonard. Reys ficou pesando se sua mente a estava enganando, mas não.
– Violetta Castillo, que porra é essa?- Perguntou Francesca.
– Longa história, mas Leon me ajudou a decifrar umas coisas que eu não estava entendendo. As cartas. – Violetta explicou. Francesca pareceu relaxar um pouco.
– Queria ajuda de um Vargas? Essa é novidade pra mim. E que íntima, já o chamando de Leon. Não estou gostando nada disso. – Disse Francesca, certamente arrogante.
– Acho que ela não quer saber se você está gostando ou não das coisas. E se quer saber, nem todos os Vargas são iguais. Eu por exemplo. Estou aqui há um tempo e nem sinal de eu querer matar sua amiga. Até porque nem tenho motivos específicos. – Disse Leonard, fitando Francesca.
– Ah, não tem? Então como explica Pangborn matando nossa mãe a mandado deles?- Perguntou Diego, apontando com o queixo para Violetta. A moça se ofendeu.
– Se quer saber, Dieguinho, eu não mandei matar ninguém. Foi Nicolas. Até porque, não valeria meu tempo ficar organizando essas coisas, tenho afazeres melhores. – Disse Violetta lançando um olhar aterrorizante ao garoto insolente. Se fosse um humano normal, ficaria com tanta vergonha que abriria um foço para enfiar a cabeça, mas tudo o que Diego fez foi se encolher um pouco, quase imperceptivelmente. Porém, Violetta era boa observadora. Deu um sorriso contente o que deixou a amiga meio confusa. Mas Francesca logo entendeu.
– Querem ver o que descobrimos?- Perguntou Leonard. Os dois hesitaram, mas assentiram. Mostraram todas as cartas. Após a explicação do que elas significavam e o que queria dizer ERCHOMAI, Francesca e Diego mais pálidos do que já eram. Ficaram como estátuas tentando processar todas as informações. Ela foi a primeira a falar:
– Quer dizer que a mãe de vocês morreu na sua frente, Que Nicolas foi o mandante, que ele colocou esses bilhetes na sua caixa de correspondência e que ele está voltando? Isso é muita coisa para minha pobre mente absorver.
– Aos poucos você se acostuma... – Disse Violetta, consolando a amiga. De certa forma, pensou ela, Francesca tem mais coisas a fazer que eu. Cuidar para ninguém suspeito chegue perto de mim, e principalmente me entender. O que é uma tarefa mais que difícil.
– Pensamos em ir atrás de uma única pessoa que Nicolas se comunica e que achamos que foi por quem ele se apaixonou. A Princesa Infernal. Querem ir?- Perguntou Leonard, passando o olho em cada um.
– Como sabem que ela os receberá?- Perguntou Diego. Era a primeira vez que pronunciara algo desde que eles disseram o que estavam fazendo e o que descobriram.
– Ela tem que receber. Lara não teria escolha. A não ser que ela queira enfrentar a fúria da Orquídea Sangrenta. – Disse Francesca, que sentara na cama de Violetta com cara de pensativa.
– Então tá. Vamos ver a Princesa. Mas se ela não quiser nem saber quem está na porta... – Disse Diego. Violetta foi para perto dele. Estavam tão juntos, que ela podia sentir seu hálito. Uma sensação de ciúme cresceu dentro de Francesca e Leonard que os dois quase não conseguiam distinguir o que era. O Vargas queria jogar o irmão pela janela e a Reys queria jogar a amiga pelo mesmo local.
– Como eu dissera Vargas, ela vai abrir a porta. Se ela não o fizer, creio que a Orquídea o fará. – Disse Violetta indo na direção da janela e saltando dela. Francesca, antes de sair, pisara no pé de Diego. O mesmo não entendeu nada. Leonard antes de pular, dera estapeou a cabeça do irmão. Sem entender nada, o outro Vargas pulara da janela.
Agora estavam prestes a cometer a maior loucura de suas vidas, pensou amargurado Diego enquanto corria com as garotas e seu irmão até a casa de Lara. Essa vai ser uma visita ao verdadeiro Inferno.

***
Violetta foi a primeira a chegar depois Francesca e atrás os Vargas. A Castillo era a única que sabia onde ficava a residência da Princesa. Todos se entreolharam buscando um consentimento, mas não restavam mais opções. Eles haviam corrido até a casa de Lara, já estavam lá, então iriam até o fim.
