Ele conseguiu. Ele tinha feito.

Todd Fleming havia conseguido casar com Megan Hunt.

Mas ele não podia continuar casado com ela nem mais um dia.

Não é como se ele não a amasse mais. Honestamente, Todd achava que a amaria por toda a sua vida. E ele já estava mais do que acostumado com o jeito de Megan, com o modo como ela tratava as pessoas, como tratava ele. Todd era feliz por simplesmente poder dividir sua vida com Megan, mesmo que ela não lhe desse nada em troca, mesmo que ele tivesse a ligeira impressão de que havia alguém entre eles. Não exatamente uma pessoa física, mas uma lembrança constante e irritante.

Talvez o ex-namorado Nova Iorquino.

Todd nunca teve a coragem de perguntar. Todd nunca teve coragem de muitas coisas quando se tratava de Megan Hunt.

Mas então surgiu essa garotinha, tão parecida com Megan e com ele e ao mesmo tempo tão ela, tão autêntica. Há alguns anos atrás, Todd acharia loucura pensar que poderia amar uma mulher mais do que amava Megan.

Mas não era loucura, porque ele amava Lacey muito mais.

E por mais que ele tivesse acostumado com o jeito de Megan, por mais que ele aceitasse tudo sobre ela, Todd não podia aceitar aquilo.

Ele não conseguia aceitar o descaso com que Megan tratava Lacey as vezes.

Ele sabia que Megan amava Lacey, sabia que ela tinha problemas em mostrar seu amor para os outros, mas Lacey não sabia.

Lacey não entendia.

E aquilo matava Todd por dentro.

Ela só queria que sua mãe fosse como as mães de suas colegas. Que lhe contasse histórias, que fosse as suas apresentações na escola, que participasse da sua vida. Que tivesse tempo pra ela. Uma coisa que Lacey só entenderia muito tempo depois, é que Megan Hunt não era uma mãe como as outras.

E apesar de Todd aceitar que Megan era diferente de todas as outras mulheres que ele já havia conhecido, ele não conseguia aceitar que ela não podia ser como todas as outras mães.

Megan nunca precisou de um defensor, mesmo que Todd tivesse passado a vida toda pronto para defendê-la; mas naquele dia, Todd tomou a decisão de defender Lacey de Megan. Por que se Megan estava tão pouco disposta a fazer parte da vida da filha, então talvez fosse melhor não fazer parte de maneira alguma.

Foi o que ele lhe disse a noite quando ela chegou do trabalho. Era quase madrugada, na verdade, mas Todd esperou por ela, porque ele teria que dizer aquilo o mais rápido possível, porque talvez ele mudasse de ideia. E o choque em seus olhos verdes foi tamanho que Todd quase mudou de ideia.

Mas ele não fez isso. Vestiu o personagem que havia passado o dia inteiro planejando, o Todd Fleming que era duro com Megan, que não aceitava suas desculpas, e permaneceu firme em sua decisão.

Ela não chorou, apesar de que o choque transformou-se em algumas lágrimas, ela não gritou, como Todd imaginou que ela não faria. Ela tentou falar com ele, perguntar o que estava acontecendo, tentando entender o que ela não via. Então Todd entrou em um longo discurso sobre tudo o que estava errado, sobre tudo que não havia dado certo. Sobre Lacey, principalmente.

E foi surpreendido quando no final, Megan perguntou em uma voz baixa:

– Não tem nada que eu possa fazer?

Tinha tanto que ela podia fazer. Megan Hunt era o início e o fim de todo o seu mundo, mas Lacey era a dona de sua vida. E por ela ele balançou a cabeça negativamente. Por mais que a resposta estivesse nas mãos de Megan, ela não iria mudar. Nunca havia mudado. Todd a conhecia como a palma de sua mão.

– Eu sinto muito. – Ela disse.

Todd suspirou, passando as mãos pelo rosto.

– É, eu também.