– Ei, vocês dois! – Matt chamou, pela enésima vez, após bater mais três vezes na porta do quarto do irmão. – Josh, Rony! – Tentou mais uma vez, revirando os olhos ao ouvir mais um gemido. “É claro que eles não estão me ouvindo...” Bufou, com a própria conclusão. – Será que vocês podem, por favor, fazer menos barulho? – Perguntou, dessa vez literalmente berrando. Como o esperado, não obteve responda. – Desisto... – Resmungou, para si mesmo, antes de voltar ao quarto. – Não vai ter jeito mesmo. – Avisou Frannie, que estava sentada em sua cama estudando – ou tentando, já que os barulhos vindos do quarto ao lado atrapalhavam e muito – para a prova oral de Geografia. A garota limitou-se a dar um longo suspiro, para então fechar o livro.

– Melhor do que se eu tivesse ficado em casa, pelo menos... – Ela afirmou, dando de ombros. – Isaac e Terry também não são nada silenciosos... E é bem mais esquisito quando é o meu irmão e não o seu.

– Eu já estou até acostumado... – Matt disse. – Mas ainda é meio esquisito...

– “Meio”? – Fran repetiu, rindo. – Os dois estão praticamente gritando, Mattie...

Matt riu. Realmente ter que – no sentido literal da expressão – escutar a vida sexual do irmão era mesmo constrangedor, mas pelo menos fones de ouvido conseguiam resolver o problema na maior parte das vezes. Só não conseguia entender como os dois nunca sentiam nem um pouco de vergonha, por mínima que fosse...

– Você não acha que o Sebastian agiu estranho ontem? – Frannie questionou, repentinamente.

Ele franziu levemente o cenho, sem entender.

– Como assim?

– Eu não sei, ele... Ele não me pareceu tão confuso quanto o Ron ou a Jenn... – Ela explicou, com uma expressão com tanto desconfiada. – Sabe, eu não estou querendo acusá-lo de nada, ou algo assim, mas... O Josh mesmo disse que ele estava tentando falar com a Jane uns dias atrás...

– Olha, para quem não está querendo acusá-lo, isso me parece bastante com uma acusação. – Deixou escapar um risinho baixo. – Falando sério agora, você acha mesmo que ele pode ter falado com a Allison? Tipo, ele nem tem como saber do que aconteceu...

– Talvez a Jane possa ter contado. E eu não estou acusando, eu só... Ah, foda-se. Eu não confio nele e também não acredito nessa historinha de “oh, sinto muito por ter agido como um babaca”... – Imitou a voz do garoto que sinceramente estava começando a fazê-la perder a paciência. – Sério, ele já chegou ao ponto de ameaçar a Harrison com fotos, sabendo que isso poderia fazê-la ser expulsa de casa, o que te faz achar que ele não pode simplesmente ter decidido envolver a Allison nessa merda toda?

– Estamos falando do meu amigo, Fran. – Matt suspirou. – Eu sei que ele é um idiota às vezes, mas eu o conheço há muito tempo... É difícil não esperar coisas boas vindas dele... Sabe, depois de mim e dos meus pais, o Sebastian foi quem mais apoiou o Josh quando ele decidiu se assumir...

– O McKean pode até ser amigo de vocês, mas ele não é uma boa pessoa, Matt. – Expôs Frannie, sem se importar se sua afirmação incomodaria o namorado.

– Não precisa exagerar, também... – Disse, tentando não se irritar com o que a namorada falava. – Eu sei que você tem motivos para desconfiar dele... – Realmente sabia. – Só que... Acha mesmo que ele chegaria a esse ponto? Ele gosta da Gwen... Fazer isso a deixaria mal. Por que ele iria querer que ela ficasse mal?

– Estamos falando do Sebastian. Quer mesmo tentar aplicar lógica ao que ele faz?

(...)

Isaac guiou Terry até a cama. Os dois sentaram-se de forma gradativa e sem separarem os lábios por um segundo sequer. As mãos dele exploravam o corpo da namorada, agora sem aquela timidez das primeiras vezes. A contragosto, o gamer afastou-se por um breve instante, apenas para retirar a própria camisa e ajudá-la a tirar o blazer e a blusa com estampa florida. Um sorrisinho de lado apareceu, ele estando mais que satisfeito com a visão que aquilo lhe proporcionara. Percebeu as bochechas da garota adquirem um tom avermelhado, por causa da forma como a olhava, e isso apenas o fez sorrir ainda mais, para então retornar ao beijo apaixonado de segundos atrás.

