Liz caminhava pelos corredores de Roosevelt com a mesma imponência de sempre. Percebeu que um grupinho de desconhecidos cochichava algo, provavelmente sobre sua recente saída do armário, mas surpreendentemente não se incomodou nem um pouco. Não dava a mínima para o que aquelas pessoas poderiam estar falando, estava feliz – as várias declarações de amor do dia anterior influenciavam bastante nisso – e nada nem ninguém conseguiria estragar. Assim que avistou a namorada, um sorriso enorme se formou, enquanto caminhava em sua direção. Tinha uma ótima notícia para contar...

– Bom dia... – Disse, parando ao lado da sua baixinha.

– Bom dia, sunshine! – Gwen sorriu imediatamente, para então dar-lhe um selinho demorado.

– Você sabe como meus pais são religiosos, certo? – Perguntou quando se afastaram e a morena assentiu. – Então, eles estão sempre fazendo essas viagens com o grupo da igreja e tudo mais... Geralmente, nessa época do ano sou obrigada a ir junto e passar uma semana com eles em algum lugar chato orando, mas dessa vez não. Consegui convencê-los. Sabe o que isso significa?

Viu Gwen sorrir maliciosa, o que a fez diminuir a distância entre elas e tomar-lhe os lábios. Ficaram se beijando por algum tempo – nada muito intenso, obviamente, já que estavam no meio do corredor com “um milhão” de alunos passando – até que ouviram o sinal e tiveram – a contragosto – que ir para a sala de aula.

(...)

Pateticamente apaixonado.

Era como Noah se sentia naquele momento. Observava Jennifer lendo Jogos Vorazes – A Esperança na biblioteca há aproximadamente quinze minutos. Por quê? Simples, ela ficava absurdamente linda quando concentrada...

– Isso é meio esquisito, sabia?

A voz dela, naquele tom divertido, o tirou de sua dispersão e o fez encará-la sem entender.

– Você ficar me encarando desse jeito, é esquisito. – Ela explicou, rindo.

“Como foi que ela percebeu?”

Como se conseguisse ler os pensamentos do running back – tecnicamente conseguia sim ter uma ideia do que ele pensava, baseando-se em suas expressões -, Jenn respondeu:

– Bom, não é como se estivesse tentando ser discreto...

– Eu já disse que você é linda? – Noah quis saber, sorrindo bobamente.

– Hoje não. – Ela sorriu, fechando o livro logo em seguida. Já sabia a história, apenas queria recordar-se de certos detalhes antes de ir ver o filme no cinema. – Estou esperando... – Brincou.

– Você é linda!

Jenn então o beijou carinhosamente por um breve momento.

– Hey... – Terry se aproximou, acompanhada por Isaac – como sempre –, Rony e Josh, alguns minutos após terem interrompido o beijo.

– Gaynicórnios! – Noah exclamou, recebendo um olhar de “vai mesmo insistir nisso?” do casal de garotos. – Sim, eu vou. É o melhor de todos que já pensei até hoje...

– Se você diz... – Rony deu de ombros.

– Então Jennifer, você já sabe se vai poder vir com a gente ao cinema no sábado? – Quis saber Terry.

– Sim, eu vou sim. – A morena arruivada confirmou, sorrindo. Era ótimo como os amigos de Noah eram simpáticos... Graças a isso, conseguiu se enturmar com facilidade.

(...)

– Sim, eu tenho certeza... – Britt riu ao ouvir Becky afirmar. A amiga falava com Rachel ao telefone fazia um tempo considerável e mesmo assim a garota não parecia ter a intenção de desistir. – Quer parar? Isso não é engraçado! Eu estou sem saber o que dizer aqui... – A morena murmurou olhando-a feio, o que só a fez rir ainda mais. – Não Rach, eu não estava falando com você... É... Hm... Minha amiga Brittney. Não, nós não voltamos. Não é por isso que eu não quero sair com você outra vez... Sério? Certo... Olha, preciso desligar agora, depois falo com você.

