SanWar - Priére (Interativa) escrita por Emerson Souza


Capítulo 10
Capitulo 9 - O demônio negociante.


Notas iniciais do capítulo

Olá galera, espero que estejam gostando. demorei um pouco pra postar, mas ai está.



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*Eric

A ultima semana passou de forma bem confusa, minha mãe quase me sufocou quando apareci em casa com um aspecto estranho, com uma espada, novas cicatrizes e uma oficial da policia junto comigo após ficar um dia fora de casa não muito depois de uma visita angelical em publico, que por acaso também apareceu na casa onde eu havia passado a noite anterior.

Foi difícil explicar tudo para ela a principio, muito pelo fato de que ela não queria escutar e que quando eu cheguei em casa ela estava sendo consolada pelo nosso “amável” amigo da vizinhança Ângelo, e ela estava querendo explicar e no caso eu não queria escutar.

No final Maya, que havia me acompanhado para ver se eu não fugiria da cidade antes de ser levado ao “alto conselho da Guarda”, teve de explicar sobre tudo, o atendado, o fato de que eu me envolvi nisso tudo por acidente e que aparentemente eu havia apresentado “coragem, entusiasmo e imprudência” suficiente para um esquadrão inteiro ao pular para cima de um hibrido no meio de sua decadência à demônio.

Ocorreu uma estranha discussão na sala de jantar, o como mais desconfortável da casa demonstrando toda a sua imponência com suas mobílias de mogno e paredes pintadas de forma para destacar a importância do lugar de quem ali morava, quando cheguei em casa, a principio era apenas uma formalidade para mostrar e registrar tanto para minha mãe quanto para Maya a carta que o diretor havia me entregado para que eu pudesse ter a arma sob minha posse de forma legal, mas claro que a conversa tomou um rumo totalmente diferente.

– Então, ele agora vai ser recrutado e forçado a ir para a Guarda? – Perguntou minha mãe, o que no caso era uma questão bastante pertinente para tudo o que aconteceu.

– Com qualquer outra pessoa e em outra situação, de fato ele seria um grande reforço para nós e seria recrutado em breve, mas... – A forma que Maya dizia, parecia que estava sentenciando minha morte, e eu não gostei nada disso. – Mas infelizmente nessa situação, ele terá que ser observado, estudado e provavelmente submetido a testes, nada agradáveis... – E ai estava, não era bem uma sentença de morte, mas admito que era muito desconfortável, principalmente pela forma que ela falou.

– Desculpe, mas não vou ser uma cobaia para seus joguinhos militares. – Falei e apenas recebi olhares de advertência para ficar calado de ambas.

– Desculpe Eric, mas isso não é uma decisão sua. – Disse Maya. – O faremos mesmo que tenhamos que captura-lo, mas espero que não tenhamos que fazer isso.

– Então finalmente começou né? – Disse minha mãe, como se tivesse os pensamentos distantes. – Dizem que a “Guerra Apocalíptica” pode recomeçar, os poderes de Eric voltando e agora até essa espada voltou para nós...

– Ãh... Desculpa, o que? – Perguntei completamente atônito com as palavras de minha mãe, e até mesmo Maya tinha uma expressão intrigada no rosto. – Como assim meus poderes voltando e a espada também?

– Senhorita Cordelia, poderia explicar? Que até onde sabemos, Eric não deveria ser um hibrido. – Informou Maya. – Temos um sistema que detecta, registra e localiza todos os híbridos desde o seu nascimento e devo informar que Eric não era registrado como um hibrido...

Minha mãe se levantou da cadeira e começou a dar voltar na mesa até parar atrás de mim, segurar meus ombros e me olhar de uma maneira como se pedisse paciência.

– Tudo começou com uma espada que estava na família a muitas gerações, essa mesma espada que hoje está em suas mãos. Ela nunca teve um nome de verdade, apenas a chamavam de “A Opositora” por possuir fogo/gelo na mesma lamina, causando a repulsão do material. – Ela Começou a explicar. – Um dia, quando eu tinha aproximadamente 20 anos, um ataque ocorreu durante uma viagem para os limites do continente, causando a morte de seus avós, mas naquela ocasião, fui salva por um homem, seu pai...

– Sim, a senhora já me contou essa historia antes, mas... – Era a historia de como ela conheceu meu pai, por isso tentei apressar um pouco o assunto, mas ela apenas apertou levemente meus ombros e desviou o olhar para Maya, me fazendo calar.

– De modo superficial, ele me salvou, mas estava muito ferido, então eu salvei, tivemos um relacionamento e dele você nasceu. – ela continuou. – Porem, ele me disse que talvez você tivesse algumas “complicações” durante seu crescimento e com 8 meses você começou a mostrar alguns indícios disso, como por exemplo, brincar com fogo...