Terry deixou um suspiro escapar contra os lábios de Isaac. Estar com ele fazia com que ela se sentisse tão... Especial. A forma como ele a elogiava, os olhares cheios de significado... Toda a insegurança que sentia em relação ao próprio corpo desaparecia completamente quando estava com ele. Ela sentia-se amada, desejada... Isso era meio que um alívio, pois aquelas duas palavras – amor e desejo – diziam muito sobre seus sentimentos pelo irmão da amiga. Não era como na época em que tivera uma “quedinha” por Matt... Aquilo que costumava sentir pelo quarterback não chegava nem perto do que sentia pelo namorado. O seu primeiro. E ela queria, de todo o coração, que também fosse o único...

(...)

– Noah... – As palavras seguintes foram reprimidas por um gemido, que escapou dos lábios da garota. Ela sentia seu corpo inteiro se arrepiar com os beijos que recebia. – Caramba. Espera um pouco. – Ela afastou-se, para então respirar fundo. – Eu não... Olha, eu sei que isso não te deixa nem um pouco feliz, mas eu não me sinto...

– Pronta, eu sei. – Para a sua surpresa, o running back sorriu compreensivo.

– Você... Não se importa de esperar, certo? – Quis confirmar.

– Por você? Claro que não... – Noah asseverou, com a mesma expressão calma e alegre. – Sendo sincero, é meio difícil não me empolgar quando eu estou com você, mas... Eu não ligo de esperar. Só seria bom se... – Fez uma pausa. – Esquece.

– O que você ia dizer?

– Hum? Nada... – Fingiu inocência, recebendo dela um olhar de “fala logo, idiota”. – Okay... Será que eu posso, sabe... – Percebeu o olhar dele baixar, parando no decote da sua blusa. – Tocar? – Completou a sentença, fazendo-a revirar os olhos. – Desculpa... – Pediu e pela primeira vez na vida ela o viu corar. Isso fez com que – antes mesmo que pudesse ao menos pensar em conter-se – desse uma sonora gargalhada. Nunca na vida havia imaginado que algum dia veria Noah, logo ele que usava frases de protagonistas de animes Ecchi e vivia fazendo perguntas inapropriadas para Gwen e Liz sobre o relacionamento delas, corado.

– Por cima da blusa. – Concordou, fazendo com que ele arregalasse os olhos e sorrisse de orelha a orelha.

– Sério? – A visível animação do garoto a fez rir mais uma vez, antes de assentir.

"Como foi que eu fui me apaixonar por esse pervertido idiota?" Perguntou-se, rindo internamente com o pensamento.

(...)

“Eu não vou pedir transferência para Roosevelt.” – A

“Mas você precisa.” – S

“Não preciso fazer isso para que o plano funcione.” – A

“Se quer saber, eu nem estudo mais. E me recuso a voltar só para te ajudar a separar as duas.” – A

“Pensei que quisesse fazer a Gwen sofrer...” – S

“Ela vai. Mas eu não preciso voltar a estudar para que isso aconteça.” – A

“Aliás, seu idiota, não acha que eu do nada voltar a estudar com eles vai fazer com que suspeitem?” – A

“Ainda mais com você tendo se transferido a pouco tempo...” – A

“É, acho que estou começando a entender o porquê de todos os seus outros planos terem dado errado...” – A

“O que quer dizer com isso?” – S

“Que você é burro.” – A

“Mas não me surpreende que você não tenha entendido, já que, como eu falei, é burro.” – A

“Quem me dera eu não precisar de você para esse dar certo...” – S

“Bom, você precisa.” – A

“Agora, eu preciso trabalhar.” – A

“Não se preocupe, eu não tenho nada para fazer amanhã, dou uma passadinha em Roosevelt...” – A

“Os professores nem vão perceber que eu não estudo lá.” – A

“Certo.” – S

“Só me passe o horário.” – A

“Pode deixar.” – S