School Days escrita por Isa


Capítulo 93
Capítulo 93: Única




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Um sorrisinho discretamente satisfeito se fez presente no rosto de Sebastian durante todo o trajeto. Julgando pela reação de Gwen, seu plano certamente funcionaria. Se para ela aquele assunto era tão delicado, Liz nem precisaria de fato traí-la. Bastaria que a baixinha pensasse que ela tinha feito. E bem, Allison continuava a divertir-se causando esse tipo de confusão. Ou seja, finalmente havia tido uma ideia 100% à prova de falhas.

De certo modo, entendia a raiva que Ally sentia de Gwen, afinal, também tinha sido jogado por ela no poço escuro e quase inescalável da friendzone. E cada um lidava com aquilo de uma forma própria. No caso dela, “seduzindo” Jane. No dele, sendo perseverante e não desistindo de seu objetivo. Obviamente, achava o seu modo de ver as coisas mais inteligente – embora na verdade fosse igualmente estúpido –, mas sem Allison e seu desejo por – mais – vingança, seu plano jamais poderia dar certo.

Assim que chegou em casa – após quase bater o carro umas quinze vezes e chegar bem perto de atropelar uma senhora idosa, tudo graças ao seu enorme “talento” como motorista – foi direto para o próprio quarto, evitando perto do dos pais. Não queria ter que ouvi-los “se amando” outra vez... Já estava suficientemente traumatizado.

Jogou-se na cama assim que a avistou e ligou o celular. “Hora de bancar o desinformado.” Pensou, enquanto buscava Josh em seus contatos. Assim que o encontrou, enviou-lhe uma mensagem:

“Hey! Olha, eu sei que provavelmente não é da minha conta, mas quem é aquela garota?” – S

Esperou um tempo considerável, mas nenhuma resposta veio. Talvez o amigo de infância pudesse estar “ocupado” com Rony, como Matt vivia reclamando e ou fazendo piadas. Ou quem sabe, simplesmente ainda estivesse bravo com ele... Compreensível. Chantagem não era mesmo algo muito legal de se fazer... Mas em algum momentos os amigos precisariam entender que ele tinha ótimas razões para o que fazia. Até lá, continuaria fingindo que tinha desistido.

(...)

– E se for uma menina? – Caleb perguntou, de repente, no meio do filme.

– Hã? – Susan franziu o cenho ao olhar para ele.

– O nosso bebê. E se for uma menina? – Refez a pergunta, agora sendo mais claro.

– Essa parte eu entendi, Caleb. – Ela afirmou. – Só não entendi que diferença pode fazer...

– Faz muita! – Ele exclamou, como se incompreensão dela fosse um completo absurdo. – Eu só pensei em nome para meninos, nenhum para uma menina. Preciso fazer uma outra lista e...

– Já te falei que serei eu quem irá escolher o nome. – Sue o interrompendo, fazendo questão de recordá-lo disso.

Por um breve instante, o viu fechar a cara e resmungar um “ainda vou te fazer mudar de ideia”, mas ele logo voltou a sorrir, para então dizer em tom brincalhão:

– Além disso, também vou precisar comprar uma arma.

Sue riu.

– Uma arma? – Repetiu, em tom interrogativo.

– Para o caso dela decidir arrumar algum namoradinho... – Explicou, também rindo. – E sim, eu vou ser esse tipo de pai.

– Você ainda quer esperar para saber? – Indagou.

– Sim, eu só acho que preciso começar a pensar em alguns nomes para meninas. – Voltou a insistir nisso.

– Caleb...

– Juro que não vai ter mais nada como Dick, é sério.

– Tudo bem. Mas eu só vou aceitar sugestões. A decisão final continua sendo minha.

Ele deu um soquinho no ar e gritou “isso!”. Geralmente, Sue acharia essa reação extremamente idiota, mas naquele momento lhe pareceu meio... Fofa. O beijou rapidamente na bochecha, para então ter seus lábios delicadamente tomados por ele.

(...)

Gwen sentia o carinho de Liz em seus cabelos. Estava deitada sobre o peito da namorada, esperando o sono chegar.

Sunshine? – A chamou, usando um tom de voz baixo. Ouviu-a murmurar um “hum?”. – Obrigada por dormir aqui comigo...

A loira não disse nada. Beijou-lhe suavemente o topo da cabeça em resposta e continuou com o carinho. Sabia que Gwen não se sentia muito bem e não queria atormentá-la com perguntas que poderiam ser feitas em outro momento, por mais curiosa e preocupada estivesse sobre quem era a tal Allison e o porquê da baixinha ter se abalado tanto com coisas ditas por ela. Na verdade, nem mesmo havia entendido muito bem a “conversa” das duas... Quer dizer, meio que entendeu as insinuações, principalmente na parte do “adoraria descobrir se ela gosta tanto de você quanto a Jane”, mas... Todos ali – com exceção de Rony, Jennifer e Sebastian – pareciam conhecê-la muito bem para que ela fosse apenas a garota com quem aquela idiota da Jane tinha decidido transar. E também, conhecia Gwen bem o bastante para saber que não era fácil fazê-la se deixar afetar. Passara meses tentando na época em que a odiava – lê-se tentava odiar –, afinal de contas.

– E-Eu... Eu posso te fazer uma pergunta? – Gwen ergueu um pouco o tronco e passou a encará-la. – Quer dizer, tecnicamente eu já fiz, mas você me entendeu... A questão é que eu preciso que você seja totalmente sincera quando responder...

– Eu sempre sou. – Liz afirmou, com um sorriso doce. – Com você, pelo menos...

Um longo e cansado suspiro escapou pelos lábios da morena. Ela não queria soar como uma idiota insegura, mas o retorno da ex melhor amiga a fazia sentir-se assim, mesmo que contra sua vontade.