– Brincar com fogo logo nessa idade? Não é muito comum, mas ainda assim, não vejo como isso demostra algo. – Disse Maya intrigada e me olhando como se analisasse minha personalidade com aquele novo fato.

– Não era exatamente “brincar” do tipo, mexer com fogo, fosforo, isqueiro ou algo do tipo... – Explicou. – Ele realmente brincava com o fogo, dava formas aos fogo e simplesmente não se queimava e eu como mãe ficava horrorizada é claro, mas eu não conseguia impedir... E então seu pai propôs uma solução. Reter seus poderes na espada da família, pois ela possui o poder de absorver o fogo de um lado e com o outro bloquear as ligações. E assim foi feito, mas aparentemente agora que ela voltou, você está com eles de volta.

Novas informações sempre fazer sua cabeça girar, mas aquelas, definitivamente, eram estranhas, como eu ser uma criança piromaníaca, meu pai ser protetor e minha mãe falar sobre ele abertamente desse jeito. A única coisa que pude fazer foi segurar a bainha da espada com mais força.

– Isso esclarece um pouco as coisas, mas ainda assim, ele terá de passar por alguns experimentos em alguns dias. Então se não me importam, estarei me retirando e deixando-os a sós. - Disse Maya. – Provavelmente dentro de uma hora, uma guarda estará aqui em sua porta para prevenir que alguém possa lhe atacar, devido ao ocorrido.

– Ou impedir que eu saia, certo? – Retruquei.

– Ainda bem que entende rápido, Eric. – E com isso Maya foi-se embora.

Os dias que se seguiram, foram bem chatos, em casa minha mãe parecia querer fingir que nada havia acontecido e voltar a velha relação que tínhamos, mas era bem difícil, ainda mais com as novas informações sobre meu pai e o fato dela esconder de mim que eu poderia controlar o fogo não ajudar em nada nisso. E fora de casa eu tinha uma escolta para onde quer que eu fosse, seja escola ou qualquer lugar que fosse, ou seja, não poderia mais ir para meus lugares onde pensava apreciando a paisagem, o que atrapalhava em mim minhas tentativas de colocar os pensamentos no lugar.

Certa tarde em que minha mãe havia saído com Angelo para um encontro, após tanta insistência dele e após tudo que aconteceu, achei que ela merecia e eu mesmo insisti que ela saísse pra se divertir um pouco mesmo que fosse com aquele cara, e somando ao fato de que por algum estranho motivo os guardas haviam sumidos, aproveitei pra sair um pouco, e por mais arriscado que fosse, decidi deixar a minha espada em casa.

Segui para o melhor lugar de toda a cidade, o alto de um prédio que não tinha fácil acesso às pessoas, mas de algum modo havia descoberto um escadaria que levava a cobertura do maior prédio da cidade, de onde eu poderia ter uma vista panorâmica de toda a cidade, incluindo todas as ruas, até um pequeno lago que havia a poucos metros da cidade.

Ao chegar lá em cima, notei que a cidade parecia bem mais quieta do que naquele horário em uma época não muito distante e que parecia assim desde que Gabriel havia aparecido pra dar a noticia e o ultimado da grande guerra que poderia ocorrer em dois anos, mas não era só isso que parecia errado, algo no próprio prédio parecia estranho.

– Quem está ai? Mostre-se! – Eu tinha a sensação de que não estava sozinho, mas a ultima coisa que eu queria ouvir era uma resposta.

– Ora, ora, ora. Vejo que tem uma grande percepção, senhor Eric. – Disse uma voz saindo detrás da única saída do local, uma porta no extremo noroeste do espaço do prédio.

– Quem é você? – Disse me colocando em alerta e olhando em direção à porta recuando aos pontos para o local oposto.

– Não se preocupe, não estou aqui para te fazer mal, ao menos não muito mal. – Disse a voz emfim se revelando. – Quem sou? Apenas um negociante, já tive muitos nomes, mas o que mais gostei sem duvidas até hoje é “o Demônio de Fausto” ou simplesmente, Mefistófeles.

Ele não parecia tão intimidador, estava mais para um senhor de aproximadamente 40 anos, com óculos escuros, cabelos castanhos, pele clara e aparentemente começando a enrugar, não era fácil decifrar suas feições, mas ele parecia um homem de muito conhecimento e ele possuía um terno com uma bengala, um típico senhor que poderia se encontrar em um museu, com a diferença de que aquele poderia realmente te “matar com a sabedoria”, ou ao menos era a sensação que eu tinha.

– Mefistófeles? Dos contos? Então quer dizer que você tem mais de 2000 anos? – E mais uma vez, uma figura histórica aparece em minha frente fazendo minha cabeça girar e mais perguntas surgirem. – O que quer comigo?

– Você realmente faz muitas perguntas não é mesmo? Sedento de sabedoria... Eu gosto disso. Os melhores contratos começaram por isso. – Disse ele com um leve sorriso no rosto. – Mas respondendo sua pergunta. Não é que EU quero, mas o que VOCÊ quer na realidade. Você quer respostas, certo?

