Dia seguinte, no hospital, Cameron foi até a sala de diagnósticos antes de seguir para o PS. Ela procurava pela 13. Precisava conversar com ela. No entanto, ao entrar na sala, encontrou House próximo a cafeteira.

Ele estava de costas, absorto em pensamentos. Ao ouvir o barulho da porta, um leve friozinho lhe subiu no estômago ao ver quem era.

Nada foi dito entre eles sobre o que acontecera na noite passada. Apenas algumas trocas de olhares e um leve sorriso de Cameron... quando ele lhe estendeu sua xícara vermelha de café isso poderia denunciá-los. Entretanto, somente um olhar mais atento notaria a sutileza desses pequenos gestos.

Taub e Kutner também estavam na sala, mas eles não se deram conta acerca das faíscas que surgiam de relance no olhar de Cameron e House.

Decidida a quebrar o silêncio, Cameron falou:

_Eu não posso demorar. Só estou procurando a 13. Alguém sabe dela?

House lhe lançou um olhar malicioso (666), respondendo:

_Talvez ela ainda esteja escondida no seu armário ou debaixo da cama!

Cameron lançou para ele um olhar fulminante e seu rosto corou levemente, arrancando de House um sorrisinho ante a mudança de tonalidade das bochechas dela.

_Peço para ela procurar vc, Dra. Cameron, assim que ela chegar – disse Taub.

Kutner, contudo, continuava sem dizer nada. Porém, desta vez, ele não pôde deixar de notar a conexão que se desenrolava à sua frente.

No decorrer do dia, House e seus assistentes distraíram-se com um novo caso. 13 já havia chegado, e Taub lhe repassou o recado conforme havia prometido à Cameron.

O clima entre House e 13 estava surpreendentemente tranqüilo. Nada de piadinhas, trocadilhos ou joguinhos.

Ela imaginou que, qualquer que fosse o plano de Cameron, ela obtivera êxito. Mal podia esperar para perguntar como ela tinha conseguido dar um jeito nele.

Após estabilizarem o paciente, 13 foi até o PS encontrar Cameron.

Encontrou ela fazendo um curativo numa garotinha.

_Como vai Cam!?

_Hey! – respondeu, virando-se afoita para ela e colocando soro fisiológico no braço machucado da menina.

_Aaaaiii!!! – gritou a criança.

_Oh! Sinto que não é uma boa hora para conversar – observou 13, ao notar como Cameron não conseguia se concentrar nas duas coisas ao mesmo tempo: cuidar da paciente e dar-lhe atenção.

Cameron estava apreensiva. Não queria revelar à 13 o que tinha acontecido entre ela e House. Não se entregara a ele para que House tivesse outra coisa com que se distrair. Ela havia feito isso pq o amava. Sempre amou.

Apesar da certeza que tinha sobre suas razões, Cameron temia que 13 lhe julgasse mal ou de forma errada. Por isso ela estava inquieta, pq não sabia o que contar à 13.

_Não. Está tudo bem! Eu já estou terminando aqui. Pode me esperar lá fora, então conversaremos.

13 obedeceu e aguardou do lado de fora do PS.

_E então? – disse mais tarde, quando viu Cameron se aproximar.

_Nós conversamos. Eu o fiz entender que nem todo mundo gosta de ver a vida invadida com os joguinhos dele.

13 parecia não acreditar:

_Simples assim? Ele desistiu de ficar no meu pé sem nem argumentar?! Nossa Cameron!! Acho que subestimei sua influência sobre ele!

_Do que vc está falando?!

_Ah, todo mundo sabe que vc tem uma quedinha por ele. Eu imaginei que suas palavras fossem surtir algum efeito em House, mas não pensei que vc conseguiria isso tão rápido.

_Eu não disse que foi assim tão fácil...

_Não...imagino que não...

13 não conseguia conter a pequena ironia em sua voz. Ela não pretendia julgar as atitudes de Cameron, ao contrário, estava bastante agradecida; mas não conseguia deixar de notar e se divertir com aquela insistência da amiga em negar o que estava estampado em seu rosto.

Percebendo a tensão de Cameron, 13 concluiu:

_Enfim...o que eu quis dizer é que se House cedeu tão depressa é pq ele também admite que vc o tem nas mãos.

Dito isso, 13 agradeceu e deixou Cameron sozinha com seus pensamentos. “Seria mesmo um indício dos sentimentos de House por ela?” ... “depois da noite passada, ela ainda teria que duvidar?”

Nenhuma das duas, 13 ou Cameron, se deram conta que bem próximo dali alguém ouvira boa parte da conversa, e com um olhar incrédulo, acabara de entender do que aquilo tudo se tratava.