– Você já quis ficar com outra pessoa? – Optou por ser direta. – Sabe, depois que começamos a namorar...

A pergunta pegou a capitã de surpresa. Que tipo de pergunta era aquela? A resposta não era óbvia?

– Gwen, eu nunca quis ficar com outro alguém. – Asseverou, frisando o “nunca”. Era a mais pura verdade, por estranho e até mesmo bizarro que pudesse parecer. – Nem mesmo antes de ficarmos juntas. – Acrescentou. – Quando eu namorei o Matt, foi por um motivo completamente idiota e egoísta, o Caleb então, eu nem sei o que tinha na cabeça para chegar ao ponto de namorar ele... Antes de você, eu nem sabia que podia gostar de garotas... Menos ainda, amar alguém como eu te amo. Foi mais fácil do que eu imaginava que seria me aceitar, porque apesar do meu pai ser um imbecil, eu sabia que isso deixaria de ter importância desde que você retribuísse os meus sentimentos. E bem, você retribuiu. Então começamos a ficar e eu só conseguia pensar em como eu queria poder te chamar de namorada. Aí começamos a namorar e eu só conseguia pensar em como eu queria dizer que te amava. Agora eu disse e você disse de volta e eu sinceramente não me lembro de algum dia ter me sentido tão feliz quanto eu me sinto toda vez que te olho, toda vez que seguro a sua mão, sempre que nos beijamos e também... Quando fazemos amor... Estar com você é a melhor coisa que já me aconteceu e eu nunca, nunca mesmo sequer tive vontade de ficar com mais ninguém que não fosse você. – Respirou fundo, tomando fôlego, para então prosseguir: – Eu não sei direito o que essa Allison te fez no passado, ou o porquê das coisas que ela disse terem te feito sentir-se insegura sobre como eu me sinto, mas, mesmo sabendo que vou soar como aqueles personagens caricatos e ridiculamente apaixonados daquelas comédias românticas ruins que a gente odeia, quero deixar claro que você é a única para mim, okay? A única com quem eu quero ficar, a única por quem eu não me importo de deixar de ser popular, desde que estejamos juntas, e também, a única capaz de me fazer dar um discurso desses... – Riu.

Gwen sentiu os olhos marejarem e também ficou sem saber o que dizer. Nunca em sua vida, mesmo tendo o hábito de falar bem mais que o necessário, conseguiria escolher palavras tão certas e tão lindas para declarar seus sentimentos por alguém. Um “eu te amo” já era suficientemente difícil para ela – Isaac sabia disso melhor que ninguém –, pelo simples fato de após o fim de seu relacionamento com Jane, passou a ter dificuldade em se entregar completamente a esses sentimentos... Mas com Liz, era diferente. Ela não achava que a amava. Ela sabia disso. Nenhuma dúvida. Em momento algum. Verdade seja dita, de certo modo aquele era um novo sentimento. Sabia que ninguém além da loira a tinha feito sentir-se dessa forma. A necessidade de estar sempre perto, a saudade que vinha cinco minutos depois do “tchau”, o desejo ficando mais e mais forte a cada dia que se passava... Nada daquilo havia sentido por mais ninguém. Bom, não de maneira tão intensa...

– Eu nunca amei ninguém como eu amo você. – Confessou, atraindo novamente os olhos verdes – que eram absolutamente perfeitos, assim como tudo na sua loira – para si. – A Jane não foi a primeira garota que eu beijei, mas foi a minha primeira namorada e também a primeira pessoa para quem eu disse “eu te amo”. Só que... Eu nunca estive muito certa disso, sabe? Sempre suspeitava de que talvez não estivesse sendo completamente honesta com ela e comigo mesma. Claro que quando ela me traiu eu fiquei arrasada. Porque eu gostava mesmo dela. Mas acho que não era amor, afinal de contas. Até porque, parte da minha raiva vinha do fato de ter sido com a Ally. – Fez uma pausa. – Allison. – Corrigiu-se. – Ela costumava ser a minha melhor amiga e, resumindo a história, ela tinha certos sentimentos por mim que não eram correspondidos. Então, ela simplesmente se vingou. E eu sei que ela ainda me odeia, o que, aliás, não é muito diferente de como eu me sinto em relação à ela. – Suspirou longamente. – Mas quando se trata de você, eu não tenho as mesmas dúvidas que tinha sobre os meus sentimentos pela Jane... Eu tenho certeza absoluta que amo você. Então, de certo modo, amor é algo novo para mim também... E... Não sei ao certo como explicar, mas eu sinto que você é a única para mim também... E não é que eu me sinta insegura, ou tenha alguma dúvida sobre como você se sente, mas é que ouvir a Allison dizer aquilo, justo ela... Eu... Eu não quero te perder. Eu não quero que exista a possibilidade de você algum dia se apaixonar ou até mesmo se interessar minimamente por outra pessoa. Porque eu te amo e acho que já não sei mais como pudemos demorar tanto para perceber que nos pertencemos...

Então, se beijaram. Apaixonadamente. Não havia mais nada a ser dito, não depois de terem se aberto de tal forma uma para a outra. Nenhuma delas era boa com as palavras, na verdade, e mesmo assim, conseguiram dizer todas aquelas coisas, porque elas vinham de dentro. Eram totalmente verdadeiras, em todos os sentidos. Imagináveis e inimagináveis.

– Vem, vamos dormir... – Liz disse, quando afastaram-se, após alguns minutos se beijando.

Gwen apagou a luz do abajur e voltou a deitar-se, seu corpo sendo envolvido em um abraço carinhoso pela mais alta. E enormes e nada discretos sorrisos alegres fizeram-se presentes, até o momento em que adormeceram.


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