Serio, se alguém chegar lhe oferecendo respostas pra perguntas impossíveis assim, não aceite, sempre tem algo por trás e o preço é caro. Uma coisa boa que pode se aprender em livros, sempre desconfie, ainda mais de velhos que parecem saber demais.

– Desculpe, mas aprendi da pior forma a não confiar nas pessoas facilmente, então se eu puder ir... – Falei andando em direção à porta, até que fui parado por sua bengala.

– Não se preocupe criança, querendo ou não, como eu disse, sou um negociante, e digamos que o preço de uma pergunta já foi paga. – Informou ele.

Nesse momento, meu cérebro começou a girar e um profundo medo começou a se instaurar no meu coração. Qual preço ele se referia? Algo havia acontecido com a minha mãe? Se fosse isso, esse velho iria conhecer a morte antes do tempo, se bem que ele já havia “passado da validade”.

– Desculpe, mas a que preço você se refere? – Perguntei cerrando o punho pronto para entrar na briga com o velho se precisasse.

– Essa é sua pergunta? Sinto que está perdendo uma boa oportunidade... – Disse ele com uma pequena decepção na voz. – Mas já que insiste em perguntar....

– Espere. Que seja então, explique-me sobre meu pai. Tudo o que puder. – Disse, respirando fundo para conter todas as emoções que começavam a tomar conta de mim.

– Sinto muito criança, isso nem eu mesmo posso responder. – Disse ele andando para a beirada da cobertura apreciando o por do sol. – Mas se houver outra duvida, ficarei feliz em responder.

– Por que não? Por que ninguém pode falar sobre meu pai? O quão misterioso alguem pode ser? – Disparei frustrado, pois nunca tinha uma resposta direta sobre nada.

– Isso é algo que posso responder... – Informou ele com certo receio. – Digamos que “Ele” é alguem que não está me nenhuma jurisdição exatamente. Ele cobre a todos, mas não serve a nenhum ao mesmo tempo, ou seja, ele é um tabu a se falar, ninguém ousa pronunciar nem mesmo seu verdadeiro nome.

Ao ouvir isso, temi por todos e temi a todos. Se qualquer um descobrisse isso, poderia ser um alvo imenso nas minhas costas, ainda mais com a Guarda tendo a minha supervisão.

– Não entendi direito o que quer dizer, poderia repetir? – Menti esperando ter uma resposta mais clara.

– Não, apenas uma resposta pelo preço pago. Como disse meu caro, sou um negociador e não um professor. Mas posso lhe avisar uma coisa: Grandes testes virão e você precisará ultrapassa-los para chegar a verdade. – Preveniu-me. – E lembre-se, aqueles que dizem querer lhe ajudar, não são os mais confiáveis, incluindo a mim mesmo. O qual eu faço apenas para desfrutar de alguns momentos de diversão, como esse.

E ao bater a bengala no chão, dois corpos caíram na cobertura, os corpos dos dois guardas que faziam minha escolta caíram no chão sem vida, com as orbitas oculares ocas e negras e com vários cortes e sinais de tortura pelo corpo deles.

– Espera, isso foi você? – Perguntei aflito. – Esse é o preço ao qual se referia?

– Não, isso foi apenas um meio de obter informações e me divertir, afinal, não negocio apenas através de perguntas e respostas de modo formal e civilizado. – Disse ele adotando um sorriso sombrio. – O conhecimento possui seu lado cruel, jovem, lembre-se disso. E agora sobre o preço que falamos antes...

E com isso ele chegou perto de mim e tocou meu cotovelo direito que começou a arder e em um instante meu corpo inteiro estava envolto em chamas negras que se apagaram na mesma velocidade que começaram, mas a sensação de extremo calor continuava e agora vinha a dor no corpo inteiro, como se todas as minhas células estivessem sendo desintegradas.

– O preço era o desencadear da maldição ao qual você já havia sofrido. – Informou ele. – Agora se me der licença, devo me reportar aos meus superiores e ao menos tente sobreviver a isso, e se sobreviver nos encontraremos novamente.

Com isso ele sumiu e eu estava de joelhos agonizando, tossindo e clamando por ajuda, ao qual não chegaria. Não se eu permanecesse ali onde eu estava. Com isso tentei descer as escadas do prédio o mais rápido possível, cambaleando, trombando e me segurando nas paredes para não cair.

Assim que desci para os andares medianos do prédio, não aguentei e cai no chão, soando muito e completamente quente e delirando, pois ouvia alguem cantarolar uma musica suave ali perto, mas não conseguia ver ninguém, até que minha visão escureceu completamente e eu desmaiei devido à dor.


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Notas finais do capítulo

O que estão achando galera? deixem suas opiniões e até a proxima.
PS: provavelmente teremos a introdução de uma nova personagem, então até lá.