– Ela sabe sobre a gente? – Britt perguntou, um tanto surpresa.

– É, eu posso ter reclamado bastante no ouvido dela sobre isso... – Becky riu, sem humor. – Mas sério, eu não sei como fazê-la entender que eu não estou interessada sem ser grossa...

– Então seja grossa. – Britt deu de ombros. – Agora, que tal me falar mais um pouco da garota que você conheceu? Qual é mesmo o nome dela? Ashley?

– Aria, mas eu não quero mesmo falar dela.

A loira estranhou. Becky tinha falado tão bem da tal garota nos dias anteriores, o que poderia ter acontecido para que ela usasse aquele tom obviamente irritado e rancoroso?

– O que aconteceu? – Se arriscou a perguntar.

– Ela tem uma namorada...

– Oh...

– Pois é. Não estou mesmo dando sorte... – Suspirou. – Para piorar, a outra veio falar comigo, como se eu soubesse que estava ficando com a namorada de alguém...

(...)

Frannie assistia ao treino, atenta. Percebeu que Cooper Clarington não conseguia passar cinco minutos sem tentar derrubar Matt ou ofender Rony. Definitivamente, aquele garoto era um belo imbecil... Notou também que Dave – que estava sentado ao seu lado – realmente olhava bastante para o namorado de Josh, mas também não parava de secar Danny, então provavelmente não devia ser algo com que o amigo precisasse se preocupar...

Falando em Danny, durante o intervalo não o tinha visto com Kelly. Segundo os boatos, a garota o havia traído com Jefferson. Aliás, nem sabia se aquilo podia ser chamado de traição, já que o rapaz também ficava com outras pessoas...

– Pelo amor de Deus! Minha avó consegue correr mais rápido que isso e ela já está morta! – O berro altíssimo do treinador Walker a tirou de sua dispersão. – Andem! Mexam-se! Acham mesmo que conseguiremos vencer Patriots desse jeito?

Olhou mais uma vez para o namorado, que parecia bastante cansado, assim como os outros jogadores. Mas também, reparou que ele estava longe de estar concentrado no treino, o que o atrapalhava um pouco. Seria sua culpa? Esperava mesmo que não... Sabia o quão importante o futebol era para Matt e não queria que ele acabasse perdendo o posto de quarterback para Cooper, que segundo Rony e Noah, já tentava tomar esse título para si há um tempão.

Meia hora depois, os jogadores foram dispensados e todos rumaram em direção ao vestiário. Exceto um, obviamente.

– Oi... – Disse Matt, com um olhar triste e um tanto sem graça, sentando-se ao lado dela nas arquibancadas.

No mesmo instante, Dave se retirou, murmurando “espero que se resolvam”.

– Oi... – Disse ela, sem saber ao certo como deveria agir.

– Bom, eu acho que você já sabe que a sua crise de ciúmes me chateou e muito, certo? – O tom dele era calmo e isso a fez relaxar um pouco, se limitando a sussurrar um “sim” quase inaudível. – Sabe, eu andei pensando muito sobre isso e até entendo que tenha reagido daquela forma. – Sorriu. – Ainda acho que exagerou nas ofensas e que poderia ter, pelo menos, tentando me ouvir mas... Acho que eu também surtaria se algum cara que não fosse o Isaac atendesse o seu telefone e dissesse coisas como as que a Kelly disse...

– Isso quer dizer que...? – Olhou-o, incerta.

– Quer dizer que eu não quero que continuar brigando e que quero continuar sendo o seu namorado. – Matt esclareceu. – Mas também, quero deixar claro que se sentir insegura ou achar que eu fiz algo errado, tem que conversar comigo e não sair tirando conclusões precipitadas e me xingando...

Frannie sorriu largamente, sentindo uma onda de felicidade e alívio tomar conta de si.

– Eu te amo! – Ela exclamou, “pulando” no pescoço dele e o abraçando de forma carinhosa.

– Eu também de amo... – Ele respondeu, rindo um pouco da reação dela e a abraçando de volta.