Sem mais delongas, a Reys apertou a campainha. De novo, Leonard tentou pegar na mão de Violetta. Sinônimo dos Vargas, nunca desistem. Ele pensara no quarto, quando estavam contando para Diego e Francesca, que dessa vez ela o deixaria pegar na mão da garota... E estava certo. Ela permitiu. Esse é o começo de uma história sem final, pensou o garoto enquanto uma câmera de segurança apontou para eles e a porta se abriu.
Os jovens entraram receosos do que encontrariam lá dentro. Uma escada em espiral se formou diante deles e os mesmos acharam que era para segui-la. Subiram andando para não se esforçarem muito.
– Escada Infernal. Nunca acaba. – Reclamou Francesca. Irônico, pensou Violetta liderando o grupo de vampiros jovens subindo as escadas. Assim que a moça acabou de falar uma luz reconfortante surgiu no alto de suas cabeças saindo de uma porta. Reys murmurou uma coisa que Castillo não entendeu, mas parecia com "Foi só eu dizer algo que essa merda aparece". Violetta sorriu e adentrou o local.
Aqui precisa de uma limpeza, pensou Violetta enquanto passava por um cômodo imundo. Se essa é a sala de visitas eu não quero nem ver a sala de estar. Aqui é um nojo! Eles não cuidam de nada? A Princesa deveria ser tratada melhor!
A tal sala parecia um verdadeiro lixão. Copos vazios de refrigerante, espinhas de peixe, ossos de frango, papéis amassados, cadeiras e sofás quebrados, monitores de computador, roupas rasgadas e muitas outras coisas ocupavam o local, transformando-o em um lugar onde se podiam viver tranquilamente urubus.
Tentando passar por todo o lixo espalhado, Leonard avistou uma porta a mais ou menos dezesseis metros de distância. E olhe que eles estavam no meio da sala! Sim, era BEM ampla. O garoto avisou a turma do que vira e pediu para que o seguissem. Todos o fizeram. Faltando basicamente um metro, Violetta sentiu uma coisa diferente do lixo que estavam pisando em seu pé. Esse negócio começou a corroer seu sapato. Sim, a sapatilha cara e linda da garota estava desmanchando. Com um grito, ela saiu correndo na direção da porta. O outro sapato também já fora corroído.
Ao ver do que se tratava o restante da turma também se apressou para sair daquele lugar.
O outro cômodo era claramente uma sala de estar. Um lustre de cristais negros se pendurava e oscilava levemente no teto sobre a mesa de vidro transparente que havia no centro da sala. As cortinas de cor rosa-claro das grandes janelas moviam-se gentilmente, como um espectro, agitadas pela cálida brisa de Julho. Não foi preciso muito para avistar a Princesa, que os aguardava sentada no sofá preto felpudo, com aquele sombrio sorriso de que Violetta se lembrava.
– Ora, ora... Olhe quem está aqui. Faz muito tempo não é, Castillo? – Disse Lara ainda sorrindo.
– Sim, faz tempos sim... – Disse Violetta.
– Quando foi a última vez que nos vimos? Foi quando seu pai morreu ou quando descobrimos que sua mãe o traía com o pai dos Vargas?- Perguntou Lara, implacável. O rosto de Violetta se contorceu de raiva. Se for assim que ela quer jogar, é desse jeito que eu vou marcar um ponto, pensou ela passando a mão pelos tingidos cabelos. Leonard encarou Violetta boquiaberto. Diego arregalou os olhos e fitou a Princesa.
– Na verdade, eu lembro-me bem da última vez que nos vimos. E não foi em nenhuma dessas vezes que você disse. Vou te dar dicas. Você ficou num estado lastimável de depressão. Você o colocou pra fora de casa no exato momento em que nos pegou juntos... – Disse Violetta, já sabendo o que ia dizer em seguida.
– Não me recordo muito bem disso. – Disse Lara levantando do sofá e virando de costas para os visitantes. Seu sorriso vacilou. Só agora Violetta soube distinguir o que era o que ela estava vestindo. Um lençol vermelho escarlate era somente o que cobria suas partes íntimas e o resto de seu corpo. Leonard estava a olhando de cima a baixo.
– Mas eu sim. – Disse Violetta, sorrindo – Você me pegou transando com seu namorado. Eu dormi com ele.


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