Eu só tenho imagens na cabeça, não me lembro exatamente o que aconteceu. Eu no Jeep, então uma pessoa na minha frente, o barulho do pneu no asfalto, árvores, vidro voando. É tudo o que eu tenho antes de acordar no meio da floresta.

    Esperava estar cheio de cortes e arranhões, talvez até um ferimento mais grave, mas eu estava perfeitamente bem. Olhei ao redor e percebi que estava ao lado do Nemeton, o que não era um bom sinal. O carro não parecia estar em nenhum lugar perto. Tentei meu celular, mas estava sem bateria.

    Alguma coisa estava errada, era óbvio.

    Sem perder tempo, comecei a andar até a cidade, meu pai devia estar preocupado. E Scott, será que ele tinha encontrado o que procurávamos? Acelerei o passo e logo estava perto da escola. Observei por alguns segundos. Obviamente a aula já tinha começado havia algum tempo.

    — Você sabe que há algo errado.

    Ouvi a voz e imediatamente me virei para trás. Havia um garoto. Ele era alto, musculoso e loiro. Estatura de homem, rosto de adolescente. Olhei confuso e desconfiado para ele.

    — Desculpe, Stiles. Acho que você não se lembra de mim. Já fazem muitos anos…

    Ele sabia meu nome. A minha desconfiança aumentava a cada segundo.

    — Quem é você? — perguntei confuso, tudo estava muito estranho.

    Ele riu antes de responder.

    — Theo. Theo Raeken.

    É claro. Tinha que ser.

    Theo era um colega de classe na quarta série. Era um garoto maldoso e frio, nunca fui com a cara dele. Há alguns anos ele foi embora com a família depois da morte de sua irmã. Ela caiu no rio e se afogou. E agora ele estava de volta.

    Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, ele mostrou seus olhos de lobisomem.

    — Você é um…

    — Lobisomem. — ele me interrompeu. — E eu sei que Scott também é um. Mas ele não é apenas isso, não é? Ele é um alfa. Um alfa genuíno.

    Os próximos dois minutos da minha vida foram dedicados a ouvir a história de como ele tinha sido mordido e que procurava um novo bando, já que o dele havia sido destituído, por assim dizer.

    — Agora, Stiles. Eu sei que tem alguma coisa errada. O que você é?

    — Eu não sou nada. Você é o sobrenatural aqui. — respondi com a única certeza que eu ainda tinha na vida. Mas ele riu.

    — Não. Você não é humano.

    Nesse momento o sinal tocou. Me virei para a escola e quando virei de novo Theo havia sumido. Como assim eu não era humano?

    Comecei a caminhar em direção a porta, mas uma dor na nuca me parou. Uma pontada que subiu pela cabeça e me fez ver pontos pretos. Logo depois, aconteceu de novo, e de novo e de novo. Era algo insuportável, que me fazia sentir como se fosse desmaiar a qualquer momento.

    — Você só precisa chegar até a porta, Stiles. Somente até a porta.

    Essa foi a minha motivação. Corri o mais rápido que pude. Finalmente cheguei, mas só consegui ver vários alunos me encarando. Ótimo! Tentei falar, me mexer, mas a dor não permitia. Eu só consegui ficar parado lá, minha cabeça explodindo. Parei de resistir a dor e me deixei levar. Caí inconsciente no chão. A última coisa de que me lembro são os olhos de Malia.